Ocidente entra em alerta sobre Crimeia e pressiona Rússia a respeitar soberania da Ucrânia

PARIS, 1 Mar (Reuters) – O Ocidente expressou preocupação neste sábado com os rápidos acontecimentos na Crimeia, uma região da Ucrânia, pressionando todos os envolvidos a evitar um agravamento da crise e pedindo à Rússia que respeite a soberania ucraniana.

Uma semana depois que violentos protestos forçaram o presidente Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia, a abandonar o cargo, os novos líderesda Ucrânia dizem que a Rússia está tentando assumir o controle da Crimeia, uma península no sul que tem uma população de maioria étnica russa.

França, Grã Bretanha e Alemanha emitiram alertas pedindo um alívio das tensões na Crimeia, depois que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu na véspera que uma intervenção militar na região seria profundamente desestabilizadora e “teria custos”.

“A França está extremamente preocupada com as notícias sobre a Crimeia, que descrevem movimentação significativa de tropas”, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, em um comunicado. “Pedimos às partes que se abstenham de atos que possam aumentar a tensão e afetar a unidade territorial da Ucrânia.”

Não houve um derramamento de sangue após a queda de Yanukovich, mas a nova liderança da Ucrânia está enfrentando um desafio na Crimeia, que fazia parte da antiga União Soviética até 1954. O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, acusou a Rússia de enviar milhares de soldados à região neste sábado.

Homens armados, vestindo uniformes de combate sem identificação, tomaram o controle de dois aeroportos na região e ocuparam o Parlamento regional, no que Kiev descreve como uma ocupação pelas tropas de Moscou.

O primeiro-ministro pró-Rússia da Crimeia assumiu o comando das forças militares, da polícia e de outros serviços de segurança na região. Ele também pediu ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin, para “garantir a paz e a calma” na região.

Putin pediu à Câmara Alta do Parlamento para aprovar o envio de tropas russas à região da Crimeia, na Ucrânia, citando ameaças à vida de cidadãos russos.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, que viaja para a Ucrânia no domingo para se reunir com a nova liderança, pediu ao seu colega russo que aja para “aliviar” a tensão.

Em uma mensagem no Twitter, Hague acrescentou que conversou com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e que discutiram a necessidade de uma ação diplomática internacional para lidar com a crise.

Mais cedo, Steinmeier considerou os acontecimentos das últimas horas na Crimeia perigosos e apelou à Rússia que explique suas intenções.

“A situação na Crimeia se tornou consideravelmente mais séria. Quem colocar mais lenha na fogueira agora, com palavras ou ações, estará conscientemente buscando um novo agravamento da situação,” disse ele.

Steinmeier disse que os líderes europeus devem se reunir rapidamente a fim de acordar uma posição comum da União Europeia sobre a situação.

A Rússia alega que qualquer movimentação de seus militares na Crimeia está em conformidade com os acordos com a Ucrânia no contrato de arrendamento de uma base naval na cidade portuária de Sebastopol e Moscou acusou Kiev de tentar desestabilizar a península no Mar Negro.

(Reportagem de John Irish, em Paris; de Sarah Marsh, em Berlim; e de Belinda Goldsmith, em Londres)

Fonte: Reuters

20 Comentários

  1. O interessante é que os EUA, Europa, ONU não esperneiam desta forma quando é algum país que eles mesmos invadem ou financiam terroristas para tal… alegando a defesa da “liberdade” … (veja Iraque, Líbia, Vietnam, e agora Síria).. Agora os Russos vão alegar também a defesa da liberdade dos cidadãos Ucranianos pró-Russia.
    No fim das contas ninguém está preocupado com a população civil…o jogo mesmo é demonstrar poder e manter o domínio em regiões que lhes são de interesse.
    Abraço,

    • É verdade, oquê a Rússia esta fazendo não difere das ações dos EUA/Otan no Iraque, Líbia,,Afeganistão e etc, coitado do povo da Crimeia !

      • Acho que coitado serão os povos Russos que permanecerão na Ucrânia, César Pereira. A Crimeia é praticamente formado por população Russa. Quem não está gostando (conforme noticiado pela imprensa ocidental) são pessoas de origem Tártara (que representam 12% da população da Crimeia, segundo Globo News).

        O que me deixa curioso são as porções Sul e Leste da Ucrânia, que tem maioria Russa. O que será que irá acontecer?

