Monarquias do Golfo Pérsico preparam-se para “Grande Guerra”

Serguei Duz

Monarquias do Golfo Pérsico estão formando forças coletivas de defesa que integram 100 mil pessoas. Pergunta-se em que grau esta decisão depende da crescente ameaça do lado do Irã.

Em meados de dezembro, o Conselho de Cooperação de Estados Árabes, em que entram seis monarquias árabes – Bahrein, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Omã e Arábia Saudita, anunciou a formação de um comando militar único com a sede em Riad. Como se espera, este agrupamento será encabeçado por um militar saudita. Contudo, a rigor, as forças unidas de intervenção rápida deste grupo de países já existiam antes. Mas agora trata-se de um novo nível de cooperação militar-política, considera Elena Melkumyan, professora da cátedra do Oriente Contemporâneo da Universidade Humanitária de Estado da Rússia:

“Hoje, assiste-se a um alagamento, ao aumento do número de efetivos dessas forças. Em termos gerais, as monarquias do Golfo Pérsico dispensam hoje mais atenção à cooperação militar. Por um lado, estão continuando aquilo que foi feito antes. Por outro, novas circunstâncias obriga as monarquias a acentuar a temática defensiva. Veem a maior ameaça no Irã. Hoje, este país começou a negociar com os Estados Unidos, concluindo um acordo preliminar em Genebra sobre seu programa nuclear. E os Estados do Golfo Pérsico dão-se conta de que a situação está mudando. Enquanto antes eles confiavam no papel de contenção dos Estados Unidos na confrontação com o Irã, hoje têm que contar mais com suas próprias forças.”

Não se deve pensar que as monarquias do Golfo Pérsico representam um monólito militar-político. São unidas em certo grau pela forma de governo, o Islã de orientação sunita e a existência à conta de venda de hidrocarbonetos. Contudo, as contradições entre os participantes do bloco são bastante grandes e, numa outra situação, poderiam, possivelmente, impedir a futura integração. Mas, face ao Irã, que está ganhando força, as monarquias estão dispostas a esquecer muitas coisas, considera Vasili Kuznetsov, colaborador científico do Instituto de Orientalística da Academia de Ciências da Rússia:

“É evidente que a situação na região do Golfo Pérsico agrava-se cada vez mais. Há duas potências concorrentes parecidas – a Arábia Saudita e o Irã. O Conselho de Cooperação sempre foi uma organização que deveria unir as monarquias do Golfo contra o Irã. A ameaça é real e a luta é séria. Por outro lado, desde o ponto de vista da capacidade combativa, nenhum exército do Golfo pode ser equiparado ao iraniano. Qualquer que seja o abastecimento técnico, os iranianos combatem melhor. Ao mesmo tempo, a probabilidade de ações militares entre estes países é muito pequena por diferentes causas, em primeiro lugar graças a um alto grau de pragmatismo dos regimes iraniano e saudita. A meu ver, a formação das forças conjuntas de defesa é um passo político positivo para as próprias monarquias árabes, que prova sua capacidade de chegar a um consenso, e não é uma resposta a mudanças reais na esfera da segurança.”

Possivelmente, a formação das forças unidas de defesa das monarquias do Golfo Pérsico é um sinal dados aos americanos, que, na opinião de Riad, sejam envolvidos profundamente na regularização das relações com o Irã. Sabe-se que a política externa independente dos sauditas depende estreitamente da parceria estratégica com Washington. Os Estados Unidos são o único garante da segurança da Arabia Saudita na região.

Seja como for, mas a aliança militar das monarquias do Golfo Pérsico, cujos contornos se tornam cada vez mais evidentes, é capaz potencialmente de influir negativamente na região, contribuindo para o crescimento da tensão entre Riad e Teerã.

 

 

Fonte: Voz da Rússia

10 Comentários

    • Vai ser tão feio quanto àqueles momentos em que Israel ‘estava pronto para invadir e destruir o Irã’….. lembra?

      Só acredito VENDO, meu caro.

      🙂

  1. É fato sabido por todos queo Irã,Teocracia fascista, possui um projeto geopolítico de ser a nação hegemônica no Oriente Médio. E com esse objetivo enxergou dois inimigos: Israel e Arábia Saudita. O Primeiro representa uma ameaça posto que além de ser uma potência nuclear é um democracia ao estilo ocidental, cujos princípios e valores vão de encontro ao obscurantismo que caracteriza o clero xiita. Aqui, o criminoso regime iraniano trava uma guerra assimétrica e de desgaste com Israel através de seus acólitos do Hamas e do Hezbollah, grupos que a nossa acéfala esquerda nomina como “grupos de resistência”, embora sejam grupos terroristas.

