Kennedy, 50 anos depois: “Todo país mente, e isso vale para morte de Kennedy, diz Oliver Stone”

kenedyKennedy, 50 anos depois: “Todo país mente, e isso vale para morte de Kennedy, diz Oliver Stone”

“Folha de São Paulo: Passados 50 anos do assassinato e 20 de seu filme, “JFK”, como você se sente sobre o fato de que a verdade talvez continue escondida?

Oliver Stone: Não é surpresa para mim. Em todo país existem mentiras oficiais, segredos. Na França, há sempre o problema do colaboracionismo na época da guerra. Os franceses demoraram muito tempo para se acomodar a isso.

Aqui, também temos questões com as quais não lidamos. Como a bomba atômica, o que tento mostrar em “Untold History”. Só temos propaganda, e educação desinformada.

O mesmo vale para Kennedy. Aliás, estava claro de imediato que era uma operação clandestina. Eles tinham a biografia de Oswald à mão imediatamente. Há muitos exemplos nas coisas que aconteceram naquele dia, incluindo o roubo do corpo, a autópsia absurdamente incompetente.

Mas a mídia era mais subserviente, então, do que é hoje. Hoje há mais veículos de mídia. Houve contestação, mas ninguém fez coisa alguma oficialmente a respeito. Quando saiu o relatório da Comissão Warren afirmando que Oswald havia agido sozinho, todo mundo acreditou. Eu acreditei.”

 

Todo país mente, e isso vale para morte de Kennedy, diz Oliver Stone

GUILLAUME SERINA
DA FRANCE USA MEDIA

Mais de 20 anos após lançar “JFK”, o cineasta Oliver Stone afirma que o filme de 1991 foi “um marco” em sua vida. Depois dele, diz Stone, os críticos sempre o colocariam “como um sujeito que busca ser notícia, com uma visão contenciosa da história, uma opinião diferente. Jamais como cineasta apenas”.

Em “JFK”, Kevin Costner faz o papel do promotor Jim Garrison, que investigou a suposta conspiração para matar o presidente dos EUA. Na entrevista abaixo, Stone defende o filme conta como sua imagem de John Kennedy mudou ao longo dos anos.

Folha – Antes de você começar a trabalhar no projeto “JFK”, que imagem fazia do presidente Kennedy?

Oliver Stone – Minha família era conservadora, republicana. Meu pai era corretor de ações em Nova York, e era definitivamente republicano, partidário de Eisenhower, Nixon. Ele era anti-Kennedy, anti-Castro. Assim, minha imagem do presidente quando criança era a de um homem muito bonito e muito elegante.

Quando ele foi assassinado, foi um dia triste, e aceitei a história oficial. Mas eu não sabia muito a respeito, porque o país estava se ajeitando com Johnson, o que, bem, de certa forma era uma continuação, e por isso eu não pensei muito a respeito.

Mas em seguida veio a monstruosidade de Lyndon Johnson no Vietnã, entre outras coisas. O país se amargurou muito, a partir de 1963.

Minha imagem de Kennedy mudou ao longo dos anos por causa de Watergate, das audiências do comitê Church sobre a Agência Central de Inteligência (CIA), em 1975, e do crescente conhecimento sobre as coisas que o governo dos Estados Unidos estava fazendo no exterior.

Depois, na década de 80, veio meu conhecimento sobre o que o governo Reagan estava fazendo na América do Sul e Central. Com isso chegamos a 1989; eu era bastante progressista e havia mudado meu pensamento sobre tudo. Inclusive Castro. Inclusive Kennedy.

Como começou o projeto “JFK”?

Em 1989/1990, li o segundo livro de Jim Garrison, e pensei que daria um bom thriller, um bom tema. Inspirei-me em “Z”, de Costa Gavras, que é sobre o assassinato de um político na Grécia.

E o assassinato se torna um escândalo maior, e está sendo investigado por um promotor, que resolve o caso, mas as coisas mesmo assim se desmantelam. Ele está contrariando o Estado.

