Defesa & Geopolítica

Brasil precisa de poderio para se impor, diz Amorim

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Em audiência na Comissão de Relações Exteriores ontem, ministro da Defesa disse que maior capacidade militar é indispensável se o país quiser se impor entre as maiores economias do planeta

O chamado soft power (poder brando) já fez muito pelo Brasil, mas daqui por diante o país vai precisar mesmo é de aumentar o poderio militar, se quiser se impor como a sexta economia do planeta. É o que pregou ontem, em debate no Senado o ministro da Defesa, Celso Amorim. Conforme o ministro, o Brasil é lembrado e respeitado muito mais pela cultura e pela diplomacia do que pelo poder de dissuasão baseado nas Forças Armadas.

— Em várias ocasiões pude observar que ter um pouco mais de hard power [poder firme] ajudaria. Precisamos de certa capacidade militar que ampare esse poder brando da cultura. Termos Forças Armadas bem equipadas é indispensável. E esse ponto de vista deve ser compartilhado pela sociedade — aconselhou Amorim, durante audiência sobre os rumos da defesa brasileira promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

O conceito de soft power foi desenvolvido pelo acadêmico Joseph Nye, da Universidade de Harvard, para descrever a habilidade de um país em atrair o apoio de outros não pela coerção, mas por meios como a cultura, os valores políticos e a política externa.

— Um país do porte do Brasil não pode delegar sua defesa a ninguém. Um princípio básico de nossa Estratégia Nacional de Defesa é a dissuasão — alertou Amorim, convidado a participar da audiência por requerimento do presidente da comissão, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Entre os países que integram o Brics, o Brasil é o que menos gasta em defesa, informou o ministro. A média de gastos do bloco, que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul, é de 2,3% do produto interno bruto (PIB). O Brasil limita-se a investir 1,5% do PIB.

Se, para o resto do mundo, a postura brasileira será de dissuasão, entre os vizinhos deverá ser de cooperação, segundo Amorim. Ele informou que o país acaba de adquirir quatro lanchas blindadas da ­Colômbia, que ajudarão a patrulhar os rios da Amazônia, e observou que, para vender equipamentos militares, é preciso também comprar de parceiros.

— Na América do Sul, a cooperação é a melhor dissuasão — definiu.

Essa visão foi compartilhada por Luiz Henrique (PMDB-SC), que defendeu um ­protagonismo “solidário e fraterno” junto aos vizinhos da América do Sul. Para o ministro, esse tipo de postura mais colaborativa deve se estender aos países da África, onde esteve recentemente para tratar de ações de cooperação e treinamento na República do Congo, África do Sul e Moçambique. Este último, aguarda a doação de três aviões Tucano, acordo que depende de projeto em tramitação no Congresso.

Segurança

Durante o debate, outros temas foram tratados com o ministro. Ferraço lamentou que o país esteja aparentemente “perdendo uma guerra” para as drogas. O senador observou que 70% da cocaína consumida no Brasil vem do Peru e passa pela Bolívia. Por essa razão, ele entende que se deve combater o tráfico nas fronteiras. Por isso, a necessidade de fortalecimento do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Ministério da Defesa.

José Agripino (DEM-RN) elogiou a escolha dos aviões suecos Gripen para reequipar a Força Aérea. Pedro Simon (PMDB-RS), por sua vez, ressaltou a preocupação com a situação da segurança pública no Rio de Janeiro e considerou justo o pedido de ajuda federal feito pelo governador do estado, Sérgio Cabral. Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a necessidade de o Ministério da Defesa colaborar com os Ministérios da Justiça e do Esporte para garantir a realização com sucesso da Copa do Mundo deste ano.

Fonte: Jornal do Senado

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