Submarinos exaurem verbas da Marinha do Brasil (MB)

scorpene

Sérgio Barreto Motta, Monitor Mercantil, 19/03/2014

Fontes ligadas à Marinha do Brasil informaram à coluna que quatro corvetas em ótimo estado – incorporadas entre 1989 e 1994 – pertencentes à classe Inhaúma (Inhaúma, Jaceguai, Júlio de Noronha e Frontin), estão fora de operação já há algum tempo, devido à falta de recursos da Força Armada para fazer a sua manutenção e substituição de peças. Essas unidades foram construídas no Brasil, com projeto desenvolvido pela Diretoria de Engenharia Naval com consultoria técnica da empresa alemã Marine Technik através de contrato assinado em outubro de 1981.

Nessa época a Marinha mantinha estreito relacionamento com a Alemanha que, através da empresa Ferrostal, financiava a construção dos submarinos da classe Tupi e também abriu financiamento para as corvetas, inclusive para a compra de equipamentos e armas, mesmo que em empresas não alemãs. Nesta mesma época estava em andamento, em parceria com os alemães, o projeto do Submarino Nacional. Este relacionamento incluía o projeto do Snac I, que seria o primeiro submarino de projeto nacional e seria um modelo para o futuro Snac II, que seria com propulsão nuclear. A Marinha chegou a preparar uma equipe de cerca de 30 engenheiros para trabalhar neste projeto que mais tarde passaria se chamar SMB 10.

No entanto, por decisão política – o que é um direito do governo, uma vez que nada se faz em Defesa sem aprovação da Presidência da República – os franceses da DCNS, aliados à gigante Odebrecht, conseguiram vender um programa de 6,5 bilhões de euros para desenvolver e construir quatro submarinos convencionais e um casco de submarino nuclear (cujo desenvolvimento do reator depende ainda de outro programa, também vultoso). O resultado é que, com isso, não se tem recursos suficientes para colocar em operação os navios que deveriam estar patrulhando nossas águas. Não parece um contra-senso? É como se um cidadão tivesse um Santana enguiçado na garagem, mas fizesse um financiamento para comprar um Mercedes CLC 3000…

Há diversas explicações para este programa com os franceses, mas a que parece mais crível está em arranjo político do Governo Lula com o então Governo da França. O programa nuclear da Marinha ficou parado durante muitos anos não somente por falta de dinheiro, mas porque também existia uma corrente na Marinha que não concordava com os altos gastos que vinham sendo feitos, embora eles realmente tenham trazido tecnologia independente e própria para o Brasil. Foi relevante a influência do “comandante Othon” – Othon Pinheiro da Silva (hoje almirante reformado) e presidente da Eletronuclear desde 2005. A queixa de setores da Marinha é a de que o mega-projeto de submarinos (Prosub), que era do orçamento federal e passou ao da Marinha, suga recursos de outras áreas – pois não pode haver atraso no pagamento aos franceses. Com isso, ocorrem anomalias, como a falta de dinheiro para manutenção das corvetas. Todo ano, R$ 2 bilhões vão para o Prosub – enfraquecendo outros setores da Marinha.

Construídos no Arsenal da Marinha (AMRJ) e no antigo estaleiro Verolme, em Angra dos Reis – hoje Brasfels – as corvetas são dotadas de mísseis Exocet e canhões de 144 mm, além de armas anti-submarino e área para pouso de helicóptero orgânico. Hoje, esses navios estão ultrapassados, mas, ainda assim, foi o que o país construiu ou comprou de mais moderno desde a década de 1980, à exceção dos navio-patrulha classe Amazona (três unidades), que vieram novos da Inglaterra, e dos navios de patrulha de 500 toneladas classe Macaé (dois em serviço e cinco em construção no Estaleiro Eisa, do Rio), além de alguns navios menores para hidrografia e lanchas patrulhas. O porta-aviões São Paulo é muito antigo. Era o porta-aviões Foch da Marinha francesa e, como as corvetas, está sem uso.

Foto: O SN-BR navegando oculto nas profundezas (Imagem-Marinha do Brasil)

FonteMonitor Mercantil

11 Comentários

  1. Tanto a MB qto a FAB, estão de mal a pior e agr essa, c vários navios dependendo de peças e ekipa/ p cumprirem c suas atribuições…isso é uma vergonha, só msm no BRASIL essas BURRADAS acontecem…de obras,FAs…Quem ganha p q isso ocorra?Quem ou q grupos?Sds.