A mim parecia existir ali uma semelhança com Jim Garrison e sua batalha contra o Estado norte-americano. E também pelo fato de ele não ser autorizado a levar o processo adiante.

Portanto você considerou que Garrison era um grande personagem para acompanhar e em torno do qual criar um filme?

Sim, eu e Kevin Costner conversamos com ele em pessoa, e fiquei muito impressionado. Ele tinha uma grande determinação de descobrir a verdade. Algumas pessoas dizem que só queria publicidade, mas com certeza existem maneiras menos dolorosas de fazê-lo (risadas).

Como você escolheu Kevin Costner para o papel?

Naquele período, eu era um diretor muito “quente”, tendo realizado “Platoon” e “Wall Street”, e a Warner Bros. queria assinar um contrato comigo. Eu não sabia se eles produziriam o filme –um filme de três horas e alto orçamento– sem um astro no elenco.

E eles estavam particularmente ansiosos para que eu trabalhasse com Kevin, que havia feito “Robin Hood” e outros filmes para a Warner. Assim, conseguir Kevin para o projeto foi muito importante.

Quando ele aceitou, o estúdio aprovou o orçamento. Não havia dinheiro para o elenco de apoio, mas era algo de que eu precisava muito. A história é complexa e eu queria pessoas com caras boas, caras memoráveis. Porque no final do filme há uma cena com cerca de 30 pessoas. Eu queria astros para aqueles papéis.

Passados 50 anos do assassinato e 20 de seu filme, como você se sente sobre o fato de que a verdade talvez continue escondida?

Não é surpresa para mim. Em todo país existem mentiras oficiais, segredos. Na França, há sempre o problema do colaboracionismo na época da guerra. Os franceses demoraram muito tempo para se acomodar a isso.

Aqui, também temos questões com as quais não lidamos. Como a bomba atômica, o que tento mostrar em “Untold History”. Só temos propaganda, e educação desinformada.

O mesmo vale para Kennedy. Aliás, estava claro de imediato que era uma operação clandestina. Eles tinham a biografia de Oswald à mão imediatamente. Há muitos exemplos nas coisas que aconteceram naquele dia, incluindo o roubo do corpo, a autópsia absurdamente incompetente.

Mas a mídia era mais subserviente, então, do que é hoje. Hoje há mais veículos de mídia. Houve contestação, mas ninguém fez coisa alguma oficialmente a respeito. Quando saiu o relatório da Comissão Warren afirmando que Oswald havia agido sozinho, todo mundo acreditou. Eu acreditei.

Você se surpreendeu com a controvérsia quando o filme saiu?

Eu era mais jovem, eu era ingênuo, foi minha primeira grande controvérsia. Antes, havia críticas quanto ao Vietnã e coisas assim, mas nada da mesma dimensão.

Foi uma grande briga. Um marco em minha vida. E em minha carreira como diretor. Percebi que jamais seria julgado da mesma maneira, depois daquilo.

Em outras palavras, os críticos jamais me colocariam na mesma categoria que os demais, mas sempre como um sujeito que busca ser notícia, com uma visão contenciosa da história, uma opinião diferente. Jamais me veriam como cineasta apenas. E isso continua verdade. Creio que toda a minha carreira mudou com aquele filme.

Mesmo quando lanço um filme como “Savages”, há sempre críticos que estabelecem uma conexão entre ele e as controvérsias daquela era.

Com o tempo, e melhor acesso a informações, você acredita que os norte-americanos buscarão a verdade?

Há muitas coisas pesquisar, quanto aos tiros, as impressões digitais, as balas, a arma, o retrospecto de Oswald, seu paradeiro. Nada disso foi examinado verdadeiramente, à luz do dia.

Defendo meu filme. O filme fala em meu nome. Tenho muito orgulho dele. Sustentou-se bem, passados todos esses anos, porque era um bom filme. A verdade é que o conceito de Garrison como alguém que busca lucro, ou como um maluco solitário, não se sustenta.

