Por que a ABIN não está no exterior?

Fábio Pereira Ribeiro

A Revista Veja, em sua última edição, escancarou o uso indevido do aparato de inteligência no governo Lula para espionar jornalistas e veículos de comunicação. Coisas naturais de Estados ditos socialistas, o que entendem que a imprensa, ou principalmente a liberdade de expressão e comunicação, são atentados naturais ao tido “Estado Democrático de Direito”, mas que na verdade escondem uma ditadura velada. Mas como o andar da carruagem no Brasil demonstra, que “toda inteligência é burra”, não me causou surpresa as informações colocadas pela Revista Veja.

Para se ter uma idéia, segue uma parte do texto:

Um documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que descreve detalhes de uma queda de braço travada entre um agente e seus superiores durante o governo Lula, tem valor histórico inestimável. Esse documento, hoje arquivado, é a evidência oficial mais forte até aqui de algo que agentes confidenciavam a jornalistas, mas não podiam provar: o governo Lula espionou a imprensa. O texto revela que houve uma “Operação Mídia”, ação clandestina de espionagem de jornalistas e donos de empresas jornalísticas. VEJA teve acesso ao documento de seis páginas no qual o tenente-coronel André Soares revela a existência da operação ilegal.

Soares trabalhava como analista de informações da agência havia dois anos. Estava lotado na área de contrainteligência, encarregada de vigiar suspeitos de ligação com grupos terroristas e de monitorar a ação de espiões estrangeiros em território brasileiro. Antes de chegar à Abin, tinha passado pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE). No documento, o oficial relata que foi convocado à sala do chefe em um fim de expediente em 2004. Lá, recebeu a missão de procurar um determinado informante. Tudo o que o chefe lhe passou foi o codinome do informante, sua profissão, o lugar do encontro e, o mais importante, o título e o objetivo da missão: “Operação Mídia”.

Pelo entendimento, a questão poderia ter sido pior, se a ética no processo de inteligência tivesse falhado pela ótica do servidor “Soares”, um Tenente Coronel do Exército Brasileiro com anos de experiência na área de inteligência e contra-espionagem.

Mas independente deste caso, e dos outros que vazaram nos últimos dias, como por exemplo, a espionagem do Brasil sob embaixadas de diversos países, inclusive Estados Unidos e França, o processo de inteligência, e até mesmo espionagem no Brasil é tratado de forma muito piegas, e sem análise estratégica da situação. Se nós fossemos um Uruguay, com todo respeito ao país irmão, eu até entenderia que o uso do aparato de inteligência poderia ficar para uma segunda prioridade de Estado, mas no caso brasileiro isso é impossível, considerando todas as condicionantes de política externa que o país tem, e também o cenário geopolítico que o mesmo desenvolve no atual momento histórico do mundo.

Mas, considerando todos os cenários da espionagem internacional, e cá entre nós, podem surgir diversos Snowdens nos próximos anos, a prática de inteligência não diminuirá. Considerando os cenários de escassez de recursos naturais / alimentares e energéticos, além das questões de terrorismo internacional, o grande problema é como o Brasil tratará sua inteligência e sua contra-espionagem. Pois, temos recursos em abundância, os interesses internacionais e realistas focam no Brasil como solução, a criminalidade aumenta dia-a-dia (como diria uma fonte da Polícia Militar do Estado de São Paulo, “nós já perdemos a batalha contra o narcotráfico”), nossas fronteiras estão desguarnecidas, o orçamento de Defesa não dá nem para alimentar a tropa, 2014 não teremos investimentos consideráveis em novos equipamentos militares, a Amazônia é um dos maiores “antros” da bio-espionagem e bio pirataria, o contrabando de armas está cada vez mais escancarado nas fronteiras, a corrupção é alarmante, o país não tem inovação e não é competitivo, e além disso, vive em um passado onde serviço de inteligência significa “porão” ou “Doi-Codi”. No governo atual, o serviço de inteligência ganhou um bela “geladeira”, pois o seu Plano Nacional de Inteligência ainda está em uma gaveta profunda no gabinete da presidência, e o próprio governo parece desenvolver uma “Vendetta” contra a ABIN, e até mesmo, contra todo aparato do Sistema Brasileiro de Inteligência. Assim, todos os serviços de inteligência, juntamente com a diplomacia brasileira, não têm comunicação e integração, haja vista a troca de informações entre as inteligências policiais e o próprio Itamaraty.

Considerando isto tudo, me pergunto, por quê o serviço de inteligência brasileiro, ABIN, não está no exterior? É para dar margem de utilização indevida? É para manter um foco de atuação em problemas domésticos do Estado? E na hora que der algum problema, joga a culpa nos “arapongas”? Que lógica perversa é esta?

