Exército Brasileiro e o LMV da IVECO Defesa

Roberto Valadares Caiafa

Apresentado a autoridades militares do Exército Brasileiro (EB) no 1º semestre de 2013, durante a inauguração da fábrica da IVECO Defesa em Sete Lagoas, cidade do estado de Minas Gerais, o Light Multirole Vehicle, ou LMV, apresenta grande potencial para seleção e adoção pelo Exército Brasileiro, que divulgou em boletim datado de 29 de novembro, os requisitos básicos para uma viatura classe 4×4 pesando no máximo oito toneladas e capacidade de carga de uma tonelada, com espaço para uma guarnição de cinco homens.

Essa viatura está sendo denominada pelo Estado Maior do Exército (EME) como Viatura Blindada Multitarefa, Leve sobre Rodas (VBMT-LR), e está inclusa no Projeto Estratégico do Exército (PEE) Guarani.

Ao mesmo tempo, confirmam-se os rumores de que o Brasil deverá mesmo enviar uma força de paz de valor militar Batalhão para o Líbano, provavelmente no 2º semestre de 2014, como parte dos esforços que já incluem a presença constante de uma fragata da Marinha do Brasil naquele teatro de operações (United Nations Interim Force in Lebanon – UNIFIL).

O VBTP-MR 6×6 Guarani, atualmente sendo introduzido na força terrestre, é o blindado que será utilizado nessa missão, em conjunto com a viatura VBMT-LR a ser selecionada. Nos documentos do Exército, divulgados via Escritório de Projetos do Exército (EPEx) consta a necessidade inicial de aquisição de 32 viaturas para serem utilizadas no Líbano (não se sabe se serão tropas do EB ou dos Fuzileiros Navais que serão enviadas). Os fabricantes dispostos a atender essa demanda deverão enviar os seus produtos para testes no Centro de Avaliação do Exército (CAEx), na Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro(RJ).

O período de avaliação é de dezembro 2013 a junho de 2014.  Os veículos a serem testados deverão entrar no CAEx antes de 3 de abril de 2014. Na mesma correspondência, o EPEx detalha que o Exército tem planos de adquirir outros lotes de VBMT-LR, totalizando 186 viaturas, a partir de 2016.

O Estado Maior do Exército (EME) entende que as condições operacionais no Líbano são muito diferentes das operações da MINUSTAH (Haiti), o que justifica a seleção e envio para aquele TO de material blindado de maior resistência e capacidade de prover proteção a seus ocupantes contra a detonação de artefatos IED (improvised explosive devices), o atual pesadelo dos carros de combate e veículos blindados. O Guarani e o LMV formam assim uma opção bastante provável para emprego.

A IVECO larga na frente

A IVECO Defesa já vem oferecendo o LMV ao Exército Brasileiro há algum tempo, e o fato de poder fabricá-lo no Brasil, na nova unidade de Sete Lagoas, lhe dá uma tremenda vantagem competitiva sobre os seus possíveis concorrentes. Desde 2002, mais de 2.700 LMV já foram vendidos a diversas forças armadas. De fato, o LMV é a referência nessa categoria de veículo militar. O EPEx listou os seguintes requisitos técnicos para o VBMT-LR, amplamente atendidos pelo LMV:

Guarnição de cinco pessoas; configuração 4×4 ou 4×2 com acionamento 4×4 de dentro da cabina, capacidade de transportar 2000 munições 7,62mm x 51, 1000 munições .50 e 200 granadas calibre 40mm; interior com ar condicionado de série; previsão de instalação de sistema NBQ; motor que utilize combustível diesel; transmissão automática; sistema central de controle de pressão dos pneus operado internamente.

