Beatriz Scotti
Maj. Almeida gerente do VLS
O VLS (Veículo Lançador de Satélites) brasileiro é desenvolvido no IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) em São José dos Campos.
O projeto começou a ser desenvolvido em 1985 e já passou por três tentativas em 1997, 1999 e 2003, mas nenhuma obteve resultado positivo. O terceiro protótipo, por exemplo, nem chegou a decolar devido a uma explosão causada por uma ignição prematura, que acabou vitimando 21 técnicos do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço).
O Meon conversou com o gerente do projeto VLS-1, o Major Engenheiro Fábio Andrade de Almeida que contou que o novo protótipo deve ser lançado ainda este ano do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
O que é feito atualmente?
O Projeto VLS-1 encontra-se na fase de construção e integração de sistemas de um veículo protótipo denominado VSISNAV (Veículo Lançador do SISNAV – Sistema de Navegação). O lançamento deste foguete vai ter como objetivo testar sistemas de propulsão e navegação, utilizados nas fases mais críticas de um voo espacial completo.
Quais os desafios do projeto?
O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) possui conhecimento consolidado em diversas áreas que são requeridas para a construção e lançamento de foguetes de sondagem e lançadores de satélites. Com o recente avanço tecnológico em sistemas embarcados, através de novos sensores e computadores de bordo, é preciso incorporar, integrar e testar, em solo e em voo, estes novos sistemas.
Existe uma previsão de quando ele deve ficar pronto?
O veículo de teste VSISNAV está previsto para ser lançado no final de 2014. Mas, antes disso, deverá passar por uma intensa bateria de testes em solo, tendo como objetivo o sucesso da missão e a segurança nas operações.
O VLS tem sete grande subsistemas, o que são eles?
Além dos quatro estágios de propulsão, o VLS-1 possui também um sistema pirotécnico, responsável pela separação dos estágios, um sistema elétrico, que compreende toda a parte de navegação e controle. E também a coifa, situada na extremidade superior do foguete, onde fica a carga útil a ser lançada.
Ele é todo desenvolvido aqui no IAE?
Sim, o projeto é gerenciado e em grande parte executado no IAE, através de recursos financeiros da Agência Espacial Brasileira (AEB). Diversas empresas do Parque Tecnológico Aeroespacial também estão envolvidas neste projeto, através do fornecimento de matérias-primas, prestação de serviços e desenvolvimento de sistemas específicos.
O satélite que ele vai lançar já existe?
O protótipo de ensaio VSISNAV levará um sistema de navegação desenvolvido no IAE como carga útil. Para as próximas etapas do projetos VLS-1, estudos estão sendo realizados para definir qual a carga útil a ser transportada.
O VLS é desenvolvido desde 1985 e já passou por três testes, o que mudou agora? Estão confiantes que o próximo vai ser bem sucedido?
Apesar das falhas ocorridas, nos dois primeiros lançamentos foi possível testar o sistema de controle do veículo baseado em tubeiras móveis, o que garantiu voo estável e nominal enquanto duraram os voos. Em 2003, uma ignição intempestiva pôs fim à missão, ainda na plataforma de lançamento, com a morte de nossos companheiros. Desde então, o projeto passou por uma revisão e novos testes em solo vêm sendo realizados, visando garantir a operação segura do veículo na plataforma e durante o voo.
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