É notório que ABIN e Itamaraty não se conversam. Um vive desafiando o “status quo” do hibernar na própria atividade, o outro na sua opulência do “caviar”, mas sem resultados efetivos. Por quê o Brasil tem uma meia dúzia de agentes, ou analistas, em embaixadas, como por exemplo, Venezuela, Argentina, Colômbia e Paraguay? Por quê o serviço mantinha somente um analista nos Estados Unidos, e o pior em Key West? Por quê não em Washington e Nova York? Era para viver no sonho de Ernest Hemingway, que espionava Cuba tomando seu Dry Martini? Por quê a ABIN não está na França, em Paris e Marselha, prospectando inteligência econômica e tecnológica? Por quê a ABIN não está em Luanda integrando inteligência na África de língua portuguesa, e capacidades econômicas para os países? Por quê a ABIN não está o Oriente Médio, principalmente em Israel para avançar nos desafios de inteligência tecnológica e construção de cenários estratégicos sob a ótica de recursos energéticos, e problemas de segurança internacional? Por quê a ABIN não está na China, considerando que somos o maior hipermercado de alimentos do mundo? Bom, a lista é grande.

Na ABIN, existem mais de 800 analistas, que por sinal, nos dois últimos concursos, a agência recebeu quadros com excelente capacidade intelectual e técnica, assim, por quê perder tempo com esta “inteligência” própria em desafios domésticos, e não internacionais?

Será que o planalto não quer transformar o Brasil em uma potência, considerando que sua própria natureza já o transforma? Que medo é esse de inteligência e espionagem?

Por que o governo não analisa de forma realista a questão? O Brasil é alvo todos os dias de inteligência e espionagem por parte de outras potências, que por sinal, cá entre nós, quem é inimigo do Brasil? Nem a Argentina. Assim, somos espionados somente por “amigos”, coisas naturais da política internacional.

Uma vez entrevistei para este Blog EXAME o Embaixador Americano, e ex-espião da CIA durante 25 anos nos serviços clandestinos, Henry A. Crumpton, que lançou no Brasil sua obra “A Arte da Inteligência”, pela editora Novo Século. O mesmo foi categórico, “líderes dos EUA têm um apetite insaciável por adquirir conhecimento sobre seus pares estrangeiros. Querem conhecer suas políticas e também suas personalidades. Querem compreender seu caráter. A CIA dedica tempo e esforço substanciais para atender a essas exigências. Líderes estrangeiros desfrutam de grandes e luxuosas suítes de hotel. Isso vem junto com o cargo, com as expectativas de hierarquia e protocolo. Também preferem hotéis próximos de suas embaixadas. Isso explica a tendência de os hotéis mais caros se instalarem numa área delimitada. Os serviços de inteligência adoram a previsibilidade”. Fico imaginando que no dia que a Presidente Dilma, “cobrou geral” de Obama na ONU, o mesmo já sabia com antecedência. E o mais interessante, os Estados Unidos deram resposta à Alemanha, mas Dilma ainda está esperando…….

Espionagem e inteligência, além da contra-espionagem, são temas que devem ser tratados com realismo, e não com uma visão de “esquerda caviar” como diria Rodrigo Constantino, que por sinal fez um artigo interessante com o título, “E você preocupado com a espionagem do Obama, seu tolinho…”

Se o Governo Federal, além do Congresso e Senado, não quiserem insistir no “pano de manga”, inteligência X Estado X Ditadura, manda os agentes para o exterior para produzir inteligência efetiva para o Estado, e principalmente para a Nação. A segurança agradece, a inovação pode ganhar valor, e a competitividade nacional não fica ameaçada. E cá entre nós, reduz custos operacionais de inteligência que não levam a nada no serviço doméstico.

Como diria Ernest Hemingway, em suas diversas aventuras e espionagens em Cuba: “na condição de pescador, Fidel não conseguia vencer seu próprio torneio de pesca, muito embora ele fosse manipulado”.

Fonte: EXAME

12 Comentários

  1. ”A Revista Veja, em sua última edição, escancarou o uso indevido do aparato de inteligência no governo Lula para espionar jornalistas e veículos de comunicação…”

    Uso indevido porque ?jornalistas e veículos de comunicação são imaculados e acima de qualquer suspeita ?

    Ora por favor, todos sabemos que muitos jornalistas e veículos de comunicação desse Brasil estão a serviço de interesses estrangeiros dando uma verdadeira banana para o povo brasileiro,que muitas vezes os vê como verdadeiros santos cuja bocas imaculadas só dizem a verdade !

    Muitos jornalistas e veículos de comunicação são loucos para acabar com espaços como o Plano Brasil pois o advento da internet deu voz a qualquer cidadão brasileiro que antes só ouvia ou lia oque a grande mídia queria sem poder se manifestar ,tendo que engoli tudo !

    Agora quanto a Abin supostamente não ter ramificações no exterior isso se daria por nosso governante não terem visão geoestratégica e por não tomarem conhecimento da grandeza do BRASIL que nasceu para ser grande e ocupar um papel de liderança no mundo !

