Após denúncias de espionagem, Brasil quer independência digital dos EUA

Governo brasileiro busca a descentralização de fluxos de dados e planeja uma rede óptica interligando países sul-americanos. Mas analistas alertam que investimentos ainda são insuficientes para aumentar segurança.

Depois das denúncias de espionagem envolvendo a americana Agência de Segurança Nacional (NSA), que teria monitorado comunicações da Petrobras e até da presidente Dilma Rousseff, o Brasil defende agora uma descentralização dos fluxos de dados globais. Entre os objetivos, tornar-se menos dependente dos Estados Unidos.

“Não faz sentido que uma conexão entre Brasil e Uruguai tenha que passar por Miami”, questiona o secretário de Telecomunicações do Ministério da Comunicação, Maximiliano Martinhão, em entrevista à DW.

Uma expansão da infraestrutura latino-americana de banda larga já estava em planejamento antes da eclosão do escândalo, mas, agora, ganhou prioridade. Segundo o secretário, os preparativos já foram concluídos para o chamado anel óptico sul-americano, que deverá unir entre si 12 países do continente por cabos de fibra óptica, além de conectá-los com África e Europa.

O projeto inclui cerca de 10 mil quilômetros de cabos de fibra óptica. “A implantação deverá começar no início de 2014”, prevê Martinhão.

O acesso a dados pessoais

Não só o governo brasileiro, mas o Congresso também acordou para o problema da segurança digital. O chamado Marco Civil, projeto de lei para regularizar o uso da internet no Brasil, foi ampliado a pedido de Dilma, em um ponto crucial. Ela quer que dados de internautas brasileiros sejam, no futuro, armazenados no Brasil e, assim, possam ser disponibilizados à Justiça brasileira.

Até agora, nem os usuários nem o Judiciário brasileiro têm acesso aos dados armazenados, porque a maioria deles está em servidores nos Estados Unidos e, portanto, sujeito à jurisdição americana.

“Enquanto a lei não for aprovada, os cerca de 100 milhões de internautas brasileiros continuarão se movendo desprotegidos dentro da internet”, alerta o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto de lei. “O objetivo é que, no futuro, a lei brasileira seja passível de aplicação quando se tratar de internautas brasileiros.”

Atualmente, cerca de 80% do tráfego de dados sul-americano correm pelos EUA. Na Ásia, essa parcela é estimada em 40% e na Europa, em 20%. Martinhão acredita que no momento que houver uma conexão direta entre América do Sul e Europa, os fluxos de dados não precisarão passar pelos EUA.

“Essa situação, em que dados de uma região passam pelos EUA, faz com que eles estejam sujeitos às leis americanas”, observa Martinhão. “No momento em que você tem uma conexão direta, não existe mais esta situação. Esta é uma questão estratégica.”

Mas até isso acontecer, provavelmente ainda deve demorar. Até agora as medidas do governo brasileiro visando a proteger os interesses nacionais no campo da tecnologia da informação foram mínimas – limitaram-se à criação do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) em setembro de 2012, mantido pelo Exército.

Entre as atribuições do centro, baseado em Brasília, está a coordenação das atividades para segurança digital dentro do governo e também nos próximos grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O CDCiber tem, para este ano, um orçamento de 90 milhões de reais, segundo números oficiais.

Atraso é grande

“Só 90 milhões de reais é muito pouco dinheiro para se investir na proteção contra a espionagem cibernética”, critica a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), membro da Comissão de Relações Exteriores. “Precisamos de uma política nacional de segurança de tecnologia da informação condizente ao tamanho do país e à importância do Brasil como sexta maior economia do mundo”, reivindica.

O atraso do Brasil nessa área é grande. E precisamente por esta razão, muitos especialistas também duvidam da capacidade do país de reduzir sua dependência técnica em relação aos Estados Unidos. Afinal, os principais fabricantes de roteadores, que encaminham os fluxos de dados, estão nos EUA.

“Com exceção dos Estados Unidos, nenhum país tem um sistema nacional de segurança para proteger redes de computadores”, frisa Ricardo Custódio, supervisor do Laboratório de Segurança da Computação da Universidade Federal de Santa Catarina.

Segundo ele, segurança e proteção da privacidade na internet não eram um assunto muito importante no Brasil, porque o país, até agora, não havia tido problemas com o terrorismo internacional.

“Enquanto não houver acordos internacionais para proteção de dados na Internet, não adianta”, aponta Custódio, que lembra que, atualmente, não há limites para sistemas e softwares. Apesar da indignação da opinião pública no Brasil com o caso NSA, ele vê algo de positivo no escândalo: “Ele fez o governo acordar.”

