Como a Índia chegou a Marte gastando menos que um filme de Hollywood

25set2014---a-missao-da-india-a-marte-foi-uma-das-iniciativas-interplanetarias-mais-baratas-ja-realizadas-1411651233136_615x300“A sonda espacial indiana Mangalyaan  ingressou na órbita de Marte e já  enviou com sucesso suas primeiras imagens, na qual se observa a superfície do planeta vermelho repleta de crateras. Segundo a agência espacial indiana (ISRO), a imagem foi tirada de uma altura de 7.300 quilômetros e mostra crateras sobre uma superfície de cor alaranjada. A Índia foi o primeiro país asiático a alcançar Marte.”

 

Jonathan Amos
Correspondente de Ciência da BBC News, 25/09/2014

A missão da Índia a Marte foi uma das iniciativas interplanetárias mais baratas já realizadas.

O programa espacial da Índia conseguiu, na primeira tentativa, o que outros países tentam há anos: enviar uma missão operacional para Marte.

O satélite Mangalyaan foi confirmado na órbita do planeta vermelho na terça-feira (23/09/2014). Um feito considerável.

A missão foi orçada em 4,5 bilhões de rúpias (cerca de US$ 74 milhões, ou R$ 178 milhões), o que, para os padrões ocidentais, é incrivelmente barato.

A sonda americana Maven, que chegou a Marte na segunda-feira (22), está custando quase dez vezes mais.

Em junho, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, brincou que a ‘aventura na vida real’ da Índia custava menos do que o filme de ficção de Hollywood Gravidade, orçado em US$ 100 milhões.

Mesmo os filmes de ficção científica de Bollywood, como Ra.One, custam menos que o que foi gasto para levar Mangalyaan a Marte.

Como a Índia fez isso?

Gerenciando custos

Com certeza, os custos com pessoal são menores na populosa nação de 1,4 bilhão de pessoas, e os cientistas e engenheiros que trabalham em qualquer missão espacial são sempre a maior fatia do preço da passagem espacial.

Componentes e tecnologias domésticas também foram priorizadas em detrimento das caras importações estrangeiras.

Mas, além disso, a Índia teve o cuidado de fazer as coisas de forma simples.

“Eles mantiveram o satélite pequeno. A carga pesa só cerca de 15 quilos”, diz o professor Andrew Coates, do Reino Unido, que será investigador-chefe da missão da Europa a Marte em 2018.

“É claro que essa complexidade reduzida sugere que a missão não será tão cientificamente avançada, mas a Índia foi inteligente ao priorizar algumas áreas que irão complementar o que os outros estão fazendo.”

Missão

A sonda Mangalyaan está equipada com um instrumento que vai tentar medir o metano na atmosfera. Este é um dos tópicos mais quentes na pesquisa em Marte no momento, após observações preliminares sobre o gás.

A atmosfera da Terra contém bilhões de toneladas de metano, a grande maioria proveniente de micróbios, como os encontrados no trato digestivo dos animais.

A suspeita dos cientistas é que alguns organismos produtores de metano, ou metanogênicos, possam existir em Marte se viverem no subterrâneo, longe das duras condições da superfície do planeta.

Os cientistas ocidentais também estão animados de ter a sonda indiana na estação. Suas medições de outros componentes atmosféricos complementarão as medições da Maven e as observações feitas pela europeia Mars Express.

“Isso significa que estaremos recebendo as medições de três pontos, o que é muito importante”, diz o professor Coates.

Isto irá permitir que os pesquisadores entendam melhor como o planeta perdeu o grosso de sua atmosfera bilhões de anos atrás, determinar que tipo de clima o planeta pode ter tido, e se era ou não propício à vida.

Gerador de riqueza

Mas há muitas críticas a respeito do programa espacial da Índia.

Uma delas parte do princípio de que a atividade espacial é um brinquedo melhor deixado para os países ricos e industrializados, sem valor para as nações em desenvolvimento.

Para os que defendem este argumento, seria melhor aplicar o dinheiro do contribuinte indiano em saúde e saneamento básico.

