Líder ucraniano diz que pode retomar negociação com UE

Na madrugada, polícia inicia a desocupação da praça da Independência, no centro de Kiev, e desmonta barricadas

Chefe da diplomacia europeia ouve promessa de que detidos durante manifestações nas ruas poderão ser libertados

LEANDRO COLON DE LONDRES

Após acenar com possível diálogo, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, deixou claro ontem que não pretende romper com os russos e disse que negocia com a UE (União Europeia) apenas sob novas condições financeiras.

“Nós não podemos conversar sobre o futuro sem falar em restaurar as relações comerciais com a Rússia”, afirmou. A declaração foi dada durante transmissão do encontro dele com os três ex-presidentes ucranianos, Leonid Kravchuk, Leonid Kuchma e Viktor Yushchenko, que haviam criticado o uso da força do governo contra os manifestantes que tomaram as ruas de Kiev nos últimos dias.

O discurso pró-Rússia do presidente, numa reunião que era para ser demonstração de diálogo, acabou servindo para aumentar ainda mais a tensão com os manifestantes das ruas.

Na madrugada de hoje, a polícia começou a expulsar os manifestantes que ocupavam a praça da Independência, no centro da capital. Na sexta, o governo havia dado prazo de cinco dias para que as pessoas deixassem voluntariamente prédios públicos invadidos.

RECUSA

Os protestos cobram a renúncia de Yanukovich por ter se recusado a celebrar um acordo comercial com a UE que colocaria a Ucrânia mais próxima do bloco, distanciando-se da Rússia. Na noite de domingo, 500 mil pessoas foram às ruas de Kiev contra o presidente.

Ele tem sofrido pressão do presidente russo, Vladimir Putin, para não assinar a negociação com o bloco europeu. E não à toa. A Ucrânia depende economicamente dos russos, principalmente em relação aos contratos de fornecimento de gás.

Ontem, para amenizar o discurso pró-Rússia, Yanukovich disse que vai enviar representantes nesta semana a Bruxelas para dialogar com a UE sobre o tema. Ele disse, entretanto, que a celebração de um acordo comercial depende também dos países do bloco, que, por sua vez, não estão dispostos a ceder ao jogo do presidente ucraniano.

Yanukovich exige protecionismo ao setor agrícola e compensações para a abertura do mercado.

Ontem, a chefe da diplomacia do bloco europeu, Catherine Ashton, esteve em Kiev, onde se encontrou com o presidente e os líderes dos manifestantes. Ela conseguiu a promessa de que opositores presos nos protestos seriam libertados e criticou a reação das forças do governo: “Apelo às autoridades ucranianas para exercer a máxima moderação e se abster de qualquer uso da força.”

Fonte: FSP via CCOMSEX

13 Comentários

  1. ” E não à toa. A Ucrânia depende economicamente dos russos, principalmente em relação aos contratos de fornecimento de gás.”

    Isso que não fica claro. PQ a Rússia não pode continuar negociando o fornecimento de gás de uma forma pacífica se a Ucrânia aproximar-se da EU?

    Em que o acordo com a Europa prejudica os russos?
    Pq não podem fornecer energia pacificamente como fazem com a Alemanha?

      • Disse o que eu estava pensando.

        “Em que o acordo com a Europa prejudica os russos?”

        Simples:

        por JOJO
        .
        .
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        A situação da Grécia, após o regime de austeridade imposto pela UE e FMI, e tão grave, que muitas pessoas gregas estão se injetando com SIDA-Hiv, para poder receber 700 euros por mês de beneficio para pessoas infetadas com SIDA.

        “Os EUA quer a adesão da Ucrânia a UE para poder transforma-la, mas num local onde ele possa estabelecer bases de mísseis mirando a Rússia. Por que quer os ucranianos ser pilhados, roubados de suas riquezas? Desejariam os ucranianos se tornarem em alvos para os mísseis Iskander da Rússia, que ela vai se tornar uma vez que ela aceita ser parte da agressão de Washington contra Rússia? Porque uma vez conseguido sua independência do Império Soviético vão querer os ucranianos perder sua soberania para a União Europeia? Obviamente, uma população educada, consciente, da Ucrânia, não aceitaria pagar esse preço para juntar a UE. Então porque as manifestações? Parte da resposta e o ódio aos russos sentidos por uma camada nacionalista da população ucraniana.”

