China e Japão retomam diálogo de alto nível

China – Xi (dir.) e Japão – Abe retomaram diálogo bilateral durante cúpula da Apec

Líderes realizam reuniões bilaterais à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífica (Apec). Enquanto China e Japão dão sinal de reconciliação, Barack Obama anuncia relaxamento de visto para chineses nos EUA.

Chefes de Estados de 21 países participam a partir desta segunda-feira (10/11), em Pequim, da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Antes mesmo do início do encontro, porém, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o presidente chinês, Xi Jinping, se reuniram e retomaram o diálogo bilateral de alto nível, após dois anos de relações tensas.

A iniciativa foi interpretada como um sinal de degelo entre os dois países. Entre as causas das atuais tensões, contam tanto a luta pelo controle das ilhas Diaoyu (nome chinês) ou Senkaku (japonês), localizadas no Mar da China Oriental, quanto o passado bélico do Japão. Até então, Xi se negava a receber Abe.

“Muitos países esperavam esta reunião entre o Japão e a China, e não apenas as nações asiáticas. Penso que demos um primeiro passo para melhorar as relações bilaterais”, afirmou o premiê japonês. O chefe de Estado chinês, por sua vez, pediu que o Japão “siga o caminho do desenvolvimento pacífico e adote políticas militares e de segurança prudentes”.

Durante outro encontro, entre Xi e a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, as duas partes anunciaram a concretização de um acordo bilateral de livre-comércio que negociavam desde 2012. Pequim é o maior sócio comercial de Seul e, para a China, a Coreia do Sul ocupa o terceiro lugar em volume comercial. De acordo com dados chineses, em 2013 as trocas entre os dois países somaram 274 bilhões de dólares.

A cúpula da Apec tem como pano de fundo a crescente rivalidade entre os EUA e a China por na disputa pelo modelo de integração comercial a ser seguido. Enquanto os chineses desejam avançar com a criação da Área de Livre-Comércio da Ásia-Pacífico (Alcap), os americanos querem concluir a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês). Na TPP, os EUA negociam com outros 11 países e excluem a China.

A Apec, fundada em 1989, é constituída pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, EUA, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã. No conjunto, seus membros representam 57% do Produto Interno Bruto (PIB) global, quase metade do comércio mundial e 40% da população do planeta.

A TPP é formada por Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

Obama anuncia relaxamento de visto

Num discurso de forte caráter econômico na capital chinesa, para mais de 1.500 empresários de 21 países, o presidente americano, Barack Obama, anunciou que seu país e a China alcançaram um acordo para relaxar a política de vistos para cidadãos americanos e chineses.

A permissão para turismo e negócios em ambos os países, até agora válida por um ano, passa a valer por até dez anos. Os estudantes terão direito a um visto de cinco anos. De acordo com estimativas, o número de visitantes chineses nos EUA, atualmente de 1,8 milhão por ano, deverá quadruplicar.

Obama procurou, ainda, dissipar a ideia de que o interesse dos EUA na Ásia deva ser motivo de preocupação para os líderes da China. O presidente saudou a ascensão global chinesa e afirmou que o futuro dos EUA está “indissociavelmente ligado à Ásia”. Além disso, insistiu que a prosperidade de um país não tem de vir à custa de outro.

“Os EUA saúdam a ascensão de uma China próspera, pacífica e estável, disse o chefe de Estado democrata. “Nós queremos que a China tenha sucesso. […] Competimos, mas também cooperamos.”

Na embaixada dos EUA em Pequim, Obama organizou um encontro – sem a China – com 11 chefes de Estado que desejam que o acordo da Parceria Transpacífica seja assinado o mais breve possível. Entre os obstáculos para a conclusão do negócio, permanecem a objeção do Japão de abrir seu mercado para a competição estrangeira. Definindo o pacto como “modelo para o comércio no século 21 Obama reafirmou a intenção de “continuar a trabalhar para concluí-lo”.

