China endurece discurso e alerta EUA contra críticas a suas ações militares

CHUN HAN WONG, JULIAN E. BARNES e JEREMY PAGE

O Tenente-General Wang Guanzhong, vice-chefe do Estado-Maior da China, faz discurso no Diálogo de Shangri-la, fórum anual de líderes para assuntos de defesa

A China está criando uma imagem ousada de si mesma como uma eminente potência do Leste da Ásia, alertando os Estados Unidos e seus aliados contra criticar sua conduta e ampliando medidas que podem elevar as tensões com seus vizinhos menos poderosos.

O endurecimento do discurso da China revela que o país vê um declínio da influência americana na região, ainda que seus passos agressivos pareçam estar levando outros países a se unir com o objetivo de conter o seu crescimento militar e econômico.

A manifestação mais recente dessa crescente assertividade chinesa aconteceu no fim de semana, quando um militar chinês de alta patente repreendeu os EUA por criticarem as ações chinesas no Mar da China Meridional.

O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, num discurso que fez no sábado durante o Diálogo de Shangri-la, um fórum anual dos líderes para assuntos de defesa, acusou a China de empreender “ações desestabilizadoras e unilaterais” na região, como a mobilização de plataformas de exploração de petróleo em águas disputadas.

O tenente-general Wang Guanzhong, vice-chefe do Estado-Maior da China, respondeu com uma agressividade incomum no domingo, dizendo que o discurso de Hagel foi “cheio de hegemonia, cheio de palavras de ameaça e intimidação” e parte de “um desafio provocador contra a China.”

Outros militares chineses foram ainda mais francos.

“Os americanos estão cometendo muitos erros estratégicos importantes neste momento” em seu modo de lidar com a China, disse o Major General Zhu Chenghu numa entrevista durante a conferência de segurança. “Se você considerar a China como inimiga, a China irá se tornar, absolutamente, uma inimiga dos EUA”, disse ele.

Essas declarações pesadas acontecem um mês após uma estatal chinesa de petróleo ter deslocado sua plataforma de exploração para águas disputadas também pelo Vietnã, o que provocou manifestações contra empresas chinesas no país asiático e críticas dos governos dos EUA e do Japão ao que consideram um crescente desrespeito chinês pelas leis internacionais. A China se defendeu dizendo ter realizado atividades normais dentro do seu território.

Navios chineses também assumiram o controle de Scarborough Shoal, uma área disputada no Mar da China Meridional que, em 2012, também foi reivindicada pelas Filipinas. A China iniciou ainda um projeto de construção nas contestadas Ilhas Spratly, provocando um protesto formal das Filipinas, que disseram que a China está violando um compromisso há muito firmado de não erguer construções em qualquer uma das ilhas do Mar da China Meridional sob disputa.

Além disso, a China tem constantemente trocado farpas com o Japão sobre um grupo de ilhas que os dois países disputam no Mar da China Oriental, conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyu na China. Encontros tensos entre a força aérea dos dois países ocorreram no mês passado na região. No fim de 2013, a China criou uma zona de defesa aérea sobre as ilhas, o que exige que o país seja comunicado com antecedência no caso de qualquer avião cruzar a área.

Analistas veem uma tendência que indica que a China está se sentindo cada vez mais à vontade com a ideia de ser a principal potência asiática, ou pelo menos que deveria ser tratada como semelhante pelos EUA, e está se empenhando em demonstrar que os americanos, apesar do seu poderio militar, pouco ou nada podem fazer para impedi-la.

“A China está elevando o tom de forma significativa aqui”, diz Hugh White, professor de estudos estratégicos da Universidade Nacional da Austrália. “O que estamos vendo é uma forte intensificação da competição estratégica.”

Alguns analistas dizem, por outro lado, que a China está forçando a mão ao responder de forma tão severa aos EUA e seus aliados. “A posição da China não é tão forte como ela acha que é”, diz Rory Medcalf, diretor do Programa de Segurança Internacional do Instituto Lowy, na Austrália. As ações mais agressivas da China não apenas encorajam outros países a se unirem para conter seu crescimento, como tornam mais fácil para os EUA justificarem a continuidade de seu papel militar na região, diz.

Algumas autoridades americanas dizem privadamente esperar que a ações da China no Mar da China Meridional levem os aliados americanos e fortalecer seus laços entre si e outros países pequenos a procurar estreitar suas relações com os EUA.

Já existem sinais de que isso esteja acontecendo. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, pediu, num discurso na sexta-feira, mais apoio para a Associação dos Países do Sudeste Asiático manter sua segurança regional.

Um acordo recente entre EUA e Filipinas para expandir a presença das forças americanas é um dos exemplos de como os EUA estão trabalhando para reforçar as parcerias na região.

Mas a equação estratégica está mudando rapidamente à medida que o poder econômico e militar da China cresce. Laços comerciais e econômicos mais fortes entre a China e seus vizinhos significam que alguns países asiáticos não podem desafiar a China facilmente.

E, embora a força militar chinesa continue menos poderosa que a dos EUA, seus investimentos em sistemas de mísseis e monitoramento significam que ela está mais confiante sobre sua capacidade em deter o avanço dos EUA na região.

Os estrategistas militares da China há muito acreditam que o país é militarmente cerceado por uma rede de bases americanas e alianças na Ásia que são, na maioria, legados da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria.

Desde a crise financeira de 2008, muitas autoridades chinesas perceberam uma oportunidade de usar a recém-revelada força econômica do país para mudar essa dinâmica.

