Os emergentes se encontram em uma encruzilhada

European Pressphoto Agency

TOM WRIGHT

Será que a desaceleração econômica nos países emergentes, da China à Turquia e ao Brasil, é temporária ou o prenúncio do pior que ainda está por vir?

Por boa parte da última década, essas economias se expandiram à medida que as pessoas trocavam o trabalho agrícola por empregos urbanos mais produtivos. Elas se recuperaram rápido depois da recessão mundial porque estímulos monetários e fiscais ajudaram a compensar a queda na demanda dos Estados Unidos. O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, impulsionou ainda mais esse crescimento despejando crédito barato nesses mercados ao emitir moeda para estimular a economia do país.

Mas há dois anos, as coisas começaram a mudar. As taxas de crescimento caíram drasticamente nos mercados emergentes — um recuo de três pontos percentuais desde 2010, para 5%, em uma taxa trimestral anualizada, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

A questão agora é o que causou essa queda e se as taxas de expansão mais baixas são a nova realidade ou apenas uma pausa na marcha do mundo em desenvolvimento para alcançar os países industrializados.

“Essa é realmente uma questão quente nos círculos políticos no momento”, diz Stephen Schwartz, economista-chefe para a Ásia do banco espanhol Bilbao Vizcaya Argentaria SA. O que está sendo debatido é se essa queda é consequência de problemas estruturais, e por isso permanente, ou resultado de uma baixa temporária no ciclo econômico global.

Entre 2000 e 2012, as economias emergentes avançaram conjuntamente a uma média anual de quase 6%, enquanto os EUA cresceram em média 2%. Esse avanço rápido fez surgir a ideia da “convergência”, à medida que países pobres começaram a diminuir a desvantagem em relação aos ricos.

Os otimistas salientam os fatores temporários como a redução das iniciativas de estímulo nos países em desenvolvimento, que causou a queda na demanda por exportações globais e dos preços das commodities.

Os pessimistas argumentam que o mundo em desenvolvimento já colheu os ganhos fáceis da industrialização e que muitos países emergentes enfrentam agora limites de capacidade. Suas populações, em muitos casos, estão envelhecendo e os níveis de educação continuam baixos. E há também o eventual fim da política de dinheiro fácil dos EUA e o esfriamento do superciclo das commodities.

Coloque no time dos pessimistas Anders Aslund, acadêmico visitante do Instituto Peterson para Economia Internacional e professor da Universidade de Georgetown. Ele acredita que o processo de industrialização já acabou e que a maior parte das nações — ricas e pobres — retornará a níveis de crescimento de cerca de 3,5% ao ano.

A decisão do Fed em sua última reunião de política monetária de adiar o começo da desaceleração de seu programa de compra de títulos de dívida deu um tempo extra aos emergentes. Mas esses países, na opinião de muitos economistas, precisam usar esse tempo para fazer reformas que tornem suas economias mais resistentes.

Para Aslund, os salários altos reduzem a capacidade de países como Brasil e Rússia de competir nos mercados globais de muitos produtos. Ao mesmo tempo, esses emergentes não podem competir com os países industrializados nos segmentos de alta qualidade.

O modelo de crescimento China está perdendo força, com fábricas inativas e a produtividade em queda. Muitos países em desenvolvimento continuam atolados em corrupção e o protecionismo está em alta.

O FMI vê um horizonte nebuloso, mas ainda acredita num cenário de crescimento otimista. Para o fundo, a maior parte da queda no crescimento desde 2010 pode ser explicada por fatores cíclicos, como o fim dos pacotes de estímulos nos mercados emergentes. O fundo destaca a China e a Rússia como países que enfrentarão taxas persistentes de crescimento mais baixos nos próximos anos.

Mas Kalpana Kochhar, vice- diretor do fundo, disse recentemente que a desaceleração é bem vinda se ela significar que os países emergentes podem crescer sem causar bolhas. Muitos países asiáticos, por exemplo, acumularam níveis altos de dívidas que ameaçam sua estabilidade econômica.

Os economistas concordam que os mercados emergentes precisam promover reformas em suas economias — como melhorias em infraestrutura e mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento — para abrir as portas para a próxima onda de crescimento.

Alguns países, como o Peru e as Filipinas, tiveram sua classificação de crédito melhorada por mudanças que têm atraído investidores estrangeiros e uma taxa de crescimento mais forte do que seus pares. No caso da China, a questão-chave é promover o consumo interno em vez de contar com empresas estatais improdutivas para crescer.

 

Fonte: The Wall Street Journal

 

8 Comentários

  1. wall streeeet sionista joruuuunal ”””’gente””” que não presta !!!!!!!
    propaganda contra já tem a veja ,e o brasil já é vacinado contra essa virose !!!!!