        “Com o colapso Soviético, a Ucrânia se tornou um país independente da Rússia. Quando um império se destrói, outros interesseiros podem tomar o poder. Varias secessões ocorreram que resultaram no surgimento de um grupo de países pequenos, fracos, impotentes, como Geórgia, Azerbaidjão, Ucrânia, os países Bálticos etc. Os governos desses países impotentes são fáceis de serem comprados pelo governo de Washington. Esses governos vendidos não respondem aos interesses de seus próprios povos, mas sim os interesses de Washington. Esses países que antes faziam partes do Império Soviético/Russo, hoje estão sendo incorporado ao império norte americano. Esses nacionalistas ingênuos, na verdade estúpidos, nessas colônias norte americanas, podem ate pensar que agora são livres, mas na verdade apenas trocaram um Senhor, por Outro.”

      • É, mas o antigo senhor gostava de tirar bifes e o novo no máximo vai querer tirar o leite… eis a diferença ente russos e americanos… e essa de dizerem que os povos desses “países pequeno” preferem os russos aos ocidentais é pura balela do JOJO… tá puxando brasa pra sua sardinha… povo que foi massacrado por décadas de comunismo russo não vai querer voltar a ficar sob a taca de Moscou… só partidários russófilos pensam diferente…

      • Com certeza esses países prefeririam estar sob o tacão russo que sob o europeu… rsrsrsrsrsrsrsrs… só vindo de vc mesmo… quem vc acha que convence ???…

      • Problemas econômicos vc pode resolver com políticas fiscais ou monetárias, mas invasão de soberania não dá pra resolver com uma canetada e alguns sacrifícios, senão de vidas… entendeu a diferença agora ???… os ucranianos sabem com que estão lidando… pagaram essa experiência com a vida de MILHÕES… achas pouco ???…

  2. Ajudando o Ilya Ehrenburg

    Geralmente não são citados Irlanda e Islândia nessa lista.
    O caso da Islândia é particularmente interessante pois, antes da crise de 2008, o país era apresentado como o modelo a ser seguido dentro deste sistema econômico. Tornou-se o melhor país do mundo para se viver.

    E então tudo começou a ruir em fins de 2007. E em 2008 Os três bancos nacionais ruiram; a pacífica população foi para a rua em grandes protestos e depôs os governantes; a Inglaterra ameaçou congelar os recursos depositados em bancos do Reino Unido temendo calote e, sutilmente, chegou a ameaçar com uma possível intervenção militar na Islândia.

    E o paraíso na terra foi retirado dos holofotes. Bom para os islandeses pois, depois de tudo isso, criaram um sistema político vigiado muito de perto pela população.

    E a cerca de duas semanas o governo local diminui em 24 mil euros o valor da dívida dos maiores credores individuais (pessoa física) do país, justificando que elas seriam impagáveis nos níveis atuais. Detalhe: o governo não irá pagar/cobrir a parte perdoada.

    Pra quem quiser conferir os fatos de 2007 e 2008, há uma descrição muito boa realizada por um brasileiro que mora e trabalha lá a muitos anos e acompanhou de perto os eventos. É só conferir no link abaixo os arquivos dos anos 2007 e 2008. Abs

    http://www.vidanaislandia.com/

    • Os eslavos também não aceitariam que o Tesouro público fosse utilizado para o pagamento de dívidas de bancos. Quem confia seu dinheiro a um banco ou faz investimentos em seus títulos é totalmente responsável pelo prejuízo que possa vir a ter. Tirando depósitos decorrentes da venda de único imóvel, todos os demais créditos podem ser superados em eventual quebra de um banco. Nada justifica que dinheiro público seja carreado para salvar banqueiros. Falar nisso, nas quebras que já aconteceram tomaram todos os bens dos banqueiros e diretores antes de correr para o caixa do Tesouro?

