Europa questiona real eficácia de aplicar sanções à Rússia

A União Europeia vai suspender momentaneamente as negociações com a Rússia sobre a facilitação da concessão de vistos, decidiram seus chefes de governo na cúpula extraordinária da última quinta-feira, em Bruxelas. E anunciaram preventivamente que, caso a Rússia se recuse a recuar na crise na Crimeia, novas medidas serão tomadas, incluindo até mesmo sanções econômicas.

A resposta do Kremlin não se fez esperar, anunciando que a Rússia vai reagir com contramedidas condizentes. Os Estados Unidos aumentaram a pressão, impondo proibições de ingresso em seu território e bloqueio de contas bancárias.

Em contrapartida, a Rússia cogita suspender as inspeções mútuas de armamentos. Também os telefonemas entre o presidente americano, Barack Obama, e os chefes de governo da UE no fim de semana trataram sobretudo de um tema: como fazer com que o presidente russo, Vladimir Putin, concorde com um grupo internacional de contato para a Ucrânia?

Dúvidas sobre próximo passo

Segundo a revista Der Spiegel, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, também pretende subordinar sua participação no encontro do G8 (grupo dos sete Estados mais industrializados e a Rússia) aos novos desdobramentos na Crimeia. Se em 16 de março for realizado o referendo sobre o futuro da península no Mar Negro – como anunciado pelo Kremlin –, Merkel não participará da conferência planejada para o início de junho, na cidade russa de Sochi.

O vice-presidente da bancada conservadora cristã do Parlamento alemão, Michael Fuchs, sugeriu outra forma de sanção no jornal Frankfurter Rundschau: colocar em questão a Rússia como sede da Copa do Mundo de 2018. No entanto, ele logo enfrentou a rejeição, por parte de social-democratas e esquerdistas, dessa forma de “diplomacia futebolística”.

Enquanto as sanções prosseguem a todo vapor, aumentam as dúvidas quanto ao modo certo de lidar com a Rússia na crise da Crimeia. Até mesmo o presidente do Parlamento Europeu, o social-democrata alemão Martin Schulz, expressou dúvidas se esta é realmente a melhor maneira de forçar Putin à mesa de negociações.

“Sançõezinhas” ou cautela justificada?

Em todo caso, em vez de uma advertência séria à Rússia, os críticos falam antes de “sançõezinhas”. Num editorial, o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung afirma que as sanções até agora impostas pela UE contra a Rússia seriam “mais brandas do que as medidas que a UE tomou contra a Suíça após o ‘sim’ à iniciativa contra a imigração em massa”.

Por outro lado, há quem se preocupe que as sanções já aprovadas ou em cogitação endureçam ainda mais as frentes. Gregor Gysi, presidente da bancada parlamentar do A Esquerda no Parlamento alemão, disse não acreditar no efeito de sanções, mesmo se atingirem a economia russa.

“Talvez seja possível impressionar um parceiro fraco com sanções, mas não a Rússia. O país ainda tem a China do seu lado, isso não deve ser subestimado”, disse Gysi em entrevista à emissora WDR. “Numa situação difícil assim, pode haver uma escalada mútua e um clamor por sanções, e então Putin vai vir com uma nova ameaça.” Contudo, a UE não deve esquecer que também é dependente da Rússia no abastecimento de gás natural, alertou Gysi.

Laços econômicos estreitos

O empresariado alemão saúda a atitude cautelosa da UE. “Está correto procurar a distensão”, disse Martin Wansleben, diretor da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), à emissora Deutschlandfunk.

“Não estamos nos comunicando somente com Putin e seu círculo mais próximo, mas com a Rússia como um todo. Acho que é sensato dizer: ‘Somos capazes de agir, mas no final vamos estender a mão para o entendimento.'” Wansleben enfatiza, ainda, que parte das atuais sanções já teve efeito, indiretamente, na progressiva desvalorização do rublo russo e na queda das cotações na Bolsa de Valores de Moscou.

Wansleben e outros empresários concordam que, justamente para a Alemanha, as sanções não são uma boa alternativa, pois há investimentos bilionários em jogo. Em 2013, as transações entre a Alemanha e a Rússia chegaram a 76 bilhões de euros. Cerca de 6 mil firmas alemãs fazem negócios no país, dos quais 300 mil postos de trabalho dependem. Acrescentem-se as implicações no setor financeiro, uma vez que os bancos europeus têm investimentos de 180 bilhões de euros na Rússia.

Perigo para a virada energética alemã

O comissário europeu da Energia, Günther Oettinger, também desaconselha com veemência um acirramento nas relações com a Rússia. As sanções, “prejudicam a delicada recuperação da economia europeia”, disse à revista Wirtschaftswoche^.

