14 Comentários

  1. Excelente charge, mostra muito bem a realidade dos russos que NÃO estão lutando a guerra dos separatistas afinal, como todos sabemos, os méritos são todos dos “caipiras do Don”

    • Não houve golpe de estado algum na Ucrânia. O corrupto e incompetente Yanukovich foi deposto pelo parlamento, algo semelhante ao que aconteceu no Brasil em 1992, quando o “Caçador de Marajás” foi impichado por ter transformado a Presidência da República em um balcão de negócios. No caso da Ucrânia o pesidente deposto acumulava uma fortuna de 12 bilhões de dólares.

      No mais seria interessante fazermos um exercício. Se substituíssemos a Ucrânia pelo México, A Rússia pelos EUA e a União Européia pela Venezuela, você estaria com o mesmo posicionamento? Óbvio que não, estaria defendendo com unhas e dentes o bolivarianismo…

      Ps: Já que falei no Collor, hoje aliado de vocês, quando será a sessão simbólica no Senado para a devolução do mandato do mesmo, tal qual a lambança em desagravo ao Jango?

      • “O corrupto e incompetente Yanukovich foi deposto pelo parlamento,”

        O mesmo parlamento que o atual presidente dissolveu alegando que o mesmo era a favor do antigo presidente e por conta disso, estaria dificultando a aprovação de mudanças da nova gestão…
        Houve sim, um golpe de estado e com total apoio da UE e EUA.

      • Uma coisa não tem absolutamente a ver com a outra. Parlamentos, dentre outras funções,são encarregados de julgar politicamente o Chefe do Executivo. Foi exatamente o que aconteceu na Ucrânia tal como aconteceu no Brasil em 1992. Ou será que houve um “golpe de estado” aqui, certamente levado a cabo pela “imprensa golpista”?

    • E o que os russo tem com isso? a Ucrânia não faz parte do território russo.
      Ucranianos não tem que combinar nada com a Russia.

  2. De Danzig até Donetsk
    Manifesto dos intelectuais polacos

    Todos os que não disserem ‘no pasarán’ a Putin colocarão a União Europeia e os seus valores assumidos numa posição equivalente a cair no ridículo e consentirão a destruição da ordem internacional

    Porquê morrer por Danzig? – Esta frase tornou-se um símbolo da atitude da Europa Ocidental na guerra que começou há 75 anos. As políticas, francesas e britânicas, de apaziguamento incentivaram o ditador nazi a invadir a Áustria, a ocupar os Sudetas e, por fim, a esmagar a Checoslováquia sem graves consequências para Hitler e para o Terceiro Reich. Mesmo quando o som das balas ressoou pela cidade livre de Danzig, a 1 de setembro de 1939 e após o pacto germano-soviético ter sido assinado, os poderes ocidentais reuniram apenas coragem suficiente para embarcar numa espécie de guerra falsa, a fingir. A convicção deles de que seria possível salvar a sua própria pele fechando os olhos à destruição de Danzig levou Hitler ao seu ato de agressão seguinte. Seguiu-se a captura de Varsóvia, depois a de outra capital europeia, Paris, e pouco tempo passado os nazis começaram a bombardear Londres. Só então os Aliados gritaram em voz alta: “Isto tem de parar! Vamos ganhar esta guerra de uma vez por todas!”

    A Europa Ocidental nunca mais deve voltar a abraçar tais políticas, egoístas e de curto prazo, em relação a um agressor. Infelizmente, os desenvolvimentos atuais e a subida de tensão na Ucrânia trazem-nos à memória a situação de 1939. Um estado agressivo – a Rússia – invade a Crimeia, uma parte do território do seu vizinho mais pequeno. O exército e os serviços especiais do Presidente Putin operam no leste da Ucrânia, muitas vezes de forma dissimulada, dando o seu apoio a formações terroristas que aterrorizam a população local e ameaçando abertamente uma invasão.