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Dimensões: Altura – 2,20m; peso em ordem de marcha de 8.000kg; capacidade de carga de 1.000kg

Performance: Transposição de Vau de pelo menos 0,8 metros; velocidade máxima de pelo menos 90km/h

Proteção: Lançador de granadas fumígenas; blindagem padrão OTAN STANAG 4569 balística nível três, capaz de resistir a disparos de munições 7.62mm x 51 AP a uma distancia de 30 metros (aceleração de 930 metros/segundo); proteção anti-minas nível 2 (capaz de resistir a IED de até 6 kg de explosivos); ação em qualquer das quatro rodas (tração full)

Sistemas de Armas – Condições de receber e operar, em configurações distintas, um dos seguintes sistemas de armas, com movimento horizontal de 360° e movimento vertical com o ângulo de, pelo menos, -7′ a +45°:

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Torreta estabilizada acionada e controlada remotamente (Remote Controlled Weapon Station — RCWS), formada por uma metralhadora calibre 7,62×51 mm ou calibre .50, intercambiáveis, e um lança-granadas de 40 mm. O sistema deve ser dotado de optrônicos de observação, direção e controle de tiro com visão diurna e noturna, ou opcionalmente, numa versão mais barata, torreta blindada simples, equipada com metralhadora calibre 7,62×51 mm ou calibre 50, intercambiáveis, e um lança-granadas de 40 mm.

Fonte: Tecnologia & Defesa

30 Comentários

  1. Aproveitando a excelente foto do Guarani neste post sob o LMV da Iveco, queria fazer o seguinte comentário. Não sou especialista em veículos blindados, mas pelos comentários, reportagens, fotos de veículos em ação no Iraque, Afeganistão, Bosnia, etc, não dá para questionar certos pontos.
    Eu também defendo a produção nacional e sei que a mídia em geral exalta o Guarani como uma conquista nacional, etc, mas não dá para entender certos “detalhes” do projeto.
    – silhueta muito alta, não precisa nem comentar os complicadores;
    – enorme área lateral (e reta, sem angulação), idem;
    – Hélices completamente expostas, sem proteção.
    – Canhão de 30 mm. O que é isso gente? Olha o tamanho desse negócio. E se isso foi projetado para combate urbano, como pode ser a cinta de munição exposta desse jeito? Há varios vídeos por aí mostrando como os terroristas na síria desabilitam a metralhadora remota dos tanques simplesmente atirando com os Ak-47 e destruindo a cinta.
    E por aí vai. Foi uma boa porque vamos renovar nossos cansados blindados de transporte, desenvolveu-se um novo aço balístico, etc, mas acho que novamente estamos entrando atrasados no assunto.

    • Estação remota de tanque na SAA, onde o senhor viu isso? A unica cinta que tem vídeo sendo alvejada por uma Ak-47 é da (heavy-machine gun) do comandante e não é possível fazer uso remoto dela, sendo inútil em combate urbano.

    • Caro Melkor

      Compartilho de algumas de suas colocações.

      Dia desses também estava discutindo em outro site a questão “silhueta” dos mais recentes VBTP. A maioria deles (GUARANI, ARTEC GmbH MRAV BOXER, MOWAG PIRANHA, PATRIA AMV), possuem altura girando em torno de 2,20m-2,30m (fora a torre). Não dá realmente pra chamar isso de baixa silhueta.

      Quanto ao canhão, acho que depende da situação. No Haiti uma arma com calibre 7,62 foi suficiente para atender as necessidades. Na Síria o negócio já é outro, e os BMP sírios mandam bala com os canhões pra cima dos rebeldes que se refugiam atrás de paredes e dentro de prédios. Só que o estrago é imenso.

      De qualquer forma acredito que o conceito de VBTP está se perdendo quando se fala de “silhueta”. Estão se tornando vetores para todo tipo de arma leve e, eventualmente, podem levar alguns soldados para o campo de batalha.

      Abs

  2. E acho que o mesmo vale para o LMV. O “Hummer” entrou no mercado e logo diversos países trataram de desenvolver um veículo similar. Não há dúvida que o LMV é superior aos nossos “jipinhos” da Toyota, usados pelo EB e pelos Fuzileiros Navais. Tem maior poder ofensivo, melhor proteção balística (aliás, qualquer placa de madeira já o daria maior proteção, visto que os Toyotinhas não possuem nada) mas é um conceito que está chegando com 30 anos de atraso (mais moderno, claro) e que já está sendo abandonado pelos norte-americanos.
    É superior os Jipinhos? É. Vai ser útil para a tropa? Não sei.

  3. Francoorp,

    eu tb prefiro o Gladiador

    mas o veiculo da IVECO tb é bonitão

    mas o Gladiador é bem mais estilos

    Se depender da END, vai dar Gladiador com certeza

  4. De qualquer jeito, o EB tem necessidade desses carros…

    e mais uma vez, azizquerdas feias bobas e barbudas vai fazer novas compras pro EB

    tudo isso à revelia da ingratidão dos Atormentados trilogienses e dos Rola Bosta dozóio azul !!!!

