Brasil / EUA: crise nas relações?

Chegou uma notícia que, de certa forma, já era esperada há algum tempo e, especialmente, desde a passada segunda-feira. Trata-se do cancelamento dos preparativos da visita oficial da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, aos Estados Unidos, marcada para outubro próximo.

A causa é a divulgação dos materiais sobre a espionagem da agência americana no Brasil. Ainda não há confirmação do cancelamento da visita, mas a equipe que embarcaria aos Estados Unidos para preparar a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff teve a viagem cancelada a pedido da presidente. Isso demonstra uma crise sem precedentes nas relações americano-brasileiras.

A presidente Dilma está em São Petersburgo, na Rússia, onde participa da 8ª cúpula do G20 – grupo de países que reúne as maiores economias mundiais.

Na sessão de abertura, a presidente do Brasil e o presidente dos Estados Unidos estavam sentados lado a lado, mas foi visível o clima de constrangimento, pois eles não trocaram cumprimentos.

A presidente Dilma ainda pretende usar a tribuna da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, no próximo dia 24, em Nova York, para cobrar uma ação internacional contra a violação de telefonemas e correspondências eletrônicas. O Itamarati por enquanto abstém de comentários.

É interessante observar neste caso a evolução das relações entre o Brasil e os EUA no período depois da Segunda Guerra Mundial, quando a Força Expedicionária Brasileira fazia parte do 5º Exército Americano. Eis, o que conta o famoso diplomata Luiz Felipe Lampreia, que trabalhou no Itamarati ao longo de meio século.

Luiz Felipe Lampreia foi embaixador em Suriname, depois embaixador em Lisboa e Genebra, foi secretário-geral do Itamarati ainda na época do presidente Fernando Enrique Cardoso, e depois ministro. Hoje é conselheiro de três organizações, como professor e conferencista. Há 5-6 décadas a situação era diferente, como conta Luiz Felipe Lampreia:

“A opinião do Brasil interessava muito pouco. Havia, naturalmente, uma presença na ONU. Era uma presença tradicional. O Brasil foi quase, inclusive, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Não foi porque Churchill e Stalin acharam que o Brasil não tinha peso para figurar no grupo dos cinco membros permanentes: URSS, China, França, Inglaterra e Estados Unidos. Creio que o Brasil passou uma boa parte nos anos 50 e dos anos 60 muito ressentido pelo fato que não tinha tido uma recompensa real pelo sacrifício do sangue, inclusive na Segunda Guerra Mundial. O Brasil foi o único país da América Latina que enviou tropas para a Europa, um contingente que não era enorme, mas era de 25.000 homens e teve perdas de mais de 1.000 homens… O Brasil não recebeu nada em troca. Recebeu uma Comissão Brasil-Estados Unidos, mas não recebeu nada como o plano Marshall, um apoio real que poderia ter sido, talvez, a ilusão de que o Brasil tinha que ter algo muito importante pela sua fidelidade, pela sua presença. E aí nasceu um prejuízo, nasceu um forte grupo nacionalista, em primeiro lugar, dentro do Exército, com general Estillac Leal, que era um homem de esquerda que venceu a Diretoria do Clube Militar. Prejuízo que assinalou a força deste grupo antiamericano, um grupo nacionalista, um grupo, que depois, o próprio Getúlio tinha marcado os assessores para fazer parte desse… Jesus Correia mais outros. Levou à criação da Petrobras, levou à criação da Eletrobras, levou à criação de uma linha do Estado brasileiro, que é uma linha não, evidentemente, objetivamente ou declaradamente anticapitalista ou antiamericana, mas que, no fundo, era uma reação nacionalista a essa situação.