Hoje temos pessoas como Edward Snowden, Julian Assange, Bradley Manning: pessoas que criticam o Estado. A maioria dos cidadãos os reprova, mas muita gente compreende que Estados mentem. Nós o vimos com Bush no Iraque, com Bush pai no Kuait. Todo mundo tem medo, nos Estados Unidos.

Como Kennedy é percebido hoje nos Estados Unidos, em sua opinião?

A maioria das pessoas são jovens demais para recordar como ele era, hoje em dia. Mas foi um homem glamouroso, e é isso que o torna popular.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Foto: Cena do filme “JFK”, de Oliver Stone, em que Kevin Costner fez o papel do presidente americano assassinado em Dallas.

Fonte: Folha  

13 Comentários

  1. Taí a opinião de um verdadeiro cidadão americano.

    “Hoje temos pessoas como Edward Snowden, Julian Assange, Bradley Manning: pessoas que criticam o Estado. A maioria dos cidadãos os reprova, mas muita gente compreende que Estados mentem. Nós o vimos com Bush no Iraque, com Bush pai no Kuait. Todo mundo tem medo, nos Estados Unidos.”

  2. Kennedy foi o quarto ou quinto Presidente da história americana a ser assassinado.
    Se não me engano , um pouco antes de kennedy , no começo do seculo 20 , teve outro Presidente tirado do poder com um assassinato.
    Lá o golpe de estado é assim , vem acompanhada da morte.

  3. por LUCENA
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    Com esse foram três presidentes…afinal estamos falando de um país repleto de psicopatas que adoram atirar nas escolas,ruas,creches,cinemas…etc..etc…há que inveja daquele lugar…Hahahahahah

    • por LUCENA
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      E falando na terra do Pato Donald,há muita estória pitoresca por lá,vejam só essa.
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      ABRAHAM LINCOLN E JOHN F. KENNEDY–CURIOSIDADES ESTRANHAS ENTRE DOIS GRANDES PRESIDENTES!
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      Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso em 1846.
      John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em 1946.
      Abraham Lincoln foi eleito Presidente em 1860.
      John F. Kennedy foi eleito Presidente em 1960.
      Ambos se preocupavam muito com, sobretudo, os direitos civis.
      Ambas as suas esposas perderam crianças enquanto habitavam a casa branca.
      Ambos os Presidentes foram assassinados numa sexta-feira.
      Ambos os Presidentes levaram um tiro na cabeça.
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      E agora é que se torna mais estranho:
      .
      O secretário de Lincoln chamava-se Kennedy,
      O secretário de Kennedy chamava-se Lincoln.
      Ambos foram assassinados por alguém dos estados do sul.
      Ambos os Presidentes foram sucedidos por um homem do sul chamado Johnson.
      Andrew Johnson, que sucedeu a Lincoln, nasceu em 1808.
      Lyndon Johnson, que sucedeu a Kennedy, nasceu em 1908.
      John Wilkes Booth, que assassinou Lincoln, nasceu em 1839…
      Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy, nasceu em 1939…
      Ambos os assassinos eram conhecidos pelos seus 3 nomes.
      Ambos os seus nomes eram formados por 15 letras.
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      E agora, segura-te:
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      Lincoln foi assassinado num teatro chamado “Ford”
      Kennedy foi assassinado num carro da marca Lincoln, feito pela “Ford”
      Lincoln foi assassinado num teatro e o seu assassino correu para um armazém para se esconder.
      Kennedy foi assassinado a partir dum armazém e o seu assassino fugiu para um teatro e escondeu-se lá.
      Booth e Oswald foram assassinados antes do seu processo.
      .
      E aqui vai a cereja no topo do bolo….
      .
      1 semana antes de Lincoln ser assassinado, ele esteve em Monroe, no estado de Maryland
      1 semana antes de Kennedy ser assassinado, ele esteve com Marilyn Monroe.
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      (*)fonte:[ verdademundial.org/2013/10/abraham-lincoln-e-john-f.html ]
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      Só devo ressaltar aqui que estes dois presidentes foram grandes americanos que buscaram colocara o seu país realmente na liderança,através de uma ótima política externa,assim também como foi Jimmy Carter…..excelentes estadistas em uma época,em que os EUA realmente eram bom exemplo de governança para os outros.
      .
      Hoje o que restou…foi só escombros e ratos,que buscam empilhar riquezas dos outros,não é a toa que os ratos adoram estes país que ai está,basta vê como os americanófilos se comportam quando buscam defendê-los afinal…rato é rato !

