4 de Novembro de 1995: Assassinato de Itzak Rabin

Itzak Rabin, Clinton e Arafat selaram o primeiro Acordo de Oslo em 1993.

O premiê Itzak Rabin foi assassinado por um radical de direita em Israel no dia 4 de novembro de 1995. Minutos antes, ele havia participado de uma grande manifestação pela paz

Era sábado à noite e cerca de 100 mil manifestantes ouviam discursos políticos e cantavam pela paz com os palestinos. Dois anos antes, Israel assinara com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) o acordo de Oslo, que previa, em primeiro lugar, o reconhecimento mútuo. Tinha como base o conceito de terra por paz: durante a fase intermediária de negociações, Israel entregaria à administração palestina territórios da faixa de Gaza e da Cisjordânia.

A execução do acordo, porém, era freada pela oposição nacionalista, liderada pelo ex-premiê Benjamin Netanyahu, então líder do Likud. Rabin era acusado pelos adversários de trair a pátria. Era considerado taciturno, reservado e arrogante, mas o reconhecimento mundial obtido por seu papel no processo de paz parecia liberar suas emoções.

Rabin estava convicto de haver dado o passo certo em Oslo e satisfeito com o apoio recebido da população. A caminho do carro oficial, que o esperava atrás do palco, foi atingido por dois tiros. Foi levado às pressas para o hospital, mas não resistiu. O assassino, Igal Amir, um estudante de Direito de 25 anos, foi preso no local do crime e, mais tarde, condenado à prisão perpétua.

Afirmação de compromisso pela paz

Apesar de estar sofrendo ameaças, Rabin recusara-se a usar colete à prova de bala. O primeiro a manifestar suas condolências foi o líder palestino Iasser Arafat, num gesto que na “intifada” de 1987 ainda era impensável.

Os dois arqui-inimigos haviam partilhado o Prêmio Nobel da Paz de 1994 pelo aperto de mão histórico, ao selarem o acordo de Oslo, em Washington. A morte de Rabin só foi festejada por alguns grupos radicais no Líbano. O ex-presidente Bill Clinton lamentou a morte, enfatizando ter perdido “um parceiro e amigo”.

Shimon Peres assumiu o governo israelense a 5 de novembro de 1995, reafirmando o compromisso com a paz. Eleito em 1996, seu sucessor Benjamin Netanyahu fez a mesma promessa, mas congelou o processo de paz em março de 1997, quando aprovou a construção de novos assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental.

Na eleição seguinte, foi eleito o líder trabalhista Ehud Barak, que no princípio comprometeu-se a continuar a política de Rabin. Mas o terrorismo de extremistas judeus e muçulmanos seguiu dinamitando o diálogo.

Rabin teve a contraditória biografia de um grande general que virou arquiteto da paz. “A assinatura da declaração de princípios israelense-palestino não é fácil para mim, como um soldado de Israel”, disse em setembro de 1994 nos jardins da Casa Branca, ao lado de Iasser Arafat, da Autoridade Palestina.

Herói na Guerra dos Seis Dias

Rabin virou um “mártir da paz”, mas dos 13 aos 66 anos dedicou-se à guerra. Nascido a 1º de março de 1922 em Jerusalém, lutou contra o Eixo na Segunda Guerra Mundial, contra os ingleses em 1946 e contra os árabes em 1948.

Em 1964, tornou-se chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel. Foi o grande herói nacional na Guerra dos Seis Dias, em 1967, na vitória militar contra Egito, Jordânia e Síria, em que Israel anexou os territórios da Cisjordânia e Gaza.

De 1968 a 1973, Rabin foi embaixador em Washington. De volta a Israel, começou a carreira política no Partido Trabalhista. Sucedeu a primeira-ministra Golda Meir, mas foi obrigado a renunciar em 1977, porque mantivera uma conta bancária nos EUA depois do retorno a Israel.

Em 1984, foi nomeado ministro da Defesa num governo de coalizão com o Likud. Na Intifada, a insurreição palestina nos territórios ocupados, mandou quebrar os ossos das mãos de palestinos condenados por atirarem pedras contra soldados israelenses – política que lhe rendeu veementes críticas internacionais.

De volta ao poder em 1992, apoiou o projeto de paz do ministro do Exterior, Shimon Peres, por razões pragmáticas. Israel não tinha mais condições políticas de manter 1,7 milhão de palestinos como subcidadãos em territórios sob seu controle. Uma vez engajado no processo de pacificação, Rabin se mostrou tão obstinado pela sua conclusão quanto na busca de vitórias militares para seu país.

 

Fonte: DW.DE

5 Comentários

  1. Sempre tem um pra jogar m*** no ventilador. Extremistas dos 2 lados fazem ficar impossível a paz naquelas bandas.
    Eu mesmo desisti de tentar entender a guerra daquelas bandas.

  2. De um lado temos uma horda de extemistas homens-bomba contra Israel e de outro temos o reacionário anti-paz do Netanyahu.
    Triste situação…

  3. Eu gostava do Itzak Rabin. Era um linha dura, mas possuia uma visão de futuro que eu respeito muito. Aquele aperto de mão dele com Yasser Arafat não foi moleza pra ele. Se formos ver o vídeo da cerimônia a que se refere a foto do post, é possível notar a hesitação dele, pois foi Arafat quem estendeu a mão primeiro e esperou. Rabin, apesar de claramente não querer aquele contato tão próximo com Arafat (claramente o detestava), foi muito maior do que o momento, entendendo o que aquilo poderia significar para o futuro da população israelense. E apertou a mão de Yasser Arafat.

    Mas então ele foi desgraçadamente assassinado por um demente encorajado por radicais.

    E, poucos anos depois, o desafeto Benjamin Netanyahu praticou o que eu considero o golpe de misericórdia nos acordos anteriores firmados entre palestinos e israelenses: mesmo sendo odiado por palestinos por conta dos massacres de Sabra e Chatila, ele “resolveu” ir até o Muro das Lamentações, criando uma revolta tamanha que a única saída foi a volta aos confrontos diretos entre palestinos e israelenses. Benjamin Netanyahu não teve a grandeza de Itzak Rabin como comandante de um povo, que se dispoe a sacrifícios pessoais em nome de uma causa maior. Seguiu apenas o instinto mesquinho que o levou à liderança de um governo e, em seguida, mergulhou seu país em nova rodada de conflitos massacrantes. Natanyahu foi pequeno, muito pequeno.

    E agora, depois de anos da morte de Arafat, com o conflito mais radicalizado do que nunca, surgem sérios indícios de que ele também tenha sido assassinado, envenenado por material radioativo. Eu acuso Benjamin Netanyahu como responsável por tudo isso.

  4. Já se tinha a suspeita na época e só agora está se levantando isso?… Muito estranho!… As coisas funcionam quando convém pra determinados objetivos!

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