Resquícios de testes nucleares resistem décadas na atmosfera

Rebecca Morelle

Repórter de Ciência da BBC News

 

Míssil capaz de carregar ogiva nuclear, em foto de arquivo (AFP)

Até então, cientistas acreditavam que resíduos nucleares ficariam imperceptíveis

Partículas radioativas de testes nuclearesrealizados décadas atrás persistem na atmosfera, indica um estudo, que encontrou isótopos de plutônio e césio em concentrações surpreendentemente altas.

Até então, cientistas acreditavam que resíduos nucleares seriam imperceptíveis na Terra.

“A maioria das partículas radioativas são removidas nos primeiros anos após a explosão, mas uma fração permanece na estratosfera por algumas décadas, ou mesmo centenas e milhares de anos”, diz José Corcho Alvarado, autor do estudo (publicado no periódico Nature Communications) e pesquisador do Instituto de Física Radioativa do Hospital Universitário de Lausanne (Suíça).

Mas ele ressalta que esses níveis não são altos o suficiente para provocar riscos à saúde humana.

Corrida armamentista

No auge da Guerra Fria, quando a corrida armamentista nuclear estava a todo vapor, armas eram desenvolvidas e testadas em diversos lugares do mundo.

Passados mais de 50 anos, o legado radioativo permanece.

Ainda que explosões nucleares inicialmente atirem material ao ar, cientistas acreditavam que as partículas resultantes permaneciam perceptíveis por um curto período de tempo.

Na troposfera (camada inferior da atmosfera, imediatamente acima da Terra), os isótopos são removidos relativamente rápido, “lavados” por chuva ou neve ou puxados pela gravidade.

Mas algumas partículas ficam retidas na estratosfera (camada 10 km a 50 km acima da Terra), acreditam os pesquisadores suíços.

“As concentrações que medimos eram de nível cerca de mil a 1,5 mil superior na estratosfera do que na troposfera”, diz Alvarado,

As pesquisas foram realizadas na Suíça, mas os cientistas dizem acreditar que níveis semelhantes devem ser encontrados na mesma latitude em outros pontos da Terra.

Os pesquisadores também descobriram que o material se move pela atmosfera durante eventos naturais, como erupções vulcânicas.

Durante a erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull, em 2010, por exemplo, aumentaram os níveis de plutônio na atmosfera inferior.

Os efeitos de longo prazo disso não estão claros, mas, para Alvarado, “é importante ressaltar que não há perigo para a população”.

Ele acrescenta que resíduos nucleares podem ser rastreados para que possamos descobrir mais a respeito de como partículas se movem na atmosfera.

Fonte: BBC Brasil

4 Comentários

  1. Gostaria de saber como provar a origem dessas partículas?
    Afirmar como ela foram criadas é forçar a barra. Interessante é então a relação do aumento de sua ocorrência com as atividades vulcânicas.
    Seriam elas produzidas no interior da terra?
    Seriam produto de partículas suspensas na alta atmosfera com raios cósmicos?
    A própria estratosfera não está sujeita as radiações espaciais?

    Dai que levanto grandes dúvidas sobre as informações dessa pesquisa relacionada a testes de armas atômicas na atmosfera.

    • Essas partículas bem provavelmente tem origem do núcleo mesmo. mas elas não foram produzidas lá e sim sempre estiveram lá, desde a formação do planeta. Fusão só ocorre em estrelas e supernovas, e apenas uma supernova tem energia suficiente para formar átomos maiores do que ferro. Mas por serem ultra densos foram a gigantesca maioria parar nas camadas interiores do planeta. Dai o fato de vulcões expelirem algumas dessas partículas quando entram em erupção. Mas realmente não existe forma de se afirmar com total certeza a origem dessas partículas. Aliás, eu não ficaria surpreso se o paper em momento algum tiver afirmado o que afirma a jornalista, aprendi com o tempo que jornais não especializados quando escrevem sobre ciência só falam asneiras.

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