Obama afirma que confiança entre EUA e Iraque foi “quebrada”

Nouri al-MalikiBarack Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira que a confiança que seu governo depositou nos líderes do Iraque está “quebrada” e advertiu que não seguirá adiante com sua assistência militar a Bagdá se a liderança xiita no país não integrar sunitas e curdos no processo político.

“Demos ao Iraque a oportunidade de ter uma democracia inclusiva, de unir as linhas sectárias no país e proporcionar um futuro melhor para seus filhos. E infelizmente, o que vimos é que a confiança se quebrou”, disse Obama em uma entrevista à rede de televisão CNN.

“Parte da tarefa agora é ver se os líderes iraquianos estão preparados para superar suas motivações sectárias, unir-se e negociar. Se não podem, não vai haver uma solução militar a este problema. Nenhuma parcela de potência militar americana vai poder manter o país unido”, acrescentou o presidente.

Na entrevista, que será transmitida na segunda-feira e sobre a qual a emissora antecipou hoje um trecho, Obama negou que sua decisão de enviar 300 assessores militares ao Iraque represente um respaldo ao governo xiita de Nouri al-Maliki.

“Nos centros de operações conjuntas que possamos montar, em qualquer tarefa de assessoria que possamos fazer, se não vemos xiitas, sunitas e curdos na estrutura do comando militar; se não vemos apoio político de xiitas, sunitas e curdos para o que estamos fazendo, então não faremos”, garantiu o presidente.

Obama ressaltou que o papel inicial do contingente americano no Iraque será de “avaliação”, para determinar se os iraquianos “ainda têm uma cadeia de comando que funcione e se seu exército ainda é capaz” de trabalhar para resistir a ameaça jihadista do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

O EIIL tomou no último dia 10 a segunda maior cidade do país, Mossul, e se impôs em várias áreas do norte do Iraque, o terceiro produtor de petróleo do mundo, ameaçando avançar rumo a Bagdá e aos santuários xiitas de Karbala e Najaf.

AFP

Fonte: Terra

Conflito no Iraque coloca política militar dos EUA à prova

Iraque pede ajuda ao Ocidente para combater extremistas islâmicos, enquanto EUA enviam primeiros soldados para proteger sua embaixada. Mas Obama descarta o uso de tropas terrestres, o que agrada a muitos americanos.

Quando o oficial americano Pierre Hines deixou o Iraque há cinco anos, ele acreditava que o país tinha sido pacificado. Mas, assistindo hoje à TV, ele percebe que estava enganado. “É extremamente preocupante”, observa o veterano, referindo-se às imagens das cidades ocupadas no norte do país. “Eu não posso acreditar na rapidez com que a situação piorou no local.”

O militar de 28 anos está sentado num banco de parque na Praça Tecumseh, na capital americana, Washington. A área verde em torno da Casa Branca se encontra a poucas quadras de seu local de trabalho. Atualmente, ele estuda Direito na renomada Universidade Georgetown e faz estágio num escritório de advocacia.

Na verdade, ele encerrou sua vida de soldado em 2012, com a saída do Exército. Mas as notícias do Iraque sobre a rápida ascensão do grupo extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) trazem à tona antigas lembranças. Principalmente as imagens da cidade de Mossul, pois foi na segunda maior cidade do Iraque, hoje controlada pelo EIIL, que Hines ficou estacionado.

Durante um ano, trabalhou como oficial de inteligência em Camp Marez, no aeroporto de Mossul. De lá coordenava operações e mantinha contato com tradutores locais. E é com eles que Hines mais se preocupa. Ele afirma que retornaria ao Iraque sem hesitação, se ainda estivesse na ativa e fosse destacado para lá. “Mas como civil, que sou agora, eu me preocupo com quanto tempo essa nova missão dos EUA vai levar.”

Dúvidas sobre uma “missão limitada”

Hines fala por experiência própria. Quando os EUA invadiram o Iraque, em 2003, tratava-se de uma assim chamada narrow mission, uma operação dirigida a objetivos rigorosamente delimitados. Oficialmente, o plano do governo de George W. Bush era derrubar o ditador iraquiano Saddam Hussein e destruir as armas de destruição em massa supostamente existentes no país.

