Há 70 anos o oficial Von Stauffenberg tentava matar o ditador nazista

Escombros do atentado fracassado no quartel-geral do “Führer”

Há 70 anos o oficial Von Stauffenberg tentava matar o ditador nazista. Embora fracassada, a tentativa de golpe se mantém como lição viva. Porém a transformação dos traidores em heróis da pátria foi lenta e penosa.

Claus Philipp Schenk, Graf von Stauffenberg (Conde de Stauffenberg)

Em meados de 1951, o Instituto de Demografia Allensbach realizou uma pesquisa de opinião importante, com o objetivo de avaliar o que os cidadãos alemães pensavam sobre a tentativa de golpe de 20 de julho de 1944.

Apenas pouco mais de um terço dos entrevistados declarou ter uma opinião positiva sobre os homens e mulheres que, naquele dia, tentaram em vão derrubar o regime nacional-socialista. Cinco anos mais tarde, a maioria da população ainda era contra batizar uma escola com o nome do conde Claus Schenk von Stauffenberg, o autor do atentado fracassado contra Adolf Hitler.

Durante muito tempo os alemães relutaram em honrar o movimento de Resistência contra a ditadura nazista. O que hoje parece um fato óbvio “é, na verdade, o resultado de um processo longo e repleto de contradições”, escreveu recentemente Johannes Tuchel, diretor do Memorial à Resistência Alemã, em Berlim. “Até chegar a isso, muito foi ignorado, recalcado, esquecido.”

Presidente chama alemães às falas

O atentado a Hitler de 20 de julho de 1944 foi a mais importante tentativa de derrubada do regime na época nazista. Em sua maioria, os combatentes da Resistência alemã provinham da nobreza e da liderança da Wehrmacht, as Forças Armadas do Terceiro Reich.

O encarregado de tentar assassinar o líder nazista com uma bomba, no quartel-general Wolfsschanze, foi o oficial Claus Schenk von Stauffenberg. Porém o ditador sobreviveu e a tentativa de golpe fracassou. Von Stauffenberg foi executado na noite seguinte, assim como, nas semanas posteriores, centenas de cidadãos supostamente envolvidos no planejamento do assassinato do Führer.

Os membros da Resistência foram acusados de alta traição, por ter quebrado o juramento militar prestado ao então líder da nação, Adolf Hitler. Esse ponto de vista continuou a ser defendido por muitos alemães, mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Coube sobretudo a Theodor Heuss – presidente da República Federal da Alemanha (RFA) de 1949 a 1959 – apelar à consciência de seu povo, convencendo-o de que a Resistência contra Hitler não fora traição, e a recusa à obediência do conde Stauffenberg, até mesmo um ato honorável.

Discurso revolucionário

O “juramento foi prestado a um homem que, do ponto de vista formal-legal e moral-histórico, já tinha incorrido em múltipla quebra de juramento”, esclareceu Heuss em 1954, por ocasião do 10º aniversário da tentativa de atentado. A primeira homenagem aos insurgentes ocorrera apenas dois anos antes, no prédio conhecido como “Bloco Bendler”, onde mantinham seu centro, no bairro berlinense de Mitte.

“O discurso de Theodor Heuss desencadeou uma revolução na recepção histórica da Resistência alemã”, aponta Rüdiger von Voss, em entrevista à DW. Filho de um dos conspiradores, ele definiu como sua missão de vida manter viva a memória dos combatentes, atuando na fundação Forschungsgemeinschaft 20. Juli 1944 (Grupo de Pesquisa 20 de Julho de 1944).

Registrando os 70 anos do atentado a Hitler, o jurista publicou um livro que reúne discursos proferidos na Alemanha por ocasião das comemorações do 20 de Julho. “Ao lê-los, tem-se um brilhante panorama do debate sobre a substância intelectual e também política da Resistência”, ressalta Von Voss.

Além disso, esses pronunciamentos documentam o quanto o significado do 20 de julho de 1944 se transformou: hoje, a data é parte integrante da cultura de memória alemã. Mas para tal, também foram precisas “frases duras”, como anunciava Heuss em seu discurso: “Existem atos de desobediência que possuem estatura histórica.”

Dever moral contra a tirania

As poderosas e penetrantes palavras do primeiro presidente da Alemanha foram pré-condição para que a tentativa de golpe fosse reconhecida e reverenciada como rebelião da consciência. “Theodor Heuss foi o primeiro a chamar pelo verdadeiro nome o devastador fracasso das elites de liderança na Alemanha”, lembra Rüdiger von Voss.

O político social-democrata Carlo Schmid referiu-se ao assassinato do tirano como um dever moral, em 1958: “Se não há outro meio de se libertar de tal vicissitude, então é moralmente permitido – até imperativo – matar aquele que ameaça lançar a nós, a todo o nosso povo, no estado de desumanidade.”

