06 de Outubro de 1973: Em pleno feriado do Yom Kippur Síria e Egito atacam Israel

Yonkipur

T-62 da Síria abandonado em Golan

No dia 6 de outubro de 1973, tropas egípcias e sírias atacaram Israel. Em pleno feriado do Yom Kippur, estourava o quarto conflito armado do Oriente Médio, que ficou conhecido como “Guerra de Outubro”.

Em Israel, o maior feriado religioso judeu é o Yom Kippur, um dia de completa tranquilidade e de jejum: os transportes públicos param, o rádio e a televisão não fazem transmissões, e quem tem um mínimo de fé religiosa renuncia à comida e à bebida. As sinagogas ficam mais cheias que nunca: é o dia de pedir perdão a Deus pelos grandes e pequenos pecados do ano que se encerra.

Isso era o que se esperava também em 1973: na véspera do Yom Kippur, o país iniciou o tradicional retiro religioso, e os postos de fronteira com os territórios palestinos foram fechados. Porém, fatos fora do comum ocorreram no dia 6 de outubro. Começara o quarto conflito armado do Oriente Próximo, depois denominado Guerra do Yom Kippur, Guerra do Ramadã ou, simplesmente, Guerra de Outubro.

Ataques simultâneos

Israel fora inteiramente surpreendido: às 14 horas as forças armadas egípcias e sírias atacaram ao mesmo tempo: as primeiras, no Canal de Suez; as outras, nas colinas de Golã.

Cinco divisões egípcias, com 70 mil homens, cruzaram o Canal de Suez em diversos pontos e puderam vencer facilmente os cerca de 500 soldados israelenses que guardavam a chamada “Linha de Bar-Lev”, na margem oriental do canal.

Até que chegasse o reforço do interior do país, os egípcios já tinham ampliado suas cabeças de ponte e reconquistado uma parte da Península de Sinai, que fora completamente perdida para Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Nas colinas de Golã, também ocupadas por Israel desde 1967, a guerra começou com um ataque maciço da força aérea e da artilharia sírias. Pouco depois, avançaram divisões blindadas com um total de 1.400 tanques de guerra, seguidas de duas outras divisões. Os israelenses foram surpreendidos também nas colinas de Golã, sofreram graves perdas e tiveram, principalmente, de evacuar os povoados construídos na região desde 1967.

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Forças egípcias cruzam o Canal de Suez em 7 de outubro

Combates na Síria

Por pouco os israelenses não perderam o controle sobre as colinas de Golã. Somente no terceiro dia de guerra é que a contraofensiva começou a lograr êxito. As colinas foram reconquistadas em dois dias e, a partir do terceiro dia, o palco da guerra era o território sírio.

Os israelenses avançaram até Sasa, a aproximadamente 40 quilômetros de Damasco. Na frente egípcia, eles lograram cruzar o Canal de Suez e conquistar o território entre o canal e a estrada Suez-Cairo. Nesse avanço, o Terceiro Exército egípcio foi cercado e isolado do restante do país.

A guerra durou mais tempo do que as anteriores. Entre outras coisas, porque as superpotências abasteceram as partes beligerantes com grande quantidade de armas. E as Nações Unidas só puderam conclamar a uma trégua em 21 e 22 de outubro.

A conclamação foi acoplada à Resolução 338 do Conselho de Segurança, na qual se fala de uma solução justa para o conflito do Oriente Médio e da necessidade de devolução de territórios ocupados. Na Europa, sentiu-se pela primeira vez naqueles dias os efeitos da nova arma árabe, o boicote de petróleo.

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Ao saber do ataque iminente, o primeiro-ministro de Israel Golda Meir tomou a controversa decisão de não lançar um ataque preventivo.

Difíceis negociações

No dia 24 de outubro de 1973, os combates terminaram. O Egito teve um total de 15 mil vítimas; a Síria, 3 mil e Israel, 770. A situação territorial estava mais confusa que antes. No final de 1973, foi convocada uma conferência de paz da ONU em Genebra, cujos dois encontros em nada resultaram.

Em difíceis negociações no quilômetro 101 da estrada Suez-Cairo, foi feito então um acordo de desentrelaçamento das tropas. No início de 1974, Israel retirava-se da margem ocidental do Canal de Suez.

Também o Egito recuava para a posição anterior ao início da guerra. Com a Síria, as negociações foram feitas através da mediação dos Estados Unidos, representados pelo secretário de Estado Henry Kissinger. Também neste caso, chegou-se a um acordo de desentrelaçamento mútuo das tropas. No Sinai, foram novamente estacionadas tropas da ONU. Às colinas de Golã, foi enviada a tropa Undof, das Nações Unidas, com observadores para o cumprimento do acordo.

