Putin vê com cautela ideia de Argentina integrar BRICS

Argentina

“O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, na quinta-feira, 10/07/2014, que a Argentina é seu “principal sócio estratégico” na América Latina e que “valoriza” o desejo do país de integrar os BRICS (grupo de países em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), (mas que) as incertezas financeiras do país,…seriam empecilhos para a Argentina (fazer parte do grupo).”

Marcia Carmo

De Buenos Aires para a BBC Brasil,11/07/2014

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, na quinta-feira, que a Argentina é seu “principal sócio estratégico” na América Latina e que “valoriza” o desejo do país de integrar os Brics (grupo de países em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Contudo, Putin mostrou cautela quanto às aspirações argentinas. “No entanto, a questão de aumentar o número de seus membros por enquanto não está em questão”, disse.

 Suas declarações foram feitas à agência Prensa Latina, de Cuba, um dia antes de iniciar seu tour pela América Latina, que começou por Havana nesta sexta-feira, segue para a Argentina no sábado e depois para o Brasil.

Ainda sobre o debate sobre a entrada da Argentina no grupo, nesta semana, poucas horas antes das declarações do presidente russo, a agência oficial de notícias da Argentina, Telám, informou que uma das autoridades do Ministério das Relações Exteriores da China teria dado apoio à entrada da Argentina no grupo que se reunirá na terça-feira em Fortaleza, no Ceará. “China apoiará a entrada da Argentina nos BRICS”, destacou a agência.

Índia, Brasil e África do Sul já haviam mostrado que estavam de acordo quanto a uma entrada argentina, de acordo com a imprensa argentina.

As incertezas financeiras do país e os avanços do grupo em relação a questões financeiras, contudo, seriam empecilhos para a Argentina integrar os BRICS.

A sexta cúpula dos BRICS acontecerá na terça-feira (15), em Fortaleza. Na quarta-feira (16), o grupo se reúne com países da América do Sul, em Brasília.

Dificuldades

País de cerca de 40 milhões de habitantes, a Argentina enfrenta hoje a contagem regressiva para não cair em seu segundo calote em treze anos.

Neste quadro de incertezas financeiras, e com cerca de U$ 30 bilhões de reservas do Banco Central, a Argentina não estaria apta para integrar os BRICS neste momento, segundo fontes do governo brasileiro.

Nesta visão, faltaria à Argentina a capacidade para pagar uma espécie de “pedágio”, afirmou-se, para ser parte do grupo que em Fortaleza avançará em suas engenharias financeiras – a criação de um fundo de ajuda para casos de emergência e de um banco de desenvolvimento.

Nos dois casos, os Brics terão que desembolsar recursos para estas criações, disseram. Hoje, a Argentina não contaria com estes recursos. “O grupo está subindo de degrau, definindo estruturas financeiras e por enquanto não se fala em um membro mais”, disseram fontes do governo brasileiro à BBC Brasil.

Expectativas

Existia em Buenos Aires, nos bastidores do governo e no âmbito político, expectativa pelas palavras de Putin, já que em maio o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, escreveu em sua conta no Twitter que a Rússia estaria convidando a Argentina a participar da reunião do grupo em Fortaleza.

A afirmação foi feita durante visita do ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, à Moscou, gerando especulações em Buenos Aires de que o gesto poderia ser para que a Argentina fizesse parte dos BRICS.

Lavrov afirmou, porém, que para isso seria necessário o consenso do grupo. Na época, a Argentina sugeriu apoio à Rússia na disputa territorial com a Ucrânia e a Rússia apoiou a Argentina na disputa pela “soberania” das Malvinas, como indicou Timerman, de acordo com a imprensa argentina.

A presidente Cristina Kirchner chegou a informar sobre o convite em sua conta no Twitter. “É um dia muito importante para a Argentina (…) pelo convite para a participação na reunião dos BRICS, em julho”, disse.

O ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Argentina García Mortitán escreveu, naquele mesmo mês de maio, um artigo no jornal econômico El Cronista, de Buenos Ares, dizendo que a Argentina poderia entrar para os BRICS, como a África do Sul fez em 2011. “Com isso, os BRICS passariam a se chamar BRICSA”, escreveu García Moritán.

Apesar de ter anunciado em sua conta no Twitter, em maio, que participaria do encontro dos BRICS no dia 15 de julho em Fortaleza, Cristina Kirchner informou na quinta-feira, através de uma carta à presidente Dilma Rousseff, que chegará ao Brasil apenas a tempo da reunião dos BRICS e dos demais países da América do Sul, no dia 16, em Brasília.