      • É meus caros,quando digo coitado ,me refiro a todo o cidadão comum,que apenas quer viver a sua vida,ir ao trabalho,voltar para casa,ver a família enfim ter um pouco de dignidade e paz !
        Mas como vocês bem disseram ”Não existem santos na Geopolítica…” e muitas pessoas que eram amigas independente dos grupos étnicos dos quais eram oriundos,agora passam a se ver como inimigos !

  2. Ocidente?

    Que ocidente, cara pálida ?

    Essa mania eterna que os americanos tem de fazerem com os seus desejos sejam a vontade de todos….

    Palhaços…

    A russia tem mais é que tomar uma providência mesmo é acabar com essa algazarra……

  3. Que Ocidente é este que está preocupado com os possíveis desdobramentos na Criméia? Estas retóricas não se sustentam nem por 1 segundo dentro do quadro atual da Ucrânia.

    Talvez estejam falando da visita que alguns senadores norte-americanos fizeram a coisa de 5 meses atrás a Ucrânia, onde um dos digníssimos representantes dos EUA (John MaCain) chegou a discursar em praça pública em flagrante intromissão nos assuntos internos do país, apoiando e botando fogo no movimento através do velho discurso norte-americano de liberdade para todos (desde que não atrapalhe nossos interesses).

    Ou então estão falando da Alemanha, que recebeu em Dezembro um dos líderes do movimento (Vitali Klitschko, o boxeador), mesmo este sendo o principal representante de grupos radicais e xenófobos de direita na Ucrânia, e lhe prometeu apoio contra o governo que foi deposto nesta semana. Só não especificou o tipo de apoio, então a promessa vale qualquer coisa. Ou coisa nenhuma.

    Talvez seja a Inglaterra, que anda vendendo o almoço para comprar o jantar e só consegue fazer duas coisas atualmente: (1) bater no defunto das Malvinas que não possue possibilidade alguma de reagir; (2) fazer o que manda o Departamento de Estado dos EUA. Não estão conseguindo controlar nem o Snowden que está asilado a meses na embaixada do Equador em Londres, quanto mais dar suporte a uma ação na Ucrânia. E agora mandam o seu ministro dar uma volta por lá no domingo pra servir de escudo humano e não resolver nada porque os nacionalistas que estão no poder querem é dinheiro e perdão de dívida.

    Mas ainda há a França, aquela que disse “deixa comigo que eu resolvo no Mali” e depois passou o penico porque nem sistema adequado de transporte possue. E, pérola das pérolas, está baixando as calças aos sauditas por míseros 3 bi de doletas porque a grana tá curta em casa. E pensar que ali nasceram as repúblicas modernas.

    Uma boa amostra da falta coesão diplomática européia é o “tweet” do Sr. Hage sugerindo uma solução diplomática européia. Se a coisa fosse realmente séria ele falaria NA TV que esta reunião teria data e hora marcada. Mas como claramente não há unanimidade na Europa quanto ao que fazer na Ucrânia, usa-se o Tweeter pra fazer de conta que algo está acontecendo. Diplomacia não se faz pelo Tweeter.

    E o mister américa? O que fará? Tomou um baile diplomático na Síria com aquela conversa mole de linha vermelha; tem tomado dura até dos sauditas; o Japão já deu um milhão de sinais que só está esperando sua administração terminar para negociar mudanças internas com o próximo governo o que o Abe quiser, e se os EUA não quiserem o governo japones não está nem aí; tiveram de apelar para o princípio da reciprocidade (que é completamente inócuo) com a Venezuela pois falar grosso não surte mais efeito; agora ameaça a Rússia com “custos” sobre qualquer ação sobre a Criméia, como se Putin desse muita bola para o que o governo americano produz como ameaça.

    O que fará? Se não for apelar para o arsenal atômico, a saída são as cambalidas, ineficientes e retrógradas de sempre: empréstimos do FMI e Banco Mundial. Dinheiro. O problema é justificar para países como, por exemplo, Portugal e Grécia, que estão se arrebentando para seguir a cartilha destas instituições mas não conseguem mais um centavo de ajuda. Pra ajudar a Ucrânia, só nesse primeiro semestre, seriam necessários uns 20 bi de dólares. Por baixo. Isso se (1) a Rússia também participar de um socorro financeiro e (2) Putin concordar em que permaneçam os mesmos mandatários atuais (ou como classifica cinicamente a BBC “governo interino”), o que eu duvido.

    Mas vamos ver quem é o “cocorroxo” do momento.

    Sochi acabou.

    Ainda está bem frio no hemisfério norte.

    E o orçamento dos EUA ainda tem de ser aprovado. Sem “bailout”.