      • Concordo plenamente… por isso a livre concorrência é o sistema econômico mais saudável para uma nação… qndo o estado se mete só faz merda e injustiças… veja o caso dos bancos resgatados pelo estado brasileiro nos governos FHC/lula… qnto não custou isso para os contribuintes brasileiros ???… BILHÕES… essa mania dos governos lulo/petista de querer que o estado se intrometa em tudo na vida civil do país vai nos levar devagarinho para o buraco… e quem ganha com isso ???… somente a burocracia estatal que fica cada vez mais forte e mafiosa… veja o caso das agencias reguladoras nacionais… uma caixa de Pandora… se fossem investigar a fundo, derrubariam a república…

  3. “Os homens bons europeus munidos de toda a boa vontade e desprovidos de quaisquer intere$$es escusos foram até o atrasado leste europeu oferecer ajuda humanitária e assessoramento empresarial aos povos oprimidos pelos russos. Ofereceram inclusive uma espécie de acordo Caracu em que os europeus entravam com a cara e as nações do leste com o resto.”

    Abaixo…”Pró associação com união européia, ex-1ª ministra ucraniana “Yulia Tymoshenko” explica sobre a parte do acordo reservada para a Ucrânia caso algum dia entre para a união europeia”:

    https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/52/Yulia_Tymoshenko_November_2009-3cropped.jpg/220px-Yulia_Tymoshenko_November_2009-3cropped.jpg

  4. “Os bárbaros ucrânianos disseram não aos representantes dos bons. Em linguagem chula, poderia se dizer que a Ucrânia deu um “pé na b#nda” da zeurópia. Recusaram até a ajuda humanitária do FMI e suas já consagradas medidas para sanar a economia das nações amigas”

    No passado, a Letônia foi mais “esperta” que a Ucrânia e aceitou toda a ajuda do FMI e como resultado está “ótima”:
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    Letônia: aqui o Fundo Monetário expõe seu projeto

    Por
    Andy Robinson
    –13/07/2012

    (trechos)

    “Depois de seguir o programa de austeridade prescrito pelo FMI,1/3 dos jovens emigrou, PIB caiu 23%, serviços públicos estão destruídos. E a Diretora-gerente do FMI elogia: “vocês ensinaram caminho”…

    “Depois do estouro de sua própria bolha imobiliária e uma crise financeira da dívida, a Letônia firmou, em dezembro de 2008, um acordo de resgate com a União Europeia e o FMI.

    Em troca de receber créditos de 7,5 bilhões de euros, o governo lançou o maior de todos os ajustes orçamentários, equivalente a 17% do valor de sua economia em apenas dois anos. A Letônia submeteu-se à pior recessão econômica registrada na Europa, igualando-se à Grande Depressão estadunidense.

    O PIB caiu 23% em dois anos. Os salários despencaram entre 25 e 30%. Enquanto o desemprego aumentava de 5% para 20%, o salário-desemprego foi reduzido a 40 latis (57 euros) por mês.

    A pobreza alcançou quatro em cada dez famílias, mas a alíquota única do imposto sobre a renda foi eleva (para 25%), passando a incidir até sobre os rendimentos mensais de 60 euros.

    Nem mesmo a Grécia aniquilou um quarto de sua economia, como fizeram os letões.”

    “A uns doze quilômetros do centro de Riga, Diana Vasilane entende o que sente alguém ao ser podado, “minha filha mudou-se para Roma há três meses, quando sua empresa, Statoil (da Noruega), cortou seu salário de 600 para 400 lats por mês; meu filho foi para a Suécia; o filho do vizinho para a Austrália; estamos aqui rezando para não vivermos muito porque ninguém irá cuidar de nós”, disse.

    A revoada de jovens para outros países já havia começado depois da queda do comunismo. Mas desde o início do chamado “resgate” de 2009, este movimento tornou-se uma hemorragia. 10% da população (230 mil, de um total de 2.2 milhões de habitantes) saíram do país.

    Um em cada três letões com menos de 30 anos se foi, a maioria para nunca voltar.”

    “Até as cidades britânicas mais pobres são destino para letões em busca de trabalho. O voo da Ryanair de Liverpool para Riga ia cheio de jovens leetões que visitavam suas famílias, e todos os voos de volta estavam cheios, na semana passada. Isso soma-se aos graves problemas demográficos na Letôna, devido a uma taxa de fecundidade baixa e uma expectativa de vida reduzida (um problema agravado por um sistema de saúde em crise orçamentária).

