Convergência na diversidade: A nova política latino-americana do Chile

Sugestão: Roberto CR

A estratégia exterior não terá uma inclinação ideológica, mas sim favorecerá uma região mais integrada e com uma identidade própria

 

 12 MAR 2014 – 20:00 BRT

A América Latina mudou na última década. A região é hoje mais diversa e autônoma e, apesar de suas conquistas em crescimento e redução da pobreza, enfrenta importantes desafios. Para enfrentar estes problemas, o Chile, sob o governo agora comandando pela Presidenta Michelle Bachelet, buscará trabalhar a partir e com a América Latina e Caribe.

O novo governo do Chile priorizará a região e em particular a América do Sul. Nosso propósito será fortalecer a presença do país nos distintos mecanismos de integração existentes, impulsionando pontes de acordo sobre as diferenças ideológicas ou sub-regionais. A política exterior do Chile não terá uma inclinação ideológica, mas colocará ênfase em avançar pragmaticamente em direção a uma região mais integrada e com uma identidade própria.

Os princípios de lealdade ao direito internacional, promoção e defesa da democracia e dos direitos humanos, solução pacífica das controvérsias, independência e respeito à soberania, entre outros, que sempre têm guiado nossa política exterior, serão mantidos como eixo de uma política de Estado. Mas o Chile dará um giro em sua política exterior a partir de um enfoque que tem privilegiado as relações econômicas –que continuarão sendo muito importantes para o país– até uma perspectiva integral que outorgue um peso semelhante às dimensões políticas, sociais e culturais de nossos laços externos em um mundo cada vez mais globalizado, com uma cidadania ativa e interconectada por meio de fronteiras nacionais.

As opções de integração de nossa região hoje bifurcam-se em diversas direções econômicas e políticas, em detrimento de sua influência em um mundo organizado em blocos regionais. Falta convergência e consenso na América Latina e Caribe.

O Chile valoriza a Aliança do Pacífico como esquema de integração econômica, mas não a concebe como um bloco ideológico excludente

Nossa região é caracterizada por economias de renda média, que tem necessidades diferentes às de outras regiões em desenvolvimento. Entre nossas prioridades está a redução das enormes desigualdades, remediar a indiferença aos povos indígenas e outras minorias, enfrentar a baixa qualidade da educação, o investimento insuficiente em ciência e tecnologia, a insegurança dos cidadãos. Mas se não somos capazes de chegar a um acordo para promover respostas como bloco, a agenda de desenvolvimento pós-2015 das Nações Unidas, já em plena elaboração, não refletirá adequadamente nossos interesses comuns.

Existe uma diversidade de caminhos na região para avançar o desenvolvimento. Respeitaremos essas diferenças entendendo, no entanto, que é possível construir um todo integrado de partes distintas e desiguais. Há espaço para projetos sub-regionais que podem ser tijolos para a construção de um projeto maior e mais abrangente de integração latino-americana.

O Chile valoriza a Aliança do Pacífico como esquema de integração econômica e plataforma comercial de projeção coletiva à região da Ásia-Pacífico; mas não compartilhará pretensão alguma de conceber tal Aliança como um bloco ideológico excludente ou antagônico com outros projetos de integração.

A título de exemplo, deveríamos discutir a possibilidade de materializar uma convergência da Aliança do Pacífico com o Mercosul, sem prejuízo de adotar o conceito da União Europeia das “velocidades diferenciadas” que permitiria aos países que estejam em condições, e assim o desejem, avançar mais rápido do que os demais no processo de integração.

Convergência na diversidade é a política que o Chile buscará promover na América Latina. É uma opção que combina realismo e vontade política de avançar em direção a uma região mais integrada e autônoma.

Fonte: El País

33 Comentários

  1. O Chile valoriza a Aliança do Pacífico como esquema de integração econômica e plataforma comercial de projeção coletiva à região da Ásia-Pacífico; mas não compartilhará pretensão alguma de conceber tal Aliança como um bloco ideológico excludente ou antagônico com outros projetos de integração.++++ E u estou torcendo p o BRASIl descobrir a Aliança do Pacifico…Sds.