    • Sua colocação foi quase perfeita caro RobertoCR,
      Só acrescento que há um pessoal desinformado quanto a esta situação ” coitafo do povo da Crimeia”?! Para conscientizar essas pessoas da realidade dos fatos , a Crimeia pediu atraves de seu representante e quase a maioria da população, uma intervenção da Rússia para assegurar a paz no local ( e agências indicam que deu certo, a população aprovou) . Outra questão é achar que a UE que tem alianças comerciais com a Rússia, poria isso em risco por causa da Ucrânia, só irão blefar, até pq enfrentar a Rússia em suas divisas é suicídio…tenho por certo que a Rússia tem mesmo que se manter na Crimeia e manter a situação tranquila até o referendo, até porque a maioria dos habitantes dessa região são russos.

      • O ”coitado do povo da Crimeia ” é porque independente de quem tenha razão o povo sempre sofre,imagine como deve estar esse povo? a beira de uma guerra,imaginem a tensão que devem estar vivendo ?
        O cidadão que tem filhos,enfim coitado desse povo oque devem estar vivendo ninguém merece !

      • Caro ARC

        Sobre a Criméia

        Saiu a pouco no OperaMundi a notícia de que o referendo popular, que ocorreria em Maio para definir a situação da região frente a Ucrânia, foi antecipado para Março, no mesmo dia em que serão realizadas as novas eleições para o governo ucraniano.

        Se este referendo aprovar a separação da Criméia do resto do país (as chances são grandes), é clara vitória russa em manter sob seu domínio a região, independentemente do que ocorra na Ucrânia, pois a base do Mar Negro estará assegurada.

        Mesmo que a eleição presidencial escolha um governo pró-ocidente, ninguém será louco de destruir gasodutos ou de virar as costas da indústria pesada ucraniana para a Rússia. Então a influência russa ainda será grande na economia ucraniana e, de brinde, Moscou não necessitará mexer uma palha.

        Então acho que esse jogo já tem data para terminar: 30 de Março 2014. E com vitória russa novamente, as custas da desgraça de milhares de pessoas mortas nesses confrontos inúteis com a dupla EUA-UE.

    • Caro amigo RobertoCR

      Suas colocações foram perfeitas.
      Parabéns.

      Esse xorôrô da Europa e dos EUA não vai levar a nada.

  4. pois é senhor Henrique….parece que a guerra fria esta voltando com tudo e será bem pior e maior que antes…com mais players no jogo do que antes….parece estar começando uma corrida para se fincar influencia ,poder e controle mundo afora…o que estas movimentações, golpes de estados e sabotagens feitas ou financiadas mundo afora mostram é que parece estar começando uma corrida contra a China..contra os Brics…contra as adversidades futuras…contra as adversidades que virão no futuro próximo….o que a Rússia faz hoje é apenas resposta/reação as ameaças e ataques a seus interesses e lugares de influencia,poder e controle…resposta/reações as provocações, abusos e movimentações contra eles e seus interesses…como escudo anti misseis na europa contra eles….programa Ataque Global Instantâneo…e principalmente aos golpes de estado financiados, esquematizados, aparelhados e perpetrados nas surdinas por ai mundo afora….como os que ocorreram no Paraguai…Honduras…Síria e agora Ucrânia……”vai bombar”…rs…e este pais banana aqui sofrera mais um golpe brother sam…a que tudo indica…..mais um golpe a sua soberania perpetrada por “forças ocultas”….por forças estrangeiras e seus interesses aqui…

    http://www.youtube.com/watch?v=6sOpbRL8R4g

    • Nós já sofremos um golpe… um golpe PETRALHA, meu caro… suas ideias não correspondem aos fatos, meu caro… se houver um contra golpe, será do povo que não aguenta mais ser alijado por essa quadrilha de esquerdopatas bolivarianos incompetentes em cuidar do povo mas muito competentes em encher os bolsos…

  5. Olha… Vamos ser sinceros…

    A ucrania é um estado falido, lascado, depauperado que depende da russia até pra não morrer de frio…

    A economia da ucrania depende em tudo da Rússia

    A ucrania não significa nada pra UE… A intenção é tão somente cercar a russia e apenas isso….

    Só na cabeça do tiriricaless é que a ucrania é uma “economia em ascensão”…

  6. Vendo que temos acordos com a Ucrânia no setor espacial, e com os russos também, e ainda mais vendo que os americanos estão sempre sabotando nosso programa espacial, e são principalmente hostis com o Cyclone, não seria de se estranhar que o Brasil preferisse os Russos tendo maior domínio na Ucrânia do que os americanos que financiaram toda essa bagunça e instabilidade por lá.. certo??

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