Negociações sobre programa nuclear iraniano ganham impulso

 Avanços entre Teerã e potências em Genebra foram consideráveis, mas obstáculos internos e externos a consenso maior ainda são muitos. Israel e EUA resistem a levantar sanções, e regime dos aiatolás rejeita aproximação.

Os dois dias de diálogos em Genebra sobre o programa nuclear iraniano, encerrados nesta quinta-feira (17/10), foram mais objetivos e produtivos do que nunca. O fato de a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e o ministro do Exterior iraniano, Mohamad Javad Zarif, assinarem uma declaração conjunta foi, si só, um avanço diplomático de grande efeito.

Ashton encabeça as negociações entre Teerã e o chamado Grupo dos 5+1, formado pelos cinco países com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU – China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia – mais a Alemanha. O documento conjunto diz que as conversações foram “substanciais e voltadas para o futuro”.

A diplomata europeia relatou que Zarif “apresentou o esboço de um plano que deverá servir como base de negociações”. As sugestões iranianas, afirmou, são uma “contribuição importante”, a ser cuidadosamente examinada.

Por sua vez, Zarif declarou que os parceiros de negociações demonstraram “a vontade política necessária a fazer avançar o processo” e que agora cabe tratar dos detalhes. O conteúdo exato dos diálogos na cidade suíça não foi divulgado oficialmente.

Desconfiança mútua

Já parece claro, porém, ser improvável que o Irã venha a suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Por isso, Israel insiste que se mantenha a pressão. Se dependesse de Tel Aviv, as sanções só serão suspensas quando Teerã renunciasse de vez ao enriquecimento de urânio.

“É certo que Israel não participa da mesa de negociações, no entanto tem influência sobre os parceiros de negociação. [O primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu quer assegurar, por todos os modos, que um acordo com o Irã não representará perigo para os interesses de segurança de Israel”, opina o cientista político Siebo Janssen, da Universidade de Colônia.

Também nos Estados Unidos, em especial no Congresso, há resistência quanto a concessões favoráveis ao Irã. Democratas e republicanos concordam que não se relaxe de forma apressada a pressão sobre o regime dos aiatolás.

Tais restrições em Washington, por outro lado, põem mais fogo na fogueira dos fundamentalistas em Teerã, que veem com grande ceticismo uma aproximação com o Ocidente – em especial com os EUA.

Yahya Rahim Safavi, assessor militar do líder religioso supremo aiatolá Ali Khamenei, alertou num discurso anterior às conversações em Genebra: “Os americanos não demonstraram nenhuma disposição ao consenso até hoje. Não devemos confiar neles.”

Catherine Ashton (esq.) e Mohammad Javad Zarif em Genebra.

Pressão sobre Irã debilitado

O jornal conservador Resalat criticou um discurso do presidente Hassan Rohani a respeito da situação econômica catastrófica do Irã. Para a propaganda linha-dura, as declarações de Rohani iriam enfraquecer de forma decisiva a posição da delegação iraniana nas negociações.

Em entrevista à DW, a jornalista iraniana Farzaneh Roostaei também apontou “erros táticos” do chefe de Estado anteriormente às conversações sobre o programa nuclear. “Ao anunciar a intenção de, num prazo de três a 12 meses, chegar a uma solução do conflito nuclear, Rohani expôs a condição precária do Irã, e possivelmente inibe um gesto de aquiescência por parte do Ocidente”. Ela acredita que, devido a seus apuros econômicos, o Irã não terá como evitar concessões dolorosas, caso almeje à suspensão das sanções.

Siebo Janssen complementa que “o Ocidente está ciente da má situação econômica do Irã”. “A Alemanha e as potências com direito de veto [do Conselho de Segurança da ONU] são inteligentes o suficiente para não humilharem Teerã. Senão, fortalecem os fundamentalistas da República Islâmica. O Ocidente precisa do Irã, sobretudo com vista à Síria.”

Assim, afirma o especialista, provavelmente se chegará a um acordo que preserve o amor próprio dos aiatolás. As conversações entre o Irã e o G5+1 prosseguem nos dias 7 e 8 de novembro.

