Rebeldes sírios lutam entre si e desestabilizam fronteira com Turquia

James Reynolds

Da BBC News

Atualizado em  11 de janeiro, 2014 – 13:37 (Brasília) 15:37 GMT

Rebeldes caminham na cidade de Aleppo, no norte da Síria (foto: AFP)Grupos rebeldes como o Exército Livre e o EIIL se enfrentam pelo controle do norte da Síria

Hassan Sheikh Omar está em uma plantação de oliveiras no sul da Turquia, de onde se pode ver a Síria. Ele aperta os olhos por causa da intensidade da luz do sol enquanto começa a falar.

“Nós ficamos surpresos”, diz ele. “Há muitos dias o EIIL (Estado Islâmico no Iraque e no Levante) e os rebeldes começaram a lutar”.

Omar dirige um hospital no lado sírio da fronteira, na cidade de Darkush. Na segunda-feira, combatentes do EIIL, um grupo ligado à rede Al-Qaeda, detonaram um carro -bomba em um posto de controle de um grupo rebelde rival na mesma cidade.

“Nós tratamos cerca de 70 feridos após o carro-bomba”, diz Omar. “Nosso pessoal lutou para fazer o atendimento. Nós não temos suprimentos médicos suficientes”.

Agora os sírios na região da fronteira encaram duas guerras. A primeira é entre o governo e os rebeldes. A segunda é entre os próprios grupos insurgentes.

“Nós desejamos que todos os batalhões combatem o inimigo real, o regime de [do líder sírio Bashar] al-Assad”, disse Omar.

“É ele quem matou nosso povo e destruiu nosso país”.

Os combates entre os grupos rebeldes afetam a vida na Turquia. Por diversos dias, o governo fechou um grande posto de fronteira devido à luta no país vizinho.

Uma fila de caminhões turcos esperando para entregar produtos agora se estende por quilômetros. Rebeldes sírios usam a região para se recuperar e reagrupar após batalhas do outro lado da fronteira.

Rebeldes

“O EIIL tentou me matar”, diz Abu Azzam, uma comandante do Exército Livre da Síria. “Tentaram me matar com um carro-bomba”.

De um quarto de hotel na cidade fronteiriça de Hatay, Abu Azzam mostra um vídeo gravado na Síria. Nas imagens ele aparece fazendo um pronunciamento em frente a dúzias de colegas rebeldes.

Dois dos homens que aparecem em pé ao lado dele estão mortos agora. Por pelo menos três anos, os combatentes de Abu Assam tinham um inimigo principal: o governo sírio. Mas agora eles lutam contra o EIIL.

“O EIIL tem muitas pessoas boas”, ele afirma, “mas seus comandantes cometem erros”.

“É mais difícil lutar contra Assad ou contra o EIIL?”, pergunto a ele.

“Para nós: o EIIL”, ele responde imediatamente. “Não é uma questão militar. Quando combatemos o regime estamos preparados para morrer – e estamos felizes”.

“Mas quando lutamos com o EIIL estamos combatendo nossos colegas de ideologia. Mas temos que nos proteger”.

Em um comunicado divulgado em áudio nesta semana, o EIIL prometeu que não irá se render. O grupo ordenou que os outros grupos rebeldes desmontem seus postos de controle para não sofrer mais ataques.

As guerras na Síria estão se multiplicando.

Fonte: BBC Brasil

 

3 Comentários

  1. Como já havia comentado antes, estava óbvio desde o inicio que dentre os rebeldes sírios haviam grupos com agenda própria…

    O maior problema é que alguns desses grupos parecem ser dissidentes do Exército Livre da Síria, que é uma organização que representa os moderados… Por tanto, com o ELS se desintegrando, pode se esperar um verdadeiro caos, com unidades independentes agindo sem qualquer comando/coordenação…

    Isso aparentemente poderia facilitar as ações do exército sírio, mas acredito que no fundo poderá dificulta-las a longo prazo, pois a partir de agora não haverá uma liderança que possa representar a maior parte dos grupos rebeldes. Dessa forma, não haverá como assegurar que, em caso de vitória de Assad, todos os grupos irão depor as armas… Mesmo que a guerra termine em tempos próximos, o fato é que esses grupos dispersos continuarão a agir, causando pânico e destruição ainda por certo tempo…

    No final, temo que o auxilio do Ocidente terminou mesmo saindo pela culatra… Nem tanto por qualquer item que possa ter sido enviado ser desperdiçado, mas simplesmente por não ter agido quando poderiam ter feito a diferença… Fizessem uma intervenção a dois anos atrás, no começo da revolta, tal como fizeram na Líbia, poderiam ter deposto Assad.

    O fato é que a situação chegou em um tal estágio em que se está ruim com Assad, pior será sem ele… Creio que o mais lógico agora é permitir que os russos armem os sírios até os dentes para que eles acabem de uma vez por todas com essa loucura, além de pressionar por uma negociação com o que resta de opositores moderados na Síria…

  2. O ocidente já começo a perceber a besteira que fizeram. Apoiar grupos terroristas e colocar armas na mão deles foi um perigo não calculado. Muitos países já pularam fora, só os Sauditas que continuam fornecendo armas para esses delinquentes…

  3. Nós ficamos surpresos”, diz ele. “Há muitos dias o EIIL (Estado Islâmico no Iraque e no Levante) e os rebeldes começaram a lutar”. === E besteira apoiar esses rebeldes, conclusão acertada.Estão desestabilizando a Síria, agr o Irak..o fruto dessa árvore é mau,tem de ser destruída.Sds.

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