Sem cortes, programa de submarinos já consumiu R$ 10,3 bi

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Cinco novos submarinos, que estão sendo construídos na costa fluminense, deverão ser entregues até 2023, segundo a Marinha brasileira

Proteger as riquezas nacionais de ameaças navais que emerjam no futuro é a justificativa da Marinha para os R$ 23 bilhões que o Brasil está investindo para construir um submarino com propulsão nuclear e quatro modelos convencionais que substituirão a frota atual.

Com o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que tem previsão de entrega dos cinco veículos até 2023, o País ingressará em um seleto grupo que dispõe de tecnologia para a construção de submarinos nucleares, hoje formado apenas por Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França. Esta última é a parceira escolhida para a transferência tecnológica que possibilitará a fabricação do veículo naval em território nacional. Lançado em 2008, o Prosub contempla, além dos submarinos, a construção de um estaleiro e de uma base naval.

Embora seu cronograma físico-financeiro se estenda até 2025, a Marinha mantém a previsão de conclusão do submarino nuclear, chamado de Guardião da Amazônia Azul, para 2023. Até o momento, o Prosub não sofreu cortes ou contingenciamentos que prejudicassem o cronograma. “O programa está sendo executado dentro do previsto, com pequenas alterações”, afirma o contra-almirante José Roberto Bueno Junior, diretor do Centro de Comunicação da Marinha.

Encerrada a fase de concepção, o submarino nuclear passa agora pela etapa do projeto básico. As fases seguintes incluem o detalhamento e a construção e testes. Para tanto, o Brasil já investiu R$ 10,3 bilhões no programa – aproximadamente 48% do aporte necessário. Neste ano, a previsão é de injeção de mais R$ 2,261 bilhões. Até a sua conclusão, outros R$ 11 bilhões devem ser aplicados.

Efeito dissuasório

De acordo com Bueno, o submarino nuclear terá um “efeito dissuasório”. Sob esse prisma, aquele que desejar atentar contra o País, independentemente de sua motivação, será compelido a frear seu ímpeto bélico pela presença da embarcação. O investimento encontra-se em um patamar de elevada importância, conforme o militar, porque mais de 90% do petróleo brasileiro é extraído do mar, que ainda serve como via de transporte para 95% do comércio exterior. O submarino será também, na sua visão, um instrumento de defesa da “Amazônia Azul” – extensa área oceânica, adjacente ao continente, com incalculáveis bens naturais.

O argumento é o mesmo utilizado pelo coordenador do Prosub, o almirante de esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, em audiência realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, em fevereiro. Segundo ele, o País é foco de ambições, em virtude de suas riquezas e capacidades, e necessita estar preparado e com uma Força Armada potente. “Não para entrar em guerra. Ao contrário, exatamente para ter o poder de dissuasão”, declarou.

Para Bueno, outro aspecto relevante é a transferência de tecnologia, a qual permitirá a fabricação nacional de equipamentos e sistemas dos submarinos, muitos deles com alto teor tecnológico e passíveis de serem aplicados em outros setores industriais. “Ao término do programa, o Brasil terá aumentado significativamente sua capacidade dissuasória e de gerenciamento de empreendimentos dessa envergadura, além de ser reconhecido pela sua capacidade de projetar, desenvolver e construir submarinos convencionais e com propulsão nuclear”, aposta.

Atualmente, cinco submarinos integram a frota da Marinha do Brasil. O mais antigo, o Tupi (S-30), foi construído na Alemanha e incorporado em 1989. O mais novo, o Tikuna (S-34), foi construído no Rio de Janeiro e incorporado à frota em 2005. Eles serão substituídos pelos novos submarinos convencionais, com custo estimado em 500 milhões de euros por unidade.

Vantagens sobre convencional

Armado com torpedos e mísseis, o Guardião da Amazônia Azul terá 100 metros de comprimento, cerca de 10 metros de diâmetro e 17 metros de altura. Com autonomia ilimitada (alimentada por um reator nuclear), poderá imprimir até 25 nós (45 km/h) a 350 metros de profundidade. Sua tripulação será composta por 100 militares.

Embora a capacidade de ocultação seja comum a embarcações do tipo, o submarino nuclear não precisa se expor na superfície para recarregar as baterias em determinados intervalos – período no qual o modelo convencional torna-se vulnerável, podendo ser detectado por radares de aeronaves ou navios. Assim, afirma Bueno, a embarcação dispõe de maior mobilidade, o que é tido como um fator importante para a defesa.

Com fonte virtualmente inesgotável de energia, ele pode desenvolver altas velocidades por tempo ilimitado, cobrindo rapidamente áreas geográficas consideráveis. “Pode chegar a qualquer lugar em pouco tempo, o que, na equação do oponente, significa poder estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, afirma.