Busca dos responsáveis

Depois da guerra, começa em Israel uma busca sistemática dos responsáveis. Para tal, éi instituída uma comissão de inquérito, a Comissão Agranat. Constata-se logo que o serviço secreto militar e também os políticos fracassaram: os preparativos de guerra dos egípcios e dos sírios tinham sido observados desde 1972, mas sempre interpretados como manobras militares ou simulação.

Israel estava seguro demais de sua própria força, tanto da superioridade das próprias tropas como das instalações de defesa no Canal de Suez.

O chefe do Estado Maior das Forças Armadas israelenses, David Elazar, quis mobilizar as tropas antes do início da guerra, mas os políticos vetaram. Eles não acreditavam numa guerra e não queriam, com a mobilização, aumentar a tensão reinante.

A primeira-ministra Golda Meir e o seu ministro da Defesa, Moshe Dayan, renunciaram. Também Elazar passou para a reserva. Eles jamais se recuperaram do fracasso durante a Guerra de Outubro.

Mas essa guerra abriu também as portas para os esforços políticos: ambos os lados viam-se como vencedores e assim em igualdade de direitos. Com isso, pelo menos o Egito e Israel finalmente se dispuseram a fazer um acordo de paz.

 

16 Comentários

  1. A propaganda é a alma dos negócios…

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    “F-16 Loss, a Humiliation for Israel: Michael Chester
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    “Para os israelenses, não perderem pilotos tem sido um grande impulsionador de moral para o seu povo há décadas. Durante a guerra de 1973, SAMS soviéticos sobre a Síria destruiram grande parte da Força Aérea israelense. Aviões americanos foram rapidamente repintados com a Estrela de David de Israel, com pilotos norte-americanos envolvidos na farsa, algo há muito deixado de fora nesta história, mesmo depois de todo esse tempo…’

    http://www.veteranstoday.com/2013/07/12/israel-loses-face-and-an-f-16-in-syria/

    • E você ainda fica a postar esse tipo de estupidez por aqui? Esse site é mantido por meia dúzia de estúpidos que não gostam de Israel, e coincidentemente cantam loas ao regime fascista iraniano. Nenhum piloto norteamericano tomou parte dos combates em 1973,embora de fato aeronaves da USAF tenham sido enviadas a Israel. E a assertiva de que grande parte da força aérea israelense foi destruida também é mentirosa. Muito mais aeronaves árabes foram destruidas,especialmente em combates aéreos com os bem melhores pilotos israelenses.

      • Ele acredita que o mal do mundo são os judeus, assim como o pé de poodle… só achava que fosse contra alguns da elite sionista, mas deu a entender que é contra o estado de Israel… se estou equivocado ele pode desfazer a visão que ficou…

      • Nenhum piloto norte americano tomou parte dos combates em 1973, embora de fatos aeronaves da ESAF tenha sido enviadas a Israel. Verdade Absoluta. E os israelitas agradecaram o USAID, atacando um navio da marinha norte americana, matando um bon numero de soldados yanques. Este navio estava observando o avanco israelita rumo as fronteiras egipcia.I Tio Sam ficou brabro na epoca mas nao fez nada.Quanto o resto do seu comentario nada tenho a discordar, na verdade os arabes entraram em panico quando Ariel Sharon cruzou o Nilo e isolau a tropa egipicia que estava nas fronteiras de Israel. Sharon poderia ter conquistado Cairo se nao a pressao que a Uniao Sovietica fez nos Estados Unidos para este pressionar Israel moderar seus avancose entrar num acordo com os arabes.

      • parabéns para o guarac 1 , eu boto fé no que você escreveu
        a propaganda sionista invadiu a mente de um bando de sem noçao
        se um sionista falar que eles tem uma base militar no SOL vai ter os mesmos sionistazinhos ,que fingem ser brasileiros falando e jurando de pé junto que é verdade ,

      • Pé de Cão o hidrófobo das esquerdas, espumando ódio e anti semitismo. E sabe o que mais? Esse ódio todo só pode ser porque no fundo ele ama os americanos, só pode, isso é paixão não correspondida. Ou então é um nazista mesmo. Não sei o que é pior.

