2014: O ano das reviravoltas, das turbulências, dos terremotos políticos

Guerra em Gaza, crise na Ucrânia e ascensão do “Estado Islâmico” mostram que situação política e social piorou no ano que passou. Diplomacia falhou frente a desvarios nacionalistas e religiosos, opina editor-chefe da DW.

Em 2014, o mundo caiu na desordem. Ebola na África; guerra na Ucrânia; ascensão do assassino “Estado Islâmico”; o massacre de alunos inocentes no Paquistão; o conflito em Gaza; o triunfo de partidos radicais de direita nas urnas da Europa; a guerra não declarada entre gangues no México: para onde se olha, em todos os continentes, a situação política e social está difícil e confusa.

Uma guerra está sendo travada na Europa. Na Ucrânia, o país entre a Rússia e a Europa Central, combate-se sem trégua. E o Ocidente e Moscou afundam numa dura guerra diplomática, numa nova era do gelo em termos de política externa, numa Guerra Fria renovada.

Vladimir Putin desafia o Ocidente e o governo em Kiev ao anexar a Crimeia e ao se intrometer no leste da Ucrânia. Para depois, ele mesmo, acabar no caos econômico devido às sanções ocidentais. No fim do ano, o resoluto neoimperialista Putin se vê em meio à queda do rublo.

E o Ocidente, liderado pela Europa e particularmente pelos alemães, se pergunta: será que não precisamos ceder a Putin? Que vias existem para sair da situação de impasse? Como podemos restabelecer a paz na Europa? No caminho, quase despercebido, fica o destino dos ucranianos. E a simples pergunta: o que Putin seria capaz de fazer?

O presidente americano, Barack Obama, se mostra mais determinado na maneira de lidar com Putin do que a maioria dos europeus. Ele aposta na rigidez. Mas Obama é um prisioneiro da política interna, pois ele não tem mais maioria no Congresso americano para impor algo.

Dois anos antes das próximas eleições presidenciais, Obama é um “lame duck” [“pato manco”, expressão usada na política americana para um político em fim do mandato]. Fraco, ele representa uma grande potência em retirada. Uma potência que quer se intrometer menos. E que está desacreditada no exterior por conta da tortura sistemática de islamistas presos em Guantánamo e em outros lugares.

A influência cada vez menor, o extinto desejo de moldar a política com determinação, se mostra sobretudo no Oriente Médio. Na guerra de Gaza, os EUA não desempenharam e não poderiam desempenhar papel algum. Nem Israel nem os palestinos se deixaram impressionar por Obama. E, depois da guerra no território palestino, a situação política está tão sem saída quanto antes.

Ainda assim, os EUA combatem o “Estado Islâmico” a partir do ar. O Ocidente, incluindo os alemães, treinam os combatentes peshmerga e os deixam lutar contra os aterrorizantes islamistas assassinos – o que no momento parece estar tendo sucesso.

O “Estado Islâmico”, porém, destruiu o Oriente Médio em termos de diversidade cultural, religiosa e política. Por toda parte, cristãos, yazidis, e também muçulmanos estão em fuga. Na Síria e no Iraque, o Estado já não é mais o bastião da ordem social.

O desafio, também espiritual, que o movimento fundamentalista se autoimpõe por um retorno ao suposto islã “verdadeiro”, tem efeito sobre muitos países e sociedades, no Oriente Médio e também na África.

E como ele é brutal e terrorista, esses países são assolados por guerras civis. E milhões de pessoas são obrigadas a fugir. Um pesadelo.

2014: um ano das reviravoltas, das turbulências, dos terremotos políticos. Um ano da confusão e da desordem. Um ano em que a diplomacia falhou diante de desvarios nacionalistas e religiosos. Um ano sem esperança.

Fonte: DW.DE

2 Comentários

  1. Nao viram nada. A festa ainda esta para comecar. Depressao economica se profundando no Japao, Europa e nos EUA. Mas se antes China previnia que essa depresso fosse universal, hoje China tsmbem estas as vesperas de uma implosao economica. essa implosao da economia chinesa fatalmente tera amargas consequencias para o resto da economia mundial, Brasil incluido. Como nao existe uma saida pacifica dessa crise economica, so nos resta guerras: destruicao de gente e de capital.

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