 Fonte: BBC Brasil 

27 Comentários

  1. Taí, mais uma prova que os tempos são outros, onde as amizades são muito mais definidas por interesses comerciais que político ideológicos. Nenhum país de grande potencial econômico quer correr o risco de ter que servir de escudo ideológico para administrações frágeis e ainda se verem obrigados, por conta disso, a ter que sair em socorro financeiro. Em alguns casos até ainda fazem isso, mas o retorno em domínio estratégico tem que ser muito grande. Como a Russia faz com os países do seu entorno político estratégico.

  2. Putin está tenso demais, basta ver suas imagens mais recentes, ele está com uma faca na garganta no caso Ucrânia …

  3. por LUCENA
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    Os hermanos só tem o Brasil para se apoiarem, é uma âncora para a opaca indústria da Argentina… e que âncora ! … rsrsr..
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    Os BRICS ainda podem no futuro aumentar de membros,provavelmente alguns europeus … novidades podem acontecer neste grupo, é ficar de olho neles, alguns cabelos do Obama, são por causa desse grupo econômico/financeiro. 😉

    • por LUCENA.
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      Os hermanos só tem o Brasil para se apoiarem, é uma âncora para a opaca indústria da Argentina… e que âncora ! … rsrsr..
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      Os BRICS ainda podem no futuro aumentar de membros,provavelmente alguns europeus … novidades podem acontecer neste grupo, é ficar de olho neles, alguns cabelos brancos do Obama, são por causa desse grupo econômico/financeiro. 😉

  4. 700 EMPRESÁRIOS TURBINAM PAUTA DOS BRICS NO BRASIL

    Encontro organizado pela CNI, em Fortaleza, inclui ponto crucial na agenda de cúpula entre presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; empresários pedem o uso de moedas nacionais em transações comerciais entre companhias dos cinco países; previsão é de fechamento de negócios totais de US$ 3,9 bilhões nos setores de agronegócio, infraestrutura, logística, mineração e máquinas e equipamentos; ideia é que, no futuro, compras e vendas sejam feitas em reais, rublos, rupias, yens ou rands – e não mais na moeda americana; ano passado, Brasil manteve com BRICS relacionamento de US$ 101 bilhões; EUA e Europa não vão gostar; novo eixo de desenvolvimento
    14 DE JULHO DE 2014 ÀS 20:30

    247 – Uma carta aberta assinada por cerca de 700 empresários que participaram de encontro de negócios organizado pela Confederação Nacional da Indústria, em Fortaleza, na véspera da reunião de cúpula dos presidentes dos BRICS, pede a aceleração da substituição do dólar como moeda oficial para transações entre os cinco países do grupo.

    A intenção é a de que haja incentivos oficiais para que compras, vendas e parcerias entre companhias privadas de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul sejam feitas com o uso de reais, rublos, rupias, yens e rands – as respectivas moedas nacionais – e não apenas em dólar ou euro. Trata-se de uma inovação nunca praticada, em larga escala, no comércio internacional.

    Assim como a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Fundo de Contingenciamento Emergencial, a proposta de troca de moedas tem tudo para preocupar – e irritar – os meios financeiros dos Estados Unidos e Europa. Significa, na prática, uma declaração de independência do grupo de países que nasceu a partir de uma expressão criada pela economista Jim O’Neill e, em seis anos de encontros de cúpula, vai ganhando organicidade real.

    Abaixo, notícias da Agência Brasil e da CNI a respeito:

    Empresários do Brics vão sugerir troca direta de moeda entre países do bloco

    Daniel Lima e Sabrina Craide – Enviados Especiais

    Os empresários dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão apresentar amanhã (15), na reunião de chefes de Estado do grupo, um documento com sugestões para aprimorar a economia do bloco.

    Uma das propostas é permitir a troca direta de moedas entre os países, para facilitar e baratear os custos de transação. Segundo o presidente da sessão brasileira do Conselho Empresarial do Brics, Rubens De La Rosa, a transação deverá ser feita no âmbito do Banco de Desenvolvimento do Brics, que deve ter sua criação formalizada na reunião de amanhã.

     “Isso vai permitir que, se eu tiver que fazer uma remessa à Índia, eu não tenha que converter [o valor] em dólares e depois em rupias, gerando custos de transação. Assim, teremos pequenas baixas que diminuirão o custo financeiro de operação. É uma medida simples e possível de ser feita no ambiente do banco”, explicou Rosa.

