Militarização avança na Venezuela

7 de setembro de 2014 Konner America, Geopolítica, OPINIÃO 19

Forças Armadas sempre tiveram papel de peso na política venezuelana, mas militarização da esfera pública alcança níveis alarmantes, como nas operações para reprimir protestos.

“O Equador é um convento, a Colômbia é uma universidade, e a Venezuela é um quartel.” A frase, atribuída ao herói da independência sul-americana Simón Bolívar (1783-1830), continua valendo cerca de dois séculos depois.

Sempre parece haver motivo para evocar tais características supostamente dominantes no perfil desses países. A Venezuela, por exemplo, passa há 15 anos por um processo de militarização, indicando que Bolívar tinha razão.

“Já faz um século que o Exército exibe um alto nível de organização. Se agora consegue se fundir com o partido do governo – o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o grupo político mais forte atualmente –, será muito difícil saber ao certo quem detém as rédeas do país: os civis ou os uniformizados”, diz o especialista Víctor M. Mijares, do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), salientando que a fusão cívico-militar é o objetivo da elite chavista.

Neste ano, várias iniciativas da ala “bolivariana revolucionária” apontaram para essa direção: a militarização das operações para reprimir os protestos contra o governo; a criação da Brigada Especial contra as Atuações dos Grupos Geradores da Violência (BEGV), com objetivos similares; o incentivo à vigilância e à delação entre cidadãos mediante a figura do “patriota cooperativo”; a decisão judicial que aprovou a participação dos militares em atos político-partidários e a promulgação de uma nova lei de alistamento militar.

Controle informatizado

O serviço militar é obrigatório para pessoas físicas e jurídicas – entre os 18 e os 60 anos – e não tolera objeções de consciência. Quem não se inscreve não pode tirar carteira de motorista nem receber título universitário ou posto de trabalho no setor público ou privado. “Se impõe, assim, a noção de cidadão combatente, subordinado, sem possibilidade de dissidência, à figura do presidente, que é comandante das Forças Armadas”, diz o especialista Ivo Hernández, da Universidade de Münster.

“A isso se soma a pretorianização [militarização] do Exército, sua instrumentalização para alcançar as metas de um regime, como se faz nas ditaduras. Como se isso não bastasse, com a ajuda do regime castrista em Cuba, cruzar a informação proporcionada por esse novo alistamento militar com a de outras bases de dados permitirá ao governo venezuelano saber quem é quem, o que faz com determinadas pessoas, onde, quando e para quê. E isso propicia um controle quase total sobre a população. É uma situação muito grave”, acrescenta Hernández. O especialista considera que, para os venezuelanos, isso significa a perda da condição de cidadãos. “O que militariza uma sociedade não a civiliza.”

Até a fusão cívico-militar

A Constituição de 1999 deu aos militares o direito ao voto, mas não à militância política. Por isso, algumas das novas prerrogativas da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) – cujo nome por si só já é polêmico, devido a suas implicações ideológicas – são consideradas inconstitucionais.

“Houve atos do PSUV do qual participaram oficiais ativos uniformizados, e já se prevê que os militares concorram a cargos em eleições”, diz Mijares. “Essa seria una anomalia num sistema que ainda se diz democrático”, acrescenta.

Segundo o cientista político, o que se busca com tudo isso é a consolidação de uma verdadeira aliança cívico-militar – representada por uma fusão do PSUV com a FANB como partido hegemônico, um partido vermelho e verde-oliva com capacidade máxima de mobilização. “Um partido como esse seria muito difícil de tirar do poder, tanto pela via pacífica como pela força, porque governo e Estado teriam se fundido numa única entidade”, afirma.

Fonte: DW.DE

19 Comentários

  1. Podem até desdenhar de certas burradas e sandices que há na Venezuela, mas hj, em qualidade tecnologica e quantitativa eles nos superam em muitas coisas, e se continuar a investirem da forma como investem, em 20 anos serão a maior potencia da américa latina.

    • Também, com os BILHÕES doados pelos bolivarianistas brasileiros, quem não se torna potência bélica ???… 🙂

      • São nada, não tem Know how de nada,não tem parque industrial, compram e não conseguem manutenir, pura propaganda de governo.
        O maximo que conseguiriam em um conflito, e ter uma ação reação de choque, em um conflito mais duradouro, seriam massacrados se não tiverem nenhuma ajuda externa
        A militarização na Venezuela em caos socialista e desabastecida, tem por objetivo, pura e simplesmente controle interno de revoltas.