 

Fonte: DW.DE

15 Comentários

  1. Mais falacia, vamos reinventar a roda ?

    Eles investem uma ninharia em contra espionagem, e vem com essa de “independência cibernetica” istoseria o caos, o mundo cibernetico e globalizado, varias empresas perderiam milhões com esta medida. o que ajudaria e a gerentona para de usar G-mail ( ridículo) para assuntos estratégicos nacionais, e investir em cliptografia na defesa nacional.

    Mas isto tem outra finalidade, REENGENHARIA SOCIAL, a internet hoje e o maior adversário de politicos populistas na America latina, eles temem as redes sociais e blogs como Plano Brasil, o nome disto e censura mesmo.

  2. o único pais que tem uma melhor condição de se proteger é logo o maior espião do mundo o próprio estados unidos
    mas depois desse buchicho todo ,tanto o brasil e todos os outros países começaram a se fortalecer de varias formas .

    • Pelo visto querer independência incomoda alguns.. talvez seja por isso que desviam sempre o foco pra fazer politica barata e tentar levar vantagem com isso, e depois posam de “Moralistas”.. conheço essa turma!!

      • por LUCENA.
        .
        .
        Sr.Francoorp,não liga para esses caras não,eles sempre se escondem atrás de estagiarias,estudantes, os fabianos…rsrsrsr…em fim,quando não há argumento inteligente,o gênio toupeira que se esconde dentro das cabecinhas de vento,entra em ação,se manifesta…hahahah …. ;ai meu querido,os cara entram em transe e ficam deslizando na maionese de hipocrisia,daquelas bem barata que até fedem…Hahahahahh
        .

    • Esse jovem, caro CP, é um dos raros casos daqueles que saíram da caverna ideológica ESQUERDALHA criada em todas as universidades brasileiras e conseguiram ver a luz do sol da razão sozinhos… são verdadeiramente Messias enviados pelo altíssimo para nos tirar das trevas e nos guiar… é luz para nosso caminho… parabéns a ele, tanto pela capacidade em tê-lo feito como por ter enfrentado os cães raivosos que o perseguem… FORÇA RAPAZ… estamos aqui torcendo por vc e por todos aqueles que escaparam do laço dos esquerdalhas… a razão há de se fazer vitoriosa…

      • Faço suas minhas palavras amigo, muitos estão despertando da matrix bolivariana social coitadista em que fomos jogados.

        Saudações Olhos azuis 🙂

  3. Meio tarde… ninguém viu isso antes, só agora queremos independência do “Norte” digital??

    Por isso que o Brasil precisa ter empresas nacionais no ramo de internet e que armazenem dados fisicamente por aqui, SOB NOSSA JURISDIÇÃO… mas sabe como é, pra elite e os empresários brasileiros, que além de serem mesquinhos são burros, pois não veem que o armazenamento de seus dados de backup empresariais em galpões cheios de servidores nos USA ou até mesmo suas empresas virtuais da internet em hospedagem no exterior, aumenta a vulnerabilidade de acesso INDEVIDO ao seus bancos de dados internos, com informações sobre fornecedores, clientes e seus funcionários, o que aumenta o risco de sabotagem empresarial, e o pior de tudo é que esses estariam sob legalidade externa e não nossa!!

    Tomara que percam competitividade contra empresas estrangeiras mesmo bando de Zé Ruelas… o bom é ter tudo guardado lá em Miami né… então verás as consequências na tua empresa e no teu patrimônio, ninguém espiona civis se não tem intenções de ganhar alguma coisa com isso!!

    Valeu!!

    • Qualquer empresário que mereça esse nome sabe muito bem que informação é dinheiro.

      Basta ter a relação de fornecedores e clientes de um empresário e dinheiro e disposição para tomar seu negócio.

  4. Como se diz, na realidade a teoria é outra.. Os protocolos de internet permitem segregar redes, seria possivel até mesmo ter uma internet exclusiva da america do sul ou dos Brics. Mas os entendidos sabem que a solução não é tão simples como construir enormes e dispendiosos DNS’s fora dos estates, pois para cada solução milionária de independência existe uma solução de baixo custo – relativamente falando- para subverter a segurança. Infelizmente a maior vantagem dos protocolos vigentes tambem são a sua desgraça.. Eu sou do tempo (véio) em que os protocolos com orientação master-slave ( da IBM principalmente) começaram a apanhar veio em desempenho para o conjunto ethernet/ip/udp/tcp.. Aqueles velhos protocolos eram muito mais robustos mas impossiveis de operar com a demanda de hoje.. Lamento informar mas só podemos é dar o troco, evitar a espionagem é tão dificil quanto inventar um alarme de carro, pois o ladrão rapidamente cria um método para incapacitar o dito cujo.

Comentários não permitidos.