      • O CACHORRO LOCO tá babando estultices… rsrsrsrsrs… só para nós sabermos, qual é a sua linha ideológica mesmo ???… rsrsrsrsrs… a esquerdista ???… rsrsrsrsrsrs… e querendo criticar os sionistas ???… rsrsrsrsrsrs… desce dessa gillette, amigo… os únicos que tem moral para criticar alguma ideologia somos nós, os conservadores que mantém o mundo em pé enquanto vcs idiotas tentam derrubar tudo por causa de suas loucuras… vai peidar n’água pra ver se sai borbulhas… rsrsrsrsrs…

  2. Os árabes sempre falharam em suas estratégias militares! Basta ver também a guerra Irã x Iraque onde em uma década de conflito ninguém saiu do lugar!
    O grande ponto nevrálgico sempre foi as forças aéreas que apesar de numerosas e bem dotadas de meios e mísseis, foram sempre incompetentes… bem ao contrário da FA de Israel.
    Achei algumas informações interessante sobre os números da guerra de Yom Kippur:
    http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=106
    Abraços,

  3. O odio contra Israel por parte dos esquerdopatas ,esta relacionado a birra que eles possuem contra os EUA, aqui se le comentarios criticando japoneses,coreianos sulinos,Australianos ,Canadenses e a todos que possuem uma relaçao diplomatica e economica especial com os EUA, estes sao chamados de capachos e outros adjetivos depreciosos,mas na maioria das vezes se ignora o nivel de desenvolvimento economico destes paises, entao odiar Israel esta dentro desta linha de raciocinio esquerdopata( se e´´ que pode dizer raciocinio), enquanto digerem odio,os filhos do IMPERIO coleciona premios nobel em todas as areas ,os russos tambem sao colecionadores,enquanto na america latrina ,terra de maluquinhos cheiradoresviadinhos,nada ,nadica de nada,os premios argentinos foram conquistados por alemaes da SS , a america latrina nao passa de uma PUTA gostosa,que faz um boquete fabuloso e libera geral,todos os PLAYERS a desejam, errado nesta istoria sao os filhos da puta,que ainda nao perceberam que sao itens dispensaveis !

  4. Eu acredito que muitos fatos desse evento ainda precisam ser melhor esclarecidos. Não acredito na versão de relaxamento e arrogância israelense, nem em sua superioridade demonstrada pelo suposta vitória. Se analisarmos os eventos do conflito, é impossível não chegar a algumas óbvias conclusões:

    – Os egípcios foram tremendamente competentes na estratégia de dissuasão, por isso a segurança nos serviços de defesa israelense, descrita em suas conclusões (erradas) sobre a capacidade egípcia de mobilização. Mas, ainda assim, os israelenses conseguiram convencer a Jordânia a ficar fora do conflito.

    – Os sírios foram tremendamente incompetentes na atuação em Golan. Com toda a vantagem numérica em tanques, mais a cobertura aérea, não deveriam ter perdido um metro de terreno. Mostraram o quanto estavam mal treinados frente ao exército israelense;

    – O objetivo egípcio estava bastante claro: retomar a maior parte possível do Sinai, jogando a pressão, sob a ameaça de invasão, para o lado israelense. Por isso pararam quando conquistaram a maior parte do terreno. Isso só não ocorreu porque a Síria se desmanchou feito manteiga na brasa em Golan e, pra aliviar a pressão sobre a Síria, os egípcios foram pressionados politicamente pela comunidade árabe a reiniciar os combates em grande escala no Sinai. A dispersão egípcia permitiu o sucesso do contra-ataque israelense.

    – Alguém, em algum momento, pensou seriamente em usar a bomba atômica (seja Israel ou Egito). Por isso a pressão de URSS e EUA para paralisar o conflito. Paralisação que só ocorreu sob ameaça de corte de suprimentos para as duas partes.

    – O Egito se mostrou, finalmente, um adversário à altura de Israel. Podem falar o que quiserem sobre o volume de participação soviética nas forças armadas egípcias da época, mas quem derrotou o mito dos blindados israelenses foram os soldados de infantaria egípcios e não os SAM’s. Por isso Israel aceitou o estabelecimento de um tratado de paz com o Egito. A Síria foi completamente ignorada por não representar ameaça militar séria pois nem conseguiu reaver os territórios perdidos até hoje (o mesmo acontece hoje com o Hizbolah: reagiram com muita competência em 2006, surpreenderam as forças armadas israelenses e provocaram seu recuo. Por isso Israel quer mais é que eles se destrocem na Síria atualmente).