Observadores estimam que um encontro informal entre Obama e o presidente russo, Vladimir Putin, poderá ocorrer à margem da cúpula da Apec. Isso, embora na última semana Moscou tenha sinalizado não estar planejada nenhuma reunião entre os dois líderes. As relações entre a Rússia e os EUA estão abaladas desde o início da crise na Ucrânia.

FC/rtr/ap/dpa/afp/lusa

Fonte: DW.DE

11 Comentários

  1. Aperto de mãos puramente simbólico. Vê-se na cara de ambos o descontentamento quase insuportável de estar na presença um do outro…

    E como fica a questão das área de exclusão aérea chinesa e japonesa sobrepostas uma a outra montadas sobre as ilhas Senkaku / Diaoyu ? Quem tem que seguir a cartilha de quem ?

    • Mas nesse aperto de mão existe coisa mais importante do que o rosto deles.

      Boas relações com a China significa menos dependência militar do Japão com os Estados Unidos.. e conssequentemennte, menos presença dos Yankes no extremo oriente.
      E mais liberdade politica também para o Japão diante dos EUAs.

      Se essa iniciativa partiu de Xi Jiping, com certeza já ouve ai uma participação ativa da China ajudar a Rússia politicamente. Ate aqui a aliança era puramente pragmática.

  2. Gigantes combatem e negociam em varios fronts , amebas latrinas assistem e escolhem o lado para ao qual irao fazer torcida , simples assim , quem nasceu pra vassalo nunca perde a vocaçao !

  3. Contra projeto dos EUA, China anuncia área de livre-comércio na região Ásia-Pacífico

    Países da Apec concordaram em aprofundar integração econômica, frustrando plano de Washington de estabelecer iniciativa semelhante sem Pequim

    * Atualizada às 11h40
    Os países da Ásia e da região do Pacífico concordaram nesta terça-feira (11/11) em assumir o compromisso de criar uma área de livre-comércio, endossando os planos de liderança regional econômica e política da China. A sinalização de que o bloco econômico asiático deverá ser aprofundado entra em choque com a intenção dos Estados Unidos de levar adiante na região iniciativas semelhantes, mas que excluíam Pequim do projeto de integração.

    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/38489/contra+projeto+dos+eua+china+anuncia+area+de+livre-comercio+na+regiao+asia-pacifico.shtml

    • É meu caro Nascimento, na Ásia não tem quem goste dos Anglo Saxões por razões históricas de exploração. Desconfiam é verdade, também, uns dos outros, mas o tempo e relações modernas tendem diminuir cada vez mais esses afastamentos. A proximidade étnica falará mais alto. Apesar dos States insuflarem contra seus concorrentes mais diretos em todas as partes do Globo, deverá predominar a proximidade étnica desde que as relações sejam pragmaticamente respeitosas. Ainda levará tempos, mas os States deverão mesmo ficar circunscrito ao Canada, Inglaterra e Austrália, podendo ter o México pela proximidade e aqueles pequenos países insulares que os circundam. Num mundo sem o predomínio do dólar, num mundo onde eles terão que se responsabilizar por suas contas, sem ter o mundo a lhes sustentar seus déficits, perderão poder. E os países que querem fazer valer suas culturas estão fazendo força para isso acontecer no mais curto espaço de tempo possível. Sds.

      • Agora o mundo acaba!

        Em sete dias, Brasil fecha mais de US$ 120 milhões em negócios com Cuba

        Jornal GGN – Entre os dias 2 e 8 de novembro, 45 empresas brasileiras estiveram em Cuba para participar da Feira Internacional de Havana (FIHAV). Elas realizaram – ou esperam realizar nos próximos meses – negócios em montante superior a US$ 120 milhões.

        Participaram do evento empresas dos mais variados segmentos – moda, casa e construção, alimentos e bebidas, higiene e cosméticos, máquinas e equipamentos, cutelaria, transporte e tecnologia da informação.

        http://jornalggn.com.br/noticia/em-sete-dias-brasil-fecha-mais-de-us-120-milhoes-em-negocios-com-cuba

      • Meu caro, o Brasil vai fazendo história. Estamos ocupando espaços que já foi dos States, que queriam mais, queriam ser donos do país. Vamos que vamos.

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