A Europa conseguiria viver sem o gás russo?

BBC Mundo

Usina de gás na Alemanha (AFP)A Europa obtém a maioria de seu gás e petróleo da Rússia e isso virou um problema para o continente

A Europa consome 70% do petróleo e 65% do gás exportado pela Rússia, país que se tornou uma dor de cabeça para o líderes do continente desde o início da crise na península da Crimeia, na Ucrânia.

A região aprovou em um referendo sua anexação à Federação Russa – que, por meio de um tratado assinado pelo seu presidente, Vladimir Putin, aceitou incorporar a região autônoma, até então parte do território ucraniano.

Isso levou a Europa e os Estados Unidos a aplicarem sanções comerciais e econômicas ao governo de Putin, e entre elas está a redução da importação de recursos energéticos.

Em teoria, a Rússia poderia retaliar com a interrupção completa do fornecimento de gás e petróleo aos países do bloco europeu, mesmo que isso signifique perder 54% das receitas com exportações do país.

Hoje, estas exportações financiam pouco menos da metade de todo o orçamento anual federal russo.

Mesmo que essa medida seja improvável, a crise já levou a Europa a buscar alternativas à Rússia. A BBC Mundo lista algumas delas:

Gás de xisto dos Estados Unidos

Em sua passagem por Bruxelas, na última quarta-feira, o presidente americano, Barack Obama, ofereceu ao continente um tratado comercial que permita a exportação de gás de xisto para substituir o gás fornecido pela Rússia.

Obama pede retirada de tropas russas

O presidente americano, Barack Obama, fez um apelo para que a Rússia retire suas tropas de áreas próximas à fronteira com a Ucrânia.

“Pode ser apenas algo para intimidar os ucranianos, ou a Rússia pode ter outros planos”, afirmou Obama entrevista concedida à emissora CBS News na quinta-feira.

O pedido vem após uma conferência da ONU considerar ilegais o referendo realizado na Crimeia, em que a anexação da península pela Rússia foi aprovada, e o tratado assinado pelo presidente Vladimir Putin, que incorpora a região à Federação Russa.

Nesta sexta-feira, Putin disse a militares reunidos no Kremlin que os eventos recentes na Crimeia são um “grande teste” para as Forças Armadas russas e que seu profissionalismo ajudou a assegurar a paz na península.

Obama, por sua vez, fez um alerta a Putin durante a entrevista dizendo que o presidente russo “não deve retomar práticas que eram muito comuns durante a Guerra Fria”.

Estima-se que os EUA se tornarão, em 2020, o principal produtor de gás de xisto do mundo e, assim, poderia exportar esses recursos ao continente sem dificuldades.

Mesmo assim, Obama advertiu: “A Europa tem que usar melhor seus recursos naturais para não depender de ninguém”.

Um dos problemas com essa alternativa é a técnica de produção deste tipo de gás e petróleo, conhecida como “fracking”, que é condenada por ambientalistas por usar produtos químicos para sua extração das rochas, o que poderia afetar o subsolo.

Em janeiro, a Comissão Europeia recomendou, por meio de uma resolução, que os países-membros do bloco legislem sobre a questão.

Na Europa, mas de fora do bloco, o Reino Unido parece já ter tomado sua decisão. Na última quinta-feira, o primeiro-ministro britânico David Cameron disse que “a extração de gás de xisto deve se tornar o ponto número um da agenda energética” do país, mas esclareceu que a ilha não depende do gás russo.

Gás e petróleo da Argélia e do Catar

Usina de gás na Argélia (AFP/Getty)O gás produzindo na Argélia tem a vantagem de não ser alvo de protestos de ambientalistas

Os dois países tinham, até agora, um papel importante no mapa energético europeu, mas não eram seus protagonistas.

Hoje, a Argélia é o terceiro maior fornecedor de gás para a Europa. Na Espanha, 36% do consumo é abastecido pelo país africano.

Além disso, a Argélia tem uma vantagem: o produto do país é conhecido como gás natural líquido, ou GNL, que não sofre a resistência ambiental do combustível obtido por meio do “fracking”.

O Catar está na mesma posição vantajosa, porque é o maior produtor mundial de GNL e hoje é um importante parceiro da Europa. Mas o Catar tem um sério empecilho: um de seus principais gasodutos passa pela Síria e foi afetado pela guerra no país árabe.

“O problema de depender de países de fora do continente é que não temos influência sobre sua situação política, que muitas vezes é volátil, como é o caso atual da Síria, Argélia e de outros países do Oriente Médio”, afirmou Jacopo Moccia, diretor de assuntos políticos da Associação Europeia de Energia Eólica (EWEA).

Energia eólica

Usinas eólicas (Getty)A Europa quer obter 30% de sua energia a partir do vento até 2030

Segundo dados da EWEA, espera-se que até 2030 cerca de 30% da energia consumida no continente venha do vento.

Mas há um problema: a energia eólica só serve, até o momento, para ser transformada em energia elétrica.

“Somos uma tecnologia barata, madura e competitiva na Europa”, disse à Moccia. “Ainda assim, é fundamental que se deixe de importar combustíveis fósseis como gás e petróleo para desenvolver ainda mais essa fonte de energia.”