Estratégia acertada

Na opinião de Leonam dos Santos Guimarães, doutor em Engenharia Naval e Oceânica, que atuou por 20 anos no Programa Nuclear da Marinha, a estratégia brasileira é acertada e o investimento se justifica não apenas por questões comerciais, como também por aspectos geográficos e demográficos. Ele salienta que o país possui 7.408 quilômetros de extensão de costa oceânica e que mais de 70% da população brasileira reside numa faixa litorânea que se estende por até 100 quilômetros do mar.

“Para preservarmos tantos interesses, é essencial que estejamos preparados para, caso necessário, controlar áreas marítimas estratégicas ou negar o seu controle por potências estrangeiras e impedir a exploração econômica por um outro país sem nossa concordância”, afirma.

Guimarães lembra que a ideia de construção do submarino nuclear passou a ser amadurecida pela Marinha em 1978. Também ressalta as vantagens do projeto na comparação com o modelo convencional, considerando-o muito superior na distância que pode navegar e na velocidade empreendida. Por fim, entende que o Prosub é viável do ponto de vista técnico e econômico, mas acredita que possa haver dificuldades para vencer os prazos estabelecidos. “As disponibilidades financeiras ano a ano podem comprometer a previsão de entrega até 2023”, avalia.

Foto: Réplica do submarino nuclear brasileiro – Vladimir Platonow / Agência Brasil

Fonte: Terra

17 Comentários

  1. Como demora às coisa aki p virearem reali//, cito: a transposição das águas do velho Chico, o asfalta/ da transamazônica, o VLS,e qdo sair o n “super” subNuck já vai está defasado e pior, será um só, qdo o necessário seriam pelo menos uns 6.Os n subs convencionais SSKs deveriam ser uns 15 e td c AIPs e em número sufisciente,à Venezuela já tem 12 ou + e os melhores do mundo sem falar de caças Su-30MKS2, td Russos, Cadê os satélites geoestacionários? Trágico.Sds.

  2. Pronto, agora só faltam corvetas atualizadas, fragatas decentes com componentes tecnológicos aprimorados (diferente do nosso estado atual), um NAe que funcione e navegue sem ter que consumir marinheiros na caldeira, e que tenha uns Sea Gripen (espero que isso venha a existir) embarcados, além é claro de outros componentes e embarcações necessárias para uma esquadra eficiente, ou seja, faltam 98% de uma força marítima atuante.

  3. “Consumiu” é uma forma depreciativa de noticiar. INVESTIU R$10,3 bilhões , em face do retorno tecnológico e dissuasório do projeto…Fica mais justo.

    • Alvez:

      Se você for analisar friamente irá perceber com facilidade que o PROSUB serve mais para satisfazer a megalomania histórica dos nossos almirantes e o interesses de políticos e contratantes do que efetivamente atender aos interesses da defesa nacional. As funções de um SSN são a negação do mar, ataque a alvos terrestres de alto valor com mísseis de cruzeiro armados com ogivas convencionais, e defesa de um grupo de batalha ou de um grupo de navios contra navios de superfície e essencialmente outros SSNs. A partir daí, vamos às seguintes considerações:

      – Os SSNs da US. Navy são usados primariamente para defesa dos CSG (Carriers Strike Groups) e para atacar alvos em terra com os seus Tomahawks. O mesmo acontece com os SSNs da Royal Navy. O HMS Conqueror afundou o ARA Gen. Belgrano em defesa da frota da Task Force britânica visto que o Cruzador, junto com o 25 de mayo, estavam procurando emboscá-la em um movimento de pinça.

      – Por seu turno, na guerra fria a marinha soviética utilizava seus SSNs como meios de negação do mar, utilizando praticamente as mesmas táticas do Almte. Doenitz na II GM. Ocorre que aqui devem os SSNs operar em grande número e serem apoiados por uma razoável frota de superfície, algo que os soviéticos tinham mas que os alemães haviam falhado, o que lhe custou a guerra no Atlântico norte.

      – Voltando à nossa realidade fica então claro a absoluta falta de adequação de um Sub nuclear para o Brasil atualmente. Não há frota a defender, e tampouco uma a lhe apoiar na missão de negação do mar, e não temos mísseis de cruzeiro.

      Assim, resta claro que a MB está tentando literalmente, construir uma casa começando pelo telhado. E os resultados ao que tudo indicam serão desastrosos.

      • Caro HMS.

        Não sou totalmente contra o desenvolvimento de um submarino nuclear brasileiro, pois já li algumas vezes que a tecnologia transferida poderia nos proporcionar um grande salto na construção de reatores nacionais.

        Minha dúvida fica em, não seria mais útil termos seis ou oito submarinos convencionais novos?

        Embora todos saibamos que a autonomia de um sub nuc é muito maior, seis submarinos convencionais, somados aos que já temos, poderiam estar em quatro ou seis lugares ao mesmo tempo ( dois ou três em manutenção) formando uma linha der defesa muito maior.

        Nosso submarino nuclear passará três ou quatro meses por ano em portos fazendo manutenção, será que com meia dúzia de submarinos convencionais não teríamos maior disponibilidade?

        imagino que seremos ofendidos e xingados por dizer isso.