    Para os empresários, a criação de um banco para o bloco irá acelerar o comércio, negócios e investimentos entre os países do Brics.

    Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o banco será importante para todas as empresas dos cinco países, principalmente por permitir que investimentos entre eles tenham mecanismos de financiamento internacional com garantias dadas pelas matrizes das empresas. “É muito difícil para uma empresa fazer investimento lá fora simplesmente com seus próprios recursos. Então, esse mecanismo será fundamental para aumentar o número de empresas brasileiras com investimentos no exterior”, afirmou Andrade.

    Os empresários vão sugerir também medidas para facilitar a emissão de vistos de negócios e a redução das barreiras não tarifárias, como restrições técnicas e fitossanitárias. “Hoje, as empresas brasileiras estão sujeitas a regras de agências reguladoras e, muitas vezes, os produtos importados não atendem às mesmas especificações, nem estão sujeitos às mesmas regras. O que queremos é que a empresa brasileira compita no mesmo ambiente, que os produtos importados tenham que atender às mesmas especificações dos produtos brasileiros”, ressaltou o presidente da CNI.

    CNI – Na tarde de hoje, mais de 700 empresários dos países do bloco participaram do encontro organizado pela CNI, realizado paralelamente à 6ª Cúpula do Brics. Durante o evento, o Conselho Empresarial do Brics vai debater as expectativas econômicas e de integração do bloco. Para a noite de hoje, está prevista uma rodada de negócios, que deve reunir representantes de mais de 600 empresas dos cinco países e movimentar US$ 3,9 bilhões.

    Os empresários do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul trabalham pelo fortalecimento da integração econômica entre os países que formam os BRICS. Na segunda-feira (14), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) organiza o Encontro Empresarial dos BRICS, o Business Network e o Conselho Empresarial dos BRICS, com o objetivo de melhorar a pauta do comércio e o investimento entre os cinco países.

    Os três eventos ocorrem no Centro de Convenções do Ceará, em Fortaleza, às vésperas da reunião dos chefes de estado dos cinco países. A expectativa é que o Business Network, a rodada de negócios que reunirá 602 empresas, movimente US$ 3,9 bilhões. Há interesses nas áreas de agronegócios, infraestrutura, logística e equipamentos de transporte, mineração, máquinas e equipamentos, tecnologia da informação, farmacêutico e equipamentos médicos, energia e economia verde.  “Nossa prioridade é buscar uma agenda pragmática. Queremos que os BRICS avancem e aproveitem a aliança política para reforçar a agenda econômica. Conhecemos todos os desafios e as diferenças entre nós. Mas poderemos ser úteis uns aos outros se trabalharmos juntos”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

    Dentro das recomendações aos governos, os empresários dos cinco países defendem a aceleração da criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS para promover e facilitar o comércio, negócios e investimentos. Também entendem que é necessário facilitar a emissão de vistos para viajantes a negócios, reduzir barreiras não tarifárias, como restrições técnicas e fitossanitárias, eliminar obstáculos ao comércio, além do engajamento dos chefes de estado para solucionar problemas relacionados com políticas de comércio entre os BRICS, como dumping e subsídios.

    Entre as propostas empresariais aparece ainda o aumento das transações em moeda local, com a infraestrutura financeira, sistema de liquidação e o envolvimento dos bancos centrais para reduzir o uso de moeda fora do grupo nas transações comerciais e de investimentos dos BRICS. Por fim, os empresários defendem a eliminação de subsídios à exportação na agricultura.

    A FATIA DO BRASIL – O comércio entre o Brasil e os demais países dos BRICS cresce sem parar, principalmente pela participação da China. Em 2013, a corrente de comércio brasileira com as demais economias do grupo foi de US$ 101 bilhões, representando 21% da corrente de comércio brasileira com o mundo. Em 2008, esse percentual era de 14%. No ano passado, os BRICS foram o segundo bloco mais importante para as exportações brasileiras atrás apenas dos países da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).

