Suíça cancela compra de jato e ajuda fornecedor brasileiro

info_dinheiro-600x772Valor Econômico, 11/06/2014

Virgínia Silveira

A decisão da Suíça de cancelar a compra de 22 caças Gripen NG, da fabricante sueca Saab, no mês passado, aumentou as oportunidades de participação das empresas brasileiras na fase de desenvolvimento do avião, afirmou o brigadeiro José Augusto Crepaldi, presidente da Copac (Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate) e coordenador do programa F-X2.

“De novo a Saab se volta para o Brasil com mais força ainda, mas para que a participação da indústria e a sua capacitação sejam garantidas é necessário que haja constância orçamentária”, afirmou o brigadeiro após participar de um debate sobre “O novo caça da Força Aérea Brasileira e seu impacto na indústria aeronáutica”.

O governo da Suíça chegou a anunciar, em 2011, a decisão de adquirir o Gripen por US$ 3,4 bilhões, mas a compra foi rejeitada nas urnas pela população. Embora os analistas tenham afirmado que a decisão dos suíços gera incertezas sobre a continuidade do programa, a Saab garantiu que já está em negociação com outros países e que a encomenda do Brasil seria um primeiro passo importante.

A Akaer, especializada em engenharia aeronáutica, foi a primeira brasileira a se beneficiar do desenvolvimento do Gripen, pois havia sido contratada para fazer partes da fuselagem do avião antes mesmo de o governo brasileiro anunciar a sua opção pelo caça sueco.

O presidente da Akaer, Cesar Augusto Silva, disse que a Saab, que está formalizando a compra de 15% das ações da empresa brasileira, já garantiu maior responsabilidade da brasileira no projeto, com o desenvolvimento de toda a fuselagem da aeronave. Até então, a Akaer era responsável pelo projeto da fuselagem central e dianteira*. A brasileira será uma das líderes no desenvolvimento da versão biplace (de dois assentos) do Gripen, que será inteiramente desenvolvida no Brasil.

Pelo acordo feito pela Saab com o governo federal e a FAB, 80% do Gripen será produzido no país. Além da Akaer, a Embraer, Mectron, Atech, AEL Sistemas e a subsidiária da GE no país vão participar do fornecimento das partes mais complexas do caça, envolvendo integração de sistemas e armamentos, montagem final, data-link, componentes e manutenção de motores, sistemas aviônicos e desenvolvimento de aeroestrutura.

O Brasil, segundo o presidente da Copac, não pode ser considerado um mero comprador do avião sueco. “A Saab precisa do Brasil como parceiro estratégico deste programa e por essa razão adiou ao máximo a compra que foi aprovada pelo governo do seu país, para que as oportunidades de desenvolvimento conjuntas fossem mais amplas“, disse.

A assinatura do contrato de aquisição de 36 caças para a FAB, avaliada em US$ 4,5 bilhões, deve acontecer até o fim do ano, informou o brigadeiro. Mesmo antes da assinatura do contrato, todas as indústrias brasileiras do setor aeroespacial e de defesa já estão discutindo com a Saab forma de participação no projeto.

Embora a Saab já tenha iniciado o desenvolvimento do avião, tendo em vista o atraso e as indefinições do processo de compra pelo governo brasileiro, o coordenador do F-X2 disse que o projeto não avançou muito e ainda está em uma fase inicial.

Fonte: Valor Econômico 

2 Comentários

  1. Acho que, apesar da transferência de tecnologia do Grippen, da autonomia ganha, e tudo mais, vamos comprar mesmo caças russos no futuro.

    O Bloco BRICS parece estar chamando muita atenção por ser sério mesmo… e a tendência é que haja vantagens também no comércio militar… já que não somos “confiáveis” para ter acesso aos armamentos de ponta ocidentais.

    A diferença é que com o Gripen estaremos mais “maduros” para tudo… não apenas uma nação “infantil” comprando algo que não tem nem ideia de como fazer! E isso conta! Conta muito!

    Nações como China e Índia (tambem do Brics) estão se posicionando exatamente desta forma… compram o que é interessante comprar… mas estão investindo pesado no Know-How interno… para não ser apenas “cliente”… mas um jogador efetivo neste campo de atuação!

    Continua afirmando que a jogado do Gripen foi acertada… embora o Pak-FA fosse melhor… mas ainda temos muito “rabo preso” com contratos comerciais e dependência “ocidental” pra segurar a gente embaixo, tanto quanto possível…

    O legal é que, pouco a pouco, mas a olhos vistos, esse “controle” americano sobre o Brasil, está perdendo poder… Urrraaah!

    Abraço, galera!

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