“Espionagem global dos EUA é tentativa de reforçar sua influência mundial”

Glenn Greenwald, colunista da publicação britânica The Guardian

Vastos programas de espionagem que a Agência de Segurança Nacional dos EUA realizou, são uma tentativa das autoridades deste país de reforçar a sua influência no mundo a fim de obter, afinal de contas, vantagens econômicas, – declarou Glenn Greenwald, colunista da publicação britânica The Guardian.

Depois de intervir no comitê do senado do Brasil, que se dedica ao inquérito dos fatos de espionagem, praticada pelos serviços de inteligência dos EIA, da Grã Bretanha e do Canadá, Greenwald ressaltou, confirmando a respectiva declaração da presidente Dilma Rousseff. A espionagem é econômica. Com certeza o grande motivo da espionagem é obter vantagens econômicas, vantagens industriais. Sem dúvidas, o propósito principal não é combate ao terrorismo, não é segurança nacional, não é combate a outros crimes como a pedofilia. É para aumentar o poder dos EUA e dar vantagem econômica, afirmou.

Greenwald foi o responsável por publicar as revelações do ex-técnico da agência de segurança americana (NSA) Edward Snowden sobre os programas secretos norte-americanos de interceptação de dados eletrônicos e telefônicos em todo o mundo. Greenwald publicou reportagens no jornal O Globo, na revista Época e também no programa Fantástico revelando espionagem dos EUA contra a presidente Dilma Rousseff e assessores próximos e na Petrobras. Também divulgou informações sobre espionagem canadense no Ministério de Minas e Energia. Ele informou que Snowden lhe deu “muitos documentos muito complexos” há quatro meses, nos quais está trabalhando desde então e divulgando na medida em que descobre fatos importantes, como as espionagens no Brasil e no México. Atualmente, revelou, está trabalhando com jornalistas da França e da Espanha sobre espionagens que esses países também teriam sofrido.

Depois de ouvir o depoimento de Greenwald foi decidido solicitar a autoridades russas “que permitam a participação de Snowden de uma conferência vídeo” com os legisladores brasileiros. O senador Ricardo Ferraço declarou na entrevista à Rádio Senado que é preciso especificar o volume e os detalhes da atividade de espionagem dos EUA e do Canadá em relação ao Brasil.

“O que ele nos disse aqui é que somente Snowden tem esse nível de informação. A partir daí nós vamos solicitar a missão diplomática da Rússia em Brasília que nós possamos fazer uma teleconferência com o Snowden. Através dessa teleconferência nós teremos condição de ter acesso a corte primária do Snowden para que nós possamos ter informações e respostas pra todos esses questionamentos.”

O governo do Brasil que tinha assumido a iniciativa de promoção de uma campanha contra a espionagem na internet, anunciou quarta-feira a realização da conferência mundial, dedicada a este problema. O foro pode ser promovido em abril de 2014 no Rio de Janeiro.

Falando a propósito, segundo revelam as pesquisas da opinião pública, а maioria dos brasileiros – 88,2% – teve conhecimento das denúncias sobre espionagem dos americanos feita contra autoridades brasileiras, inclusive a presidente da República, e defende apuração profunda dos fatos por considerar que o Brasil foi desrespeitado.

Embora as autoridades canadenses não confirmassem, nem desmentissem os fatos de espionagem contra o Brasil, o líder do Partido Democrático Novo Thomas Mulcair manifestou a convicção de que os serviços de inteligência não devem praticar a espionagem econômica contra outros países. Ao comentar os fatos, recentemente revelados, de vigilância do pessoal do ministério de minas e energia do Brasil, Malker apontou: “O governo formado pelos conservadores demonstrou que não respeita nenhumas normas éticas… E este é um grande erro”. “Efetuar espionagem ativa contra ministérios e companhias de outros países a fim de garantir certas vantagens de firmas canadenses não é apenas ilegal, mas também é irresponsável”, – ressaltou Mulcair. – Isto mina o prestígio do Canadá”. O jornal The Guardian informa hoje que o Serviço de inteligência e de segurança dos Canadá fornecia durante vários anos a companhias energéticas do Canadá informações obtidas em resultado da vigilância da atividade do Ministério de minas e energia do Brasil. Alguns peritos supõem que esta atividade dos serviços secretos do Canadá visa defender os interesses de companhias canadenses.

Atualmente no Brasil atuam cerca de quinhentas companhias canadenses, entre as quais quase cinquenta se dedica à extração de minérios.

 

Fonte: Voz da Rússia

1 Comentário

Comentários não permitidos.