  2. O próprio Chile, ao afirmar que a Aliança do Pacífico não será um bloco ideologicamente excludente, jacaba por colocar em xeque a viabilidade de uma evantual aproximação com o Mercosul visto que esse último bloco é exatamente isso, ideologicamente excludente em virtude de estar completamente tomado pelo bolivarianismo.

      • Bolivarianus e cubanus… vão todos tomar no briocus ideologizado… qndo acabar a grana dos que produzem, aí eu quero ver… já começou na venefavela maburra… certo, esquerdalha ???…

  3. O chile é um dos poucos países sul americanos que estão vacinados contra o veneno do foro de São Paulo.
    Já por aqui além de abraçarmos nós financiamos esta bodega,graças ao pinguço e a dona gerentona.

      • Estão chegando no mesmo estado da venefavela… questão de tempo… nós só não caminhamos para tal situação porque temos diversidade de produção… mas a indústria já mostra sinais de que está se cansando do modelo atual fascista de política industrial dos irmãos petralhas…

    • Já foram para a direita e já estão voltando… Na democracia ou o governo é bom para todos ou perde as eleições. Concentração de renda, diminuição de gastos sociais, redução de impostos para os ricos e aumento para a classe média e para os pobres, redução ou desqualificação do ensino público…. não são políticas sustentáveis em uma real democracia.

      • Onde todos só querem usufruir vai faltar lenha para servir a todas as bocas… alguém vai ter que pegar o machado e produzir… a política distributiva NUNCA deu certo em lugar algum… só no começo que é uma magavilha… depois, sempre mostra-se a pior opção… melhor seria investir em uma política séria de desenvolvimento da educação e fim do sócio construtivismo politicamente correto… só boçais não entenderam isso ainda… um dia a fonte seca…

  4. O Chile, aparentemente, deve realizar política externa menos isolacionista quanto a América do Sul. A citação do Mercosul no texto é claramente uma mensagem de abertura a este tipo de relacionamento, ao mesmo tempo em que diz que a Aliança Atlântica, vista com muitas reservas pela maioria dos paises da região, não será encarada como algo além de um acordo comercial que não afetará objetivos regionais.

    Percebe-se claramente que o Chile acordou para sua situação de quase isolamento na América do Sul, criada por suas própria estratégia de relações exteriores dos últimos anos e que lhe custou derrotas diplomáticas recentes com o Perú e rusgas com a Bolívia, afetando a tranquilidade institucional no país. Se alguém duvida destas afirmações, aconselho fazer uma pesquisa no Youtube sobre programas de tv chilenos que cobriram as negociações com o Perú. As palavras mais amenas dirigidas ao governo de Piñera foram arrogante e incompetente quanto a política externa.

    De qualquer modo, esta mensagem de abertura é prova de maturidade que talvez não tenha tido Sebastian Piñera durante seu governo, e da qual Bachelet não pretende seguir os passos.

    Agora é só esperar os sabujos tupiniquins de sempre aparecerem, para defender o Chile, das garras do bolivarianismo stalinista putinista que assombrará o pobre país se este se aproximar do Mercosul ou do resto da América do Sul.

    • Você estava indo muito em até se render à um certo sentimento que infelizmente faz parte da nossa esquerda acéfala e sem conteúdo. É fato que o Mercosul é um bloco assolado por picuinhas entre países e intoxicado ideologia ruim. Basta ver a patranha que se seguiu à destituição do Presidente Paraguaio. Embora o processo tenha se dado absolutamente dentro do funcionamento das instituições locais, os demais governos dos países membros do bloco, contráriados por terem perdido um “cúmpanhêro”, inventaram uma farsesca acusação de golpe de estado para suspender o país do bloco e enfiar a Venezuela pela janela.

      Tal atitude, além de claro desrespeito às instituições e à soberania do Paraguai, traduz exatamente o fato de que no Mercosul a ideologia precede ao anseio por integração latinoamericana. E afirmar isso é ser coerente, especialmente quando ser coerente implica em afastar-se do ufanismo cego.

  5. Já falei antes.. sem Mercosul a Aliança do Pacifico morre…

    Por isso buscam integrar as duas, era meio obvio, o Mercosul tem 84% da economia da América latina, e tem gente que fala que não é nada no continente “latrino”.. sim sim.. como não?

