Avanço do “Estado Islâmico” aproxima Rússia e Ocidente

Secretário americano de Estado John Kerry e o ministro russo do Exterior Serguei Lavrov

Apesar de os russos não integrarem a coalizão militar formada pelos americanos para lutar contra os jihadistas, Rússia e EUA estão do mesmo lado nas operações em solo iraquiano. Divergências mesmo só no caso da Síria.

À primeira vista, tudo está como era antes. A televisão estatal russa continua não deixando escapar nenhuma oportunidade de criticar o Ocidente. Na quinta-feira passada, a apresentadora de um programa de notícias citou parte da fala do presidente iraniano, Hasan Rohani, durante a Assembleia Geral da ONU. O trecho afirmava que o fortalecimento da milícia terrorista “Estado Islâmico” (EI) no Iraque e na Síria era resultado de um “erro estratégico dos países ocidentais”.

As alfinetadas diretas também continuam. “Parece-me estranho que o presidente dos EUA tenha dito várias vezes que o mundo ficou mais livre e mais seguro”, comentou o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, ironizando o discurso de Barack Obama no encontro das Nações Unidas, em Nova York. O chanceler disse que chegou a se perguntar se o americano realmente estava falando sério.

Lavrov ficou indignado por Obama ter se referido a violações da lei internacional por parte da Rússia, na crise da Ucrânia, como segunda maior ameaça à paz mundial nos dias atuais, atrás apenas da epidemia do ebola – e à frente até do terrorismo islâmico.

Em reunião do Conselho de Segurança presidida por Obama, russos apoiaram resolução contra jihadistas

Aviões russos no Iraque

O caso da Ucrânia continua desgastando as relações entre a Rússia e o Ocidente, mas a luta contra os terroristas do EI no Oriente Médio parece estar aproximando Moscou e os países ocidentais como há meses não se via. Na quarta-feira passada, a Rússia aprovou, juntamente com os outros países do Conselho de Segurança da ONU, uma resolução apresentada pelos Estados Unidos contra o grupo radical islâmico. Todos os países-membros estão agora incumbidos de impedir que os extremistas recebam qualquer tipo de ajuda.

O Kremlin assumiu uma posição neutra em relação à coalizão formada e coordenada pelos Estados Unidos contra o EI – os russos, porém, não querem fazer parte dela. “A coalizão anti-EI não é uma festa. Não esperamos receber convite e não vamos comprar ingresso para entrar”, afirmou um representante do Ministério do Exterior à agência de notícias Interfax. Ele garantiu, no entanto, que a Rússia apoia os países que lutam contra o grupo terrorista.

Isso significa principalmente apoio militar ao Iraque. No meio do ano, a Rússia entregou uma dúzia de aviões de guerra do tipo Sukhoi Su-25 e um número não revelado de helicópteros militares Mi-28 ao governo em Bagdá, segundo informações divulgadas pela imprensa.

Em julho, Rússia e Iraque assinaram um outro contrato milionário para entrega de lançadores múltiplos de mísseis do tipo Grad, obuses (peça de artilharia) e outros equipamentos de guerra. “Mesmo sem qualquer coalizão, nós já ajudávamos há tempos o Iraque, a Síria e outros países da região na luta contra esse mal”, frisou Lavrov, referindo-se ao “Estado Islâmico”.

Preocupação com a Síria

Mas, se no caso do Iraque, Rússia e Ocidente estão, na prática, do mesmo lado, a tensão se torna evidente quando o assunto é a Síria. Moscou observa com olhar crítico os recentes ataques das Forças Armadas americanas e suas aliadas árabes contra áreas ocupadas pelos terroristas do EI na Síria.

Há dias EUA e aliados atacam áreas ocupadas pelos radicais islâmicos na Síria e no Iraque

Os russos exigem que os ataques somente ocorram com autorização do governo em Damasco. Mas os EUA rejeitam a ideia. Washington não reconhece mais a legitimidade do regime do presidente Bashar al-Assad devido à violenta repressão da oposição.