    • por LUCENA
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      A frase da semana:
      .
      ” Todo país mente, e isso vale para morte de Kennedy”
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      Cineasta norte-americano; Oliver Stone

  4. Os EUA são um verdadeiro prodígio em criar mitos,a morte do presidente Kennedy não foge a isto,mas se cria tanto mistério em torno desse fato que o ex presidente Kennedy virou uma espécie de Rei Artur dos EUA !

    As vezes a paranoia chega a tanto em torno do casal Kennedy,que alguns repórteres chegam a querer nos fazer enxergar coisa que não ocorreram,digo isso porque certa vez vi uma matéria na qual o Paulo Henrique Amorim ,dizia que Jackeline Kennedy segurou a cabeça do marido firmemente na hora do atentado, e todos que já viram o filme real centenas de vezes, sabem que isso só foi ”visto” pelo Paulo Henrique Amorim, inclusive a própria foto dessa matéria ilustra isso !

    Eu acredito que houve sim uma trama muito bem elaborada para matar Kennedy,muito diferente da história oficial,Lee Oswald foi apenas um idiota que levou a culpa, estamos muito longe de saber a verdade !
    Assim como não sabemos quem matou PC Farias, talvez nunca saberemos quem matou Kennedy !

  5. ERRATA:

    Ao final da matéria lemos:

    Foto: Cena do filme “JFK”, de Oliver Stone, em que Kevin Costner fez o papel do presidente americano assassinado em Dallas.

    Kevin Costner faz o papel do promotor Jim Garrison…

    Desconfio que a cena seja original (obviamente renderizada para se adequar à película utilizada no longa) pois ao que me recordo do filme não há nenhum ator intrerpretando Kennedy

  6. NovoBrazuk
    21 de novembro de 2013 at 16:52

    Taí a opinião de um verdadeiro cidadão americano.

    “Hoje temos pessoas como Edward Snowden, Julian Assange, Bradley Manning: pessoas que criticam o Estado. A maioria dos cidadãos os reprova, mas muita gente compreende que Estados mentem. Nós o vimos com Bush no Iraque, com Bush pai no Kuait. Todo mundo tem medo, nos Estados Unidos.”=== Foram eleitos por eles, maioria, se fazem mlerdaS , eles são os responsáveis, então, colhem o q plantão…trágico,+ verdadeiro.Sds.

    • primeiro link:

      Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara é um documentário dirigido por Errol Morris lançado em dezembro de 2003. O filme inclui trilha sonora original de Philip Glass e ganhou o Oscar de melhor documentário. A expressão “névoa da guerra”, popularizada por Carl von Clausewitz no seu livro Da Guerra (1832), indica a nuvem de incerteza que envolve um conflito logo antes de estourar, devido as inumeras possibilidades de acoes e consequencias.O filme mostra a vida de Robert McNamara, secretário de defesa dos Estados Unidos de 1961 a 1968, através de imagens de arquivo, gravações da Casa Branca e, em primazia, uma entrevista com McNamara aos 85 anos de idade. A entrevista trata dos trabalhos de McNamara como um dos Whiz Kids durante a Segunda Guerra Mundial e como presidente da Ford, e do seu envolvimento na Guerra do Vietnam enquanto foi secretário de defesa dos presidentes Kennedy e Lyndon Johnson.

