Para brasilianista, país cresce com decisão de Dilma de não ir aos EUA

O historiador britânico Kenneth Maxwell, no Festival de História, em Diamantina

“A presidente Dilma Rousseff “tomou a decisão correta” ao desistir da visita de outubro ao presidente Barack Obama, nos Estados Unidos. Essa é a opinião do historiador inglês Kenneth Maxwell, 72.

O historiador Kenneth Maxwell é autor do clássico “A devassa da devassa”, sobre a Inconfidência Mineira. O livro completa 40 anos de lançamento neste mês. Maxwell está lançando “O livro de Tiradentes” (Companhia das Letras), do qual é coordenador. Trata-se de uma coletânea de documentos constitucionais fundadores dos Estados Unidos. Os papéis eram referência dos conspiradores mineiros do século 18, como Joaquim José da Silva Xavier.

Professor aposentado da Universidade Harvard, nos EUA, Kenneth Maxwell é um dos mais importantes brasilianistas, como costumam ser designados os acadêmicos estrangeiros especialistas em história do Brasil. Hoje ele mora na Inglaterra.”

 Para brasilianista, país cresce com decisão de Dilma de não ir aos EUA

Por, Mário Magalhães, 20/09/2013 (*)

Em Diamantina

A presidente Dilma Rousseff “tomou a decisão correta” ao desistir da visita de outubro ao presidente Barack Obama, nos Estados Unidos. Essa é a opinião do historiador inglês Kenneth Maxwell, 72.

Professor aposentado da Universidade Harvard, nos EUA, Maxwell é um dos mais importantes brasilianistas, como costumam ser designados os acadêmicos estrangeiros especialistas em história do Brasil. Hoje ele mora na Inglaterra.

Maxwell está no país para participar do 2º Festival de História, em Diamantina. Foi nessa bela cidade mineira, terra natal do presidente Juscelino Kubitschek, que ele conversou com o blogueiro, também participante do evento.

O historiador é autor do clássico “A devassa da devassa”, sobre a Inconfidência Mineira. O livro completa 40 anos de lançamento neste mês. Maxwell está lançando “O livro de Tiradentes” (Companhia das Letras), do qual é coordenador. Trata-se de uma coletânea de documentos constitucionais fundadores dos Estados Unidos. Os papéis eram referência dos conspiradores mineiros do século 18, como Joaquim José da Silva Xavier.

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Blog – O senhor concluiu assim sua coluna na “Folha de S. Paulo” desta quinta-feira (19/09), sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar _ou cancelar_ a visita de Estado aos EUA: “Uma coisa é certa: a perda é muito maior para os Estados Unidos, que somente podem culpar a si mesmos”. Por que a perda é maior para os EUA, se nessa relação o Brasil é a parte mais fraca?

KM – Refiro-me ao propósito de vender caças da Boeing para ao Brasil. Vai ser difícil que isso ocorra, principalmente por razões políticas. Acho que isso é impossível, agora. Por essa razão, pensando só nas relações comerciais, é uma perda enorme para os Estados Unidos.

O ganho para o Brasil seria o apoio para um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Essa é uma ideia brasileira há muitos anos, mas os EUA não têm capacidade de garantir. Podem apoiar, mas as decisões são tomadas fora dos EUA. Inglaterra e França não vão deixar o Brasil entrar. Claro que por seu peso no mundo o Brasil deve ter uma cadeira no Conselho de Segurança. Mas o Brasil não tem o apoio de outros países da América Latina, México principalmente.

Blog – Houve uma série de críticas no Brasil à decisão da presidente de não ir à Casa Branca em outubro. Dilma foi acusada de bravata, provocada por interesses eleitorais. Supõe-se que falar grosso com uma grande potência poderia render votos. Como o senhor analisa essas observações?

KM – Isso é possível, mas as razões para a tomada dessa decisão são totalmente corretas. Os EUA estão numa promiscuidade de ver e ouvir tudo o que está acontecendo no mundo. Há um Estado, os serviços de inteligência, dentro do Estado. Atuam sem inteligência nas suas agências de inteligência. Por que é necessário que eles saibam de todas essas coisas? Por que uma pessoa de mais baixa hierarquia nas Forças Armadas americanas deve saber o que Dilma Rousseff está dizendo aos seus ministros? É totalmente irrelevante.

Blog – Ou com quem estava conversando, como mostram gráficos.

KM – É preciso uma discussão nos Estados Unidos sobre a expansão elefantina dos serviços secretos americanos. Um elefante sem uma mente. Esse é o problema.

Blog – A decisão de Dilma pode vir a dificultar as relações com a Casa Branca ou não haverá maior repercussão?

KM – Vai ter resultados, claramente. Porque geralmente as pessoas que fazem análises da política brasileira não dão muita atenção ao Brasil. E isso chegou em um momento muito mau para a administração Obama. Eles farão uma interpretação de que isso é um jogo nacionalista, coisa assim. Possivelmente, será a reação deles.

Mas, no meu ponto de vista, foi uma posição totalmente correta tomada pela Presidência brasileira. Se ela aceitasse visitar os Estados Unidos… Nós sabemos que Edward Snowden e Glenn Greenwald têm capacidade de fazer vazamentos de informações da forma que eles querem. E esperam o momento ideal de fazer mais vazamentos sobre o Brasil. Mas não sei que outras coisas eles têm.

Blog – A decisão de Dilma repercutirá além da relação Brasil-EUA ou ninguém, incluindo a Europa, está prestando muita atenção no imbróglio?

