Gripen Brasileiro será montado na Embraer, diz Força Aérea Brasileira (FAB)

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Igor Gielow e Fernanda Odilla, Folha de São Paulo,  20/09/2014

A FAB (Força Aérea Brasileira) confirmou que a Embraer será a empresa na qual o caça sueco Gripen será montado no país, a partir do momento em que sua linha de produção brasileira estiver estabelecida.

“A gente vai ter o domínio do conhecimento necessário para fazer integrações [de sistemas do avião]”, afirma o brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, gerente do projeto na FAB e responsável pelo contrato com a Saab que foi anunciado anteontem.

O governo vai comprar, por US$ 4,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões), 36 unidades do avião. O contrato deve ser assinado até dezembro de 2014. Os primeiros aviões chegam em 2016. A previsão é que a partir da quinta aeronave, todas sejam montadas no Brasil.

Apesar de ser a escolha natural, visto que a Embraer é a maior empresa aeronáutica brasileira, havia especulações sobre o papel que as instalações da Saab em São Bernardo do Campo teriam no processo, devido ao lobby do prefeito Luiz Marinho (PT).

Ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho sonha com um polo aeroespacial no ABC paulista, semelhante ao existente ao redor da sede da Embraer, em São José dos Campos (SP).

 Isso dificilmente deverá acontecer, e a fábrica prevista de US$ 150 milhões na cidade fará parte das asas do avião, que serão enviadas para montagem provavelmente na unidade da Embraer em Gavião Peixoto (SP).

O processo condiz com a prática da Saab. O modelo atual do Gripen, a versão C/D, tem suas partes principais fornecidas por não menos que seis países. Um deles, a África do Sul, entrou na jogada por ter comprado 26 caças.

O caso brasileiro é inédito para os suecos, já que a linha sairá da gelada Linköping (pronuncia-se “linchôpin”). A nacionalização será progressiva, a depender da capacidade de absorção da indústria nacional, e está prevista em 40% do avião todo em sua última unidade entregue.

A responsável por essa montagem será a Akaer, empresa de São José que há quatro anos teve 15% comprados pela Saab. A empresa prevê a criação de 1.800 empregos, num universo de 25 mil da indústria aeronáutica local.

Nas derradeiras unidades, há a expectativa que partes sofisticadas, como controles digitais do avião, sejam da AEL (empresa gaúcha controlada pela israelense Elbit).

Mais importante, o plano é que todo o conhecimento de integração de sistemas tenha sido repassado para o Brasil. Isso começa com um “rig”, espécie de simulador de todos os componentes digitais e eletrônicos do avião, que capacitará técnicos da FAB e da Embraer a fazer suas próprias programações.

Fonte: Folha de São Paulo  

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F-X2: “Plano da Saab pesou na vitória do Gripen”

Por Virgínia Silveira,

Valor Econômico, 17/09/2014

O pacote de transferência de tecnologia proposto pela sueca Saab teve um grande peso na escolha da empresa para o fornecimento dos 36 caças que irão equipar a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir de 2018. A aquisição dos caças tem um custo estimado em cerca de US$ 4,5 bilhões. O contrato deve ser assinado no fim deste ano.

Segundo o vice-presidente sênior da Saab, Dan Jangblad, o valor dos projetos propostos no acordo de transferência de tecnologia apresentado para o programa F-X2 excede o preço do contrato em mais de 100%. A construção de uma fábrica de aeroestruturas em São Bernardo do Campo, de acordo com o executivo, foi um compromisso adicional incluído no pacote de “offset” originalmente oferecido pela empresa em 2009.

Pelo acordo feito pela Saab com o governo federal e a FAB, 40% do Gripen NG e 80% da sua estrutura serão produzidos no Brasil. A versão de dois assentos (biposto) do caça será inteiramente desenvolvida pela indústria brasileira.

A Akaer foi a primeira empresa contratada pela Saab para trabalhar no programa do Gripen NG, com o desenvolvimento das fuselagens posterior e central, bem como as asas e as portas principais do trem de aterrissagem do avião.

A empresa também será beneficiada pelo projeto KC-X2, da FAB, de conversão de aeronaves civis em cargueiras. A israelense IAI se comprometeu em capacitar a Akaer a projetar a modernização e fazer a conversão de aeronaves civis em cargueiras.

O contrato da IAI com a FAB prevê a conversão de 600 assentos de tropa e mais de 180 assentos executivos. “Com isso iremos nos tornar mais rapidamente a primeira fornecedora de nível 1 global da cadeia aeronáutica brasileira, o que ainda não temos”, disse o presidente da Akaer, Cesar Silva.

A oportunidade do “offset” da IAI, segundo Silva, acelerou os planos da Akaer, hoje focada em projeto de engenharia, de instalar uma fábrica em Botucatu (SP) em 2015 para começar a produzir conjuntos completos para a indústria aeronáutica. No parque tecnológico de São José dos Campos a empresa vai instalar seu centro de engenharia. O pacote de “offset” da IAI para a Akaer, segundo informou o executivo, é da ordem de US$ 31 milhões.

“Nesse pacote, US$ 2,5 milhões são relativos à transferência de tecnologia para a Akaer e o restante em cooperação industrial para a produção de partes das aeronaves para a IAI”, explicou.

O pacote de transferências da Saab inclui ainda a Embraer e sua controlada Atech; a Mectron, do grupo Odebrecht Defesa; Inbra Aerospace; Ael Sistemas; e as unidades da Selex e GE no Brasil. Com a Embraer a Saab assinou um memorando de entendimento que assegura a posição de liderança da fabricante brasileira no programa de desenvolvimento do caça sueco no Brasil.

A participação da Embraer no programa F-X2 envolve a coordenação das atividades de produção e entrega das versões monoposto e biposto do Gripen, assim como desenvolvimento de sistemas, integração, testes em voo, montagem final e entregas. A Embraer também estuda a formação de uma parceria estratégica com a Saab para a promoção das vendas do Gripen NG no mercado global.

Fonte: Valor Econômico 

7 Comentários

  1. O problema do Gripen é seu alcance e capacidade de carga de armas, não tem motor pra isso,, o colega no DAN disse que se for necessário o Gripen sair para combater com muita carga , decola com pouco combustível para compensar, reabastecendo em voo… acho isso uma tremenda gambiarra antes mesmo do projeto estar pronto.
    O Brasil vai ter que adquirir outro avião de prateleira, tipo PAK 50, porque até mesmo os aviões do FX-2 serão descontinuados.

    http://www.defesanet.com.br/fx2/noticia/16874/BOEING—Um-futuro-sem-cacas-militares/

    • Stadeu, decolar com pouco combustível pra depois fazer REVO é o que fazem todas as marinhas com NAe em muitas situações. A USN faz isso constantemente com suas aeronaves, a França a mesma coisa. Isso é operação padrão quando não se pode levar tanques subalares e a carga total tá próxima do limite da catapulta.

      • Lucas, apesar deles terem aeronaves com um motor, possuem uma excelente frota com dois motores , a nós vai ficar bem claro que já estamos podados desde o início.
        Dava pra ser melhor, isso dava mesmo.

  2. Quem começou comentando meu comentário foi você … ficou nervosinho porque acertei na vêia cumpadi. KKKKKKKk

    “‘E conheça a Verdade que Liberta.””

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