O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, declarou nesta segunda-feira (17) que será necessário recorrer à força contra a Rússia “caso sejam ultrapassados certos limites” na crise da Ucrânia.
Perguntado pelo canal de TV “TF1” sobre as consequências que teria para Moscou anexar a região oriental ucraniana de Donetsk, o chefe da diplomacia francesa disse que seria preciso aumentar a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin.
“Por um lado, aumentaríamos mais as sanções, o que pode afetar a economia, o coração da maquinaria russa. Em segundo lugar, caso sejam ultrapassados certos limites, haveria reações incluindo a força. A Ucrânia já decidiu com a mobilização popular, não podemos permitir certas coisas”, afirmou Fabius.
A respeito da decisão adotada hoje pela União Europeia (UE) de restringir os vistos e congelar os bens em território comunitário de 13 russos e oito ucranianos que o bloco considera responsáveis pela instabilidade na região, Fabius indicou que neste momento estão “no segundo grau de sanções” e que poderia se passar ao terceiro, se a Rússia não mudar de atitude.
Nesse caso, Fabius assinalou que Paris poderia romper o contrato assinado por Moscou para a venda de dois navios de guerra porta-helicópteros Mistral que estão sendo construídos em estaleiros franceses.
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Além disso, acrescentou, pediriam ao Reino Unido que congelasse os bens que os oligarcas russos têm em Londres para que todos os países suportem de forma equitativa o peso das sanções.
O ministro francês reiterou que o referendo da Crimeia de ontem, no qual uma ampla maioria de cidadãos se pronunciou a favor de se unir à Rússia, “não tem valor porque é contrário à Constituição da Ucrânia e ao direito internacional” e classificou seu resultado de “soviético”.
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“Se um país –neste caso, a Rússia– pode anexar uma região, é que não existe nenhuma fronteira segura no mundo. Isso pode gerar conflitos lamentáveis”, alertou.
O titular lembrou que a Ucrânia renunciou a seu arsenal nuclear, o terceiro maior do mundo, em troca de sua integridade territorial e manifestou que, caso que Rússia anexe a Crimeia, “o resto dos países entenderá que a única forma de manter suas fronteiras é ter a arma atômica”.
Fabius lembrou que a UE impôs sanções a 21 personalidades, frente às 11 dos Estados Unidos, e que na próxima sexta-feira será assinado um acordo de cooperação com a Ucrânia para expressar o apoio às novas autoridades do país.
“Queremos que prevaleça a firmeza, que Putin não consiga ir adiante e que haja uma redução” da tensão, acrescentou.
Por outro lado, fontes diplomáticas francesas informaram que Fabius não irá amanhã acompanhado do ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, a Moscou, como tinham acordado o presidente francês, François Hollande, e seu colega russo.
Fabius e Le Drian haviam previsto viajar para Moscou para prosseguir o diálogo entre a França e a Rússia, iniciado por telefone na semana passada por Hollande e Putin.
Paris, no entanto, já havia advertido que cancelaria a visita se Moscou não fizesse concessões diante da crise ucraniana.
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