Mas o que essa posição muitas vezes ignora é que o investimento em ciência e tecnologia também constrói aptidão e capacidade, desenvolvendo o tipo de mão-de-obra que beneficia a economia e a sociedade de forma mais ampla.

A atividade espacial é geradora de riqueza. Algumas das coisas feitas no espaço fazem circular dinheiro aqui embaixo. As nações industrializadas sabem disso e essa é uma das razões pelas quais eles investem pesadamente na atividade espacial.

O Reino Unido, por exemplo, aumentou drasticamente seus gastos com espaço nos últimos anos. O governo até identificou a área de satélites como sendo uma das “oito grandes” tecnologias que podem ajudar a reequilibrar a economia do país.

A Índia quer embarcar nesta tendência. Com a Mangalyaan e os outros programas de satélites e foguetes, o país está se posicionando fortemente em mercados internacionais de produtos e serviços espaciais.

Foto: Montagem da sonda espacial indiana Mangalyaan 

Fonte: BBC Brasil via UOL

12 Comentários

  1. O maior ganho da Índia, depois do orçamento do projeto, foi provar o acerto dos cálculos!

    No que tange à exploração espacial esse é o ponto mais delicado, e responsável pela perda de fortunas em investimento e vidas… e eles ACERTARAM na primeira!

    Obviamente, sabendo calcular a gravidade corretamente, a altura correta da órbita de acordo com a massa do satélite, etc, etc… certamente poderão mandar uma missão tripulada com muito mais segurança num futuro próximo!

    BZ para a Índia!

    • Orçamento enxutíssimo. Mas não dá para comparar com a sonda Maven, bem mais complexa e capaz de inúmeros outros experimentos.
      Mas o feito indiano foi extraordinário, eles acertaram de primeira, independentemente da carga, tamanho, complexidade. Só de ter colocado lá, já foi sensacional.
      E olha que gastaram o equivalente a 900 mil reais a menos do que o BNDES liberou para “a modernização e expansão dos sistemas de água e esgoto de Manaus”.
      Eu disse liberou. Veremos como estará daqui a cinco anos.
      Para quem não conhece, Manaus tem uma das piores infraestruturas de saneamento no Brasil.

  2. na realidade a índia acreditou nela própria
    como nos ocidentais estamos na esfera de influencia americana yanke , acreditamos que tudo para ser feito tem que gastar bilhões de dólares
    pois é isso que fala o titiu américa yanke , ele com seus lobistas e sua corrupção fazem um programa e desviam milhões de seus contribuintes e dizem que para fazer isso precisou de uma montanha de dinheiro
    e nos com nossos governos ocidentais voltados a ser uma copia mal formada dos estados unidos acompanhamos a retorica americana e acreditamos piamente que tudo para ser feito é milhões e milhões para o empreendimento

    a índia provou ser ao contrario , a coreia do sul mesmo com tantos embargos mostra também desenvolver áreas senciveis a um custo mais baixo do que acreditamos ser
    no irão a mesma coisa desenvolvem meios como o drones que na visão dos mais cegos ideológicos não funcionam pois aprenderam pela ideologia retrógada que apenas os yankes podem fazer e quando fazem o custo é apenas para nações supostamente de primeiro mundo

    resumindo a índia , com seus trens super lotados , com seu currículo de estrupadores ,castas , jogar mortos em rios ou fazer necessidade em plena rua o numero 2 diga-se de passagem
    conseguiram isso , então a verdade é que todos os países com o mínimo de industrialização podem e devem conseguir a mesma proeza

    quem pensa diferente é apenas um baba ovo dos americanos yankes

  3. Enquanto isto, aqui pertinho, no Cone Sul:
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    LA FUERZA AÉREA ESTIMA LANZAR SU PRIMER SATÉLITE HACIA FINES DE 2015

    Por Javier García, ArgentinaEnElEspacio.