  5. Pelas informações contidas no artigo acredito que os veículos da Avibrás estão mais “encaixados” nas exigências do Min Defesa:
    – Guará (Chassi Unimog 4000)
    http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/arq/Art%2010.htm
    – AV VBL (Chassi Unimog ou Tatra)
    http://landcombatcb.blogspot.com.br/2011/09/avibras-av-vbl-um-malaio-verde-e.html

    Pessoalmente acredito que VBTP como os modelos da Avibrás são mais adequados atualmente para a função do que os modelos tipo “jeep”, como o Iveco ou similares como HMMWV e Tiger. Acho que o tempo dos utilitários leves e sem nenhuma blindagem ou pouca blindagem expirou a muito tempo, sendo totalmente inadequados para as atuais exigências de um campo de batalha. Exceção talvez para ambulâncias.

    Abs

  6. Eu sou a favor do Gladiador, o Marruá blindado ou Guará pois se ficarmos dando dinheiro para italianos,franceses e outros estrangeiros,a nossa indústria bélica nunca ira se desenvolver !
    Temos capacidade de desenvolver uma viatura dessas ,inclusive já as temos,só falta boa vontade !

  7. Quanto a concorrência .. meu preferido na disputa e o Lince da IVECO mesmo ..deve ser esse o modelo escolhido …e a tendência natural ( Lince … Guarani 6×6/8×8…IVECO…O Lince e ctz devera ser produzido aki tb uma versão BR ) …minha segunda opção seria o MOWAG EAGLE IV ….. Quanto ao Gladiador … ainda carece de testes mais ””puxados” … pra provar se veio pra ficar e o seu preço tb …… o GUARÁ… esta numa categoria acima do q o LMV propõe……seu semelhante seria o ”DINGO” alemão …exemplo
    EB poderia ficar assim …. Lince(leve) / GUARA(medio) /Guarani 6×6..8×8..(pesado)
    como comparação podemos pegar o Exercito alemão …EAGLE IV /DINGO/MRAV Boxer 8×8

    • Caro BrunoFN

      “o GUARÁ… esta numa categoria acima do q o LMV propõe”

      Porém, ainda dentro das exigências do EB.

      Minha preferência por este tipo de veículo se baseia justamente nas fragilidades dos modelos menores, que obrigatoriamente foram anabolizados para continuarem atuando dentro da atual realidade dos conflitos armados.

      Não gostaria de ver nossos soldados passando o mesmo problema que o exército do EUA passou com o M-113 (Vietnã) e HMMWV (Iraque), onde se mostraram inadequadamente protegidos no início de sua utilização, obrigando a instalação de reforços improvisados com placas metálicas e sacos de areia, o que comprometeu o desempenho geral dos veículos.

      Porém, tenho que admitir, não gosto de veículos tipo “jeep” realizando patrulha em locais de alto risco como o Líbano. Não é a toa que os EUA estão transportando seus soldados em veículos que mais parecem caminhões. Perde-se um pouco da agilidade em terra, mas ganha-se em proteção e efetividade. E a perda de agilidade pode ser compensada com VANT, melhorando a consciência situacional.

      Lembrando também a experiência de Israel nos combates contra o Hezbolah.

      E ainda tem a vantagem de ser produzido aqui, sem necessidade de licença ou coisa do tipo.

      Abs

      • RobertoCR
        O GUARÁ pode ser definido com um MRAP ( Mine Resistant Ambush Protected) … embora q pra isso ele tenha q sofrer algumas modificações ..( blindagem adicional por exemplo)..há quem afirme q o DINGO alemão tenha sido ”’inspirado” no nosso Guará (mesmo motor … mesmo chassi ..etc etc ..essa ”briga” obrigou AVIBRAS a modificar sua linha de montagem substituindo o chassi Mercedes-Benz pelo TATRA…entre outras coisas ) ..o EB n ve necessidade de adquirir um veiculo do tipo (n no momento …..) .. embora seja tendência em outros exércitos….tudo depende do teatro de operações…enquanto o LINCE e considerado um veiculo leve (Light Multirole Vehicle) e bastante robusto (testado e aprovado ) .. o GUARÁ pode ser sim considerado um veiculo ”medio”( um MRAP sim ) e ele tá longe de ser 100% nacional

      • Não sabia desse caso Dingo/Guará.