Fonte: DW.DE

10 Comentários

    • Caro giancarlos, o Irã não é a Líbia. Os Persas são inteligentes apesar o fanatismo religioso dos Aiatolás e hoje são praticamente a última nação (simpática aos Russos) do Oriente Médio com estabilidade política.
      A Líbia estava conseguindo sérios avanços em todas as áreas e tinha fortes reservas de ouro que tiravam a dependência de moeda estrangeira o que chamou a atenção de certos “aliados” que não querem este tipo de coisa no mundo! Gaddafi mantinha a estabilidade das tribos mas era um cara megalomaníaco e egocêntrico em seu estilo de vida e foi justamente traído por alguns de seus próprios comandantes. Se tivesse um pouco mais de organização como o Assad talvez estivesse lutando até hoje ou teria anulado a infiltração de rebeldes externos em seu país. A Desunião dos árabes os mantêm sempre um passo atrás de seus inimigos.
      Abraços,

    • Morreu, porque foi trouxa, e CEDEU acreditando na boa vontade das potências ocidentais.
      Se não tivesse se acovardado, teria construído armas nucleares, e teria e defesa definitiva.
      Estude um pouco de geopolítica e depois venha comentar.

      • Cedeu porque não tinha em quem se apoiar e sempre foi internamente, isolacionista. Talvez suas enfermeiras Ucranianas soubessem mais que seus comandantes.
        Veja o vídeo onde ele alerta a liga árabe sobre quem seriam a bolas da vez no oriente depois do Saddam e ninguém o leva a sério.
        Estude vc também um pouco de geopolítica antes de vir criticar os outros!
        Abraços,

  1. por LUCENA.
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    ELES QUEREM A GUERRA
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    Os pau-mandados do lobby sionistas que atua bancando a corrupção que corre solta no congresso americano e que hipocritamente se sama lobismo por lá,pressionam o governo para que se resolva tudo na base do canhão.
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    Com os sauditas e os tamulistas sedendo de ódio pelo programa persa,a pressão por meio da corrução,faz com que os políticos corruptos americanos se locupletem com a corrupção patrocinado pelos tamulistas e os petrodólares sauditas.
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    Congressistas dos EUA tentam sabotar negociações com o Irã
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    Membros do Congresso estadunidense trabalham para sabotar as promissoras negociações que avançam entre o governo do Irã e a Casa Branca, denunciou nesta sexta-feira (18) um ex-analista da CIA.
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    Segundo Paul R. Pillar, ex-analista da agência e atualmente professor visitante na Universidade de Georgetown para estudos de segurança, o Congresso atua para sabotar as negociações com Teerã sobre a utilização da energia nuclear com fins pacíficos.
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    Pillar propõe, em um artigo publicado no National Interest, que membros do legislativo estadunidense se opõem a um acordo para que os iranianos mantenham seu plano de desenvolvimento nuclear.
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    Inclusive, agrega, analisam as possibilidades de uma agressão contra esse país, além de estar em andamento um projeto que pediria mais sanções contra a nação persa.
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    Segundo o acadêmico, os apoiadores de um projeto de lei do congressista Trent Franks, republicano por Arizona, respaldam uma autorização para lançar uma guerra contra o Irã.
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    Sustenta que, inclusive, um número significativo de democratas trabalha também para evitar um acordo.
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    Nesta sexta-feira, o jornal The New York Times assinalou que o Governo do presidente Barack Obama avalia uma proposta para aliviar os efeitos das sanções contra o Irã, na qual consideraria oferecer a esse país acesso aos milhões de dólares em fundos congelados.
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    Para ter acesso a esses fundos, indica o jornal, Teerã deve tomar medidas específicas que permitam a Washington eludir as pressões e os riscos políticos e diplomáticos da anulação das sanções.
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    Estas ações, sustenta o Times, dariam uma margem a Obama para responder às ofertas iranianas que surgirem das atuais negociações com esse país sobre seu programa nuclear.
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    Nessa direção, membros do Governo chamaram o Senado a adiar a votação de um projeto de lei, que limitaria ainda mais as exportações de petróleo do Irã, para depois da próxima rodada de conversas entre o G5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França mais a Alemanha) e Teerã, prevista para os dias 7 e 8 de novembro.
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    (*)Fonte: Prensa Latina

    [ vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=227213&id_secao=9 ]

    • por LUCENA
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      Kerry tenta convencer lobby judeu a apoiar a paz com palestinos
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      O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, enviou uma mensagem gravada em vídeo à reunião privada do lobby pró-israelense, a Comitê Americano de Relações Públicas de Israel (Aipac), no início desta semana.
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      De acordo com a revista eletrônica israelense +972 Magazine, os comentários levantaram questões sobre Kerry acreditar na disposição do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em fazer concessões nas negociações com os palestinos, ou se ele precisa do apoio do lobby judeu para isso.

  2. LULA SOBRE O IRÃ.
    OBAMA TRAIU !

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    Sabe qual é a conclusão ? Não pode ter um novo ator ! Eles não deixam !
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    (*)fonte:Paulo Henrique Amorim-conversa fiada
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    [ conversaafiada.com.br/politica/2013/07/18/lula-sobre-o-ira-obama-traiu/ ]
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    O presidente Lula fez uma revelação sobre o papel do Brasil na negociação para evitar a crise entre o Irã e os países ricos, por causa do programa nuclear.