Hoje, 8% da eletricidade da Europa vem da energia eólica, mas isso varia bastante no continente: enquanto a Dinamarca obtém 30% da sua energia elétrica desta forma, Malta não a usa.

“Os países precisam diversificar suas fontes de energia. Essa crise é uma oportunidade para isso”, agregou Moccia.

Energia nuclear

Nuclear plant in France (AFP/Getty)Um terço da energia consumida na Europa vem de usinas nucleares

A Rússia é o principal produtor de urânio enriquecido, que é fundamental na produção de energia nuclear, e também o principal fornecedor desta matéria-prima para a Europa, onde hoje 132 reatores nucleares produzem um terço da energia do continente.

A Rússia já fez uma ameaça quanto a isso. “Tendo em vista as medidas tomadas contra o governo russo, os contratos atuais poderiam ser cancelados”, afirmou o presidente da empresa estatal nuclear russa Rosatom, Sergei Kiriyenko.

Além disso, após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, cidadãos de diversos países europeus protestaram pedindo o fechamento de reatores. A Alemanha, por exemplo, fechou diversas centrais nucleares.

Fonte: BBC Brasil

14 Comentários

  1. por LUCENA
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    Até hoje,muitos se perguntam;o quê se passava na cabeça dos europeus quando decidiram fazer na Ucrânia o que eles fazem na Síria e como foi com a Líbia.
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    Os EUA nessa história toda,tem muito que ganhar…( rsrs..)…com os seus aliados europeus,como por exemplo,vendendê-los o tão falado gás xisto. 😉
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    Dá até para suspeitar de uma armação da “vaca-sagrada” em cima dos seus achegados e pariceiros de sacanagem..heheheh..

    • “Até hoje,muitos se perguntam;o quê se passava na cabeça dos europeus quando decidiram fazer na Ucrânia o que eles fazem na Síria e como foi com a Líbia.”

      Amigo, use o cérebro!!!!!!!!!!!!!
      O que fizeram na Ucrânia não se compara ao que fizeram na Síria.,
      Essa comparação é muita falta de inteligência de sua parte.

      Ainda bem que esse seu discurso não tem espaço nenhum além do PB, pois qualquer pessoa mais ou menos inteligente pode ver a bobagem que você está escrevendo.

  2. Não se muda sua matriz energética do dia para a noite, como já disseram o custo para alternativas é caro e demorado. A Europa viciou no custo mais baixo da conveniente energia Russa agora paga o preço geopolítico.
    No quesito transformação de energia se fala muita bobagem, surgem alternativas milagrosas e limpas (principalmente em época de eleição). O que é fato é que essas novas fontes podem funcionar como complemento para uma matriz mais conservadora mas não substitui-la nesse momento por questões como custo e eficiência.

  3. A Europa ocidental (ultimamente mais Acidental) consegue tranquilamente viver sem derivados de petróleo SIM.

    O problema é que tal lá como cá, as empresas de energia tem um peso monstruoso (penso eu) nas decisões e direcionamentos políticos.

    Tecnologia eles têm e inovação não faltam por lá. Já o bom senso…

    • Corrigindo: onde se lê: o problema é que tal lá como cá, leia-se apenas: o problema é que lá, as empresas…
      🙂
      To meio cansado pra explicar minha comparação mas rapidamente: no Brasil as ferrovias foram relegadas à segundo plano em benefício de uma empresa que hoje (infelizmente) muita coisa ob$cura acontece… resultado: falta de conforto e segurança nas longas viagens, custos exorbitantes do nosso transporte, meio de transporte nada ecológico tampouco sustentável.
      Na Europa: dependência profunda (nos últimos anos) do gás Russo que sai para o europeu a um preço mais em conta, proporcionando votos aos governantes que empurram um problema com a barriga ao invés de enfrentá-lo com investimentos em estudo, tecnologia, inovação…

  4. Petroleo e gas nas Malvinas kkkkk A Arabia Saudita vendendo cada vez mais pra China e India e cada vez menos para os EUA kkk A Bolivia faz o jogo Bolivariano e ja botou Europeus pra fora kkk A Saida é invadir a Venezuela e de lambuja o Brasil kkkk Basta os caras fecharem o gasoduto e toda a Europa abre as pernas e pede pinico.
    Eu falei isso desde o começo.Fodida esta a Ucrania,esperem chegar Dezembro kkkk

  5. Temos de investir pesada/ em energia limpas em td os níveis e p ontem, vide n matriz + limpa , a hídrica, sem chuva ñ resolve,e ainda pior ñ estamos fazendo usinas c reservatórios…ou seja, ñ temos água e nem energia…logo, temos de ter usinas movidas à gás…e nem gás temos p isso, daí as energias alternativas é a sério, à sério mesmo e td isso p ontem….sds.

  6. Fonte de geração de energia corpórea.
    Enquanto caminha gera energia captada para uma bateria.
    No toinzinhu vai uma borrachinha captando gas metano.
    Pense voce num shopping,banca de jornal,supermercado,posto de gasolina com o tonho conectado ganhando um dinheirinho e de graça massagem na prostata.

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