A Síria é aliada próxima da Rússia desde os tempos da União Soviética. A proximidade vem garantindo o apoio de Moscou a Damasco desde o início da guerra civil em território sírio, em março de 2011, e evitou que o Conselho de Segurança aprovasse resoluções duras contra o país.

Há cerca de um ano, o Kremlin convenceu o governo sírio a entregar suas armas químicas para serem destruídas – evitando, na época, ataques aéreos americanos contra as tropas leais a Damasco. Agora, Moscou teme que os EUA ataquem não apenas os combatentes terroristas do EI, mas também os soldados sírios.

A Rússia acusa Washington de aplicar dois pesos e duas medidas com relação à Síria e vê agora justificada sua posição com relação ao país. “Quando pedimos ajuda para a Síria no combate aos terroristas, não nos ouviram”, reclamou Lavrov.

EI é ameaça para Putin

O apoio indireto da Rússia à luta contra os terroristas do “Estado Islâmico” é, na verdade, uma medida de autoproteção. Há poucas semanas, as milícias terroristas fizeram ameaças ao presidente russo, Vladimir Putin. Num vídeo divulgado na internet, elas afirmam que vão “libertar” o Cáucaso Norte da Rússia.

“As ameaças de ataques terroristas no Cáucaso deveriam ser levadas a sério”, declarou Michael Margelov, presidente do comitê de relações exteriores do Conselho da Federação (câmara alta do Parlamento russo).

Especialistas em segurança acreditam tanto na existência de jihadistas russos na Síria quanto na de ativistas do EI na Rússia. Mas números exatos são desconhecidos. No início de setembro, um suposto integrante do EI foi preso em Moscou, e páginas na internet de integrantes do grupo terrorista são frequentemente bloqueadas na Rússia.

Fonte: DW.DE

5 Comentários

  1. por LUCENA
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    Esses caras não aprende, foram pedir ajuda para os iranianos, levaram uma dedada nos olhos dos aiatolás e agora, correm o risco de levarem um cascudo do Putin .. hahaha
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    Essa mania dos americanos de fazem cagadas e mandar os outros limpar, é coisa para pais subalterno como Canadá, inglaterra e Austrália que sempre vão atrás do tio Sam com o rolo de papel higiênico nas mão para limpar a bunda do tio Sam . 😉
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    Ainda bem que a nossa Dilminha mostrou para a vaca sagrada dos sionistas que o Brasil não é um vassalo deles como fora na época do FHC, onde até os ministros deste, tinham que tirar os sapatos quando lá nos EUA, iam pedir mais instruções … 🙂
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    Parabéns Dilma, fez bonito na ONU . … 😀