    Por seu turno, o poderio econômico e militar Saudita é outro empecilho aos planos de dominação e hegemonia iranianos, especialmente quando sabemos que a Casa de Saud exerce inegável liderança na região através do conselho de cooperação do Golfo. Aqui o abjeto regime de Teerã age insuflando e financiando insurreições xiitas nestas monarquias.

    Diante desse quadro de crescente agressividade e expansionismo iranianos, nada mais natural que esses países aprofundem a cooperação. Mas discordo do analistaque aposta em sucesso iraniano. Não se faz guerra sem armas. Os países do conselho de cooperação do Golfo não apenas não teriam dificuldades como lhe seria muito facilitada a compra de armas nos EUA e Europa, especialmente na França, GB e Itália. Por outro lado, Rússia e China não iriam apoiar os iranianos com tanto entusiasmo.

  2. Essas Monarquias morrem de medo do Irã. O engraçado é que o Irã nunca ameaçou nenhum desses países, mesmo assim ,a paranóia dessas monarquias continuam. Devem ter bastante rabos presos para temer o Irã assim.

    Essas monarquias são os maiores patrocinadores de terroristas do mundo, principalmente na Síria.

  3. Bom se alguma pessoa ainda acreditsque os EUA tem alguma intencao de cumprir o tratado assinado com o Irao, se este suspender o desenvolvimento de sua industria nuclear essa mobilizacao militar por parte dos regimes democratas do golfo deveria ser algo que deveria leva-los a reconsiderar suas posicoes. Se os os teocratas que governam o Irao abandonar suas pesquisas nucleares vao terminar como terminou Quadafi, com uma faca no anus. Destruir o regime teocrata iraniano e parte do programa de Remapeamento do Oriente Medio. Nova Ordem. Repito, Norte da Africa, Oriente Medio, incluindo Libano, Siria, Iraque, Arabia Saudistas, Irao, Turquia, estao no programa de remapeamento. Sao paises que os neo-conservadores que tem ocupados o poder em Washington com Bush e Obama, planejam em destruir como estao no momento constituidoa. Vao ser redivididos em pequenos cantoes. Washington e Jerusalem nao querem paises grandes na area. Cantoes sao mais faceis de serem controlados, como sao os paises do golfo controlados.

  4. Eu quero é ver quem vai ser o coco roxo (desculpe o palavrão, mas foi inevitável) que vai estragar as negociações do melhor amigo da Rússia na região, o Irã, com EUA.

    Esses governantes sauditas, junto com aquele poço de democracia que é o CCG, estão conseguindo colocar EUA e Rússia do mesmo lado.

    O Obama foi educado e fez de conta que não é com ele todo o protesto (e sabotagens) dos sauditas, continuando a negociar com o Irã.
    O Putin foi… Putin. Se bater, levou. E esse tem mão pesada. Alguém duvida?

    Fora estes dois, ainda temos a fraquinha indústria petrolífera, que todos sabem que manda pouco no mundo. E junto com esses, todo o pessoal que controla o transporte marítimo no mundo. Coisa pouca.

    Mas alguém pode sugerir que os EUA não serão tão duros por conta dos mais de 800 bilhões de US$Dólar em ativos que estão nas mãos dos sauditas. Bom, sanções servem pra que? Congela. A poucos dias o Congresso norte-americano quis ser ONU, tentando dinamitar as iniciativas do governo Obama de negociar com o Irã, com sanções locais. Duvido que, se o preço do petróleo subir (e junto vai a gasolina dos eleitores) por conta de qualquer ação tresloucada no Golfo Pérsico, os Republicanos não considerariam a posibilidade de congelamento. Não irão repetir o que fizeram com a família Bin Laden em 11/09/2001.

    Mas a pergunta mais interessante me parece esta: pra que lado iria o governo de Israel, já que está cheio de amores pela Arábia Saudita neste momento?

    Abs

    P.S. – Pra mim, a declaração do governo egípcio de que a Irmandade Muçulmana é grupo terrorista, é possível primeiro passo para manter os muçulmanos egípcios encurraladas dentro de uma violente ditadura militar de forma que não atrapalhem as ações sauditas. Criaram um curralzinho por ali.

  5. Sao um bando de idiotas ,entre outras bestialidades querem manter a exclusivade sobre ALAH , que isto sirva pra abrir o olho deste ocidente covarde que se recusa a aceitar os fatos, se compararmos os Persas xiitas com os beduinos veremos um abismo cultural enter as duas linhagens ,por isto espero que o Irao se prepare secretamente para este conflito, UMA COISA E CERTA, as declaraçoes do almadinejad sobre israel visava criar uma cortina de fumaça sobre os reais temores do povo culto persa, SEREM AGREDIDOS POR SUNITAS !

    • Amigo, naquela região é difícil escolher quem é menos pior… é como escolher entre satanás e belzebu… no final todos são islamitas e querem que os cristãos ocidentais MORRAM… mas antes eles do que nós…

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