Ele exortou aUE a buscar alternativas para o gás russo. De outra forma, também a reforma energética alemã estaria ameaçada, pois é dificilmente realizável sem usinas a gás, lembrou Oettinger. Mais de um terço das importações de gás alemãs provém da Rússia.

As estatísticas indicam que os alemães estão divididos quanto a se o Ocidente deve punir a ingerência da Rússia na crise da Ucrânia. Em pesquisa recente do instituto de opinião pública Emnid, 45% dos entrevistados disseram concordar com as sanções, 44% se manifestaram contra. As opiniões se definem mais no caso de as sanções acarretarem um aumento do preço da energia na Alemanha: aí, 54% preferem renunciar a uma ajuda à Ucrânia.

Fonte: DW.DE

12 Comentários

  1. por LUCENA
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    Constantemente a mídia vem com essa informação,donde há uma certa relutância dos europeus com relação as sanções contra os russos e assim,demostra uma divergência entre o governo americano com relação aos seus “pariceiros” europeus.
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    Realmente,a quem interessa isso tudo que se passa na Ucrânia,quem foi o mentor de tudo isso que se passa na Ucrânia,uma coisa é certas,quem sempre paga a conta é a população civil e a democracia !
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    Já tem uns mal-caráter que questionam o voto popular para elegem seus representantes;alegando que isso não é exercício de democracia….afinal,para estes,o Egito é um bom exemplo,de onde muitos espertalhões ultimamente,deseja a sociedade atual !
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    Adolf Hitle,Stalin estão felizes lá no inferno, em verem o quê seus adeptos(fascistas), estão fazendo nos dias de hoje !

  2. desculpem mais nao vai surtir efeito esta sanções contra a Russia, e assim como o testo enfatiza, diversos países europeus vao sair perdendo nessa, acho que o melhor é chegar em um consenso onde a Crimeia é da Russia e o resto do pais continua sendo a Ucrânia.

  3. europa um aglomerado de países que parecem uma concha de retalhos ,em que já entraram em guerra entre eles umas mil vezes balaio de gato ,
    e hoje em dia essa europa é militarmente dominada pelos estados unidos que possuem além de tropas militares instaladas nos países que perderam ou os neutro na segunda guerra mundial aonde os yankes possuem armas nucleares em posse nessas bases que faz essa população velha ser apenas um bando de zumbi fantoches nas mãos dos anglos sionistas e de seus banqueios !!!!!!
    o que o povo europeu quer nunca sera atendido pelos estados unidos são um bando de conformados .

  4. Na minha opinião, o governo alemão vai continuar sem propor uma ação enérgica, muito menos a UE… A Ucrânia tá no famoso “mato sem cachorro”. O alemão médio vive bem na Alemanha do jeito que está, não vai querer cutucar o urso russo por conta de um Estado a beira da falência. A economia europeia ainda se recupera devagar, dependente da energia russa. Os americanos não vão bater de frente.
    Penso que Putin ganhou mais uma…

  5. A velha Europa afinou na Síria vai afinar mais uma vez.
    Tentaram invadir a Rússia. Com dois grandes exércitos enquanto eram poderosos e fracassaram duas vezes.Não são loucos de tentar uma terceira.
    Esses esquemas globais um tentando engolir o outro são uma desgraça agora é a vez da Ucrânia de ficar entre o martelo e a bigorna,eu aposto que o martwlo russo é mais pesado,pois o Putin já sacou que o Obama é de amarelar.

  6. Essas sanções vão dar em nada.Se atingissem os ‘amigos’ do sr.Putin ou o próprio, aí sim…e a Russia tem o gatilho do gás nesse período de inverno na europa,gás p mover às suas indústrias q mal estão saindo da recessão que se encontra a economia global….e ruim de atingirem Ivan nessa altura deste campeonato…Quem viver verá.Sds.

  7. “…real eficácia de sancionar a Rússia.”
    Na verdade essa frase poderia ser trocada por, “prejuízos que teremos ao sancionar a Rússia, e qual será o custo x benefício.”. A UE está em um momento delicado economicamente, e a Rússia é um grande parceiro comercial dos mesmos, diferente do que se pensa, a Rússia é um ótimo cliente europeu, como exemplo a compra que ocorre junto a França dos novos navios classe Mistral, um negócio de altíssimo retorno para a França, entre outras e outras parcerias que seriam afetadas, trazendo mais desolação ao sistema econômico europeu. Tenho certeza que o governo europeu já se posicionou, e com certeza darão sanções sem nenhum significado a Rússia, mas algo que possa prejudicar essa relação, duvido que ocorrerá.

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