Novo sistema antimíssil russo terá capacidades únicas

Dmítri Litóvkin, especial para Gazeta Russa
Futuro sistema de defesa antimíssil russo será semelhante ao americano THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), capaz de interceptar mísseis balísticos de médio alcance, porém com capacidades únicas.
Novo sistema antimíssil russo terá capacidades únicas
O sistema de defesa antiaérea russo S-400 Triunf pode engajar até 36 alvos com seus 72 mísseis Foto: Stanislav Krassílnikov/TASS

Atualmente, os sistemas russos de defesa antiaérea S-300 são copiados até mesmo pelos mais preguiçosos engenheiros, resultando em sistemas como o clone chinês HQ-9, que acabou ganhando uma concorrência na Turquia contra o original e mais capaz sistema russo S-400 Triunf. No entanto, a vitória chinesa não impediu que Moscou vendesse oficialmente à Pequim o próprio sistema Triunf.

“Quando há uma proposta de exportação de determinado material militar significa que o vendedor possui tecnologia mais avançada. Se oferecemos à China os S-400, é porque temos algo melhor”, explicou à Gazeta Russa o editor da revista “Arsenal Otchestva”, Víktor Mukharóvski.

De uma forma aperfeiçoada, o novo sistema S-500 Triunfator está sendo desenvolvido não somente para ser um interceptador antimíssil, mas para incorporar completamente o princípio de ação de um sistema global de controle e defesa do espaço aéreo, capaz de interagir com outros meios e equipamentos antiaéreos de todas as Forças Armadas da Rússia.

A ideia é que centros de defesa antiaérea sejam capazes de gerenciar uma rede composta por diversos equipamentos antiaéreos: S-400, S-300, Pantsir S-1 e Tor M-1, reunindo sob um comando unificado dezenas de lançadores com centenas de mísseis.

Equivalente

A comparação do futuro sistema russo com o complexo americano THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) é muito significativa. Principalmente se levarmos em consideração que o sistema antimíssil americano é móvel, projetado para interceptar mísseis de curto e médio alcançe em questões de minutos antes das ogivas atingirem seus objetivos. Dos 39 lançamentos de teste conhecidos do THAAD, 31 foram bem sucedidos.

O THAAD americano possui uma característica técnica importante, denominada “interceptação cinética”: isso significa que o míssil não carrega uma carga explosiva para destruir o alvo, mas utiliza a sua própria energia cinética através de um pesado penetrador.

A título de comparação, o antigo e único sistema operacional antimíssil russo, o A-135, implantado nos arredores de Moscou, utiliza para a destruição dos alvos uma carga atômica. O funcionamento do sistema tem por base um míssil-interceptador que é lançado em direção à trajetória aguardada das ogivas inimigas, acionando sua carga atômica à uma distância razoável, detonando com o plasma gerado as ogivas e mísseis inimigos ainda no ar. No entanto, os resíduos radioativos desta interceptação nuclear caem, inevitavelmente, sobre a população local.

Por outro lado, o sistema THAAD tem por base um míssil-interceptador que desabilita as ogivas inimigas através de meios não-tóxicos, mas que, hoje, encontra dificuldades para a plena utilização operacional. Por exemplo, os radares do sistema ainda não são capazes de acompanhar alvos hipersônicos e supersônicos-limite.

“A principal dificuldade é a identificação das ogivas reais e das falsas. O A-135 resolvia isso de maneira muito simples: detonando tudo em uma determinada área com a ignição de sua ogiva nuclear. No caso de um interceptador cinético, uma série de equipamentos complementares são utilizados para que se alcance a precisão necessária”, destacou o editor do jornal “Voeno-Promishlenoi Kurier”, Mikhail Khodarenok.

O sistema de defesa antiaérea russo S-400 Triunf pode engajar até 36 alvos com seus 72 mísseis e é até seis vezes mais rápido do que os seus antecessores, incluindo o americano Patriot, devido à performance dos mísseis e à utilização de lançadores verticais.

O míssil S-400 já é capaz de receber informações não somente dos radares que estão na bateria, mas de outras fontes, como baterias e centros de defesa aérea, satélites e aeronaves de alerta aéreo antecipado.

Fonte: Gazeta Russa

4 Comentários

  1. Amigos,

    A variante PAC-3 do Patriot não deve em absolutamente nada ao sistema S-300, sendo dotado de um míssil com desempenho muito similar aos mais performantes utilizados pelo sistema russo… E a futura variante PAC-4 promete incorporar o míssil israelense David Sling, o que tornaria o Patriot algo muito próximo do S-400 ( apenas o míssil 40N6 tornaria o S-400 mais performante ).

