Acordo com Cuba melhora posição dos EUA na América Latina

che caraiClaude Heller

Especial para a Folha

Uma das notícias mais importantes de 2014 foi a decisão dos EUA e de Cuba de normalizar as relações diplomáticas, rompidas desde 1961. Ela tem impacto enorme para o futuro de Cuba e também para as relações dos EUA com a América Latina e o Caribe.

A decisão foi possível graças a um processo diplomático paciente e discreto que permitiu superar as posições mais extremas e rígidas geradas pelo ranço anacrônico da Guerra Fria na região.

Enquanto os EUA condicionavam uma eventual normalização aos temas da democracia e dos direitos humanos em um processo que implicaria mudança de regime político, Cuba definiu o levantamento do embargo como condição prévia a qualquer avanço diplomático. Nada disso prevaleceu.

A troca de espiões (na melhor tradição da Guerra Fria) e a libertação de um americano cuja saúde estava deteriorada abriram a brecha para que, com a mediação hábil do Vaticano, fossem estabelecidas as bases do acordo. Os EUA já tinham dado sinais positivos quando, meses atrás, elogiaram Cuba pela política solidária de combate ao ebola na África.

À medida que Cuba perdeu seu valor estratégico com o fim do bloco socialista e deixou de ser uma ameaça aos interesses americanos, a política de isolamento tornou-se cada vez mais sem sentido, mantida mais por razões domésticas que de política externa.

Livre de amarras eleitorais e diante da impossibilidade constitucional de um terceiro mandato, Barack Obama marcou seu legado na história com esta iniciativa.

É claro que ele terá de enfrentar a resistência dos setores mais conservadores e de representantes da comunidade cubano-americana.

O novo Congresso que assumirá em 2015 é o único que pode eliminar o embargo, e será dominado pelo Partido Republicano, mas a nova política de Obama vem sendo bem recebida por diversas partes. Além disso, a mudança geracional modificou as visões da comunidade cubana no exílio em Miami.

Na política externa, os EUA geram um ambiente melhor na América Latina, o que lhes permite recuperar parte do terreno perdido. Não esqueçamos que a região desapareceu do mapa da Casa Branca com as novas prioridades do pós-11 de Setembro.

Por sua parte, o governo de Raúl Castro demonstrou seu pragmatismo diante dos desafios enfrentados pelo país em um cenário regional em transformação e não necessariamente favorável.

A situação econômica da ilha continua crítica no momento em que a Venezuela, sua principal aliada e maior fonte de apoio econômico, entra numa fase de dificuldades acentuadas pela crise do petróleo e a deterioração de sua situação política. É irônico ao extremo que, ao mesmo tempo em que foi anunciado o acordo com Cuba, os EUA impuseram sanções ao governo de Nicolás Maduro.

O impacto da normalização sobre as relações interamericanas é positivo. No curto prazo, as conversações em Havana entre o governo da Colômbia e as Farc recebem novo incentivo.

Em abril, pelas previsões mais otimistas, Cuba estará na Cúpula das Américas, no Panamá. Talvez o acordo Cuba/EUA abra o caminho para a resolução das diferenças entre os Estados pela via do diálogo e do respeito. Claude Heller foi embaixador do México em Cuba, Áustria, França, Japão e Suíça e representante permanente de seu país na ONU, OEA e OCDE.

Fonte: FSP via RESENHA CCOMSEX

5 Comentários

  1. Pelo que tenho visto e lido, Cuba esta caminhando para se torna uma nova Porto Rico,essa celeuma toda de décadas de embargo,vai levar a ilha de volta ao que era antes da revolução !

    O embargo ainda não caiu, mas quando cairá? quais serão os benefícios reais para o povo cubano?

    Sera que mudará só o mosquito,mas a mer@%@ continuará a mesma ?

    Tudo isso tem que ser explicado ainda, ou melhor tem que ser solucionado !

  2. não é e nunca foi apenas o embargo em cuba ,mas foi uma questão de varias coisas
    exemplo na américa central os yankes depuseram governos eleitos
    testes de armas químicas em cidadão latinos
    fome e peste
    na américa do sul ,tramaram contra a amazonia
    nas malvinas eles ajudaram a Inglaterra

    então chegado nada mudou !!!!

    e quem dormir no barulho dos yankes é um saco de vacilo !!