    • Verdade…propaganda dirigida.
      O Brasil precisa é enfrentar o desperdício: Onde estão as Ferrovias e as Hidrovias??? Também é preciso parar de aumentar a dívida. No passado o Brasil devia mais de bilhões e era dívida externa, hoje deve trilhão e é divida interna. Qual a diferença? Antes se acontecesse um calote quem mais quebrava junto eram os estrangeiros (lembrar do calote Argentino, quem ficou chupando o dedo foram os estrangeiros), hoje se ocorrer uma crise a implosão é interna, o rombo é aqui dentro. A máxima do caloteiro: se devo é melhor dever para quem não é da família.

  2. A saída, como sempre, para o terceiro mundo é e sempre foi EDUCAÇÃO DE QUALIDADE… o resto vai desembocar no mesmo lugar… falácias… e esse governo trabalhista que não faz NADA para os trabalhadores evoluírem !!!… a contínua ignorância das massas convém muito a essa gente… péssimo para o país… sem revolução na educação o povo vai continuar dependente do estado provedor e o seu futuro vai ser lastimável… COBREM DO GOVERNO TRABALHISTA MELHORIAS NA EDUCAÇÃO… é a única saída…

      • Propaganda é a alma do negócio… QUALIDADE meu amigo, QUALIDADE… se depender de números o Brasil estaria melhor que a China… aqui nem reprovar semianalfabeto pode !!!… logo os índices de reprovação são pequenos… agora, faça um teste com um aluno brasileiro e verás a realidade… o Brasil ocupa os últimos lugares nos testes internacionais de proficiência… isso vc sabe… garanto… então deixa de querer tapar o sol com a peneira… temos que evoluir MUITO para ficarmos entre os 100 primeiros… e isso esse governo NÃO QUER… significaria uma sociedade menos adestrada e mais independente do governo, coisa que vai contra os interesses dos petistas…

  3. CARTA A UM JORNAL DE WALL STREET

    Mauro Santayana

    Ao Senhor Paul Gigot, Vice-Presidente e Diretor Editorial do Wall Street Journal.

    Normalmente, eu não me dirigiria a um jornal pertencente a um grupo que tem, desde a semana passada, oito ex-funcionários e ex-diretores sentados nos bancos dos réus por suborno e espionagem ilegal, até mesmo do email de uma vítima de homicídio, como é o caso da News Corporation.

    Um jornal que sonega e manipula informações para seus leitores, sempre que é conveniente para o dono, como no caso do escândalo das escutas do tablóide sensacionalista News from the World, como revelado agora pelo jornalista David Folkenflik, no livro Murdoch´s world : the last of the media empires, lançado na semana passada pela Perseus Books, que talvez o senhor não tenha tido ainda a oportunidade de ler.

    Por essa razão, não merecem consideração as costumeiras sandices da página editorial de vocês, escritas por seus “editorialistas”, como fez Mary O´ Grady, na semana passada, sobre o Brasil.

    Quem entenda um mínimo de jornalismo conhece as contradições do Wall Street Journal, e a orientação fascista e de extrema direita e o ultra-relativismo de sua linha editorial.

    O WSJ é aquele jornal que afirma, em editorial, que não dá para confiar em detectores de mentiras, no caso da acusação de assédio sexual de Anita Hill contra o Juiz conservador, então candidato à Suprema Corte, Clarence Thomas; e oito meses depois, diz que o detector de mentiras é totalmente confiável, ao tentar salvar o Secretário de Estado Caspar Weinberger de indiciamento por perjúrio, no caso Irã-Contras, de venda de armas para iranianos para enviar dinheiro para as milícias assassinas de extrema direita na Nicarágua .

    É da tradição do Journal confundir, interessadamente, alhos com bugalhos, como fez no caso de Jonas Savimbi, líder da UNITA, ao citá-lo, por duas vezes, em 1979 e 1989, como um combatente contra os portugueses pela independência angolana, quando então já havia documentos provando que, na verdade, ele era financiado pelo regime colonial português para combater e enfraquecer o MPLA, o movimento que lutou depois da independência contra o próprio Savimbi, mercenários ocidentais, e sul-africanos, para libertar o país.

    O seu jornal chamou de um “bando de bandidos árabes” os paquistaneses e indianos envolvidos com o caso do banco BBCI; escreveu um editorial contra o New York Times, acusando-o de acusar injustamente, o militar e político salvadorenho, Roberto D’Aubuisson, com esquadrões da morte – quando documentos da própria administração Reagan comprovavam esse envolvimento, em milhares de assassinatos de opositores.

    Não se pode esperar outra coisa de um jornal que mente, mente, mente, descaradamente quando se trata de defender, dentro dos Estados Unidos, o mais abjeto fundamentalismo de direita. E, fora dele, o pretenso destino manifesto norte-americano de se meter em outros países e se arvorar em “guardiões do mundo”.