    Num aspeto esta situação está diferente em relação a 1939: enquanto os parceiros ocidentais continuaram a acreditar no “lado humano” do agressor, ele conseguiu, nos últimos anos, atrair muitos políticos e homens de negócios da Europa Ocidental para a sua órbita de interesses. Desta maneira, o lobby criado conseguiu influenciar as políticas de muitos países da Europa de Leste. O princípio fundamental desta política tem sido “A Rússia primeiro” ou mesmo “A Rússia e nada mais” – e esse princípio agora ruiu. A Europa precisa urgentemente de uma Ostpolitik nova e realista.

    Por isto, apelamos aos nossos vizinhos, aos concidadãos da Europa e aos seus governos:

    1. O Presidente François Hollande e o seu governo estão tentados a tomar uma medida que será ainda pior que a passividade francesa em 1939. Nas próximas semanas, a França pode tornar-se no único país europeu a ajudar o agressor, vendendo navios porta-helicópteros Mistral à Rússia de Putin. Em 2010, a França iniciou uma parceria com a Rússia nesta questão que, já então, originou várias manifestações de protesto. O anterior presidente francês, Nicolas Sarkozy, normalmente não lhes dava importância pois, afinal de contas, “a Guerra Fria tinha acabado”.

    Acontece que agora começou uma Guerra Quente na Ucrânia e não há razão para a França ainda querer implementar o acordo antigo. Vários políticos e Bernard-Henri Lévy sugeriram que os dois navios deviam ser vendidos à NATO ou à UE. Se o Presidente Hollande não alterar a sua opinião rapidamente, os cidadãos europeus devem forçá-lo à mudança com uma campanha de boicote a produtos franceses. A França deve respeitar a sua grande tradição e manter-se fiel à ideia de liberdade europeia!

    2. Por volta de 1982, a República Federal da Alemanha começou o seu trajeto de crescente dependência de gás russo. Já na altura, intelectuais polacos como Czesław Miłosz e Leszek Kołakowski alertaram para a construção de novos gasodutos russos e apelidaram-nos de “instrumentos para chantagem futura à Europa”. Os mesmos alertas vieram de dois presidentes polacos, Aleksander Kwaśniewski e Lech Kaczyński. No entanto, os políticos alemães têm demonstrado ter em grande conta a cooperação com as autoridades russas, seja pelo complexo de culpa alemão ou porque acreditam no “milagre económico russo”. Desta maneira, e talvez inconscientemente, estavam a perpetuar a infeliz tradição alemã de tratar a Rússia como o seu único parceiro na Europa de Leste. Nos últimos anos, as empresas do estado russo e os seus oligarcas têm criado raízes ainda mais profundas na economia alemã, desde o setor da energia até ao mundo do futebol e à indústria do turismo. A Alemanha deve conter este tipo de entrelaçamento que resulta sempre em dependência política.

    3. Todos os cidadãos europeus e todos os países europeus devem participar em campanhas que visam aliviar a ameaça que paira sob a Ucrânia. Centenas de milhares de refugiados de regiões de leste do país e da Crimeia necessitam de ajuda humanitária. Como consequência de vários anos de contratos danosos de fornecimento de gás assinados com a Gazprom, a monopolista russa que cobrou à Ucrânia – um dos compradores menos afluentes do seu gás – o preço mais alto, a economia ucraniana está a passar um período muito difícil. A economia ucraniana necessita urgentemente de ajuda. Precisa de novos parceiros e de novos investimentos. As iniciativas cívicas, culturais e dos meios de comunicação – cheias de vida e verdadeiramente formidáveis – precisam também de parcerias e de apoio.

    4. Durante muitos anos, a União Europeia tem dado a entender à Ucrânia que nunca será um membro da UE e que qualquer apoio da UE será meramente simbólico. As políticas da Parceria a Leste da União Europeia mudaram pouco nesta área visto que, na prática, esta é apenas um substituto sem significado. No entanto, subitamente, a questão tornou-se relevante, devido sobretudo à posição inabalável dos democratas ucranianos. Pela primeira vez na história, cidadãos de um país estavam a morrer com a bandeira da União Europeia na mão. Se a Europa não for solidária com os ucranianos agora, isso significa que já não acredita nos valores da Revolução de 1789 – os valores de liberdade e de fraternidade.

