No Rio, o USS America (LHA-6)

Com dimensões comparáveis do Navio-Aeródromo brasileiro São Paulo, mas de deslocamento muito maior, esteve no Rio de Janeiro na primeira semana de agosto de 2014 o Navio de Assalto Anfíbio USS America (LHA 6), da U. S. Navy.


Acima O USS America chega ao Rio e prepara-se para a manobra de atracação (Foto: D. Carneiro).

• Vinicius D. Cavalcanti
(fotos V.D.Cavalcante/Segurança & Defesa)

Esse é o quarto navio da U. S. Navy a ostentar esse nome, e trata-se do primeiro de uma classe que deverá englobar um total de cinco navios.  O projeto tem como base o do USS Makin Island (LHD 8, da classe “Wasp”), mas com uma diferença fundamental: o America não dispõe da doca alagável, para recolher/lançar blindados de assalto anfíbios, lanchas de desembarque ou mesmo hovercrafts. A assinatura do contrato para o projeto de detalhamento e a construção do USS America foi assinado em junho de 2007, a quilha foi batida em julho de 2009 nas instalações da Huntington Ingalls Industries (no Mississippi) e o lançamento foi feito em junho de 2012. O navio é novíssimo, e ainda não foi incorporado à frota americana.
O navio foi concebido para operar uma componente aérea composta por helicópteros (CH-53, CH-46, MH-60, AH-1, CH-46, e outros modelos), aeronaves de rotores basculantes MV-22 e aviões de combate F-35B, havendo diversas composições possíveis. O convés de voo tem 249,6m x 36,0m, e a ausência da doca embarcações de desembarque permitiu uma ampliação da área de estocagem e manutenção de aeronaves, maior capacidade de combustível de aviação, além de um maior convés para cargas e veículos. A exemplo dos outros grandes navios de assalto, o USS America dispõe de um completo hospital de bordo, e em relação á classe “Wasp”, possui melhores instalações de comando e controle.


Acima Vista da “Ilha” do USS America, ressaltando-se o grande volume de sistemas eletrônicos.

A componente aérea típica deverá ser de doze Boeing MV-22B Osprey, seis Lockheed F-35B Lightning II (STOVL, empregados em ataque ao solo ou para defesa aérea), quatro helicópteros Sikorsky CH-53K King Stallion para transporte pesado, sete helicópteros de ataque Bell AH-1Z ou UH-1Y Venom e dois Sikorsky MH-60S para busca e salvamento, esclarecimento e ataque contra alvos de superfície. A composição do complemento aeronaves do navio irá variar de acordo com a missão a ser executada. Operando até 20 F-35B (além de dois ou três MH-60S) o USS Americapoderá projetar poder como um pequeno NAe, assegurando cobertura aérea às demais unidades navais, atacando alvos aéreos, de superfície (marítimos ou terrestres).


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 Blindado sobre rodas LAV-25 do U.S. Marine Corps.

O USS America chegou ao Rio de Janeiro na manhã do dia 5 de agosto, e foi aberto á imprensa no dia seguinte. O navio saiu do estaleiro em Pascagoula, no Mississipi, dirigiu-se à Base de Guantánamo (em Cuba), e visitou Cartagena (Colômbia). Do Rio, seguirá para o Chile e em seguida para o Peru, seguindo posteriormente para seu destino final, a base de San Diego, na Califórnia. Concomitantemente às visitas aos portos das nações amigas, a belonave e seus tripulantes empreendem exercícios conjuntos com as forças amigas.


Acima MV-22 Osprey no convés de voo, na configuração de pouso e decolagem.

Abaixo MV-22 visto na configuração de armazenamento, utilizada para poupar espaço.


Acima MV-22 no hangar, com as hélices dobradas mas com as asas em posição normal.


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 A complexidade mecânica do sistema de dobramento das hélices é evidente.

No convés de carga, sob o hangar, estavam expostos dois veículos anfíbios sobre rodas LAV do U. S. Marine Corps, das versões LAV-25 (com canhão Bushmaster de 25m) e LAV-AT (com torre para dois lançadores de mísseis TOW II). Tais veículos, que podem ser transportados como carga externa pelo helicóptero CH-53K, estavam dotados de blindagem adicional cerâmica para melhorar-lhes a proteção balística.


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 O imenso convés de voo do America tem 249,6m x 36,0m.

Várias outras viaturas e outros equipamentos estavam expostos, e chamou particularmente a atenção um equipamento de tradução linguística que permite às tropas se comunicarem em mais de 150 idiomas, inclusive com grande número de variações de dialetos. O operador fala em inglês, e a máquina, acoplada a um amplificador e caixa de som, transmite o que foi dito na linguagem do interlocutor, a uma distância que pode chegar a até algumas centenas de metros.


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 Helicóptero multifunção MH-60M, configurado para emprego de mísseis Hellfire.

No elevador do hangar estava um dos três MH-60S Sea Hawk que o navio trazia O helicóptero, que desempenha múltiplas funções (transporte, busca e salvamento, esclarecimento marítimo e ataque), estava configurado com suportes para mísseis Hellfire. Também no hangar, havia um V-22 Osprey, com seus rotores dobrados. Como é sabido, a aeronave, fruto de um longo desenvolvimento conjunto da Bell Helicopters e da Boeing, utiliza rotores basculantes que permitem o pouso e decolagem como um helicóptero e o voo horizontal como um como um avião turboélice. Foi essa a primeira aparição desse tipo de aeronave no Brasil. Esse V-22 demonstrava sua capacidade de transportar veículo leve M1161 Growler — viatura que substituiu as antigas “Mulas Mecânicas” dos fuzileiros navais, e que foi desenvolvido especialmente para uso a partir do Osprey.