Diversos oradores da época também fizeram alusão ao 17 de junho de 1953, data do levante popular na antiga República Democrática Alemã (RDA), sob governo comunista. O paralelo visava obviamente enfatizar que também a tentativa de assassinato contra Hitler fora uma luta legítima pela liberdade e pelos direitos humanos.

Chama a atenção com que frequência, nos discursos e debates de então, se trata dos limites do juramento e da obediência, de um “dever de alta traição”, como formulava o filósofo da religião Ernst Steinbach em 1968.

O “homem comum”, ontem e hoje

Para a política histórica, foi uma tarefa penosa reservar aos combatentes da Resistência alemã um posto firme nas celebrações nacionais. Um dos que colaboraram para tal, foi o autor Carl Zuckmayer, que dizia, em 1969: “Esses homens sabiam que só havia uma tênue esperança de vencer, e que, mesmo assim, deviam ousar. Eles o ousaram, na grande esperança de que seu ato, mesmo que fracassasse, era imbuído de um poder luminoso para o futuro.”

A comemoração em 1990 foi notável: não se tratava de um jubileu redondo, mas pela primeira vez os alemães do leste e do oeste estavam reunidos para homenagear a Resistência. Durante décadas, o governo da RDA ignorara o atentado de 20 de julho, sobretudo pelo fato de os conspiradores conservadores e nobres encabeçados por Von Stauffenberg não combinarem com a concepção humana socialista.

Tendo em mente duas ditaduras alemãs passadas, o então presidente Roman Herzog alertava seus compatriotas para os perigos da covardia moral. Ele voltava o olhar para aqueles “que nada fizeram e olharam para o lado”. A seu ver, naquele momento, em 1990, a maioria também se comportava desse modo, e não apenas na Alemanha. “E é desse ser humano, o homem absolutamente normal e comum num Estado totalitário, que falamos aqui.”

Recrutas das Forças Armadas alemãs prestam juramento em 20 de julho

Obrigação viva

Hoje em dia, os antigos traidores há muito são vistos como heróis pela percepção pública. Com deposição de coroas de flores e o tradicional compromisso solene dos recrutas, a homenagem aos ativistas da Resistência já pertence ao cânon da memória oficial.

Por outro lado, “nas escolas alemãs, a Resistência continua sem ter lugar”, critica o jurista Rüdiger von Voss. E no entanto, ressalva ,ocupar-se das ideias dos combatentes é extremamente importante, “também para poder dar à ordem [social alemã] um fundamento intelectual e político sustentável e fidedigno”.

A falta de coragem civil é danosa ao sucesso da democracia, reforça Von Voss. Nesse sentido, continuam valendo hoje as palavras do presidente Heuss em 1954: “O legado ainda está em vigor, a obrigação ainda não foi cumprida.”

Fonte: DW.DE

29 Comentários

  1. “Viva a Alemanha livre’
    Ultimas palavras do nobre Conde, Cel Claus Schenk von Stauffenberg.
    Um dia vão se lembrar do Barão de Capa Preta, que explodiu um buteco cheio de petralhas dentro
    🙂 🙂 🙂

    • Qual será seu epitáfio, meu nobre amigo ???… mandarei confeccioná-lo em ouro puro sobre mármore travertino… tens a minha palavra… 🙂

      • KKKK, escreve la, “Aqui jaz, Capa Preta, um soldado de seu país, morreu com o dedo médio em riste para o leste vermelho, kkk
        Saudações meu nobre amigo.

      • “AQUI JAZ CAPA PRETA, UM SOLDADO DE SEU PAÍS… MORREU COM O DEDO MÉDIO EM RISTE PARA O LESTE VERMELHO !!!”… assim será feito, meu nobre amigo… ficará como alerta para os incautos das gerações futuras, prevenindo-os dos males de ser um idiota socialista/comunista… não podia ter escolhido melhor… 🙂

      • Nobre amigo, e se for eu o primeiro a visitar São Pedro, escreva lá: “AQUI JAZ O EMPALADOR AZUL… AQUELE QUE NUNCA PERDOOU UM FIOFÓ VERMELHUXO !!!…” rsrsrsrsrsrs…

      • por LUCENA
        .
        .
        Sou mais essa;
        .
        Aqui apodrece um que só tem serventia para a natureza agora
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        .
        Prometo que irei colocar e com flores .. hahahah …
        .
        .
        E para o outro, seria ;
        .
        ¿Porqué no te callas? … 😀 😀

      • por LUCENA
        .
        .
        Hitler não morreu,ele esta bem guardado e escondido nos corações dos neonazistas e dos neo-sionistas . 😉 … abram os seus olhos !!!
        .