    A Ucrânia tem o direito de defender o seu território e os seus cidadãos contra a agressão exterior, com o recurso das forças policiais e militares e nas regiões fronteiriças com a Rússia. Aqui ao lado, na região de Donetsk assim como no resto do país, a paz tem sido uma constante desde a independência da Ucrânia, em 1991: não houve um único conflito violento, seja pelo passado do país relativamente aos direitos das minorias ou por qualquer outra razão. Ao soltar os cães de guerra e ao testar um novo tipo de agressão, Vladimir Putin transformou a Ucrânia num campo de tiro semelhante a Espanha durante a guerra civil quando grupos fascistas, com o auxílio da Alemanha Nazi, atacaram a república. Atualmente, todos os que não disserem ‘no pasarán’ a Putin colocarão a União Europeia e os seus valores assumidos numa posição equivalente a cair no ridículo e consentirão a destruição da ordem internacional.

    Ninguém sabe quem estará no poder na Rússia daqui a três anos. Não sabemos o que será da elite do poder russo atual, que abraça políticas conflituosas e inconsistentes com os interesses do seu povo. No entanto, sabemos uma coisa: quem seguir hoje a política de “continua tudo na mesma” em relação ao conflito entre a Rússia e Ucrânia está a fechar os olhos a milhares de russos e ucranianos que estão a morrer, a centenas de milhares de refugiados e a ataques consecutivos das forças imperialistas de Putin a outros países.

    Ontem foi Danzig, hoje é Donetsk: não podemos permitir que a Europa viva, outra vez, com uma ferida aberta e a sangrar durante décadas.

    Gdansk, 1 de setembro de 2014

    Os subscritores deste apelo são:

    Władysław Bartoszewski;
    Jacek Dehnel;
    Inga Iwasiów;
    Ignacy Karpowicz;
    Wojciech Kuczok;
    Dorota Masłowska;
    Zbigniew Mentzel;
    Tomasz Różycki;
    Janusz Rudnicki;
    Piotr Sommer;
    Andrzej Stasiuk;
    Olga Tokarczuk;
    Ziemowit Szczerek;
    Eugeniusz Tkaczyszyn-Dycki;
    Magdalena Tulli;
    Agata Tuszyńska;
    Szczepan Twardoch;
    Andrzej Wajda;
    Kazimierz Wóycicki;
    Krystyna Zachwatowicz.

    Tradução de Francisco Ferreira

    http://observador.pt/opiniao/de-danzig-ate-donetsk/

    • Nossa… Que fonte eim…

      Pra quem reclama do codinomei informante e da rede eim…

      Ai ai

      “A ucrania é uma economia em ascensão”

      • Pode se preparar que vem mais por aí! E enquanto isso, ouvimos ecoar pela cracolândia o velhor grito “Eu sou engenheiro mecânico! Eu sou engenheiro mecânico!”

  3. No pasarán! (os russos já estão passando pela Ucrânia)

    O brado estampado no título era marca registrada dos antifranquistas na guerra civil espanhola nos anos 30, creditado à líder comunista Dolores Ibárruri, La Pasionaria. Sabemos o final da história: Franco passou e ficou até a sua morte em 1975. E a Ucrânia com isto? O conflito na Espanha não era meramente interno. Era uma guerra de procuração entre o nazismo de Hitler e o comunismo de Stálin (havia também outras tonalidades), algo que foi sacado cedo por George Orwell. E o conflito na Ucrânia se torna cada vez mais uma guerra de procuração entre a Otan, a aliança militar ocidental, e a Rússia de Vladimir Putin.

