Presidente da França quer parceria em espionagem com os Estados Unidos

Andrei Netto

Duraram três dias as reclamações do presidente da França, François Hollande, sobre a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês). Depois de o governo se dizer chocado e indignado com as denúncias de que órgãos oficiais, empresas e cidadãos franceses são monitorados pelos americanos, o líder propôs que os serviços secretos dos dois países aprofundem a cooperação.

O objetivo do Palácio do Eliseu é “enquadrar” os pontos de divergência entre Washington e Paris. A mudança de estratégia ficou clara nesta quarta-feira, 23, dois dias depois de o jornal Le Monde começar a publicar uma série de reportagens sobre como a NSA invade a privacidade dos franceses e descobre segredos industriais e de Estado.

Escritas em colaboração com o jornalista americano Glenn Greenwald e com base em documentos obtidos pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden, asilado desde agosto na Rússia, as reportagens revelaram que, apenas entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013, 70,3 milhões de telefonemas feitos na França foram gravados de forma clandestina pelos americanos.

De início, a prática foi considerada “chocante” pelo primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, o que levou o chanceler Laurent Fabius a convocar o embaixador americano em Paris, Charles Rivkin.

Ainda na segunda-feira, 21, o presidente Barack Obama garantiu a Hollande, por telefone, que “questões legítimas de amigos e aliados” sobre privacidade e limites da espionagem estão sendo levadas em consideração na revisão das competências da NSA – a mesma resposta dada à presidente brasileira, Dilma Rousseff, em agosto e setembro. Na terça-feira, 22, foi a vez o secretário de Estado americano, John Kerry, encontrar-se com Fabius para discutir o caso.

Depois da ofensiva diplomática americana, Hollande amenizou o discurso. Segundo a porta-voz do governo francês, Najat Vallaud-Belkacem, Hollande propôs ao americano “uma cooperação bilateral”, oferta que teria sido aceita. “Eles concordaram no fato de que as operações de coleta de informações devem ser disciplinadas e o enquadramento deve ocorrer de maneira bilateral.”

A porta-voz disse que Paris considera os instrumentos da espionagem americana úteis e manifestou mais preocupação em “enquadrar” a prática do que impedi-la. “As intercepções e a cooperação entre nossos dois países sobre o assunto podem ser úteis na luta contra o terrorismo”, afirmou Najat, ao ser questionada sobre se o governo impediria as interceptações.

A posição francesa é diferente da de Dilma, que propôs na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, um projeto de regulamentação da internet – na prática, tornando a discussão multilateral.

O tema da espionagem deve ser um dos pontos de discussão entre os chefes de Estado e de governo da União Europeia na cúpula que ocorre nesta quinta-feira, 24, e sexta-feira, 25, em Bruxelas, na Bélgica.

Uma das propostas em discussão deve ser a que obriga empresas como Google, Yahoo, Facebook, Apple e Microsoft a não acessar certos dados de vida privada ou não transmiti-los a serviços de espionagem.

Nesta semana, o Parlamento Europeu aprovou um projeto de multas que podem chegar a € 100 milhões ou a até 5% do faturamento das empresas caso elas transmitam, sem autorização, dados sigilosos de governos.

 

Fonte: Estadão

14 Comentários

  1. Esse Hollande é mesmo um babaca capaxo e fez bem a Dilma simplesmente ignora-lo na Rio+20.
    Franceses sempre foram assim MURILOS.
    Se posicionam encima do muro e depois convergem pro lado que acham que lhes garante o tonho.
    Não é atoa que ja foram varias vezes destroçados e imploram para se transformarem em ruinas outra vez.
    Junto com a espanha é a França a mais segregacional e xenofobica nação Europeia Ocidental e mesmo assim torna-se cada vez mais Islamica.

  2. É isso aí.
    Ninguém consegue se defender de espionagem, ninguém!
    O governo francês é brilhante nesse ponto, sabe que não vai impedir os EUA de espiona-los então se junta a eles e espionam (rouba) também.
    É o que eu a muito defendo para o Brasil, crie um sistema razoavelmente seguro para guardar as informações secretas, mas coloque empenho mesmo em um sistema de espionagem. Se é impossível nos defender então vamos ao ataque.

  3. não querendo defender o americanos, mas esse negocio de espionagem todos mundo sabe que acontece, o chinese invadiram um satélite americano, os russos, tinha ( acho que ainda tem) satélites dedicados a espionar os estados unidos, ainda o que deve ter de espião russo em território americano.

  4. Achei razoável esta colocação, sucinta por assim dizer. O governo brasileiro é o maior culpado das vulnerabilidades no setor de informações, segurança nacional como todas as outras áreas referente ao estado. Me parece que o entendimento de alguns setores políticos do pais baseiam suas ações na Fé, e não no conhecimento extensivo para materializar suas ações.

  5. Como de costume é a geopolítica é que manda em países responsáveis. Hollande sabe que é imposível fazer cessar a espionagem até porque também a França espiona muito, inclusive espiona os EUA. De igual forma o chefe de estado francês também sabe que os interesses geopolíticos, históricos, econômicos e culturais que unem a França aos EUA são maiores que as acusações de espionagem, razão pela qual devem ser preservados. Assim, e até como forma de neutralizar maiores intrusões, propõe uma maior cooperação dos serviços de espionagem dos dois países.

    Enquanto isso, em Banânia vemos a nossa gerentona, talvez em virtude da assessoria de seu “núcleo duro”composto por um caudilho, um marqueteiro e três bolcheviques, repetir o mesmo mantra choroso de que a espionagem viola soberania e direitos humanos e também clamando pelo tal “marco civil mundial da internet”. Não bastasse ser a busca por um marco civil para tudo ser uma obsessão praticamente erótica do partido no “pudê” (certamente daqui a pouco vão propor um marco civil para ir ao sanitário), aqui o Brasil, inocente ou maliciosamente, se une aos interesses de Rússia e China, ansiosos por mais controle da rede e, portanto, menos liberdade e mais censura travestidos de “segurança”

  6. Parceria so e possivel onde existe condicao de igualdade. Desde quando existe condicao de igualdade entre patrao e empregado. CIA paga seus agentes, estes fazem o que CIA manda.Jospin, Sarkozi, Hollanda, todos trabalham ou trabalharam, a soldo para CIA. O ultimo grande estadista frances foi De Gaulle, que muita gente suspeita foi assassinado. Pelo menos foi forcado fora do poder pelo chamada Rovolucaop de 1968, que muita gente suspeita foi tao espontanea como a chamada Primavera Arabe: Made in Washington.

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