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 Vista dos lançadores de mísseis RAM e ESSM de vante.

Para permitir seu armazenamento em maior número a bordo — tanto no hangar como no convés de voo — o Boeing V-22 Osprey utiliza uma complexo sistema mecânico para alinhamento das asas com a fuselagem e dobragem de suas hélices. Imagina-se o desafio que deve ter sido o projeto e o desenvolvimento dessa aeronave, em que o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos aposta para mudar os parâmetros do transbordo de tropas num assalto anfíbio.
Atuando como capitânia de uma unidade expedicionária, o America deve operar com pelo menos dois navios de apoio (como LPDs ou LPHs), além de unidades navais de escolta (cruzadores, contratorpedeiros, fragatas e submarinos). Seu armamento defensivo do navio é compatível com uma unidade de sua importância. São dois lançadores óctuplos de mísseis RIM-162D Evolved Sea Sparrow, dois lançadores de mísseis RIM-116 RAM (cada um com 21 mísseis), e dois reparos Vulcan Phalanx Mk. 15 de 20mm. Há também previsão para a eventual instalação de três canhões Mk. 38 Mod 2 de 25mm e até 14 metralhadoras de 12,7mm, montadas em sete reparos duplos. •


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 O Contra-Almirante Frank L. Ponds, Comandante do Expeditionary Strike Group 3, recebe um exemplar de “ Segurança & Defesa”

FICHA TÉCNICA
Comprimento total…………………………… 257,3m
Comprimento na linha d’água ……….. 237,1m
Boca ……………………………………………….. 32,3m
Calado ……………………………………………. 8,75m
Deslocamento a plena carga ………… 44.970t
Cap. de transporte (fuzileiros) ……….. 1.687 (+184 no máximo)
Velocidade ……………………………………… 22 nós
Tripulação  ……………………………………… 1.059
Eixos ………………………………………………. 2
Propulsão  ……………………………………… COGES: 2 x turbinas GE LM2500, gerando 70.000HP + dois motores auxiliares de 5.000hp cada, para deslocamento à velocidade de 12 nós.

Fonte: Segurança&Defesa

11 Comentários

    • Fui convidado a visitar a Nau americana, mas tive que declinar, pois estou em uma missão importantíssima no interior da Amazônia colombiana… que pena!!!… 🙂 🙂 🙂

  1. Um tiquinho menor que o A-12 no comprimento, boca e calado, mas com 37% mais capacidade de deslocamento e n!% mais poder ofensivo e defensivo.
    Para que um A-12?

      • Walfredo, eu sei que essa é a missão dele. Mas para qualquer militar da Marinha norte-americana, britânica, Indiana, Chinesa, Francesa ou Russa, isso é coisa que ele não faz. Não serve, como não servia o A-11. Como muita coisa nas FA é equipamento para o dia 7 de Setembro somente. Esses recursos poderiam ser aplicados em outros navios da frota. O A-12 nunca esteve completamente. operacional, seu grupamento aéreo nunca esteve completamente operacional. Desde criança eu ouço que a missão do A-11 (agora A-12) é desenvolver a doutrina, manter o corpo treinado, para o futuro verdadeiro porta-aviões. Já se foram várias décadas de preparo, e?Muita grana você concorda? Eu prefiro que meu dinheiro seja gasto em outro lugar.E pior, estamos desenvolvendo uma doutrina da década de 80. Seria mais inteligente fazer o que a China fez, guardar o dinheiro para começar a desenvolver doutrina e treinar o corpo 5-6 anos antes do lançamento do porta-aviões. Mas tem muita vaidade envolvida.

      • “O A-12 serve ao propósito de aparelhar as forças para sua real missão institucional, policiar politicamente as Américas.”

        Esse é Walfredo, o Petista Cor de Rosa. Em que pese ele ser um militante Pink, no quartinho dele predomina o vermelho. Também no quartinho dele, ao invés de uma boneca Barbie, tem uma boneca da Marilena Chauí, que faz companhia ao boneco do Ken, ops! do Lula. Fanático pela mitologia petista, natal para ele não é no dia 25/12 mas sim no dia 27/10, quando o Apedeuta nasceu. E ele acredita que nesse dia um raio de sol cortou o sertão até a casa onde o caudilho nasceu. Ele também acha que o Zé Dirceu é um Super Herói em bora todos saibam que a biografia do mensaleiro-mor é uma farsa.

        Ah! O nosso petista pink também tem uma camisa baby look mas ao invés de ser da Hello Kitty, tem a cara do Che Guevara…rs!

        Agora vamos à frase. Ela diz que o A-12 “cumpre sua missão institucional, que é policiar as Américas”. Cumpre como Cara Pálida, se ele vive em um eterno “ATRACADEX”? E mesmo que saísse, ele iria policiar os EUA e o Canadá, que fazem parte da OTAN sendo que a USN tem 10 NAes? policiaria a Guiana Francesa? Daria as caras nas águas territoriais das Falklands? Acorda para a vida Cinderela Petista!

    • Melkor,

      São navios distintos, com propósitos distintos. Não creio que possam ser comparados…

      Mas sem sombra de duvidas, o navio americano é impressionante…

  2. A revista SEGURANÇA e DEFESA foi uma das duas primeiras publicaçoes que tive o prazer de telas como livros de cabeceira , em meados da decada de 80 ela era uma das poucas exclusivas sobre assuntos militares !

    • Tem uma que eu não esqueço. Tinha um Panther pousado no campo, armado com lança-foguetes nas laterais. Achei o bicho lindo. Pensei comigo que seria um helicóptero “bonito” para o exército comprar. E não é que anos depois ele chegou mesmo.

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