Recep Tayyip Erdogan: Partes da Macedônia, Bulgária, Bósnia e Herzegovina e a Trácia Ocidental, “são na verdade territórios turcos”

Stanislav Tarasov

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan voltou a surpreender todos. Ele disse que partes da Macedônia, Bulgária, Bósnia e Herzegovina, bem como a Trácia Ocidental “são na verdade territórios turcos”.

Esta declaração causou nos círculos diplomáticos da Europa um grande clamor e muitas perguntas. Uma delas é: porquê a Turquia, que aspira à adesão à União Europeia, para entrar na qual precisa do apoio de todos os Estados membros, incluindo a Grécia e a Bulgária, decidiu fazer um gesto que pode ser interpretado como reivindicações territoriais?

Segundo relata o jornal Aksam, a irritação de Ankara foi causada pelos resultados da última reunião dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia, cuja agenda incluía questões da adesão à UE da Turquia, Croácia, Sérvia e Islândia. Acabaram por decidir que o início das negociações com a Sérvia sobre a adesão à UE terá lugar em janeiro de 2014. No mesmo ano, Bruxelas irá aceitar a aplicação da Bósnia e Herzegovina para receber o estatuto oficial de candidato à adesão à Comunidade Europeia. Além disso, Ancara também vê a batalha que Bruxelas agora desencadeou pela Ucrânia.

Quanto à Turquia, na cúpula de ministros das Relações Exteriores na sede da UE houve muitas declarações duras sobre o seu futuro na União Europeia. Agenda da Turquia no diálogo com a UE é composta por 35 capítulos temáticos que abrangem várias esferas. Em 5 de novembro começou a discussão apenas do 22o capítulo temático, dedicado à política regional da Turquia. O diálogo está sendo difícil.

No final, torna-se evidente que Bruxelas está cortando Ankara dos Bálcãs, onde ela tem estado presente tradicionalmente. Depois da chegada ao poder na Turquia do partido de “Justiça e Desenvolvimento”, os Balcãs eram considerados por ele como uma das áreas prioritárias que permite se estabelecer fisicamente na Europa. Após o colapso da Iugoslávia, o Ocidente apoiou o fortalecimento das posições de Ancara na região, dando-lhe certos bônus geopolíticos. Agora, ele próprio está impedindo a Turquia de formar sob a sua política nos Balcãs uma resistente base histórica e ideológica, e eventualmente também econômica.

Sabe-se que nos últimos anos a Turquia tem investido fortemente no desenvolvimento do corredor europeu de comunicação muçulmana, passando por áreas da região búlgara de Ródope, pelo sul da Sérvia, pelo Sanjak de Novi Pazar, pelo Kosovo, Macedónia, Bósnia e Herzegovina, Albânia. Em grande parte isto contribuiu para a implementação lá de uma política de euro-modernização. Agora, a União Europeia está abrindo suas portas ante esses países e pedindo à Turquia que espere indefinidamente. Além disso, no futuro, não se pode excluir que no formato da UE nos Bálcãs irá fortalecer a posição da Grécia, que pretende preencher lá o “vácuo turco”.

É justamente neste contexto, como acreditam muitos observadores, que encaixa a declaração de Erdogan sobre as antigas possessões do Império Otomano nos Balcãs. Ela pode ser vista como uma nostalgia pelo passado, mas também, o que é muito mais grave, como um receio de que a Turquia pode ser privada do “europeísmo” de todo.

 

 

Fonte: Voz da Rússia

8 Comentários

  1. por LUCENA
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    O quê esperar de um conservador da direita como é Recep Tayyip Erdogan,que de vez em quando, abaixa-lhe um espirito de porco napoleônico;com aspirações de uma Turqui aos molde do império otomando do passado …rsrssr

  2. Esqueceu de mencionar, Síria, Libano, Armenia, Georgia, Austria, Hungria, etc
    e a reencarnação do Sulleiman, rsrsarsrsrsrsrs

  3. Eu acho que a posição de Erdogan é uma das mais difíceis do mundo, como o seria de qualquer outro dirigente turco.

    Após a II Guerra mundial aliou-se a OTAN. O objetivo claro da organização não era prestigiar um país, mas tão somente interditar o Mar de Mármara e o Estreito de Bósforo para a esquadra soviética do Mar Negro. E por isso a Grécia também é OTAN. Ninguém quis saber se os dois países vizinhos iriam interromper seu conflito armado ou não, desde que cumprissem sua parte “protegendo” o Mediterrâneo e, de quebra, servindo de alvo para um ou outro míssil nuclear.