    • por LUCENA
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      O INÍCIO DA VIRADA DO MUNDO: A ESTRATÉGIA RUSSA FACE AO IMPERIALISMO ANGLO-SAXÔNICO :
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      O ataque dos Anglo-Saxões contra a Rússia toma a forma de uma guerra financeira e económica. Entretanto, Moscovo prepara-se para as hostilidades armadas desenvolvendo a auto-suficiência da sua agricultura e multiplicando as suas alianças para o efeito. Para Thierry Meyssan, após a criação do califado do Levante, Washington deverá jogar uma nova cartada, em setembro, em São Petersburgo. A capacidade da Rússia em preservar a sua estabilidade interna determinará, então, a sequência dos acontecimentos.
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      (*) fonte : http://noticia-final.blogspot.com.br/2014/09/o-inicio-da-viragem-do-mundo-estrategia.html
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      (…) A ofensiva conduzida pelos Anglos-Saxões (Estados-Unidos, Reino Unido e Israel) para dominar o mundo prossegue sobre dois eixos simultâneos: quer, por um lado, a criação do «Médio-Oriente alargado» (Greater Middle East), atacando simultaneamente o Iraque, a Síria, o Líbano e a Palestina, como, por outro, o afastamento da Rússia da União Europeia, através da crise que eles montaram na Ucrânia.Nesta corrida de velocidade, parece que Washington quer impôr o dólar como moeda única no mercado do gás, a fonte de energia do XXI o século, do mesmo modo que a impuseram sobre o mercado do petróleo [1].Os média (mídia-Br) ocidentais quase que não cobrem a guerra do Donbass, e a sua população ignora a amplitude dos combates, a presença dos militares US, o número das vítimas civis, a vaga dos refugiados. (…)
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      (…) Dois dias após o anúncio dos BRICS em Fortaleza ( Brasil ), os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter destruído o vôo MH17 da Malaysia Airlines por cima do Donbass, matando 298 pessoas. Sobre esta base, puramente arbitrária, impuseram aos Europeus a entrada em guerra econômica contra a Rússia. Assumindo-se como um tribunal o Conselho da União europeia julgou e condenou a Rússia, sem a menor prova e sem lhe dar a oportunidade de se defender. Ele promulgou «sanções» contra o seu sistema financeiro. (…)
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      (…) Moscovo teria conseguido convencer Pequim a aceitar a adesão da Índia contra a do Irão (mais, também, as do Paquistão e da Mongólia) à Organização de cooperação de Xangai (OCS em inglês-ndT). A decisão deveria ser tornada pública aquando da cimeira prevista para Duchambe (Tajiquistão) entre 12 e 13 de setembro. Ela deveria pôr um fim ao conflito que opõe, desde há séculos, a Índia e a China, e envolvê-los numa cooperação militar. Esta reviravolta, se se confirmar, terminaria igualmente com a lua de mel entre Nova Deli e Washington, que esperava afastar a Índia da Rússia dando-lhe acesso, por tal, nomeadamente a tecnologias nucleares. A adesão de Nova Deli é também uma aposta acerca da sinceridade do seu novo Primeiro-ministro, Narendra Modi, quando pesa sobre ele a suspeita de ter encorajado violências anti-muçulmanas, em 2002, em Gujarate, do qual era ministro-chefe. (…)
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      (…)desão do Irão, que constitui um desafio para Washington, deverá trazer ao OCS um conhecimento preciso dos movimentos jihadistas e das maneiras de combatê-los. Mais uma vez, se confirmada, tal reduziria a disposição iraniana para negociar uma trégua com o «Grande Satã», que a levou a eleger o Xeque Hassan Rohani para a presidência. Isto seria uma aposta quanto à autoridade do líder supremo da Revolução Islâmica, o aiatola Ali Khamenei. (…)
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      (…) De facto, estas adesões marcariam o início da viragem do mundo do Ocidente para o Oriente [4]. Ainda assim, esta evolução deverá ser protegida militarmente. É o papel da Organização do Tratado de Segurança Coletiva(OTSC), formado em volta da Rússia, mas do qual a China não faz parte. Ao contrário da Otan, esta organização é uma aliança clássica, compatível com a Carta das Nações Unidas, uma vez que cada membro conserva a opção de sair dela, se o desejar. É, pois, apoiando-se nessa liberdade que Washington tem tentado, no decurso dos últimos meses, comprar alguns membros, nomeadamente a Arménia. No entanto, a situação caótica na Ucrânia parece ter arrefecido aqueles que nela sonhavam com uma «proteção» norte- americana. (…)
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  2. Pois entao , enquanto perdem tempo brigando entre si,irmao contra irmao, as bestas fazem suas orgias contra inocentes, o pior eque ateh os russos aprovam o combate contra estes monstros,uma vez que sao ameaças ateh para eles, somente a esquerda brasileira eque acha mais indicado o dialogo , o mundo ja sabe quem representa- a besta e o anti-cristo ,mas o bom disso tudo eque no final ,quando estiverem sentindo o gosto da vitoria ,alguem vai falar no ouvido destas bestas :PERDEU beduino !

  3. E quando e que a Russia vai fazer algo de concreto para ajudar a Siria, contra o estado islamico ? ta na hora de pararem de lero lero, e mandarem a fodona infantaria russa, fazer algo de útil.

  4. Tanto iankSS, Russos e Persas são interessados em acabar c futuro e potenciais inimigos à eles apesar de discordare , pela crise Ucraniana e Síria.Td são inimigos dos amigos dos seus inimigos, questão de tempo e os Iranianos vão enviar tropas p varrer o terreno deste lixo fundamentalista crimino..e p ontem. 😉

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