Presidente Dilma Rousseff cumprimenta o novo Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, sendo observados por Marco Antonio Raupp, durante cerimônia de posse de novos Ministros no Palácio do Planalto. Foto – Planalto 17/03/2014
Júlio Ottoboni
Exclusivo para DefesaNet
A saída do ministro de ciência, tecnologia e inovação, Marco Antonio Raupp, um dos quadros históricos do PMDB – apesar da divulgação que seu ingresso na pasta teria se dado por escolha da presidente Dilma Rousseff – colocou os institutos e empresas ligados ao segmento espacial em compasso de espera. Entretanto a surpresa com o desligamento foi menor que a esperada. Raupp estava sob pressão para apresentar resultados mesmo numa área totalmente desmantelada pela ingerência de políticos e cortes orçamentários.
Os especialistas escutados pelo DefesaNet apontam algumas questões como fundamentais para a mudança no ministério. Raupp teria dado um caráter técnico à pasta, inclusive acabando com a dinastia de políticas leigos a frente da Agência Espacial Brasileira (AEB), empossando José Raymundo Coelho e uma equipe de assessores oriunda de institutos científicos. Isso teria irritado em demasia setores do próprio PT e também do PSB, que costumeiramente frequentava a presidência da entidade.
Ele também foi responsabilizado pelo fracasso no lançamento do CBERS 3, perdido pelo lançador Longa Marcha 4, um foguete chinês com alto grau de eficiência. O atraso de quase uma década no lançamento do satélite de sensoriamento remoto se deu por diversos motivos, entre eles a retirada de sua peça orçamentária ainda no governo Lula para a missão do astronauta Marcos Pontes na Estação Espacial Internacional. Outro problema foi a perda de componentes de sistemas do CBERSs devido ao longo tempo de espera.
A intenção do governo era acabar com o apagão de imagens sobre a Amazônia, que tem dificultado um melhor monitoramento do desmatamento, além de ter algo positivo no setor espacial para comemorar e divulgar junto ao marketing do governo federal. O CBERS 4 está para ser lançado em dezembro deste ano, exatamente quando completar um ano da perda do modelo 3.
A aproximação de novos parceiros no setor espacial, como a Rússia e a Ucrânia minguaram de vez, principalmente agora com o conflito entre as duas nações. O Brasil que era visto como um parceiro de grande interesse comercial passou a figurar apenas como uma promessa no setor. Peças orçamentárias falhas, prioridades definidas por estratégias para visibilidade ao governo federal e embates com servidores federais, além de problemas sem solução.
O Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) passou a ser duramente questionado nos bastidores do congresso nacional. Com a expulsão do Brasil do programa da Estação Espacial Internacional, o distanciamento da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA), a perspectiva do governo Dilma era retomar os projetos espaciais com uma grande dose de ufanismo e independência. Para isso foi escolhido o então diretor do Parque Tecnológico Riugi Kojima, de São José dos Campos, e ex-diretor geral do INPE e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O comendador Marco Antonio Raupp era dado como a solução definitiva desses problemas e não mais um tecnocrata sem jogo de cintura para atender as crescentes demandas de aliados políticos e a rede de intrigas e interesses que circunda os ministérios. A cada falha, os pilares de sustentação do ministro ficavam mais frágeis. Até mesmo o anúncio do lançamento de um satélite da Bolívia acabou abalando ainda mais seu prestígio dentro do governo federal. O uso do jato da FAB para vir de Brasília para São José dos Campos, no carnaval, foi à desculpa que faltava para antecipar a dispensa iminente.
Gaúcho de Cachoeira do Sul, de temperamento forte, personalista e muito centralizador, Raupp também esteve à frente da AEB. Conhecia bem os bastidores do meio acadêmico e científico, porém imaginava ter vida mais fácil em Brasília, mesmo sabendo dos enormes problemas que o aguardava.
Entre eles, a empresa Cyclone, uma parceria com a Ucrânia para construir, lançar foguetes a partir da base de Alcântara (MA). Essa empresa binacional tem sido um sumidouro de recursos sem resultados práticos. Um triste passivo criado para abrigar o político e ex-ministro da pasta, Roberto Amaral, atualmente desligado a companhia e compensado de maneira generosíssima pelo governo.