    E ainda havia a promessa de reconhecimento futuro do estatus de “país europeu” pois, na mesma época, montavam-se os alicerces do que seria a futura União Européia. Daí o esforço dos secularistas locais em controlar o poder, mesmo que fosse debaixo de um golpe militar.

    Foram todos enganados.

    E a Turquia sabe disso.

    Atualmente existe esse namoro perigoso com alguns grupos religiosos muçulmanos, mais a ajuda descarada aos rebeldes na Síria (junto com meio mundo ocidental). Mas ele não tem bala na agulha para sustentar isso sozinho. De fato, creio ser esta uma estratégia de política interna com o objetivo de desviar o foco dos problemas econômicos, que não são poucos e estavam mobilizando a população através de protestos contra o governo. Se vai funcionar é outra história.

    E tem também aquele outro evento de pouca importância que foi a iniciativa diplomática entre Brasil e Turquia para controle dos estoques de urânio do Irã. Coisa escrita em carta mas desautorizada nas palavras.

    Enfim, a Turquia é o perfeito bobo da corte. Mas sem direito a sátira e a ironia.

    Quer parecer ocidental, mas nem os países ocidentais e nem os orientais, querem ou vão permitir isso. E não dá pra ser secular estando rodeado de países que são, de fato, teocracias (incluo Israel nessa turma).

    Talvez a saída seria se transformar em um Líbano da década de 1950 a 1970. Mas então seria jogar a própria história no lixo se transformando em um balneário de aristocratas europeus. A Turquia tem muita história para não se humilhar a esse ponto.

    Erdogam pode realmente estar fazendo o jogo político errado. Mas qualquer um no seu lugar, sob meu ponto de vista, estaria encurralado do mesmo jeito. Talvez falte a ele alguma sutileza. ou um amigo de verdade com um bom porrete.

    Ali é a encruzilhada do mundo, onde cruzavam as caravanas do Mercantilismo.

    Hoje é o cruzamento dos gasodutos e oleodutos.

    Não é pouca coisa.

  4. Rapaz, esse camarada é tipo um Chaves do oriente médio. Ou como diz um colega meu: “Tudo certo para dar errado..”

  5. Apesar de apoiar a queda de Assad na Síria e se mostrar aliada ao Ocidente ao buscar isentar sistematicamente a produção de urânio no Irã, medidas avessas à desejada união muçulmana, agora se vê o interesse na aliança com os Balcãs determinadas por tradicionalismo e religião. Está claro que a optação pela participação numa associação econômica regional pela Turquia se encontra em sobressalência (quase que a qualquer custo). Na verdade, esse discurso de união com os Balcãs não deveria nem existir se a Turquia não houvesse sido rejeitada em 2007 pela UE devido a divergências religiosas.

  6. Eu ja escrevi sobre os sonhos Turquia Grande de Endorgan. Todo mundo esta ciente dessas aspiracoes turca de restabelecer territorialmente o Imperio Otomano.Por estas razoes, Turquia, ainda que membro da OTAN, foi incluida na lista de paises que devem ser redivididos, cindidos, ramapeados, que os neoconservadores planejaram nas decadas de 1990 e 2000. Endorgan, tal qual a Irmandade, e os Saudistas sao limoes a serem sugados, usados e depois atirados no lixo.

  7. E Alexandre o Grande se re-vira em seu tumulo. HUahuahuahuahuahuahu.
    Bando de Nômades sem terra, nem deveriam estar onde estão.

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