    Esta é a primeira vez que Lula dá detalhes de como foi traído por Barack Obama e os países ricos.

    O relato fez parte de sua participação na série de palestras “2003-2013 – Uma Nova Política Externa – Conferência Nacional”, que se realiza desde segunda-feira na Universidade Federal do ABC (criada pelo Presidente Lula), no campus de São Bernardo.

    Segue-se uma reprodução livre do depoimento de Lula:

    Lula conta que não conhecia o presidente do Irã, Ahmadinejad.

    Encontrou com ele em Nova York e perguntou: você não acredita no Holocausto ?

    Se for isso, você é o único que não acredita !

    Ahmadinejad respondeu: não foi isso o que eu quis dizer.

    O que eu quis dizer é que morreram 70 milhões na Segunda Guerra e fica parecendo que só morreram os judeus.

    Então, disse o Lula: a pior coisa num político é não se fazer entender.

    Então vá lá e diga. Mas, reconheça que os judeus não morreram na Guerra ! Foi um genocídio !

    Aí, Lula disse a Ahmadinejad que queria para o Irã o mesmo que quer para o Brasil: enriquecer urânio e usar para fins científicos e para a energia nuclear. Fora disso, não tem o meu apoio.

    Aí, Lula chegou e perguntou ao Obama: você já conversou com o Ahmadinejad ? Não, ele respondeu.

    À Merkel : você já conversou ? Não.

    Ao Sarkozy : você já conversou com Ahmadinejad ? Não.

    Ao Gordon Brown. Não !

    Ao Berlusconi: não !

    Como é possível que dois chefes de Estado não possam conversar sobre um problema ?, se perguntou Lula.

    Aí, Lula achou era possível tentar um acordo.

    E se comprometeu a ir a Teerã para que Ahmadinejad deixasse a Agência Internacional de Energia Atômica (da ONU) ir inspecionar as instalações nucleares iranianas.

    Lula cansou de ouvir da Hillary Clinton para não ir – imita a voz fanhosa de Hillary – , “porque seria uma ingenuidade” .
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    Lula estava em Moscou, com o presidente Mevdev , e ligaram dos Estados Unidos: você é um ingênuo, não vá lá.
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    Lula passou dois dias no Irã com o ministro Celso Amorim.
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    Esteve com o presidente do Congresso, com o grande líder Khamenei e com Ahmadinejad.
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    Eu disse pra ele: perdi todos os meus amigos.

    A minha querida imprensa democrática me bate pra cacete.

    Eu não saio daqui sem um compromisso.

    Negociamos até meia noite.

    Combinamos que no dia seguinte, às 9h da manhã, assinaríamos um acordo.
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    Aí, o Sarkozy telefonou: o Ahmadinejad não cumpre o que promete. Tem que fazer ele assinar.

    Às 9h da manha, o Ahamadinejad pergunta se não dava para ser só de boca.
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    Sabe o que todo mundo diz de você ?, Lula pergunta. Sabe ? Que você não cumpre o que promete.

    Só saio daqui com papel escrito !
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    Dez dias antes de viajar, o Obama tinha mandado uma carta ao Lula com os pontos que achava inegociáveis na questão nuclear iraniana. O que o Ahmadinejad tinha que topar fazer.
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    A carta-compromisso que o Ahmadinejad assinou cumpria tudo o que o Obama pediu !
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    Dias depois, a agência Reuters publicou a carta de Obama e estava tudo lá: na carta que o Ahmadinejad assinou.
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    Eu achei, disse o Lula, que, quando o Celso Amorim – e Lula elogiou muito o trabalho de Amorim – anunciasse a próxima ida da Agência Internacional de Energia Nuclear a Teerã, e divulgasse a carta, a crise amainasse.

    Mas, não !
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    Os países ricos aumentaram a pressão sobre Ahmadinejad.
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    Que aquela carta não valia !
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    Sabe qual é a minha conclusão ?, perguntou Lula.

    Que eles (os ricos) não querem que exista um novo ator !
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    O Brasil ? Não ! Não se meta ! O Oriente Médio não é coisa pra você !

    É coisa nossa !

    Ah, é ?

    Então, se a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel, por que não cria o Estado Palestino ?

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    (***) (Essa é uma reprodução não literal de um trecho da palestra de Lula, feita por Paulo Henrique Amorim, que a assistiu, ao vivo, no Conversa Afiada)

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