Na ocasião, Hines frequentava o curso médio. Quando entrou para o Exército, quatro anos mais tarde, os EUA ainda estavam no Iraque. Se uma nova ofensiva começar agora, ela pode novamente durar vários anos.

São semelhantes as apreensões de Tarsha, 41 anos, que aproveita o sol da tarde na Praça Tecumseh. Ela prefere não dar o sobrenome, pois seu marido está no Exército. “Por isso estou desconfiando seriamente que ele vai ser enviado de novo. Ele já esteve no Iraque por duas vezes e a cada vez eu temia muito por ele.” Por isso, atualmente é difícil para ela relaxar.

Porém ela está um pouco mais calma, desde o discurso de Barack Obama na última sexta-feira (13/06), quando o presidente americano afirmou que não vai enviar “tropas terrestres” ao Iraque. No início desta semana, contudo, ele declarou que vai enviar 275 militares para proteger a embaixada americana em Bagdá.

Para alguns cidadãos americanos, como Jonathan Copeland, isso já equivale a uma quebra de promessa. “É claro que um monte de coisas ruins está acontecendo agora no Iraque”, critica o cozinheiro de 39 anos. “Mas não acho que seja possível resolvê-las entrando em guerra.”

Escárnio com as vítimas da Guerra do Iraque

De acordo com estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Pew, em dezembro de 2013, para 52% dos americanos o país deveria, antes, cuidar de seus problemas internos. Somente 38% dos entrevistados foram a favor de que os EUA intervenham em conflitos externos. Trata-se do menor valor registrado na pesquisa, desde sua introdução em 1964.

A advogada Kathy Lush também mudou de ideia quanto à Guerra do Iraque (2003-2011). Em 2003, ela ainda acreditava quando o então secretário de Estado Colin Powell dizia que Saddam possuía armas de destruição em massa. “Eu achava que nós tínhamos que ir até lá.” Hoje, ela não tem a mesma convicção e desconfia dos políticos: “Tenho a sensação de ser pouco informada sobre a situação pelo nosso governo, e isso me esgota.”

A situação no Iraque lhe parece caótica. Ao mesmo tempo, a escalada do conflito no país é um escárnio aos quase 4,5 mil soldados que morreram durante a Guerra do Iraque. “Se não fizermos nada, então eles morreram em vão”, comenta a jurista.

Ataques aéreos como alternativa

Na última quarta-feira, o governo iraquiano pediu aos EUA para apoiá-lo com ataques aéreos. Para muitos americanos, estes seriam uma alternativa ao envio de soldados – na melhor das hipóteses, com o uso de veículos aéreos não tripulados.

Em seu tempo de militar, Pierre Hines já trabalhou com drones, que utilizava para vigiar a área em torno de Mossul. No entanto, ele tem dúvidas quanto à eficácia de veículos teleguiados equipados com armas, em metrópoles como Mossul. “A delegacia de polícia, que está em mãos dos rebeldes, se localiza no centro da cidade, e do outro lado estão residências familiares”, conta o veterano de guerra.

“Embora tenha sido anunciado que muitos civis fugiram, quando se utilizam drones tão perto de residências é preciso tomar cuidado para que eles não sejam fonte de mais estragos do que de ajuda.” Vítimas civis são a última coisa que os EUA precisariam agora: isso só serviria aos extremistas.

O general americano Martin Dempsey também considera a atual situação caótica demais para que se iniciem ataques aéreos. No entanto, nesta quinta-feira, Obama se declarou disposto a ordenar “operações militares precisas e direcionadas”. Por enquanto está em aberto quando e onde elas se realizariam.

Deutsche Welle

Fonte: Terra

Putin oferece apoio da Rússia a Maliki contra jihadistas no Iraque

“A atividade dos extremistas que lutam na Síria adquiriu um caráter transnacional e representa uma ameaça para toda a região” – Vladimir Putin 

O presidente russo Vladimir Putin ofereceu nesta  sexta-feira ao primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, o “apoio total” da Rússia em sua luta contra a ofensiva dos jihadistas no Iraque, anunciou o Kremlin.