    Para saber mais sobre a reputação da linha editorial de seu jornal, sugiro ler 20 Reasons Not to Trust the Journal Editorial Page (20 razões para não ler a página editorial do Journal), de Jim Naureckas e Seteve Rendall e By any Means necessary, the ultrarelativism of the Wall Street Journal Editorial Page (pelos meios necessários, o ultrarelativismo da página editorial do Wall Street Journal), de Edward S. Herman, professor emérito da Wharton School da Universidade da Pensilvânia.

    Como o papel aceita tudo, como dizemos por aqui, o Wall Street Journal tem o direito de publicar o que quiser, só não pode dizer que é um paladino da liberdade e da democracia depois de ter afirmado, em editorial, em julho deste ano, que o Egito precisa é de um Pinochet, ditador que, aliás, os senhores não se cansavam de elogiar quando estavam no poder.

    E é isso que sua editorialista, Mary O´Grady, quis dar a entender – que estava defendendo a “liberdade” e a democracia estilo “Wall Street Journal”, quando publicou, na semana passada, um artigo denominado Why The NSA Watches Brazil – Porque a NSA espiona o Brasil.

    Se o artigo tivesse ficado restrito aos seus leitores, provavelmente não faria nenhuma diferença, mas, como foi publicado aqui, e ninguém se dispôs a contestá-lo, estou tentando fazê-lo agora.

    O texto de Mary O´Grady, é filho de um outro texto, chamado “Porque os Estados Unidos espionam o Brasil”, de Carlos Alberto Montaner, um perfeito “gusano” cubano, co-autor de um livro denominado “o perfeito idiota latino-americano”, cuja conclusão é a de que somos todos idiotas, os que defendemos a soberania e a independência de nossos países, ao contrário dos “inteligentes” e “brilhantes” defensores da total submissão ao Consenso de Washington e aos interesses dos Estados Unidos.

    Segundo Montaner, que inventa uma suposta “conversa” com um embaixador norte-americano não identificado, os EUA espionam o Brasil porque apoiamos regimes como Cuba, Venezuela, a Bolivia, a Siria, e votamos com os BRICS na ONU.

    Ou seja, os Estados Unidos espionam o Brasil porque não fazemos o que o seu país, senhor Paul Gigot, quer que nós façamos.

    Para o seu país, seria uma maravilha, se no lugar do Mercosul, tivéssemos uma ALCA, e fôssemos todos imenso México, que apenas maquila produtos para o mercado norte-americano – e que, apesar do “excelente” negócio que fez ao entrar para o NAFTA, crescerá apenas a metade do que nós iremos crescer este ano.

    Para Mary O´Grady, temos que “mudar” nossa geopolítica. Para os EUA, teria sido ótimo se não tivéssemos fundado o G-20, e o mundo ainda fosse comandado pelo G-8, se não existisse o BRICs, nem o Conselho de Segurança da ONU.

    E eles pudessem invadir e bombardear quem quisessem, para, depois de perder trilhões de dólares e milhares de homens, sair com o rabo entre as pernas, como estão fazendo de países como o Iraque e o Afeganistão, com suas guerras inúteis.

    Mas isso não vai ocorrer, senhor Gigot.

    O Brasil vai continuar sendo – ou tentando ser – um país independente, que apoia e integra a América do Sul por meio da UNASUL e do Conselho de Segurança da América do Sul.

    Vamos continuar pesquisando o urânio, construindo nossos submarinos nucleares, desenvolvendo nossa indústria de defesa, fazendo parcerias com outros países, inclusive do BRICS, porque todo país tem direito a proteger-se.

    Vamos fazê-lo porque somos o quinto maior país do mundo em extensão territorial e população, com todos nossos problemas, a sétima economia do mundo e – entre outras coisas – o terceiro maior credor individual externo de seu país, senhor Paul Gigot.

    É essa a responsabilidade que temos com o nosso povo. E com a nossa visão de mundo, e nosso projeto geopolítico, multilateralista e democrático, que não é o dos Estados Unidos da América do Norte.

    Continuem nos espionando. A Alemanha e a França são seus aliados na OTAN. Eles não são do BRICS, nem estão construindo um novo porto em Cuba, nem mandam comida para a Venezuela, nem compram gás boliviano. E vocês não os espionam também, da mesma forma?

    Lembre à senhorita Mary O´Grady que há mais razões para que os EUA nos espionem do que as que ela colocou em seu artigo.

    Mas são menos razões do que as que vocês nos dão para desconfiar – e passar realmente a espionar – os Estados Unidos.

  4. Acabou a era de produzir para europeus e estadunidenses. Agora a produção terá que ser direcionada para as novas classes médias dos países em desenvolvimento. Produtos mais baratos, mas de boa qualidade. São bilhões e bilhões de novos consumidores. Para isso basta um acordo entre os BRICS, de aumento gradual, com equiparação futura, de programas de renda e salário mínimo. Assim os mercados iriam aumentando e as empresas adquirindo capacidade de pagar um salário maior.

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