    O petardo disparado pelo sistema THAAD é tecnologicamente muito avançado, sendo dotado de um seeker IIR, e portanto, imune a contramedidas convencionais. Houveram sim consideráveis dificuldades durante o desenvolvimento; dificuldades essas que levaram até mesmo o congresso americano a reduzir o financiamento do projeto por conta dos lançamentos que falharam. Contudo, tudo isso já foi resolvido e o sistema se encontra operacional, com 24 unidades entregues até aqui.

    E as defesas anti-balísticas americanas não se resumem somente ao Patriot e ao THAAD. O míssil RIM-161, disparado dos destróieres e cruzadores americanos ( sistema AEGIS ), complementam os sistemas defensivos daquele país. A variante “block IIA” pode atingir alvos a mais de 1400km de altitude ( o que, teoricamente, poderia permitir-lhe abater um ICBM pouco antes que este encerrasse sua fase intermediária de voo )… Por fim, há o sistema GMD, que empregará um míssil disparado de terra para atingir ICBMs ainda fora da atmosfera…

    Existem também um outro equivalente interessante produzido por Israel na forma do sistema Arrow, cujo petardo Seta 2 é aparentemente muito similar ao 48N6 do sistema S-400; mas mais avançado, fazendo uso de IR e radar ativo na fase final.

    A rigor, a esmagadora maioria dos mísseis anti-balísticos em uso hoje se destinam a interceptar mísseis balísticos de curto e médio alcance. Salvo melhor juízo, hoje apenas Russia e EUA deteriam de fato petardos que teriam capacidade de interceptar ICBMs, na forma dos sistemas A-135 ( Russia ), e o RIM-161 block IIA ( EUA )…

  2. Acredito na realidade é que tudo gire em torno da propaganda. Não que duvide da capacidade dos equipamentos Russos, o que só aconteceria se eu estivesse doido, mas assim como os equipamentos americanos, a esses equipamentos só poderão ser atribuídos essas conotações de excepcionalidade quando defrontados com perigo real e de mesmo nível. Por isso as vezes acredito que exista um pouco de exagero, que pode ser muito, por conta de que certos equipamentos são testados em forças que lutam comparativamente de atiradeiras, e bodoques, como os equipamentos yankes que podem ser muito bons, mas só foram utilizados contra forças muito inferiores. E mais ou menos como a briga entre um adulto e um pré adolescente, que depois de aplicada a lógica surra fica bradando sua vitória aos quatro ventos para intimidar futuros adversários. Isso é fácil de reconhecer, é o que aprendemos em casa e no dia a dia do aprendizado humano, para obter respeito.

    • É verdade caro Julio, mas alguns países possuem mais recursos para investir em testes que são bem caros e aumentam muito o custo do produto final. Também alguns possuem maior experiência em combates reais onde muita coisa revela suas limitações indicando o que deve ser aperfeiçoado, corrigido ou trazendo novas ideias.

      Mas pelo que se sabe a Rússia tem trabalhado para aumentar o controle de qualidade, investir em tecnologias de ponta e garantir maior refinamento de seus produtos além de ter assimilado muitas tecnologias de microeletrônica ocidentais.

      É de se esperar e existem evidências de que equipamentos modernos russos, especialmente sistemas de radares, sejam muito eficientes embora não tão perfeitos com alguns pensem. Assim como muitos produtos americanos e europeus que também não cumprem tudo o que prometem.

      O Patriot, por exemplo teve performance especialmente baixa ao interceptar Scuds primitivos em 1991 o que favoreceu o desenvolvimento de melhorias e a criação do modelo PAC-3.
      Outro exemplo são os tomahawks que tiveram sucesso anunciado de 90%. Mais tarde essa estimativa caiu para mais ou menos 50% e depois para 33% quando utilizados contra sistemas de defesa relativamente obsoletos.

      • É meu caro, acho legal ponderar antes de exultar. Esses só tem capacidade tecnologica por que foi fruto de um forte investi ento capitalizado pelos pools de paises que se dividiam e davam sustentação financeira a eles naquela divisão de mundo, por isso lideram as pesquisas de ponta. Mas isso hoje já não está tão marcante, muitos paises, inclusive o nosso, correm atras do prejuizo, muito mais interessados no investimento interno, buscam se desatrelar querendo deixar de apoiar e fortalecer um “irmão” forte que no fim acaba por olhar primeiro para seus interesses estrategicos. O mundo está acordando e por isso esta ficando cada vez mais dificil para esses indutores tecnologicos e culturais crescerem nesse novo desafio que é terem que viver as suas proprias expensas sem se servirem de lacaios para os sustentar. Sds.

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