    Sabem que sem o Mercosul acabou…

    Valeu!!

    • correto !!! até o mexico investe mais no brasil do que no chile ,o mercosul é muito mais forte do que o papo furado yanke do pacifico .

    • Sem o Mercosul a Aliança do pacífico acabou? Menos Francoorp, menos! A aliança do pacífico pode muito sobreviver e prosperar sem o Mercosul, especialmente pelo fato do bloco estar cada vez mais fadado à irrelevância em virtude de picuinhas comerciais minúsculas.

      • O que vai acontecer? Eles vão comprar de outros países como EUA e China. Simples assim! Aliás, coincidentemente EUA eChina são atualmente os maiores parceiros comerciais dos Chilenos, e teriam o seu volume de comércio aumentado com um eventual bloqueio levado a cabo por banânia eseus sócios de Mercosul.

      • O que irá acontecer é que eles se desenvolverão, suas indústrias se aperfeiçoarão e os demais irão servir aos da aliança, como foi na Ásia por um bom tempo… o Brasil tem que deixar de ser besta e aprender com a China… ideologia é só para manter o povo alienado… na prática a China é mais capitalista que nós… mas vende seu socialismo para bestas comprarem…

      • HMS, o mesmo faz o Mercosul contra eles, só que não teríamos muita perda… é isso que vemos, o que vemos é uma união entre os dois como tempo, simples assim!

    • O Mercosul só existe por conta do saco de bondades do Brasil para com os “mui amigos” bolivarianos.
      Sem o Brasil não existirá Mercosul. Aliás, sem o Brasil a A. Latina é só um aglomerado de malucos.

    • O que sobra da aliança do pacífico se o Chile ingressa permanentemente no Mercosul? Se o Mercosul negocia com a Europa, porque não unir também aos países da Aliança do Pacífico? O governo de cada país ser mais ou menos voltado para gastos sociais não deve ser motivo para a permanência ou não na aliança regional.

  6. o chile já tem a carteirinha de observador do mercosul ,com ela ele se aproxima e por isso seus investimentos no brasil são duas vezes maiores do que no mexico ,e venda de mercadoria também
    o chile já sabe que a aliança do pacifico é apenas um engodo yanke
    é melhor o chile acompanhar a américa latina e se levantar e fortalecer o continente junto aos seus irmaos latinos ,
    quem pensa o contrario esta deslocado da realidade ,até parece que a presidente do chile ira perder essa oportunidade !!!!

    • Piada…como sempre o TOnho da Lua polui o espaço com bobagem ideologica rasa. Não adianta espernear meu caro! O Mercosul é um bloco condenado à irreleva^ncia, basta ver a situação de Venezuela e Argentina. E chilenos querem é fazer negócios, ganahr dinheiro. Mesmo Bachelet sendo uma socialista, jamais vai abdicar disso e tampouco entrar em aventuras quixotesca sob a bobagem de fortalecimento do continente junto aos seus irmãos latinos.

      • é realmente tinha que ser um deslocado da realidade o tiraleite caiu como uma luva na carapuça rsrsrs
        tiraleite você nunca acertou nada vezes nada é um cego ideológico rsrs além de fraco nos argumentos !!!
        tiraleite você não engana ninguém !!!

      • rsrsrsrsrsrsrsrs… estuprou a mente fraca do tonho… coitado !!!… seja mais condescendente com os desvalidos, amigo Tireless… 🙂

  7. Pragmática, e, sobretudo, inteligente, e sem a cegueira do preconceito ideológico, a nova presidente chilena sabe muito bem quais são as diferenças entre o Brasil e a Aliança do Pacífico, as forças e as condições que estão em jogo.