      • Lucenático, não fale assim de seu pai político ideológico, ainda que ele não tenha te registrado… 🙂

      • Quem chamou estes otários em conversa de gente civilizada ???… passem fora, seus rastaqueras… 🙂

      • “Blue Eyes, Na Resistência
        20 de julho de 2014 at 22:38

        Qual será seu epitáfio, meu nobre amigo ???… mandarei confeccioná-lo em ouro puro sobre mármore travertino… tens a minha palavra…”

        E o meu epitáfio olhos azuis?! como será?!..eu estou pensando nestes: Viva cada dia como se fosse o último…Um dia você acerta……Esteja onde estiver vc sempre estará lá……….qual epitáfio o senhor escolheria para minha lapide hein?!…

        😀

      • “CAPA PRETA
        20 de julho de 2014 at 12:02

        “Viva a Alemanha livre’
        Ultimas palavras do nobre Conde, Cel Claus Schenk von Stauffenberg.
        Um dia vão se lembrar do Barão de Capa Preta, que explodiu um buteco cheio de petralhas dentro”

        Brazileiro só sobe na vida quando explode o barraco…….. 😀

      • KKKKKK…depende de que bunda vc se refira…E VIVA AO REI SOL…VIVA AO FILHO DO BRASIL.. OLHOS AZUIS!!!!!! 😀

    • Tá fazendo apologia ao terrorismo agora Capa Preta???

      E ainda tem coragem de falar da guerrilheira no poder mas quer fazer o mesmo né???

      Quanta simetria de métodos terroristas vocês tem em comum heim!!!

      kkkkkk

      Valeu!!

      • Entenda uma coisa meu caro Franco.
        matar alguém como Hitler, Mussolini, Lenin, Pinochet, castro etc= Rsistência politica

        Matar um garoto em uma guarita (Mario kozel Filho, não esqueceremos) como fez a gerentona e seu ex marido, e matar civis em um aeroporto, como fez o idolo de vcs, Maringuella, e terrorismo nojento.

      • Entenda uma coisa meu caro capa….

        Mesmos métodos significam a mesma coisa, pouco importa quem seja a morrer, o ódio contra um é o mesmo contra o outro… Nada justifica uma motivação pra matar, se não tem diferença alguma no método usado contra o inimigo!!

        Mais do mesmo… acho que você se daria bem com a “Gerentona”, métodos iguais pra lutar contro o “inimigo politico”.

        Valeu!!

      • A gerentona tem ódio até hoje de quem ama de verdade esse país… largue de ser mané, franco… essa mulher, se esse país fosse sério, era para ter pego PRISÃO PERPÉTUA EM GUANTÁNAMO a pelo menos 50 anos passados… para ficar pertinho de seus senhores, os quais ela verdadeiramente ama, tanto é que fez questão de receber a nossas custas o safado do irmão do capeta de barba cubano… esses sim, VERDADEIROS FACÍNORAS TERRORISTAS que ainda hão de pagar o preço pela merda que fizeram a esse continente…

    • “CAPA PRETA
      20 de julho de 2014 at 12:02

      “Viva a Alemanha livre’
      Ultimas palavras do nobre Conde, Cel Claus Schenk von Stauffenberg.
      Um dia vão se lembrar do Barão de Capa Preta, que explodiu um buteco cheio de petralhas dentro”

      Mas quanta desgraça…No brazil…Pobre só sobe na vida quando explode o barraco……..

  2. os alemães consideram ele um traidor ,apenas isso .tramou contra sua própria pátria

    um agente infiltrado .

  3. O fracassado plano executado por Stauffenberg foi apenas um entre mais de duas dezenas (se não me falha a memória) de tentativas de eliminar o tarado do Hitler.
    Dezenas de oficiais graduados, heróis da primeira guerra e até heróis da segunda guerra estiveram envolvidos em planos para executar o Hitler. Uns queriam eliminá-lo para dar outro rumo a guerra, já que o tarado não tinha tino para estratégia. Fato que o lhe rendeu muitos inimigos dentro das forças armadas.
    Outros queriam eliminá-los apenas para salvar o que restava da Alemanha e evitar sua total destruição, já que a derrota era apenas uma questão de tempo, e de mais vidas.
    Talvez o mais notável entre os amotinados tenha sido um condecorado herói nacional, o Marechal de campo Erwin Rommel, o Raposa do Deserto. Rommel foi “suicidado” porque não pegaria bem um herói nacional ser executado por traíção, menos ainda no momento em que a Alemanha precisava de seus heróis.

    • rsrsrsrssrsrs… medindo os outros por vc, caríssimo ???… não sou dado a esse tipo de manifestação vemelhuxa… isso é coisa de internacionalista… são vcs que vestem vermelho… 🙂

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