      Durante uma aparição em 2004 na UC Berkeley, Morris disse que se inspirou para criar o filme após ler o livro de 2001 escrito por McNamara (com James G. Blight), Wilson’s Ghost: Reducing the Risk of Conflict, Killing, and Catastrophe in the 21st Century. O webcast completo pode ser visto em UC Berkeley News.1

      O conceito de formular o filme em “11 lições” se originou do livro de 1996 de McNamara In Retrospect: The Tragedy and Lessons of Vietnam. Morris criou o filme através de lições das várias regras que McNamara se utiliza durante sua entrevista (Morris entrevistou McNamara por mais de 20 horas). As lições proporcionam uma estrutura a Sob a névoa da guerra, no entanto, essas lições não foram explicitamente criadas por McNamara (como anteriormente citado, durante o evento na UC Berkeley, McNamara declarou que não concordava com todas os aspectos das interpretações de Morris). Após a conclusão do filme, McNamara respondeu a Morris complementando as 11 lições do filme com mais 10 lições feitas por ele próprio. As lições estão incluídas no DVD.

      Durante o evento em Berkeley, McNamara foi convidado a aplicar suas lições originais (do seu livro de 1996) para a Invasão do Iraque, e ele se recusou, argumentando que ex-Secretários de Defesa não deveriam comentar a política dos atuais Secretários de Defesa. McNamara sugeriu que outra pessoa aplicasse as suas lições ao Iraque se assim desejavam, mas que ele próprio não faria isso explicitamente, e comentou que suas lições eram muito generalizantes para qualquer conflito militar em especial (e ele havia as escrito algum tempo antes da guerra do Iraque).

      McNamara faz longos depoimentos sobre toda a sua vida: Ele conta como se destacou na escola e a sua habilidade para cálculos e mensurações estatísticas. De como graças a isso ele e a equipe de calculistas sob o comando do Major-General Curtis LeMay melhoraram a eficiência do bombardeio ao Japão durante a II Guerra Mundial, calculando uma melhor altura de voo para o lançamento das bombas incendiárias que em 1945 devastaram Tóquio e outras cidades.

      Depois da guerra McNamara foi para a Ford, onde usou seus conhecimentos matemáticos para melhorar o desempenho da produção e das vendas da companhia. Entra para o governo no alto posto de Secretário da Defesa em atenção a um convite do presidente John F. Kennedy. Dessa época McNamara fala da crise com Cuba no início dos anos de 1960 e revela que Fidel Castro lhe confidenciara, décadas depois, que já havia mísseis atômicos na ilha, não detectados pelos americanos [carece de fontes]. Fala também sobre a Guerra do Vietnã e da sua continuidade no poder, mantido pelo presidente Lyndon Johnson, quando então foi criticado e destituído do posto de Secretário da Defesa.

      segundo link:

      John Perkins (Hanover, New Hampshire, 1945) nasceu nos Estados Unidos da América. É ativista na área do meio ambiente e culturas indígenas e também escritor. Seu livro mais conhecido é Confissões de um Assassino Econômico.Em 1970, ao atuar no Corpo de Paz, no Equador, conhece um alto executivo da empresa de consultoria internacional MAIN, que é também um agente de alto escalão da Agência de Segurança Nacional. É convidado a entrar para a MAIN, o que faz em 1971, após se submeter, segundo alega, a um treinamento clandestino para tornar-se um assassino econômico.

      Faz carreira meteórica na MAIN , tornando-se sócio em 1975. É encarregado de missões na Indonésia, Panamá, Equador e Arábia Saudita, para os quais elabora, segundo alega, estudos econômicos falsos, de sorte a fazer esses países tomarem empréstimos que se revelarão impagáveis no futuro e, assim, se tornaiam economicamente dependentes dos países e corporações credores.