    Obviamente, a Otan não está engajada nos conflitos, como é caso das tropas russas (apesar das inverossímil negativa da agitprop). A Ucrânia não integra a Otan e o organismo não tem obrigação legal de sair em defesa do país que é vítima de agressão externa. No entanto, todo o reposicionamento da Otan (foco da sua reunião de cúpula que está para começar no País de Gales) gira em torno das ações russas para preservar sua área de influência na Europa Oriental. O governo Putin está disposto a aniquilar as forças governamentais ucranianas se os separatistas pró-russos estiverem ameaçados (neste contexto, vazou a bravata de Putin de que Kiev poderia ser tomada em duas semanas se ele ordenasse).

    E qual deve ser o comportamento da Otan diante deste truculento e determinado espírito dos russos? Em última instância, a pergunta vale para uma entidade mais abstrata que é o Ocidente. O comportamento ocidental na Guerra Fria, especialmente no seu teatro europeu, baseava-se no pilar da dissuasão. A credibilidade ocidental dependia da disposição de encarar os soviéticos (eles tinham margem de manobra na sua área de influência e puderam invadir países como Hungria e Tchecoslováquia). No entanto, não poderiam passar além da chamada Cortina de Ferro. Perdão pelo trocadilho, mas desafios se descortinam agora na Europa, 25 anos da queda do Muro de Berlim.

    Hoje, países da antiga órbita soviética integram a Otan, como a Polônia e os pequenos bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia). Eles estão altamente inquietos com a desenvoltura russa na região. A Ucrânia supostamente está em uma zona cinzenta, sendo disputada pelo Ocidente e pela Rússia, embora o empenho de Moscou para lutar por seus interesses seja muito maior e muito mais arriscado do que o do Ocidente. A Rússia afinal tem muito mais a perder se a Ucrânia se bandear para o outro lado.

    E aqui chegamos às palavras peremptórias de Ben Judah, em um texto opinativo no New York Times, que ganhou muita repercussão. Ele argumenta que o os poderes ocidentais (EUA, Europa e Otan) precisam abrir o jogo com os ucranianos: armá-los ou convencê-los a se render. São escolhas dramáticas, históricas. Judah pede honestidade ao Ocidente: caso não esteja disposto a travar uma nova Guerra Fria (ou coisa mais quente) com a Rússia sobre a independência ucraniana, melhor entregar a toalha e impedir a morte de milhares de soldados da Ucrânia e ainda mais destruição do país.

    No entanto, a rendição irá significar o triunfo de Putin. Ele estará pisoteando a ordem mundial imposta pelo Ocidente depois que a URSS perdeu a Guerra Fria. Na expressão de Judah, será a “destruição da dissuasão geopolítica americana. Os inimigos dos EUA, da China ao Irã, verão isso como um convite para estabelecerem suas próprias áreas de influência em meio aos destroços”. Para Judah, a rendição ucraniana será também a rendição da Otan, da Europa, da liderança global americana e da democracia liberal.

    Na visão alarmista de Judah, a Rússia não parará na Ucrânia, pois quer minar a Otan. Será uma questão de tempo até que Moscou manufature conflitos nos países bálticos (onde há uma expressiva minoria russa) e poderá levar a Polônia a guerrear contra a Rússia. De acordo com o jornal italiano La Repubblica, a sóbria primeira-ministra alemã Angela Merkel, a figura mais importante na União Europeia, alerta que as repúblicas bálticas podem ser o próximo alvo de Putin.

    Eu ainda não me aventuro a ser taxativo para concluir que o Ocidente desistiu da Ucrânia e agora se reposiciona mais para proteger outras áreas da Europa Oriental do expansionismo russo. No entanto, a olhos vistos, os russos estão passando pela Ucrânia. Pasarán?

    ***
    No pasarán! Bobagem, hoje passou de tudo na seção de comentários e ainda são 15:23, horário de Brasília. Foi dose. Mereço a colher de chá por ter lido tudo o que li, precisando decidir o que publicar ou não, o que responder ou não.

    http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/ucrania/no-pasaran-ja-estao-passando-na-ucrania/

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