O projeto IPD/6504 – “Bandeirante” do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento – órgão do CTA

IPD-6504 –  “Bandeirante” a esquerda.

O projeto do avião Bandeirante é anterior à criação da Embraer. Em junho de 1965, o IPD (Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento) – órgão do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) – iniciou o desenvolvimento de um antigo projeto de aeronave, chamada então de IPD-6504 (por ser o quarto modelo projetado no ano de 1965), sob as especificações de um pedido do Ministério da Aeronáutica.

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O projeto baseou-se em um estudo sobre a densidade do tráfego aéreo comercial brasileiro, principalmente em cidades pequenas, e ao comprimento e tipo de piso das pistas dos aeródromos nacionais, visando, assim, obter um avião moderno e adaptado às condições, necessidades e possibilidades brasileiras, numa época em que a infra-estrutura aeroportuária do país era pequena. Deveria, então, ser uma aeronave pequena, tamanho proporcional à demanda destas regiões. O resultado foi um turbo-hélice metálico, de asa baixa, equipado com duas turbinas Pratt & Whitney PT6-020, cada uma de 580 HP na decolagem e com capacidade para oito pessoas. Em 25 de junho de 1965, o desenvolvimento do projeto pelo CTA foi autorizado pelo governo de Castelo Branco.

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Paulo Victor, diretor do CTA, foi quem batizou a aeronave IPD-6504 com o nome “Bandeirante”, em agosto de 1969. Havia uma carga simbólica na expressão, que remetia à idéia dos bandeirantes como pioneiros da integração nacional. O nome escolhido para a aeronave tinha grande significado para a identidade brasileira, mas era difícil de ser pronunciado por estrangeiros.

Em meados da década de 1960, projetar e fabricar o protótipo de um avião levava cerca de cinco anos e muitos recursos, considerando-se a conjuntura econômica restritiva e a conjuntura política do Brasil, o que colocava em risco o projeto do avião. Apesar disso, o primeiro protótipo do Bandeirante foi construído em três anos e quatro meses após a aprovação do projeto. Em 22 de outubro de 1968 foi realizado o primeiro voo de teste do Bandeirante, feito com muita expectativa por toda a equipe, após 20 anos do início dos trabalhos de construção do CTA. Quatro dias depois, no aeroporto de São José dos Campos, o primeiro protótipo do Bandeirante realizou o primeiro voo oficial de demonstração. A cerimônia contou com a presença de cerca de 15 mil pessoas, entre elas o Ministro da Aeronáutica, vários Ministros de Estado e autoridades civis e militares.

Concluído o primeiro protótipo, havia o desafio da produção seriada e a comercialização da aeronave. Como se apresentou satisfatório, o programa foi aprovado pelo governo, e no dia 19 de agosto de 1969 foi criada a Embraer, destinada inicialmente à fabricação seriada do avião Bandeirante, designado então como EMB-100.

Em 19 de outubro de 1969, o segundo protótipo Bandeirante fez seu voo inaugural, ainda sob responsabilidade da equipe do CTA. Em 02 de janeiro de 1970, a Embraer começou a funcionar e assumiu a produção da aeronave, produzindo inteiramente o terceiro protótipo. Equipado como laboratório voador para pesquisas de sensoriamento remoto da CNAE (Comissão Nacional de Atividades Espaciais), o terceiro protótipo voou pela primeira vez em 29 de junho de 1970.

Apesar do bom desempenho do Bandeirante, verificou-se que as condições de mercado haviam se modificado desde a criação do projeto, e os oito lugares que o avião oferecia eram insuficientes. A equipe de projetistas da Embraer decidiu então reformular o projeto, criando o EMB 110 Bandeirante, maior – com 12 lugares na versão militar – e alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos. Com as modificações, em maio daquele ano a empresa fechou com a Força Aérea Brasileira (FAB) um de seus primeiros contratos, para fabricação de 80 Bandeirantes, e a versão EMB 100 não foi mais produzida, limitando-se a três protótipos.

Em junho de 1975, o primeiro protótipo do Bandeirante fez seu último voo, no percurso entre o Aeroporto Santos Dumont à Base Aérea dos Afonsos e permanece exposto no Museu de Aeronáutica.

O segundo protótipo foi entregue à Fundação Santos Dumont, e permaneceu na sede da Fundação, em Cotia (SP). Como parte das comemorações do quadragésimo aniversário do primeiro voo do Bandeirante, a Embraer promoveu o restauro do segundo protótipo da aeronave em outubro de 2008. O avião foi pintado nas cores da FAB e recebeu novo interior, com itens, texturas e tonalidades similares à tapeçaria original.​​

Fonte: Centro Histórico EMBRAER

 

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