        Quanto ao 100% nacional, não tem jeito. É o que você sugere mesmo, e não é diferente com os modelos Iveco. Infelizmente não possuímos indústria automotiva autônoma.

        De qualquer forma, obrigado pelas informações.

        Abs

  8. por LUCENA
    .
    .
    .
    Para mim,o brasileiro gladiador,não fica atrás dos seus concorrente em termo de performasse e provável que este venha ganhar a concorrência,já que o governo quer promover a sua política de defesa então, é lógico que a industria acional seja preterida.

  9. Quer o melhor dessa categoria, testado e aprovado por um país que sofreu o pão que satan amaço. Fica com qualquer um dos três finalistas do projeto JLTV.
    E o melhor vai dispensar uma aquisição futura se houver necessidade de um MRAP.
    Faz uma parceria com uma empresa brasileira 75% aqui, 25% lá e ganhamos com expertise.

  10. Industria nacional de defesa agora é industria estrangeira com percentual secundario nacionalizado.
    Não são so os politicos e seus seleto grupo de privados que adoram licitações o comando das forças armadas tambem as adoram e fica facil entender porque não é mesmo !

    • Triste isso das indústrias.. mas pelo visto Banania não será independente.. parece que não pode… tem que ficar colonizada, mesmo que venham só empresas!!

      Pelo menos gira algum dinheiro na economia interna, coisa que prateleirada não faz!!

  11. Fui atrás do boletim do EB e não achei as descrições sobre o VBMT-LR. Há somente uma autorização para “Estudo de Viabilidade sobre a Viatura Blindada Multitarefa, Leve de Rodas (VBMT-LR)”. Nenhuma descrição técnica.
    O Boletim é o 48/2013, de 29 de Novembro 2013.
    A Portaria é Nº 226-EME, 25 DE NOVEMBRO DE 2013 (página 16).
    Segue link abaixo para download do .pdf. Selecione a data de pesquisa (arquivo be48-13.pdf)
    http://www.sgex.eb.mil.br/sistemas/be/boletins.php

    E também não achei nada sobre a confirmação de envio de tropas para o Líbano, apesar da citação de documentos do Escritório de Projetos do Exército (EPEx) no texto.
    Não sou de duvidar das informações da “Tecnologia & Defesa”, mas não consigo confirmar estas informações.
    Alguém confirma?

  12. Muito interessante por diversos fatores.
    Acho que Hummvee, o Sherpa o Tigr entre outros são veículos formidáveis, mas o Lince da IVECO é algo interessante tendo em vista a planta produtora de Minas gerais que ficaria ociosa ao fim da produção do Guaraní.
    A IVECO tem alguns veículos interessantes e que atenderiam as necessidades do EB, Marinha e FAB. A proteção balística do LMV é boa e confere proteção necessária ao limite de operações do veículo.
    Quanto aos modelos nacionais, infelizmente são conceitos que deixam a desejar em inúmeros quesitos.
    A produção licenciada de um veículo é ao meu ver a melhor para o momento. Pode-se pensar no desenvolvimento conjunto com alguns veículos que estão em fase de desenvolvimento, mas isto requer grana e tempo, além de capacidades, coisas que não dispomos por hora.
    Abraço

    • “Quanto aos modelos nacionais, infelizmente são conceitos que deixam a desejar em inúmeros quesitos.”

      Poderia citar alguns quesitos? Não precisa falar o modelo. Só para enriquecer o debate.

    • “Quanto aos modelos nacionais, infelizmente são conceitos que deixam a desejar em inúmeros quesitos”

      Exatamente chefe, são conceitos, protótipos,não priodutos finais. Acho que valeria a pena investir em seu desenvolvimento pleno, para que no futuro, tenhamos um produto final tão bom quanto os concorrentes, e que possa concorrer com eles não só aqui, mas mundo afora.
      Isto e estrategia.

    • O LMV seriauma interessante opção para o EB, especialmente pela linha de montagem que já existe. Ademais é utilizado pelos exércitos de Itália, GB e Rússia, o que atesta a qualidade do veículo.

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