Esse cenário tem contribuído para uma abordagem mais assertiva da China em questões territoriais e questões diplomáticas desde cerca de 2010, dizem especialistas. Alguns analistas sugerem também que a China é motivada pela preocupação de que sua janela de oportunidade pode não durar, se sua própria economia desacelerar e se a próximo governo americano adotar uma postura mais dura em relação a Pequim.

Fonte: The Wall Street Journal

21 Comentários

  1. A questão é que a crescente agressividade e ousadia dos chineses está provocando uma corrida armamentista na região e, reforçando os laços de muitos países com os EUA. Não me surpreenderia se o Vietnã, velho inimigo dos EUA, permitisse aos norteamericanos que voltassem a usar as bases militares do tempo da guerra.

  2. A China pode usar o poder econômico que possui para criar uma relação de interdependência com os vizinhos, negociando pacificamente a posse dos enclaves sob disputa. O caminho da paz na Ásia seria um desastre para as pretensões hegemônicas estadunidenses.

    • Caro Walfredo.

      O problema é que a Ásia inteira não tem metade do capital que os EUA e União Européia tem! Não podem sustentar a china.Depender da ásia é furada,é quase como depender do nordeste brasileiro. Os caras não tem grana!!!!!

      Sds.

      • deagogo a asia já esta na mãos da china só não percebe um paga sapo de yanke como você
        sobre o nordeste brasileiro se não fosse pelo nordeste são Paulo só teria construção apenas de ocas dos índios tupi
        você deagogó não tem força nem coragem de erguer uma parede pois faz parte dos fracos esta no seu DNA .

        baba ovo de americano apenas isso mais um traira infiltrado

      • tao vazia que você vem correndo defender o indefensável !!!!
        zoinho quem não te conhece que te compre !!!

  3. Ambos os países são imperialistas, ambos estão errados, mas acredito que a resolução dos problemas de divisas na Ásia devem ser resolvidos entre China e Japão e países envolvidos, mas os EUA não tem interesse nenhum nas divisas do Japão, só possuem interesses próprios, por isso não tem porque falar nada.

  4. O endurecimento do discurso da China revela que o país vê um declínio da influência americana na região, ainda que seus passos agressivos pareçam estar levando outros países a se unir com o objetivo de conter o seu crescimento militar e econômico. ==== E.até pode ser, o fato e q inquestionavel/ à China será a > potencia militar no planeta, dentro de no máximo uns 30 anos, se empurrarem os Rússos p orbita Chinesa a coisa será ainda + rápida…tecnológia militar do Urso.Quem viver verá.Sds.

  5. A moral yanke tá ficando baixa, com surgem países para lhes apontar o dedo na cara.
    Presente do Bush filho e seu “Skull and bones”.

  6. por LUCENA
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    A China para manter uma certa liderança naquela região,ela deverá fazer uma via diplomata moldada em cima de parcerias e uma cultura mais proativa e sinérgica com os seus vizinhos e assim,fazer novos aliados na região e é isso que os EUA estão fazendo.
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    O governo Chines, deve buscar desfazer a política agressiva americana anti-china, através de uma propaganda que os sataniza.

    • Seu comentário foi bastante perspicaz agora meu caro, devo admitir. Ocorre que no trato com seus vizinhos a postura chinesa é geralmente pautada pela agressividade e arrogância, vide a postura agressiva contra o Japão em virtude da posse das ilhas Senkaku. Por outras vezes vemos também indiferença. Quando do furacão que atingiu as Filipinas, queram dar uma ajuda de apenas US$ 500 mil dólares, e enquanto isso os EUA mobilizaram um aparato grande de ajuda humanitária.

  7. “Os americanos estão cometendo muitos erros estratégicos importantes neste momento” em seu modo de lidar com a China, disse o Major General Zhu Chenghu numa entrevista durante a conferência de segurança. “Se você considerar a China como inimiga, a China irá se tornar, absolutamente, uma inimiga dos EUA”, disse ele.”… eu responderia ao china com uma moda de viola:

    Amigo que não presta
    Faca que não corta
    Se eu perder
    Pouco me importa… 🙂

  8. por LUCENA
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    G77 mais China, meio século tendo como norte o sul
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    A próxima Cúpula do Grupo de Países em Desenvolvimento mais China (G77 + China) terá como sede a Bolívia, onde seus membros traçarão novas estratégias para consolidar suas políticas econômicas sempre tendo como norte o sul.

    (*) Por Joel Michel Varona* / vermelho.org
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    O organismo multilateral foi criado em 15 de junho de 1964 depois da assinatura da “Declaração Conjunta dos Setenta e sete Países”, emitida no final da primeira sessão da Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas em Genebra.A primeira Reunião Ministerial do G77 aconteceu na Argélia, em outubro de 1967, encontro no qual se adotou a Carta de Argel.
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    (…) A presidência coordena a ação do Grupo em cada Capítulo, e tal responsabilidade é rotativa tendo em conta a base regional entre África, Ásia-Pacífico e América Latina e o Caribe e é exercida por um ano em todos os Capítulos.(…)
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    (…) Este organismo – pontuou García – é um espaço para procurar construir relações mais equilibradas, menos hierárquicas entre os países membros e depois assumir decisões e propostas ao mundo frente aos chamados países desenvolvidos, entre eles Estados Unidos, Canadá, os países de Europa e Austrália. (…)

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    (*) fonte : [ vermelho.org.br/noticia/243494-9 ]

    • lucena os gringos no plano diplomático já perderam agora eles tentam a guerra mas essa já foi preparada a tempos !

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