Durante uma conversa telefônica com Maliki, “Vladimir Putin expressou o apoio total da Rússia aos esforços do governo iraquiano para libertar rapidamente o território da república dos terroristas”, indicou a presidência russa em um comunicado.

“A atividade dos extremistas que lutam na Síria adquiriu um caráter transnacional e representa uma ameaça para toda a região”, enfatizou o Kremlin.

Fonte: Terra

9 Comentários

  1. Alguém tem de avisar o obaobaobaobama q o cara foi “eleito”e nomea q uem ele quiser, se for dentro da lei, p ocupar cargos. E qto aos Sunitas, se patriotas, vão lutar por seu espaço no governo, + sem matar e ou destruir o país; os Curdos agradecem,q aproveitem essa chance.Torço pelos Palestinos terem algo parecido…Quem viver verá.sds. 🙂

  2. Segundo se diz os EUA estão decepcionados com Maliki pelo fato do mesmo ter acirrado ainda mais o sectarismo, o que parece ser verdade. Mas isso não justifica o corpo mole com os extremistas.

    • O que tambem se diz, e que os EUA estao decepcionado com Malik, porque este esta se aproximando muito dos iranianos, russos e chineses. participando do projeto de construir o chamado gazduto SHIA, que ligara Iram, Iraque e Siria, com destinacao final na ilha de Ciprus. Gazduto este construido pela GASPRON e financiado pelo chineses. usando o rublo e o yuan nao o dolar. Enfim Malik esta participando do assalto sino-russo-iraniano ao dolar norte americano. Dai o romance USA/Shia Iraque estar se desmanchando, e os EUA ter permitido que Turquia soltassem seus cachorros ISIS em cima de Malik. Essa ISIS foi financiada e treinada pelos EUA, Inglaterra, Franca, Arabia Saudista, Jordao, e Emiratos para combater Assad. Mas o plano B dos EUA que foi formulado juntamente com Israel, agora esta em acao, dividir o Iraque em tres paises. O problema e saber se a ISIS inteiramente fantoches, pondo em pratica a agenda de seus patroes, ou se ela tem agenda propria, isto e cri\ar um Califado. Se isto ocorrer, Arabia Saudista, Jordania e paises do golfo que se cuidem.

      • Turquia tambem participa no treinamento e financiamento do ISIS. Houve o escandalo quando uma discussao entre o primeiro ministro turco e os alto comando militar turco sobre uma bandeira falsa para justificar intervencao turca na Siria, foi posta no YouTube. E a bandeira falsa involveria o ISIS.A capitura de oficiais turcos no Iraque pelo ISIS e parte dessa bandeira falsa.

  3. O culpado disso tudo é o próprio EUA, Sadam Hussein era cria dos EUA, as armas de destruição em massa que ninguém viu também,tudo isso fruto da politica do big stick, que se baseia na força e na mentira ! Tudo isso ja era previsto .

    “Demos ao Iraque a oportunidade de ter uma democracia inclusiva, de unir as linhas sectárias no país e proporcionar um futuro melhor para seus filhos. E infelizmente, o que vimos é que a confiança se quebrou…”

    Pura desfaçatez os xiitas e curdos iraquianos eram massacrados por Sadam com a ajuda dos EUA,agora vem com essa de democracia inclusiva.

    • César:

      Não é porque um problema foi criado por uma pessoa que outra está autorizada a piorá-lo. Você está coberto de razão quando diz que quem criou o problema foram os EUA, mas Maliki, ao invés de mitigá-lo, apenas o piorou ao acirrar o sectarismo.

      • Mas sera que os EUA deixaram Nouri al-Maliki com meios para conter essas rebeliões ?
        Pois o exército iraquiano parece estar todo desmantelado, e a toda hora chegam equipamentos oriundos da Rússia,para fortalecer o governo iraquiano, isso sem falar nas notícias que os EUA venham a ter que atuar junto com os iranianos para poder conter essa situação !

        Que os EUA estavam fazendo desde 2003, no Iraque? talvez al-Maliki não esteja piorando a situação, mas sim sem meios de mitigá-la !

      • César:

        Todo mundo, e acho que até os iranianos, disse que qualquer saída dos EUA do Iraque em 2011 seria prematura. E ainda assim Maliki resolveu bancar a aposta.

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