    No entanto, do total, US$ 84 bilhões foram negócios com a China, o que torna a pauta brasileira com os BRICS concentrada em poucos produtos primários. Mais de 70% das exportações nacionais para aqueles países são de soja, minério de ferro, óleo combustível bruto. O inverso ocorre com as importações. Cerca de 95% da pauta de importações do Brasil é de produtos manufaturados. A CNI entende que uma maior aproximação do Brasil com os BRICS deve agregar valor às vendas externas do país.

    http://www.brasil247.com/pt/247/economia/146703/700-empresários-turbinam-pauta-dos-BRICS-no-Brasil.htm

    • É isso que precisa ser mostrado para aqueles renitentes que costumam reforçar com negações as boas políticas para o país, deste governo.
      Parabéns Nascimento.

    • GianCarlos a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil,e além de vizinho,uma Argentina ruim economicamente é tb ruim para o Brasil.

    • Giancarlos, temos uma industria, hoje, muito mais vigorosa que a Argentina que vive já a um bom tempo um derretimento na sua economia, por motivos até parecidos como os que vivemos até bem pouco tempo atrás, qual seja, ter que administrar passivos resultantes de corrupção desenfreada no país. Nessas condições com certeza restam poucas opções para manter empregos em seu parque industrial que vai ficando obsoleto a não ser medodas de proteção, enquanto se espera por alguma modernização que torne mais competitiva sua economia. Fizemos isso muitas vezes, faremos de novo e até os States o fazem e sistematicamente, sempre que setores importantes de sua sociedade e da economia fazem pressão para garantir sua sobrevivencia. É assim que funcionam em democracias, lobbyes, interesses, e quanto a nossos interesses? Como você falou, e como são nossos parceiros e queiram ou não irremediavelmente irmãos siameses, temos que ser pragmaticos.

  5. Argentina no BRICS, significa calote avista, só governo do Brasil é que ainda não percebeu que esta carregando uma sacola de fezes.

  6. BARCA
    15 de julho de 2014 at 9:39

    GianCarlos a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil,e além de vizinho,uma Argentina ruim economicamente é tb ruim para o Brasil. === Vc está mt certo, e disso eu e td nós sabemos, o “causo” está nas barreiras dos mesmos, daí eu ser a favor da reciproca. Os produtos Chinese estão entrando a rodo no mercado deles e sem restrições…pq? sds. 😉

    • Peço licença para responder essa Giancarlos.
      Pelos mesmos motivos que qualquer país (eu disse qualquer país, Brasil, States, Russia, Europa, Africa) hoje facilita a vida dos chineses, seu grande potencial econômico, que leva aos grandes capitalistas de todos os países a sonhos de adentrar naquele mercado de bilhões de bocas e retirar sua fatia, justamente esperando por essa tal reciprocidade que você coloca. O Brasil é parceiro, mas também é irmão siameses, somos separados apenas por uma linha invisível, com tudo que isso implica. Ou para ser melhor explicado, temos populações com traços culturais parecidos e competimos, por que irmãos também competem, nos mesmo mercados e interesses. Nossa relação com os Argentinos, para felicidade de ambas as nações, tem que ser construída de forma muito cuidadosa. Aquele que estiver mais forte, inclusive economicamente, deve ser o mais paciente. Sob risco de vermos uma série de problemas criados no teto nosso irmão, migrando para nosso quintal. Países de dirigentes inteligentes fazem isso, não nos interessa escorraçar a Argentina para fazer deles nossos adversários figadais, isso está no passado. Queremos uma sociedade multipolar e só conquistaremos isso com ações procedentes menos do figado e mais do cérebro. Abraço.

      • A economia Americana ja teria quebrado se não fossem os investimentos e aplicações Chinesas meu caro Julio.
        Basta a China dizer que vai fechar a torneira para o Obama pedir penico meu caro.
        Os Ching lings estão comprando tudo por la.
        Eu digo a anos que embreve em Americano lustrara marmore em Beverly Hills em mansões pertencentes a Chineses.

  7. Desde o começo eu dizia que o convite oficial foi da India mas a sugestão foi do Brasil que na realidade é quem quér colocar a Argentina no bloco.
    Se oficialmente nós assumissemos este papel a Venezuela poderia querer o mesmo tratamento.
    Acontece que a Argentina é estrategica ao Brasil militarmente na visão da formação de um bloco de defesa do Atlantico Sul juntamente com a Africa do Sul que o Brasil introduziu no bloco tambem com esse sentido.
    A visão é obvia e visa atrair tambem nações Africanas no caso Angola que praticamente ja tem um NAe que embreve sua pista estara cheia de Seas Gripens.
    Devagarinho vamos remando.

  8. Quem dá as cartas hoje não é quem tem mais armas letais e sim quem tem o controle economico o resto presta serviços.

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