      • Caro Capa preta, não posso concordar ou descordar, pois já tivemos exemplos de países que não tem um décimo de material bélico que a Venezuela tem e fez frente por combate a OTAN, causando serios prejuizos, imagine um exercito treinando full time, bem equipado como o exercito venezuelano, o que eles não seriam capazes? tenho que concordar que o know how eles não possuem, mas na certa possuem bom treinamento, e isso em combate é crucial, principalmente se for dar uma surra na Colombia ( mero exemplo). Sds

  2. E mt perigosa essa escalada da militarização em n vizinho instável política e social/, a Guiana tem um contencioso c ela, e me parece q serão alvo dos mesmo. Tem uma FA poderosa,+ de 30Su-30MK2s +12 subs,sei ñ…espero estar mt errado.Quem viver verá.Sds. 😉

    • Olha caro Giancarlos, não creio que a Venezuela vá se aventurar pelas Guianas por conta dos patronos que as mantém, mas se a Venezuela alcançar o poderio bélico e economico que deseja ( graças as ultimas maluquices do Obama isso se torna possivel pela China e Russia) será uma potencia temivel, e até lá é dificil determinar quem será o alvo, mas Colombia seria uma das minhas apostas. Sds

  4. Acontecimentos normais , nao ha muito que se esperar de uma naçao parasitada por ideias ditatoriais , o povo otario venezuelano vai fazer aquilo pra o qual nasceram , PASTAR E LAMBER SAL , ainda ha imbecis que acham a venezuela um exemplo de pais que leva a segurança a serio , estao se armando apenas para se perpetuarem no poder , as armas serao utilizadas contra o prpprio povo lixo !

    • por LUCENA
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      Partindo desse seu argumento e lógica, o povo americano também é um lixo pois, o governo daquele povo todo comprou munições para o seu aparato de segurança (opresor) interno … 😉
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      * EUA compra 450 milhões de cartuchos de munição “Hollow point” ponto 40 pra quê?
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      (*) fonte: http://celiosiqueira.blogspot.com.br/2012/04/eua-compra-450-milhoes-de-cartuchos-de.html
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      Nas últimas semanas o Departamento de Segurança Interna dos USA encomendou recentemente 450 milhões de cartuchos de munição de ponta oca [hollow point] – Para quem não sabe – “”Hollow point”” é munição para parar a pessoa, sem chances de sobrevivência, abre um enorme buraco no corpo. A coisa é para exterminar!
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      Eles estão se preparando para algo “BIG”. (laura botelho)
      Os 450 milhões de cartuchos devem ser entregues em até cinco anos.
      A quantidade de munição supera a quantidade de pessoas que vivem nos EUA e muitos perguntam os motivos por trás de uma compra grande.
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      Os Techsystems Alliant é a empresa fornecedora de munições para DHS e do ICE e, embora as agências alegam que esses projéteis devem ser utilizados para a prática de tiro ao alvo muitos acreditam que eles têm outra coisa em mente.
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      FEMA?? Lei Marcial? Ou o que estão pretendendo fazer com toda essa munição?
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      😀

  5. por LUCENA
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    A Venezuela é um símbolo daquilo que tudo os americanófilos e os conservadores coxinha sionistas detestam, como por exemplo, uma America do Sul forte e que tenha um projeto de integração entre o seu povo.
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    Quem não se lembram daquele senador brasileiro ( americanófilo) em coluio com os EUA, queria criar uma situação que forçaria uma guerra entre o Brasil e a Venezuela, pois é … ele quer voltar em cena.

  6. CAPA PRETA
    A guerra do Iraque é um belo exemplo de significativas perdas por parte do próprio EUA. Acredite, foram gastos 3 TRILHÕES de dólares de custos diretos e indiretos (um dos motivos do endividamento dos EUA ) e as perdas humanas chegam a totalizar quase 6000 (de inválidos e mortos)…levando em conta que estamos falando de uma enorme potencia como os EUA e um cachorro morto como o Iraque, as perdas forma bem terríveis. Sds

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