Ex-premiê alemão diz que festa com Putin ajudou a libertar reféns na Ucrânia

Gerhard Schröder (e) e Vladimir Putin

Gerhard Schröder rebate críticas a encontro com chefe de Estado russo em São Petersburgo. Oportunidade teria contribuído para liberação dos observadores da OSCE pelos separatistas pró-Rússia, alega ex-chanceler federal.

O ex-chanceler federal da Alemanha Gerhard Schröder, se defendeu das críticas a seu encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, numa recepção no fim de abril em São Petersburgo. O alemão disse que o encontro, durante evento em homenagem a seu 70º aniversário, teria contribuído para a liberação dos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pelos separatistas pró-russos na Ucrânia.

Em entrevista publicada neste domingo (11/05) pelo jornal alemão Welt am Sonntag e o semanário suíço SonntagsBlick, o social-democrata alemão afirmou ter se alegrado com presença do chefe de Estado no evento.

“Até porque eu sabia que seria uma oportunidade para uma conversa”, sublinhou. Conforme Schröder, isso teria ajudado a alcançar “um sucesso” na crise da Ucrânia. “Aproveitei a conversa com o presidente Putin para pedir que ele ajudasse na libertação dos reféns.”

Oito observadores da OSCE, entre os quais, quatro alemães, foram detidos no final de abril no leste da Ucrânia, juntamente com quatro militares ucranianos. Os “prisioneiros de guerra”, como os classificaram os separatistas pró-russos, foram soltos no início de maio.

Abraço caloroso

A festa em São Petersburgo foi oferecida pela Nord Stream, empresa controlada pelo grupo estatal russo Gazprom, de cujo conselho de administração o ex-chefe de governo alemão é presidente. No encontro, ele recebeu Putin com um caloroso abraço.

Putin e Schröder: gesto de afeto provocou críticas na Alemanha e no exterior

A foto da saudação chamou a atenção da mídia da Alemanha e suscitou severas críticas. Schröder se defendeu dizendo que cumprimenta Putin dessa maneira “desde que se conhecem, há 14 anos”. “E não mudaria isso em tempos difíceis”, ressaltou.

Na entrevista, o político social-democrata acusou a União Europeia de “graves erros no caso da Ucrânia”: o bloco teria ignorado que ela “é um país profundamente dividido culturalmente”. Além disso, a UE deveria ter procurado dialogar com a Rússia, paralelamente às negociações sobre um acordo de parceria com a ex-república soviética.

Ele também criticou as ameaças de sanções contra Moscou, proferidas pelos Estados Unidos e a UE. Ao invés disso, seria preciso mais “conversas de igual para igual”: “As pessoas deveriam falar menos em sanções e mais sobre os interesses de segurança russos”, apelo Schröder u.

MD/afp/dpa

Fonte: DW.DE

Ex-chanceler da Alemanha culpa UE por crise na Ucrânia

O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder estimou que a União Europeia (UE) é a principal responsável pela crise ucraniana, ao ter obrigado Kiev a escolher entre um futuro junto à UE ou à Rússia, segundo declarações publicadas no jornal Welt am Sonntag neste domingo.

“O erro fundamental vem da política da UE a favor de um tratado de associação” que Bruxelas queria assinar com a Ucrânia, declarou Schröder, amigo há muitos anos do presidente russo Vladimir Putin. “A UE ignorou o fato de que a Ucrânia é um país profundamente dividido culturalmente. Historicamente, o povo do sul e do leste está mais orientado à Rússia e o do oeste mais à UE”, ressaltou.

“Era possível falar de um tratado de associação, mas deveria ser feito com a Rússia ao mesmo tempo. O erro inicial foi ter dito que seria um tratado de associação com a UE ou uma união aduaneira com a Rússia”, acrescentou.

Embora tenha garantido que “todas as partes cometeram erros”, Schröder não condenou a anexação da Crimeia à Rússia, após um referendo que a comunidade internacional considera ilegal. “A adesão da Crimeia é questionada no âmbito do direito internacional, mas agora é uma realidade. A Crimeia decidiu em referendo que queria ser uma região russa”, disse.

Schröder também relativizou a influência de Moscou sobre os separatistas pró-russos ucranianos. “A ideia de que bastaria que o presidente russo ou o chefe de governo ou qualquer outra pessoa dissesse basta para que tudo se resolvesse não é realista”, comentou.

Mais de sete milhões de ucranianos no leste do país são convocados neste domingo a decidir sobre a independência das “Repúblicas Populares” autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, duas regiões fronteiriças com a Rússia, onde os insurgentes controlam as principais cidades.

AFP

Fonte: Terra

 

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