A transferência de tecnologia pela Cyclone para o programa do VLS nacional ainda é uma incógnita e sua existência passou a gerar cobranças no meio político, pois a situação beira ao escândalo. Raupp teria ficado muito passivo diante da morosidade do processo, sem o nível de cobrança e de acompanhamento exigido pelas lideranças do governo.
Raupp retornará a residir em São José dos Campos e provavelmente assumirá a direção do Parque Tecnológico da cidade, que ele ajudou a elaborar e construir. Atualmente a vaga é do criticadíssimo pelo meio empresarial e ex-vice presidente de relações institucionais da EMBRAER, Horário Forjaz. O salário na faixa dos R$ 30 mil, maior que do próprio ministério e até da Presidência da República, além de uma série de benefícios diretos e indiretos, além de estar livre das pressões políticas, é o melhor abrigo para Raupp e que ele espera logo ocupar.
“””A aproximação de novos parceiros no setor espacial, como a Rússia e a Ucrânia minguaram de vez, principalmente agora com o conflito entre as duas nações. “””
A culpa não é desse ex, a culá é de quem colocou ele lá .
Mas tem sempre um povo muuuuito feliz com todo atraso que ocorre com o Brasil, ahh se tem.
Além disso acho bom não abrir as pernas pra ninguém fazer base em Alcântara, se quiserem que caiam pra dentro com os tubo não mão e encare a resistência … NÃO ABRAM AS PERNAS .
Essa empresa Ucrano/Brasuca estavas fadada ao fracasso ,qdo os iankss proibiram os msm de nos repassarem a T&T do foguete lançador;ainda bem, vai nos forçar a andar c n próprios pés…AUTONÔMIA.Sds.
Essa parceria com Ucrânia não vai deixar saudade, ai temos que reconhecer a ingerência dos americanos, sempre tentando atrapalhar o Brasil. Mas essa turma do PT é tão maléfica quanto as traições dos americanos. Uma parceria com a Rússia talvez fosse o melhor, mas agora a situação é de ter muita cautela.
Sempre tentando…, não, atrapalhando de verdade, são inimigos gratuitos.
Esse programa TEM que deixar de ser civil para se estritamente militar, aí talvez as coisas andem.
Se fosse militar, como já foi, será q andaria de facto?!?! Cadê os satélites q tínhamos ?Vide o caso do missil de longo alcance S=1000 q estava quase no fim, ocorreram lança/ exitosos cadê?
Sds.
Otimo texto. Ponderado e analítico. Nem acredito q é da defesanet. Raupp era minha esperança para acabar com o CycloneSpace, que vem Desviando Verbas do VLS, VLM e qlqr outro projeto da AEB desde que nasceu. A verdade que ele mais parece um jeito de se Desviar Verbas dentro do MCTI — pronto falei; todo mundo sabe disso e sempre quis dizer tbm.
Agora com essa crise na Ucrania, talvez essa bomba vá direto pro espaço. E ao menos vamos ficar com um bom espaço de lançadores q já está sendo construído aq no Brasil. Em tempo, o Cyclone-4 NUNCA visou transferir tecnologia para nós. Ele é um foguete ucraniano mt toxico e com pouca capacidade de carga, q seria lançado do brasil. Uma COMPLETA BURRADA da gestão Lula, e q Dilma mal deu importancia. Como eu disse, para mim, é um jeito de desviar as verbas do MCTI.
Enfim, pobre Raupp, eu tinha esperança q vc ia dar um jeito nisso. n deu. A queda do CBERS n foi sua. lançadores falham, o lançador chines nunca falhou. Na vdd todo o desastre na area espacial n é culpa dele. O problema… é q aparentemente ele n fez nada para melhorar a situação. Nem o VLM conseguiu verbas… o VLS já teve sua data de lançamento rerererelocada.
Uma pena Rauup, vc n conseguiu. Tinha esperanças sinceras. Mas ainda acredito no homem ético que ele é. abraços.
Agora… bom agora nada.
Ué ja não estava antes perdida no espaço não kkkk cada uma kkk