    El pasado 8 de agosto tuvo lugar en la VI Brigada Aérea de Tandil la ceremonia de conmemoración del 102º Aniversario de la Fuerza Aérea Argentina. En dicha oportunidad el Jefe del Estado Mayor General de la Fuerza, Brigadier Mario Callejo, transmitió el usual mensaje anual a los hombres de la institución. Entre los diversos proyectos a los que se hizo mención durante la lectura del mismo, se mencionó que la Dirección General de Investigación y Desarrollo de la fuerza continúa trabajando en el desarrollo de un microsatélite de observación terrestre, el cual estará dotado de un sistema de propulsión de plasma, y que se estima su fecha de lanzamiento hacia fines de 2015.

    La noticia es alentadora si tenemos en cuenta que, a pesar del interesante nivel de desarrollo en el área satelital alcanzado por nuestro país, nuestras Fuerzas Armadas no cuentan aún con este tipo de tecnología en su inventario, siendo éstas de vital importancia a la hora de efectuar el monitoreo y control del territorio nacional, así como el de sus costas y zonas fronterizas, o la vigilancia misma del extenso Mar Argentino.

    Durante su discurso, el brigadier Callejo expresó lo siguiente:

    “A TRAVÉS DE LA DIRECCIÓN GENERAL DE INVESTIGACIÓN Y DESARROLLO DURANTE EL ÚLTIMO AÑO SE HA CONTINUADO CON UNA SERIE DE PROYECTOS QUE PERMITEN QUE INGENIOS ARGENTINOS SE CONSOLIDEN EN ACTIVIDADES LÍDERES EN TECNOLOGÍA AERONÁUTICA Y AEROESPACIAL.

    EN TAL SENTIDO SE CONTINÚA CON EL DESARROLLO DE UN MICROSATÉLITE CON PROPULSIÓN DE PLASMA, QUE NO SOLO PERMITIRÁ INCREMENTAR LA CAPACIDAD DE EXPLORACIÓN Y RECONOCIMIENTO AEROESPACIAL, SINO TAMBIÉN LA FORMACIÓN DE NUEVOS RECURSOS HUMANOS Y QUE DE NO MEDIAR CONTRATIEMPOS, SE ESTARÍA EN CONDICIONES DE SU SATELIZACIÓN HACIA FINES DEL 2015.

    LA EXPERIENCIA ADQUIRIDA EN EL CAMPO ESPACIAL, PERMITIÓ A FINES DEL AÑO PASADO LANZAR EN FORMA SATISFACTORIA EL COHETE DENOMINADO “EXPERIENCIA CENTENARIO”, EQUIPADO CON DIVERSOS SENSORES PARA REGISTRO EN VUELO DE TELEMETRÍA, TRAYECTOGRAFÍA Y MONITOREO DE PARÁMETROS BALÍSTICOS A DIVERSAS ALTITUDES, LOGRÁNDOSE LA RECUPERACIÓN DEL INGENIO COMPLETO, COMO ASÍ TAMBIÉN TODA LA INFORMACIÓN REGISTRADA.”

    El motor de plasma dotará al satélite con la capacidad de efectuar maniobras tendientes al mantenimiento de la órbita o de reorbitación del mismo. Los planes de la Fuerza Aérea contemplan la conformación de una constelación de microsatélites de observación terrestre.

    Es de público conocimiento que el Instituto Universitario Aeronáutico (IUA) de Córdoba ha estado trabajando durante los últimos años en el desarrollo del propulsor, noticia que el blog publicó en su momento (ver aquí), a través del denominado proyecto PropelSat.

    De momento, no transcendieron mayores detalles respecto al tipo de equipos de observación que conformarán la carga paga del satélite.

    Según fuentes consultadas por nuestro blog, es probable que el lanzamiento se realice durante 2016, ya que los servicios de lanzamiento no han sido aún contratados.

    En lo referido al área de vectores, se estima que la Fuerza Aérea estaría efectuando el lanzamiento del vector FAS-1500 a comienzos de próximo año.