  2. essa veja ,quando foi convocada para ir na cpi do cachoeira por envolvimento com o mesmo ,mexeu com seus infiltrados no poder politico e escapou
    escapou também uma grande empresa de mídia que ajudava empresas arapongas americanas a atrapalhar a petrobras na argentina
    isso a nossa imprensa sionista fugio também ,são infiltrados e ajudam os interesses estrangeiros ,por isso tem que ser investigados sim
    e por falar nisso LEI DOS MEDIOS JÁ !!!!!!!! vamos acabar com esses parasitas traidores e também com o monopólio ionista da mídia brasileira

  3. Por que a ABIN não está no exterior?

    Simples, porque a ABIN se tornou uma piada no governo do bêbado, e continua uma piada no governo da gerentona revanchista.
    De agencia de inteligencia não tem nada, tanto que ficou sabendo que eramos bisbilhotados pelos yankes, pelo fantástico, que coisa mais ridicula ?!

    A verdade e que a ABIN não passa de um ninho partidário de arapongas, que visa vigiar a imprensa, e levantar dosies contra adversarios politicos do partidão.
    E não defender a nossa soberania como deveria, lamentável.

    • Como assim se tornou? Me diz que antes do Lulinha paz e amor ele era melhor? A ABIN é mais nova do que eu, e eu não cheguei nem aos 30 anos ainda.

      O problema da ABIN assim como o da maioria ( ou até mesmo de todos eles) orgãos desse país é que eles não tem força. Eles só são usados para fins pessoais ou como tapa-buraco quando alguma crise acontece.
      É assim que é, e não vai mudar tão cedo.

      • Não muda porque não temos projeto de nação enquanto a esquerda estiver no poder… eles não querem a existência da nação brasileira… o plano deles é formar a URSAL e manter todos na coleira… então vai continuar como está…

  4. Um documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que descreve detalhes de uma queda de braço travada entre um agente e seus superiores durante o governo Lula, tem valor histórico inestimável. Esse documento, hoje arquivado, é a evidência oficial mais forte até aqui de algo que agentes confidenciavam a jornalistas, mas não podiam provar: o governo Lula espionou a imprensa. O texto revela que houve uma “Operação Mídia”, ação clandestina de espionagem de jornalistas e donos de empresas jornalísticas. VEJA teve acesso ao documento de seis páginas no qual o tenente-coronel André Soares revela a existência da operação ilegal.

    Soares trabalhava como analista de informações da agência havia dois anos. Estava lotado na área de contrainteligência, encarregada de vigiar suspeitos de ligação com grupos terroristas e de monitorar a ação de espiões estrangeiros em território brasileiro. Antes de chegar à Abin, tinha passado pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE). No documento, o oficial relata que foi convocado à sala do chefe em um fim de expediente em 2004. Lá, recebeu a missão de procurar um determinado informante. Tudo o que o chefe lhe passou foi o codinome do informante, sua profissão, o lugar do encontro e, o mais importante, o título e o objetivo da missão: “Operação Mídia”.

    E aee defensores do petê ? falar o que agora ?1

  5. A ABIN é território de coxinhas, trabalha contra seu próprio governo, só porque é trabalhista. É como a PF, o MP e todo órgão cujos funcionários ganham mais que dez mil reais por mês.

    • O grupo midiático walfredo a serviço do partidão fazendo valer seu mensalinho… rsrsrsrsrs… vc acredita mesmo que alguém vai levar em consideração o que vc fala ???… rsrsrsrsrsrs… já sei… pra vc o certo é tirar todos os funcionários concursados e colocar membros do partidão indicados pelo zé dirceu, genoino, e demais PETRALHAS… rsrsrsrsrs… fala sério…

  6. Brasil quer ser potência , quer ser membro permanente do conselho de segurança da onu …
    oAcho que nosso País deveria primeiro arrumar aqui e depois pensar em consertar o mundo .

  7. cabeca de jarro “the har head”
    14 de novembro de 2013 at 22:20

    Brasil quer ser potência , quer ser membro permanente do conselho de segurança da onu …
    oAcho que nosso País deveria primeiro arrumar aqui e depois pensar em consertar o mundo .=== Temos de fazer q nem os loucos dos sauditas, deixar prá lá…só trás gastos, e morte de n povo, se entrarmos nesse grupos de monstros…é será sem direito à veto…então, pra quê ser parte do mesmo?!?! tamos mt o q fazer aki entro, da educação,moradias,alimentação ´,saúde e etc,etc.etc. sds.

  8. Que um pulguento deficiente mental venha fazer coro por uma “Ley de Medios”eu até entendo pois tipos como esse são facilmente manipuláveis. Agora gente esclarecida defendendo o uso da ABIN para vigiar jornalistas realmente é complicado. Pior ainda é embarcar no delírio conspiracionista segundo qual os jornalistas estariam a serviço de potências estrangeiras.

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