KM – Isso dependerá muito da reação dos formadores de opinião nos EUA. Mas no longo prazo não creio que haverá grandes danos ao relacionamento entre Brasil e EUA.

Blog – Nem nas relações comerciais?

KM – Acho que não. Porque agora o Brasil está integrado comercialmente ao mundo.

Blog – Com a reação de Dilma à espionagem, o tamanho do Brasil na comunidade internacional aumenta, diminui ou fica na mesma?

KM – Aumenta. Porque foi uma decisão feita por motivos razoáveis. É decisão de um país aliado dos EUA. Não há nenhuma razão para justificar a espionagem sobre políticos e líderes brasileiros e também sobre a Petrobras. É totalmente inaceitável, do meu ponto de vista. O Brasil tomou a decisão correta.

(*) Mário Magalhães, formado em jornalismo na UFRJ. Trabalhou nos jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Tribuna da Imprensa”.

Fonte: Blog do Mário Magalhães 

6 Comentários

  1. Sempre vem da Inglaterra o afago e porque heim !
    A Rainha careca preocupa-se apenas em ter garantida sua cota de ché e cubinhos de açucar.
    Não somente a inedita decisão de Dilma não fazer visita de estado aos EUA mas sua repudia e posicionamento aberto contra a espionagem Yankee foi uma postura de Estadista que coloca o pais acima de tudo.
    Lembro-me bem de uma fraze que ela disse em seu discurso de posse diretamente a perua Clynton “A soberania do Brasil e as riquesas do Brasil são inquestionaveis e inegociaveis.
    A Ratazanas tinha simplesmente interrompido suas ferias e vindo alegrezinha para o Brasil achando que calcinhas unidas dariam um bom roçadinho.Se ferou e foi embora putinha da vida nem mesmo permanecendo para a audiencia.
    Talvez nas proximas eleições Americanas teremos dois candidatos que são potenciais inimigos do Brasil e precisamos nos prepararmos rapido pra isso agora.
    MCaine e Hillary são recalcados com o Brasil.
    Algumas alianças em economia,comercio,parcerias e serviços se formarão agora.
    Russia,China,India ja era esperado mas tambem teremos Ucrania,Rep.Tcheca e paises do sudeste Asiatico.
    Dilma gosta muito da Coreia do Sul e sempre foi sabido sua intenção de comprar Destroyers sulcoreanos (se a MB deixar de sentir-se sudita da UK né!) e trazer estaleiros sulcoreanos pra ca entre outras coisas ate petroquimica.
    Veremos com o passar do tempo como ficara tudo.
    O Brasil é o pais que mais esta investindo e construções e infraestruturas no mundo e cresce apenas menos que a China.
    Dentro de dez anos estaremos em periodo prospero ainda mais sem esses carrapatos rodoleiros Anglos nos mordendo e nos sugando por baixo de nossos sacos bem no talo de nossos pintos

  2. Imagine se entrássemos em guerra. A espionagem vai continuar pela OTAN, Rússia, China, etc. E o BRASIL por sua incompetência administrativa, não veem um palmo diante do nariz, vai continuar sendo espionado. A segurança das informações é obrigação do estado brasileiro e não pode ser terceirizada para gugol’s e companhia limitada. Se em tempos de paz não conseguimos manter a segurança das nossas informações, imagine uma “guerra”. Estaremos fritos! Invadirão nossos sistemas e ficaríamos de mãos atadas. Investir no capital humano, educação, para ter capacidade de proteger nossos dados ao invés de jogar dinheiro fora com eventos fúteis. Se perde muito tempo aqui no BRASIL se discutindo punir ou não os corruptos ao invés de puni-los logo. É um tempo precioso que perdemos em detrimento do tempo que poderíamos estar discutindo assuntos mais elevados como como melhorar a educação, a segurança da informação, a defesa do território e interesses da nação entre outras. O noticiário está repetitivo demais, ladrão rouba x, solta ladrão, ladrão matou y, solta ladrão, estrupa, mata, rouba, desvia, abusa do poder, usa veículo do estado pra ir a praia, usa recursos públicos para se promover, etc. Não tem notícia boa. É o pais dos ladrão…

    • Os Vietcongs começaram a levarem vantagens quando implantaram um variado serviço de espionagem.
      Conhecer teu inimigo e atacar seus pontos fracos…Sun Tzu

  3. Vou continuar achando que a decisão foi acertada. Agora, o que ocorre por trás das cortinas só Deus sabe, porque de teatro eu já estou de s@co cheio faz é tempo!

  4. “” Inglaterra e França não vão deixar o Brasil entrar. Claro que por seu peso no mundo o Brasil deve ter uma cadeira no Conselho de Segurança. Mas o Brasil não tem o apoio de outros países da América Latina, México principalmente.””

    Sei que não é uma máxima a opinião deste senhor, mas vai pelo mesmo raciocínio que eu sempre tive à respeito de certos países que o Brasil considera como amigos em algumas áreas e em outras não.

    O Brasil incomoda muita gente e é interessante que o Brasil não mude porque servimos muita ‘pele’ sem exigirmos muito. Temos que mudar nossa visão com urgência porque quando a pele não for mais interessante talvez a carne sacie o interesse de alguns… será que vamos pagar pra ver?

  5. o que eu acho e que ela pode tirar proveito desta questão(é uma oportunidade que nao pode se perder), acho que ela acertou tb em cancelar a viagem, porem sobre a questão da espionagem assim como eu sempre disse os EUA nao estão errados e que o brasil aprenda a fazer a lição de casa.

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