    Na época se pensou que o acordo Egito-Israel poderia levar a uma nova perspectiva de paz no Oriente Médio, mostrando que a paz era possível. Mas aí assassinaram o presidente egípcio Anwar Al Sadat por ser considerado traidor da causa árabe. E o Sionismo começa a ganhar real força política em Israel, baseada na premissa que o “povo escolhido” era Israel, por isso jamais seria derrotado e que deveria ocupar toda a Palestina por herança divina. Muito contribuiu para isso o desempenho em Golan, frente a forças sírias muito maiores apesar de incompetentes.
    Houve, então, a sabotagem do processo de paz nos dois lados. Sem Sadat, que ganhara prestígio por ter “derrotado” Israel, e com o parlamento israelense começando a ser dominado por sionistas, as condições necessárias para a estabilização do Oriente Médio praticamente acabaram. O tiro de misericórdia viria com a interferência norte-americana no Irã, que culminou com a ascensão do linha-duríssima Aiatolá Komeini ao poder.

    Quanto ao sionismo, acho que muitos confundem alhos com bugalhos nesse assunto.
    Ser crítico ao Sionismo não quer dizer que detesta Judeus ou mesmo o Estado de Israel. O Sionismo é o Tea Party de Israel, que massacra a estrutura do sistema político israelense em nome de uma suposta e absurda herança religiosa, que só existe na cabeça de seus membros, determinando uma política nacional suicida. Não é por outro motivo que muitos judeus fundamentalistas não apoiam o sionismo pois vai contra os princípios da religião. Sob esse ponto de vista não são diferentes dos jihadistas.
    Mas por aqui se associa sionismo a judaísmo, que são coisas diferentes. E nem complementares. E todo tipo de bobagem é dita contra e a favor do movimento sionista que, diga-se de passagem, é político porém baseado em premissas religiosas definidas por judeus europeus em meados do século XIX.

    • RobertoCR,

      Algumas ressalvas…

      – Concordo que os egípcios também foram competentes em dissimulação, mas os mesmos avançaram apenas alguns quilômetros após ultrapassarem o Suez; os avanços nunca passaram de precários salientes a leste do canal… É bem verdade que os israelenses tiveram enorme dificuldade em lidar com a infantaria egípcia, que utilizava misseis antitanque e RPGs, mas bastou sair da cobertura dos SAMs e foram impiedosamente massacrados pela aviação e pela força blindada israelenses. Ao final do conflito, salvo engano, os egípcios amargavam perdas em mais de 2×1 em carros de combate…

      – A operação lançada na região do Devensoir foi, sem sombra de dúvidas, o real fator decisivo no cessar fogo… Essa operação simplesmente colocou a vanguarda israelense a 100km do Cairo…

      • Caro _RR_

        Realmente o cobertor ficou curto, mas se você criar uma linha do tempo do evento verá que isto só ocorreu depois do pedido de ajuda sírio. Aquele conflito não era para invadir Israel, mas para acuá-lo. E como você acertadamente escreve, a proporção de 2×1 em favor de Israel construiu-se nas ações descoordenadas do Egito no Sinai, após ter dominando importante parte do território. Pensa bem, o que o Egito ganharia ao anexar um monte de terra de ninguém que é o Sinai? Nada. Porque a cobertura SAM não ia muito além da margem leste do canal? Porque não queriam controlar mais do que conquistaram a princípio. Mas controlar totalmente as duas margens do Canal de Suez já é outra história, não acha? Mas então Inês já era morta e Israel bateu as portas do Cairo novamente, como você bem escreveu.

        Abs

      • Caro RobertoCR,

        De fato… O fracasso sírio precipitou a ação egípcia, mas isso não muda o fato de que negligenciaram áreas importantes… Construíram um excelente sistema de defesa aérea, mas não fizeram quaisquer progressos muito relevantes no que diz respeito a aviação de combate ( principalmente em aquisições de modelos de aeronaves ); e isso se revelou fatal quando tiveram que deixar a cobertura dos SAM, que simplesmente não poderia ser deslocada na velocidade que a ofensiva pedia…

        A grosso modo, a estratégica até poderia ser considerada correta para aquela situação. Compreendo que a intenção do Egito era tão e somente fincar o pé do outro lado do canal para mais tarde negociar com os israelenses, mas também entendo que no final houve uma falta de compreensão por parte Egito no que diz respeito a disposição de Israel em continuar a luta… E se os egípcios não estavam preparados para avançar e conquistar o território, então não deveriam sequer ter iniciado a invasão…

  5. os árabes são de uma incompetência sem tamanhas (e israel deu um legitimo “cacete” neles), foi humilhante do ponto de vista árabe e glorioso do ponto de vista israelense(israel tinha(e tem ainda) bons estrategistas e profissionais(militares) altamente capazes de cumprir suas missões, diferente dos árabes).

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