    Conclusión

    El retorno de la Fuerza Aérea a las actividades de desarrollo de tecnología en el campo espacial, tanto en el área de vectores como en la de satélites, es un hecho muy auspicioso para el país. Deseamos que se concrete con gran éxito, de manera que pueda ser el puntal de una extensa línea de desarrollo espacial, en este caso, aplicada a la defensa del territorio nacional.

    http://argentinaenelespacio.blogspot.com.br/2014/09/la-fuerza-aerea-argentina-estima-lanzar.html

  4. Há duas coisas de suma importância nessa matéria a 1ª é Gerenciando custos, isso é importante em tudo nessa nossa vida desde as coisas mais simples as mais complexas !

    A 2ª é os avanços obtidos com o dinheiro público devem ser revertidos em melhoria da vida dos contribuintes, que são os verdadeiros donos do dinheiro, da maneira mais rápida possível !

  5. No Brasil os recursos são mal gastos, em vez de concentrados,são dispersos em uma estrutura muito ramificada em instituições de pesquisa e projetos variados…Alguns, verdadeiros drenos de dinheiro, que se mostraram fracassos, como a malfadada associação com os ucranianos, com o empreendimento bi-nacional da “Alcantara Cyclone Space”…

    Recursos, sem gestão e direcionamento eficientes, não funciona!

    Os argentinos, com muito menos recursos, estão avançando em seus projetos, menos dispersos e mais concentrados…

    Para dar uma levantada no astral…Um vídeo sobre o treinamento da montagem do VLS, na operação Salinas, realizada em 2013, espero que breve aconteça um lançamento real e exitoso!

    https://www.youtube.com/watch?v=zAALBpgmUaA

  6. por LUCENA
    .
    .
    A Índia mostra não só capacidade como eficiência pois, como menos recursos fez as mesmas façanhas que os players do espaço … Heheheh..
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    Diferente que muitos preconceituosos falam, os indianos são muito capazes e lhe lá se não desbancar uns certos tidos gostosões por ai … 😉

      • É que na Índia não permitem que estatais sejam sangradas por partidos no poder, como fizeram na PETROBRAS… entendeu ???… ai sobra dinheiro para ciência e tecnologia… cuidado com quem vc apoia… pode estar acabando com o futuro do Brasil…

  7. Perfeito comentário de Pé de Cão.
    Mas entristece saber que nossos irmãos indianos – até há pouco, tidos como subdesenvolvidos – colocaram um satélite na órbita de Marte, enquanto nós, brasileiros, não conseguimos fazê-lo em órbita da Terra (!!!). Pois bem; se, com gerenciamento esmerado, atingiram a órbita de Marte com a ridiculamente pequena cifra de 78 milhões, quanto seria REALMENTE preciso para atingir a órbita da Terra? acordem, brasileiros!!!!!
    Espanta também ouvir as críticas CRETINAS ao programa espacial indiano: aqueles que acham que o dinheiro seria melhor investido em saneamento básico, certamente desconhecem os INÙMEROS benefícios resultantes a empreitada indiana, além de exibir um irremediável complexo de vira-latas. Que diferença fará 78 milhões em saneamento básico de um país inteiro???? Apenas a PROJEÇÂO POLÌTICA resultante da investida a Marte já pagaria o ridículo investimento de 78 milhões. Nossos aplausos à ÍNDIA.

    • BZ! Na verdade, o retorno do investimento no longo prazo pode se multiplicar dezenas de vezes…

      O fato é que “nós” estamos doentes, moribundos… nos recusamos a morrer, lutamos por centenas de anos… mas não conseguimos nos “curar” por que não queremos tomar o “remédio”… ele é amargo e dolorido!

      Precisamos de uma “mão forte”… e nunca a tivemos. Felizes os países que as tiveram: França (De Gaule e Napoleão), Espanha (Rei Juan), etc, etc.

      Um home com princípios claros e uma mão forte faz toda a diferença! Ex: Putin!

      Não tenho nenhuma intenção de ser comunista… tão pouco sou democrata… essas palhaças não me impressionam… admiro quem, apesar desse ou daquele regime… consegue navegar nessa lama idealista, a ainda assim fazer algo de bom por milhões de pessoas!

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