  2. Deveria-se fazerem profunda devassa no programa naval e aeroespacial mais nada tenho a comentar sobre estes temas.

    • Vc devia comentar é sobre NADA… SÓ BOSTERIDADES… o penico deve estar cheio… tá transbordando…

  3. A verdade é que o PROSUB serve mais para satisfazer a megalomania histórica dos nossos almirante e o interesses de políticos e contratantes do que efetivamente atender aos interesses da defesa nacional. As funções de um SSN são a negação do mar, ataque a alvos terrestres de alto valor com mísseis de cruzeiro armados com ogivas convencionais, e defesa de um grupo de batalha ou de um grupo de navios contra navios de superfície e essencialmente outros SSNs. A partir daí, vamos às seguintes considerações:

    – Os SSNs da US. Navy são usados primariamente para defesa dos CSG (Carriers Strike Groups) e para atacar alvos em terra com os seus Tomahawks. O mesmo acontece com os SSNs da Royal Navy. O HMS Conqueror afundou o ARA Gen. Belgrano em defesa da frota da Task Force britânica visto que o Cruzador, junto com o 25 de mayo, estavam procurando emboscá-la em um movimento de pinça.

    – Por seu turno, na guerra fria a marinha soviética utilizava seus SSNs como meios de negação do mar, utilizando praticamente as mesmas táticas do Almte. Doenitz na II GM. Ocorre que aqui devem os SSNs operar em grande número e serem apoiados por uma razoável frota de superfície, algo que os soviéticos tinham mas que os alemães haviam falhado, o que lhe custou a guerra no Atlântico norte.

    – Voltando à nossa realidade fica então claro a absoluta falta de adequação de um Sub nuclear para o Brasil atualmente. Não há frota a defender, e tampouco uma a lhe apoiar na missão de negação do mar, e não temos mísseis de cruzeiro.

    Assim, resta claro que a MB está tentando literalmente, construir uma casa começando pelo telhado. E os resultados ao que tudo indicam serão desastrosos.

  4. Submarinos, Nael, Coquetéis, portos em Cuba, etc, etc. O que não falta é motivo para exaurir nossos recursos.

    Nossos militares também estão ficando “exauridos”… na verdade, já estão quase sem forças para lutar… ou seja… em breve (menos que 3 gerações ou 24 anos, segundo minha percepção), pode não ser mais útil ter forças armadas no Brasil!

    🙁

    • Tenho desconfiança que estão comprando a cúpula das FA’s via dinheirama que escorre nesses megaprojetos faraônicos… tão quietinhos e nem se mexem, ainda que estejam moralmente sendo alijados pelos VERMElhinhos… até quem deveria cuidar da nação parece estar vendido também… tamos no sal…

  5. Enquanto isso países com renda ou influência política até hoje desapercebidos vêm mostrando, ano após ano, muito mais competência e seriedade, inclusive no que diz respeito às suas Forças Armadas!

    Do jeito que vai, logo logo não seremos capazes de peitar sequer países africanos que, há poucos anos, lutavam com facões… mas hoje já têm planejamento realmente sério com relação ao seu futuro.

  6. Os recursos destinados ao PROSUB ..pelo q sei ..n faz parte do orçamento destinado ao custeio da MB … e um investimento direto em forma de PAC ….segue o mesmo modelo do KC-390..do Guarani …do nosso novo satélite…Pantsir S1…Heli -BR ..FX-2 (provavelmente ) …a propria MB com as ”Amazonas” etc etc etc etc .. acho q e so mais uma matéria ”paga” afim de sabotar e botar o opinião publica contraria ao nosso programa .. e interessante notar como ta incomodando esse ”prosub’ em …..a MB hj tem como prioridade o dever de garantir a ”negação do uso do nosso mar territorial ” .. e n de ”projeção de poder mundo afora ”… uma força de SUBs como prioridade ao meu ver e algo natural e perfeitamente racional .n tem nada de”megalomaníaco” ai .. deixar as escoltas de superfície em segundo plano .. faz parte .. mais ao fim desse ano(2014/15) a MB deve escolher uma nova classe (e o q todos esperam ) … ela mesmo quer garantir meio novos .” … uma sacrifício ”momentâneo” .. fugindo uma pouco da mesmice de comprar material antigo e usado pra tapar buraco …
    as classe inhaúma estão paradas mais n e de agora … representam um projeto ”falho ” e caro .. de manutenção complicada ..tendo a classe ”barroso’ como resultado final …
    Quanto ao nosso A-12 … é o q é . e ponto .. mais o recursos q foram gasto nele .. e isso inclue aquisição do próprio navio .. dos A-4s… e sua eterna modernização .. em valor ”bruto” .. n paga sequer uma corveta moderna … ruim com ele .. mt pior sem

  7. Por que os Scorpenes não estão sendo produzidos com os lemes em “X” como originalmente previsto pelo PROSUB e sim em cruz, como de forma convencional?

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