Escândalo lança dúvida sobre real influência de Obama na espionagem

Monitoramento de telefones de líderes mundiais teria começado há uma década, após o 11 de Setembro. Mas NSA sustenta que o atual presidente americano, no poder desde 2008, nada sabia. Republicano contesta versão.

Enquanto a Casa Branca mantém silêncio, a Agência de Segurança Nacional (NSA) nega as denúncias, feitas pelo tabloide Bild no fim de semana, de que seu chefe, Keith Alexander, informou o presidente Barack Obama ainda em 2010 sobre os grampos no telefone da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Em comunicado, Vanee Vines, porta-voz da NSA, garantiu que Alexander não conversou com Obama, nem discutiu qualquer operação envolvendo Merkel. “Relatos que afirmam o contrário não são verdadeiros”, diz a nota.

Um reportagem do Wall Street Journal reforça a versão. Nela, fontes do governo americano confirmam pela primeira vez que a NSA espionou Merkel e mais de 30 líderes mundiais – porém, afirmam, sem o consentimento de Obama. As escutas teriam sido desativadas em meados deste ano após uma investigação interna da Casa Branca.

As escuta telefônicas teriam começado há uma década, segundo o jornal New York Times, pouco depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Na época, Merkel era presidente do seu partido, a União Democrática Cristã (CDU).

“Para mim, o que vem à tona agora não é surpresa”, diz à DW Thomas Drake, que foi durante 18 anos funcionário da NSA e que, bem antes de Edward Snowden, revelou segredos da agência americana à imprensa.

Comparação com a Stasi

Em 2010, Drake divulgou informações sobre um programa de espionagem chamado trailblazer – e se tornou um inimigo do Estado. “Depois de tudo que fiquei sabendo de dentro daquele aparato, tinha esperanças e já contava que o próximo choque estaria por vir”, conta.

As lembranças de Drake se encaixam com parte das informações que estão circulando na mídia sobre o período em que ocorreu a espionagem: “Isso aconteceu logo após os ataques de 11 de setembro: devido ao fato de que muitos autores de atentados estavam circulando na Alemanha, viviam na Alemanha, ou haviam viajado pela Alemanha, a NSA e o governo americano declararam o país como alvo número 1 na Europa.”

Na opinião de Drake, no entanto, o que veio agora à tona é escandaloso. “Trata-se de uma violação incrível das regras da diplomacia internacional”, diz o antigo funcionário da NSA. “Isso afeta pessoalmente Merkel. É o telefone celular pessoal dela. Qual a necessidade disso? Ela está entre os nossos principais aliados na luta contra as ameaças reais.”

O homem que antes espionava a antiga Alemanha Oriental a partir de aviões diz que a situação agora faz lembrar da Stasi [polícia secreta do regime comunista] ou até mesmo da Alemanha nazista. “Por isso, esse escândalo atinge Merkel de forma ainda mais pessoal”, opina, numa referência ao fato de a chanceler federal ter vivido sob regime ditatorial da antiga RDA.

A espionagem americana foi criticada também pelo jornalista do Washington Post Bob Woodward. “É preciso repensar todo esse mundo do serviço secreto”, disse o repórter em programa de entrevistas no canal CBS. “Temos um governo incrivelmente poderoso que ligou o piloto automático.”

Oliver Stone critica

Juntamente com o colega Carl Bernstein, Woodward tornou público o escândalo de grampos contra a sede do Partido Democrático pela equipe de campanha do presidente Richard Nixon. Em consequência disso, Nixon acabou renunciado ao cargo, em 1974.

Detalhe do documento em que o grampo em telefone de Merkel é mencionado

Críticos do serviço de inteligência americano, como o diretor hollywoodiano Oliver Stone, já compararam o atual escândalo da NSA com o caso Watergate. Os crimes de Nixon prenunciaram em décadas a era da internet, disse Stone em vídeo de protesto postado na web e que realizou junto a diversos ativistas de direitos civis e atores.

A Casa Branca não acrescentou nada de novo à sua antiga declaração sobre o escândalo do grampo do celular de Merkel. “Os EUA não monitoraram a comunicação da chanceler federal e nem vão fazê-lo”, declarou o porta-voz da Casa Branca Jay Carney, na semana passada.

O ex-presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA Pete Hoekstra disse à Deutsche Welle que, para ele, não seria surpresa se Obama tivesse sido informado da escuta telefônica à chanceler federal:

“O presidente estabelece as regras que orientam as operações dos serviços secretos. A NSA e organizações americanas não podem nem devem atuar fora dos limites estabelecidos pelo presidente”, disse o político republicano.

 

Fonte: DW.DE

4 Comentários

  1. “Os EUA não monitoraram a comunicação da chanceler federal e nem vão fazê-lo”, declarou o porta-voz da Casa Branca Jay Carney, na semana passada.

    E o grampo estava lá no celular para que? Talvez just in case…

  2. é e tem gente que acha que aalemanha vai esquecer
    é sinal que não le nem os textos so o titulo
    mas esperar o que dos puxa saco de gringo traidor da pátria
    os gringos estão se engasgando com o próprio vomito ,dissimulados e imcopetentes que fazem seu próprio povo viver espionado pois sentem medo do povo americano descobrir que quem verdadeiramente manda nos estados unidos são o sionismo
    estados unidos coleciona inimigos em todo canto do planeta
    mas pasmem os psudos intelectuais capachos de gringo acham que eles ficaram de pe contra o resto do mundo ,vai ser ingênuo assim so la em holiwood!!!!!!!

  3. Eu acho que todo mundo espiona todo mundo. Em maior ou menor grau, todos espionam.
    Assim se ganha vantagem tecnológica, comercial, econômica e estratégica.
    E acho que o chefão estava ciente das espionagem sim, caso contrário, depois de tantos escândalos alguém já teria sido demitido.

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