    “A população envelhece rapidamente”, disse o demógrafo Mihail Hazans. Isso “já ameaça o desenvolvimento econômico e a segurança social”.”

    “Os filhos não foram a única parte da vida de Vasilane que foi podada. Há um ano e meio, ela era diretora da ONG Risk Berni (Risckchild.org), que prestava apoio a crianças de famílias marginalizadas (quase todas) do bairro Moscow Worstadt, de etnia russa e em ruínas, no centro de Riga. Moscow Worstadt era antes um distrito industrial da economia soviética. Agora é um foco de prostituição, drogas e atividades ilícitas.”

    “No centro infantil Riska Berni, davam comida a 20 ou 30 crianças por dia e distribuíam roupas. Organizavam atividades – remo no rio, patinação, partidas de futebol – para adolescentes. O estado letão ajudava com 2000 lat (2400 euros) por mês. O hotel Radisson fornecia as sobras de sua cozinha, talvez dos jantares das próprias equipes da União Europeia e FMI que chegavam a Riga, de vez em quando.

    Mas o mega ajuste também chegou a Riska Berni. O governo podou o subsídio pela metade e Riska Berni fechou no ano passado. “Com tanta emigração, as mães de muitas crianças foram a outros países e muitas das crianças agora vivem com seus irmãos maiores ou seus avós”, disse.

    Durante uma parada em Moscow Worstadt, um jovem de cabeça raspada entrou em um bar onde homens com cara de poucos amigos tomavam cerveja em silêncio. “Acabei de brigar com um; ele bateu em mim primeiro”, disse. Nas ruas, jovens prostitutas – talvez de 17 ou 18 anos – esperavam.

    “Exceto Moscow Worstadt, a crise chama atenção por sua ausência no centro de Riga, visitado por bandos de turistas nórdicos que interrompem seu tour pelas igrejas para tomar sopa de beterraba nas varandas onde um grupo toca Knocking on heaven’s door.

    Mas no subúrbio, onde vive Diana, as portas não são do paraíso, mas sim de centenas de habitações precárias, onde muitas vezes moram famílias que foram despejadas depois do estouro da bolha imobiliária.

    “Muitas das casas boas pertencem aos bancos, e seus ex-habitantes acabam aqui”, acrescenta Vasilane enquanto um ônibus sobe uma rua sem asfalto. Entramos em uma urbanização de barracos de madeira que se estende até o rio, muitas delas com lotes cultivados que os novos pobres da Letônia combinam com a pesca para sobreviver.

    Não tem eletricidade, apesar de temperaturas de – 20º C no inverno.

    “Nos tempos soviéticos, as pessoas tinham pequenos pomares aqui para os finais de semana com um barracão para guardar as ferramentas” – disse o condutor. Agora as pessoas vivem nos barracões.”

    “Konstance Bondare, de 80 anos, é uma das moradoras do bairro de habitações precárias. Vive em uma cabana de madeira em ruínas, sem luz e sem água, talvez um desses barracões que em tempos soviéticos eram usados para armazenar ferramentas.

    Konstance diz que veio morar aqui há um ano e meio, depois de ser despejado por um banco que tomou posse de seu apartamento em Riga. Havia avalizado a hipoteca do apartamento que sua filha comprara alguns anos antes; quando esta perdeu o emprego, o banco apreendeu os dois apartamentos.

    Assim como um em cada três jovens letões que emigraram desde o início do ajuste, a filha também se mudou. Konstance veio viver aqui com seu cachorro. Ele recebe uma pensão de aproximadamente 180 euros por mês. Vai todos os dias ao rio, buscar água — e diz que bebe.

    Para a descrença daqueles que a entrevistaram, afirma que paga o aluguel deste barraco de cerca de 12 metros quadrados, mas não diz a quem. “O banco me jogou na rua e me sugeriram envenenar meu cachorro; prefiro envenenar a mim mesma” disse, “olhem como nós letões vivemos em nosso próprio país!”.”

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