  4. vão-se quase 20 bi ao final do projeto… seria muito mais fácil comprar mesmo, e reaparelhar logo a nossa Marinha.

    Com a casa em ordem e funcionando, aí poderiamos investir no estudo e desenvolvimento de projetos nacionais!

    Dinheiro jogado fora? De forma alguma! Dinheiro cedido de bom grado a lobistas e empresários internacionais que sabem como meter a mão no bolso do Brasil!

    • Ainda bem que ******** iguais a você, não governaram o Brasil nos últimos 50 anos, porque se fossem iguais a esse ser, a Embraer, a Eletronuclear, Embrapa, vou parar por aí, nunca teriam sido criadas, e hoje estaríamos comprando aviões dos EUA, até para jatos executivos, e não EXPORTANDO para o mundo, como fazemos hoje.
      ******, *******, vassalos, vocês me *****.

      [Comentário Editado pela Moderação]
      Por conter termos ofensivos e promover ataques pessoais.

      Atente-se as novas regras de postagem:
      http://www.planobrazil.com/normas-do-pb/

      Att, Moderação Plano Brasil.

      • Interessante… muito interessante… Empalador!

        Eu acredito em investimentos, e acredito firmemente que o Gripen foi a escolha correta para o Brasil, entre várias outras… mas não, realmente não acredito nessa história de “Submarino Nuclear”!

        Aqui a adágio “uma andorinha não faz verão”, é uma verdade contundente!

        Quanto ao restante dos seus comentários… sinto muito ter ofendido seus sensíveis “brios”… mas eu realmente tenho opiniões próprias! Isso nada tem a ver com criar um mal estar entre nós, OK!?

        Espero aprender mais, por aqui, apenas isso… mas vou continuar tendo opiniões próprias… sejam elas as mesmas, ou diferentes, caso eu encontre argumentos para pensar de forma diferente!

        Novamente, peço desculpas por ter ofendido a sua personalidade sensível!

        Abraço galera!

    • Mauro Lima independência tecnológica custa caro e uma vez dominada poderemos desenvolver nossos próprios projetos como no caso do AMX que na época recebeu a alcunha de F-32 por custar o dobro do F-16 mas possibilitou um salto tecnológico para EMBRAER.
      Pode ter certeza que será um dinheiro muito bem gasto que só será percebido há médio ou longo prazo.

      • Entendo que você pense dessa forma… mas a lógica da coisa diz o contrário! É preciso um contexto que justifique a existência de um Sub Nuclear… e ele não existe!

        Não temos um grupo tarefa com porta-aviões para escoltar, não temos mísseis estratégicos para lançamento submarino, não temos experiência para manter uma usina em terra, quanto mais em baixo dágua, não temos dinheiro para manutenção de navios muito mais simples, quanto mais um Sub Nuc…

        Não, realmente não acredito neste projeto!

        Pode ser que eu esteja errado. Eu não decido nada mesmo! Torço para que vocês estejam certos, e seja um salto tecnológico, e que tenhamos várias unidades… mas realmente não creio que isso vai acontecer!

  5. Parabéns a MB pelo projeto…..quanto a matéria…. se eu n me engano……os ”209” n serão substituídos por esse 5 primeiros ”Scorpenes”.. e sim numa possível segunda encomenda ..

  6. 10.3Bi de reais é pouco! Os países que estão no topo investem centenas de vezes mais e já investiram trilhões desde o início para gerar todas as tecnologias. Por isso estão no topo. É preciso gastar dinheiro pra ganhar dinheiro já diziam…

  7. Estou curioso para saber qual será o míssil de cruzeiro empregado no sub nuke isto deve ser escolhido previamente porque não haverá espaço para adaptações quando o sub estiver pronto.
    Tenho certeza que Tomahawks não são opção!! Espero que a MB tenha uma carta na manga porque sem mísseis essew subs não representam um evolução que justifique tanto dinheiro investido.

    • Na minha opinião a MB tem dois caminhos,esperar a Avibras desenvolver uma versão naval do AV-MT 300 menos volumoso e de maior alcance ou uma compra direta da MBDA do Scalp Naval que dever ser a mais provável se casa o MB equipe os SubNuc.

      • Pensei numa possível versão naval do matador,porém como diase antes tudo tem que ser decidido agora porque umq vez o projeto iniciado não há como voltar atrás.
        Os.russos se decidiram pelo Bulavá em seus novos subs,porém o mesmo apresenta diversos problemas um novo míssil chegou a ser cogitando porém o custo seria proibitivo e os resultados duvidosos então decidiu-se continuar com o Bulavá.

      • Amigo.

        Bulavas e mísseis de cruzeiro são armas totalmente diferentes. No espaço ocupado por um Bulava cabem quatro ou cinco mísseis de cruzeiro. Para termos algo que lançasse mísseis como o bulava teríamos de desenvolver um submarino lançador de mísseis balísticos.

        Sei que você sabe disso, só não deu para entender seu comentário.

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