Secretário de Estado se reúne com chanceler russo e reitera que EUA não reconhecerão referendo de domingo da Crimeia
Apesar de seis horas de conversas, os EUA e a Rússia não chegaram a “nenhuma visão comum” nesta sexta-feira sobre a crise na Ucrânia, onde os residentes na estratégica Península da Crimeia votam em um referendo de separação no domingo.
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O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, fez o comentário depois de se reunir com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Londres.
Durante as negociações, Lavrov deixou claro que o presidente russo, Vladimir Putin, não tomaria nenhuma decisão sobre o que fazer com a Crimeia – que agora está sob o controle das forças apoiadas pela Rússia – até depois da votação do domingo. Kerry, entretanto, disse que Washington e a comunidade internacional não reconhecerão o resultado do referendo.
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Amplamente se espera que a votação de domingo na Crimeia – a estratégica península ucraniana no Mar Negro com uma população de 2 milhões de habitantes – apoie a secessão e, potencialmente, a anexação pela Rússia pelo fato de a região já ter uma população majoritariamente russa. O novo governo em Kiev acredita que a votação é ilegal, mas Moscou diz que não reconhece o novo governo já que ele destituiu o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych.
Os EUA e a União Europeia (UE) dizem que o referendo da Crimeia viola a Constituição da Ucrânia e a lei internacional. Se a Crimeia votar para se separar, os EUA e a UE planejam aplicar sanções já na segunda-feira contra autoridades e negócios russos acusados de escalar a crise e prejudicar o novo governo ucraniano.
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Kerry disse que, se o Parlamento russo ratificar o resultado do referendo da Crimeia, significaria sua disposição a uma “anexação indireta” da região. “Essa é uma decisão de amplas consequências com respeito à comunidade global”, disse durante uma coletiva após o encontro com Lavrov. “Seria contrário à lei internacional e, francamente, um tapa na cara a qualquer esforço legítimo de tentar se aproximar da Rússia e de outros para dizer que há uma forma diferente de proteger os interesses dos habitantes da Crimeia, de proteger os interesses da Rússia e de respeitar a integridade da Ucrânia e sua soberania.”

Lavrov reafirmou que a Rússia “respeitará os resultados do referendo” na Crimeia e afirmou que as sanções prejudicariam as relações. “Nossos parceiros também percebem que as sanções são contraprodutivas”, disse.
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Os líderes da Europa e dos EUA repetidamente pediram a Moscou que retire sua tropas da Crimeia e pare de encorajar milícias locais que projetam a votação como uma escolha entre restabelecer os vínculos geracionais com a Rússia ou retornar aos ecos do fascismo da Ucrânia durante a era da Segunda Guerra Mundial, quando alguns residentes cooperaram com os ocupantes nazistas.
O embate entre a Rússia e o Ocidente tem sido retratado como uma disputa pelo futuro da Ucrânia, um país com um tamanho e uma população similares à França. Grande parte da Ucrânia ocidental favorece laços com os 28 países da UE, enquanto muitos na Ucrânia oriental têm vínculos econômicos e de tradição com a Rússia. Putin trabalhou durante meses para pressionar a Ucrânia a voltar para usa órbita política e econômica.
A Rússia enviou milhares de soldados para sua longa fronteira com a Ucrânia, medida que oficiais dos EUA classificaram de tática de intimidação disfarçada de exercícios militares. Asmanobras russas anunciadas na quinta-feira incluíram amplos exercícios de artilharia com 8,5 mil soldados somente na região de fronteira de Rostov.
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Kerry disse que Moscou deve enviar um sinal mais forte de que os soldados ao longo da fronteira ucraniana não estão lá para se preparar para uma incursão militar. Embora tenha reiterado que a Rússia se reserva o direito de intervir no leste da Ucrânia em defesa da população de etnia russa que alega estar sob ameaça, Lavrov negou quaisquer planos de enviar tropas para a região.
*Com AP
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