  3. Fatos sobre Cuba antes da ditadura marxista-leninista.
    É claro que Cuba não era um país desenvolvido, nem as riqueas eram distribuidas equitativamente, tampouco assim o foam durante o período marxista-leninista, mas em 1958 apenas 14% do total do capital investido na ilha era americano. E 62% dos ativos da indústria do açúcar, a principal linha da economia nacional, era de propriedade de cubanos naquele mesmo ano.
    Em 1953 Cuba ocupava a posição número 22 do mundo em médicos per capita, com 128,6 por 100.000. Sua taxa de mortalidade era de 5,8, a terceira melhor do mundo, enquanto os EUA foi de 9,5 e 7,6 no Canadá. No final da década de 50 a ilha tinha a menor taxa de mortalidade infantil na América Latina, com 3,76, seguido pela Argentina com 6,11, Uruguai com 6,56 e Venezuela com 7,30, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
    Cuba era o de número 33 entre 112 países no mundo em termos de nível de leitura diária, com 101 cópias de jornais por mil habitantes, o que também contradiz o argumento de que o país era formado por um grande número de analfabetos.
    Apenas em artigos de luxo, Cuba, em 1959 tinha um radio para cada cinco pessoas, uma televisão para cada 28, um telefone para cada 38 e um carro para cada 40 habitantes, de acordo com o Anuário Estatístico das Nações Unidas.
    Na verdade muitos dos escritores e artistas cubanos mais importantes, reconhecidos internacionalmente, já tinham feito o mais importante de seus trabalhos antes da ditadura de Fidel Castro. Entre eles, independentemente da sua posição política, foram José Lezama Lima, provavelmente o homem mais importante das letras em Cuba do século XX; o poeta e dramaturgo Virgilio Piñera, que revolucionou o teatro cubano com a estréia de Electra garrigo em 1948, dois anos antes da franco-romeno; Eugene Ionesco, pai do teatro do absurdo, estreou em Paris Bald Soprano; pintores Amelia Pelaez, Rene Portocarrero, Wilfredo Lam e muitos outros; o romancista Alejo Carpentier, autor de The Age of Enlightenment (esse devia ser reaça); o poeta Nicolás Guillén; bailarina Alicia Alonso; e, é claro, um número extraordinário de compositores e intérpretes da música popular como Ernesto Lecuona, Amadeo Roldán, Alejandro García Caturla, o Trio Matamoros, Sindo Garay, Eliseo Grenet, Hubert de Blank, Benny Moré, Damaso Perez Prado e muitos mais .
    Aqui estão alguns fatos relacionados com a saúde pública, trabalho e educação:
    Saúde Pública:
    Em 1958, Cuba tinha uma população de 6 630 921 habitantes. Naquela época, a ilha tinha 35.000 leitos hospitalares, uma média de um leito para cada 190 habitantes!!!!!!, uma cifra que superou a meta dos países desenvolvidos da época, que era de 200 pessoas por cama de hospital. Em 1960, os EUA tinham uma cama de hospital pora cada 109 habitantes.

    Também nesse ano, o país teve uma média de um médico para cada 980 habitantes, sendo superado na América Latina apenas pela Argentina com um por 760 e Uruguai com um por 860.
    Esses dados estão no Anuário Estatístico da ONU de seu tempo.
    Relações Industriais:
    Em 1958, um trabalhador industrial cubana ganhou um salário médio de US $ 6 por dia, durante oito horas por dia, enquanto um trabalhador agrícola, no mesmo período, ganhou 3 dólares.
    Cuba foi o número 8 do mundo no pagamento de salários para os trabalhadores industriais, perdendo apenas para os seguintes países:
    1. Estados Unidos (16,80 dólares)
    2. Canadá (11,73 dólares)
    3. Suécia ($ 8,10)
    4. Suíça (8,00 dólares)
    5. Nova Zelândia ($ 6,72)
    6. Dinamarca ($ 6,46)
    7. Noruega (6,10 dólares)
    Na linha de salários aos trabalhadores agrícolas, Cuba era o número 7 do mundo, perdendo apenas para os seguintes países:
    1. Canadá ($ 7,18)
    2. Nova Zelândia ($ 6,72)
    3. Austrália ($ 6,61)
    4. Estados Unidos ($ 6,80)
    5. Suécia ($ 5,47)
    6. Noruega (4,38 dólares)
    Estes dados foram comunicados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Suíça, em 1960.
    Em 1958, Cuba tinha uma força de trabalho de 2.204,000 trabalhadores. A taxa de desemprego de que data era de 7,07%, a mais baixa da América Latina, de acordo com o Ministério do Trabalho de Cuba.
    Educação:
    Nesse mesmo ano, Cuba tinha três universidades privadas e três financiadas pelo governo. A inscrição nas universidades sob controle do governo era de 20.000 alunos.
    Havia 900 escolas privadas oficialmente reconhecidas, incluindo três universidades privadas, com um total de matrículas ultrapassado 100.000 alunos.
    O sistema de ensino público tinha 25.000 professores e educação privada com 3.500.
    Em meados dos anos 50, havia 1.206 escolas rurais em Cuba, assim como um sistema de bibliotecas móveis com um total de 179.738 volumes.
    Também em 1958, Cuba tinha 114 instituições de ensino superior, -institutos abaixo do nível universitário, os politécnicos e escolas profissionais financiados pelo governo. Somente em 1957, essas instituições treinados 38.428 alunos.
    Este será encontrado nos arquivos do Ministério da Educação de Cuba.
    Ele foi o país latino-americano com o maior orçamento para a educação em 1958, com 23% do total, seguido por Costa Rica com 20%, e Guatemala e Chile com 16%, de acordo com a América em números, a União Pan-Americana .
    Entre o final dos anos 40 e 1958, o valor da moeda nacional cubano, o peso era equivalente ao dólar.
    Na maior parte dos itens que Cuba não é classificados em primeiro lugar na América Latina em termos de qualidade de vida, foi superado apenas pela Argentina e Uruguai, de acordo com o Anuário Estatístico das Nações Unidas.
    Aí chegaram os iluminados.

  4. Em termos reais, políticos muda pouco. Os States, como um todo, continuarão sendo o que passaram a ser, arrogantes, ambiciosos, e altamente preconceituosos com todos que tiverem ambições de relevância politica mundial com potencial para lhes ofuscar ou contrariar, em qualquer canto do planeta. Cuba por seu histórico patriótico e independentista será sempre vigiada e tratada como criminoso na condicional.

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