      Com a morte, em condições suspeitas, dos presidentes Jaime Roldós, do Equador, e Omar Torrijos, do Panamá, decide em 1981 deixar a MAIN e denunciar em livro as atividades da empresa.

      No entanto, por conta de supostos subornos e ameaças, adia por anos este projeto e o livro só começa a ser escrito sob o impacto dos atentados de 11 de setembro de 2001. Confissões de um Assassino Econômico é publicado em 2004 e ganha traduções em diversas línguas, inclusive o português.

      Em 1982, cria uma empresa de energia elétrica que se utiliza de fontes não agressivas ao meio ambiente e passa a se interessar por culturas indígenas e xamanismo. Visita freqüentemente a Amazônia equatoriana e escreve livros sobre esses temas.

      É casado pela segunda vez e tem uma filha, nascida em 1982.

      A consultoria internacional MAIN, que seria um braço da Agência de Segurança Nacional, possuía um quadro de peritos, todos com vistosos currículos, que conferiam credibilidade a seus projetos econômicos.

      Perkins foi contratado inicialmente para fazer previsões de carga energética, ou seja, determinar quanto uma instalação de determinadas dimensão e localização geraria de energia elétrica no futuro e qual seria seu lucro em razão da venda da energia produzida. Esses números eram ultradimensionados de forma a fazer com que os países tomassem empréstimos na expectativa de pagá-los com os lucros a serem auferidos no futuro. Como esses lucros não se concretizavam, os países se tornavam devedores de empréstimos impagáveis.

      Estudos semelhantes eram feitos com ferrovias e rodovias, por exemplo, em que o volume estimado de carga transportada no futuro acabava por ficar aquém da realidade.

      Confissões de um Assassino Econômico (em inglês, Confessions of an Economic Hit Man) é uma autobiografia escrita por John Perkins e originalmente publicada em 2004. Conta a história de sua carreira como consultor da empresa Chas. T. Main, cargo para o qual teria sido recrutado por um membro da Agência de Segurança Nacional estadunidense, NSA. Seu trabalho consistia em atuar como um assassino econômico.

      Os assassinos econômicos atuariam manipulando recursos financeiros do Banco Mundial, da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), além de outras organizações internacionais e estadunidenses. Através de empréstimos, eles canalizariam verbas de países para grandes corporações e famílias abastadas que controlam grandes fontes de recursos naturais.

      Perkins afirma que seus instrumentos de trabalho incluem relatórios financeiros adulterados, pleitos eleitorais fraudulentos, extorsão, sexo e assassinato. Um assassino econômico seria um empregado do imperialismo nos tempos da globalização.
      Objetivos

      De acordo com o livro, o objetivo final dos assassinos econômicos é o de fazer com que lideranças políticas e financeiras de países em desenvolvimento contraiam elevados empréstimos de instituições como o Banco Mundial e a USAID, com o objetivo de construir obras de infra-estrutura em seus países.

      Os recursos dos empréstimos, porém, retornariam aos Estados Unidos, pois as empresas encarregadas das obras seriam invariavelmente estadunidenses. Os países beneficiados se veriam asfixiados com os pagamentos dos juros e as amortizações do principal dos empréstimos. Sendo assim, tais países se veem obrigados a se subordinar à pressão política dos Estados Unidos em diversos temas.

      No epílogo da edição de 2006, o autor rebate a oferta de perdão da dívida dos países do Terceiro Mundo por parte das nações do G8. Perkins alega que a proposta impõe diversas condições, dentre as quais a privatização dos serviços de saúde, educação, provimento de eletricidade, de água e outros serviços públicos. Segundo o autor, a proposta obriga ainda os países beneficiados a acabar com quaisquer subsídios às empresas locais e o fim de qualquer barreira ao comércio internacional, sem qualquer contrapartida por parte das nações do G8, que poderão continuar subsidiando suas empresas e impondo restrições, salvaguardas e tributos ao comércio internacional.

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