    Ela tem conhecimento de que o México, nos últimos anos, deixou de contar entre os dez principais importadores de produtos chilenos. Assim como sabe que a corrente de comércio entre o Brasil e o Chile é quase o dobro da que existe entre chilenos e mexicanos. E não precisa ser empresária para entender que a confiança de chilenos e mexicanos na economia brasileira é tão grande, que o Brasil é o principal destino de investimentos chilenos no exterior – vide a comora da CTIS pela Sonda esta semana – e o mesmo com relação aos mexicanos, no âmbito latino-americano. Ou que o Brasil cresceu mais que o dobro do México nos últimos doze meses, ou ter em mente que – com todos nossos eventuais problemas – ainda somos a sétima economia do mundo – maior que toda a Aliança do Pacífico reunida – e o segundo maior mercado consumidor das Américas, depois dos EUA.

    É improvável que o Chile abandone a Aliança do Pacífico devido à volta de Michelle Bachelet ao Palácio de La Moneda.

    Mas Santiago se reaproximará decididamente da UNASUL e do Mercosul – organização da qual o Chile toma parte como membro associado – e vai abandonar a tática – tão a gosto de Piñera – de pintar de dourado o andor de papelão da Aliança do Pacífico.

    Trecho retirado de http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/03/bachelet-e-alianca-do-pacifico.html#more

  8. O Brasil é o maior parceiro comercial do Chile na América do Sul (e Central) e o 4º maior em escala global, depois de EUA, Japão e China…

    E o fluxo de importações e exportações entre os dois países é equilibrado, não pendendo excessivamente para nenhum dos dois.

    Está claro que o Chile tem todo o interesse em manter e desenvolver suas relações com o Brasil. E isto é recíproco do lado brasileiro…

    • Alvez:

      Ao contrário de outros ufanos militantes a sua análise é bem equilibrada. E ela será o meu ponto de partida. Como você bem disse existe o interesse do Chile em manter e desenvolver suas relações com o Brasil, algo que é recíproco. Ponto. A partir daí não espere mais do Chile. A principal plataforma de negócios do país será a aliança do pacífico, especialmente no tocante às suas exportações. Nós não veremos envolvimento do Chile com as picuinhas do Mercosul e tampouco aderindo à qualquer bobagem tal como apoiar a boca de botox em seu chororô pelas Ilhas Falklands em homenagem à intrgração latinoamericana.

  9. CHILE, AS TRÊS FILHAS E SEUS TRÊS PAIS

    Na política, como na vida, muitas vezes as coincidências e os simbolismos ajudam a restabelecer a verdade, a resgatar o passado, a reivindicar a memória. Fazem justiça e mostram que os que acreditam que a realidade é muito mais rica, diversificada e surpreendente que a mais delirante das imaginações têm razão. É o que acaba de acontecer no Chile.

    Primeiro, a filha de um militar – um brigadeiro – torturado e morto se reelege presidente. Sua frustrada adversária é filha de outro militar – outro brigadeiro – que comandava a unidade onde seu colega de armas e amigo da vida inteira foi assassinado.

    Segundo: terminada a votação democrática, onde a nova mandatária teve 62% dos votos, chega a hora de receber a faixa presidencial em cerimônia solene. E a vencedora a recebe das mãos de outra mulher, a presidente do Senado, filha, por sua vez, do homem que sonhou com chegar ao socialismo pela via democrática e pacifica e preferiu se imolar antes de entregar o poder aos abjetos e indignos golpistas.

    As três são filhas, as três têm pais, e têm nome e sobrenome: Michelle e Alberto Bachelet, Evelyn e Fernando Matthei, Isabel e Salvador Allende.

    A primeira vai presidir o Chile pelos próximos quatro anos. A terceira presidirá o Senado. Aliás, e a propósito, Isabel Allende (favor não confundir com a escritora) é a primeira mulher a presidir o Senado chileno em seus pouco mais de dois séculos de existência. E seu primeiro ato oficial foi justamente dar investidura presidencial a Michelle, filha de Alberto Bachelet, militar legalista, fiel a Salvador Allende – e que por isso foi preso, torturado e assim morreu.

    Resta à terceira mulher dessa história, a terceira filha, tentar não naufragar, com seu ressentimento à tiracolo, nas águas plácidas onde jazem os esquecidos, os desimportantes.

    Créditos ao site Carta maior

    Continua em http://esquerdopata.blogspot.com.br/2014/03/chile-as-tres-filhas-e-seus-tres-pais.html

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