NOVA YORK — Um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo jornal americano “The New York Times” revela que na Guerra do Iraque, entre 2004 e 2011, as tropas americanas e soldados iraquianos encontraram armas químicas produzidas pelo regime de Saddam Hussein antes de 1991, e que pelo menos 17 militares dos EUA foram feridos ao entrarem em contato com o armamento deteriorado. As armas estavam em áreas hoje controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico, o que acrescenta um ingrediente ainda mais preocupante à situação.
As tropas americanas secretamente relataram a descoberta ao todo de cerca de cinco mil ogivas químicas e bombas, de acordo com as entrevistas com dezenas de participantes, autoridades iraquianas e americanas, e documentos de inteligência obtidos sob a Lei de Liberdade de Informação. O Pentágono reconheceu a existência de alguns depósitos de armas químicas antigas, como gás sarin e gás mostarda.
Segundo o “New York Times”, 17 membros do serviço americanos e sete policiais iraquianos foram expostos a remanescentes de armas químicas após 2003. Autoridades afirmaram, no entanto, que a contagem real de soldados expostos foi um pouco maior, mas a informação foi considerada confidencial. O sigilo é mantido diante da preocupação diante dos extremistas do EI, que controlam grande parte do território onde as armas foram encontradas.
Antes da Guerra do Iraque, o presidente George W. Bush e primeiro-ministro britânico Tony Blair defenderam que o objetivo do conflito era “desarmar o Iraque de armas de destruição em massa, para acabar com o apoio de Saddam Hussein para o terrorismo, e para libertar o povo iraquiano.” No entanto, todas as armas encontradas foram fabricadas antes de 1991, durante a guerra entre Irã e Iraque que durou entre 1980 e 1988. Além disso, as armas haviam sido projetadas nos Estados Unidos com fabricação europeia e finalizadas nas linhas construídas no Iraque por empresas ocidentais.

A confidencialidade das informações teria impedido os americanos de receberem assistência adequada. O governo dos EUA não permitiu que os soldados recebessem cuidados médicos devidos e se recusou a reconhecer que os soldados tinham sido feridos no cumprimento do dever. Os americanos sofreram queimaduras, bolhas graves, doenças respiratórias e outros problemas de saúde.
— Eu me senti mais como uma cobaia de um soldado ferido — disse um ex-sargento do Exército, que sofreu queimaduras em 2007 e teve o tratamento hospitalar e evacuação médica para os Estados Unidos negados, apesar dos pedidos de seu comandante.
Fonte: O Globo
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