Por outro lado, os generais que tinham participado da guerra na Itália: Castelo e outros, eram pró-americanos. Houve a partir do fim da década de 50 um certo predomínio do grupo não-nacionalista, digamos, e isso levou ao golpe de 64. O que prevaleceu originalmente foi o grupo dos veteranos da FEB. E a FEB, como sabemos, era a parte do 5º Exército americano, comandado pelo general Mark Clark, não era uma entidade autônoma. Então, eu assisti com muito constrangimento um discurso do Castelo Branco, marechal Castelo Branco que significava um completo alinhamento do Brasil aos Estados Unidos…”

É evidente que a situação mudou! Mudou o mundo! A opinião, a autoridade do Brasil e de muitos outros países já é amplamente considerada, seja apresentada junto com o grupo dos BRICS, seja individualmente. Mas o que irrita muito é que o mundo não fica mais tranquilo e feliz: todos os dias vivemos sob a ameaça de novas provações e guerras.

 

 

Fonte: Voz da Rússia

 

 

14 Comentários

  1. Em relação a espionagem estadunidense, a mídia está dando grande destaque ao fato das comunicações pessoais da Presidente Dilma terem sido monitoradas e por isto a reação da Presidente…Pura cortina de fumaça!

    O buraco dos interesses da espionagem estadunidense é bem mais profundo:

    ————-
    07/09/2013

    Saul Leblon

    “O governo brasileiro deve um pronunciamento à Nação sobre as violações cometidas pelo serviço de espionagem dos EUA contra o país.

    Não há motivo para subtrair à sociedade aquilo que já está em mãos indevidas, fervilha nos bastidores e é intuído do noticiário.

    A CIA recolheu ilegalmente e compartilhou, para uso comercialmente desfrutável, dados reservados e informações estratégicas, estas sobretudo de natureza econômica, configurando-se um ato evidente de transgressão de soberania.

    Ademais de roubo, puro e simples de segredos comerciais.

    A afanosa invasão, como outras mundo afora –ou não havia interesse no petróleo iraquiano?– faz-se acompanhar do inexcedível traço imperial.

    Sempre em nome da luta contra o terrorismo, não se poupou, sequer, o circuito de informação no âmbito da Presidência da República brasileira.

    Violou-se correspondência eletrônica reservada da Presidente Dilma.

    Aparelhos celulares de seu uso exclusivo foram grampeados; mensagens capturadas. Quem garante que os de acesso particular não sofreram idêntico tratamento?

    Não há limites.

    Tudo feito com a complacência ou a parceria pura e simples de residentes. Empresas, inclusive.

    Carta Maior já havia demonstrado, em reportagens exclusivas e exaustivas, em julho último, o intercurso entre espionagem e corporações norte-americanas no Brasil.

    No caso, o protagonista era uma das maiores corporações de consultoria do mundo.

    Contratada no governo FHC para ‘pensar’ planos estratégicos, a Booz Allen, na qual trabalhava o ex-agente da CIA, Edward Snowden, operou no Brasil pelo menos até 2002.

    De um lado, como guarda-chuva de uma base de espionagem da CIA no país.

    Simultaneamente, como mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB.

    O objetivo era pavimentar o alinhamento carnal do mercado brasileiro com a economia dos EUA. Tracejar a free way da ALCA.

    No acervo desse ‘impulso interativo’ listam-se estudos como o dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento.

    Realizados por um consórcio lierado pela Booz Allen, sugestivamente receberiam o nome fantasia, bote fantasia nisso, de “Brasiliana”.

    Dois eixos centrais da adesão tucana ao desenvolvimento dependente e subordinado beberam desse manancial: o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil”.

    A versátil Booz-Allen teria, ainda, robusta influência na reforma do sistema financeiro nacional.

    A ênfase nas privatizações de bancos públicos obedecia a diretriz predominante então, de adesão incondicional à supremacia das finanças desreguladas.

    O que antes era lubrificado assim, por uma identidade de propósitos e a natureza gêmea dos governos dos dois lados, hoje só se viabiliza na violação delinquente de informações que lastreiam o poder de Estado e o poderio econômico da Nação.

    Um foco prioritário do grampo é o pré-sal. As petroleiras internacionais querem saber se a regulação soberana das maiores reservas descobertas no planeta, no século XXI, tem lastro político e financeiro para se sustentar.

    Ou por outra, se os índices de nacionalização que guarnecem o impulso industrializante embutido na regulação do pré-sal vieram para ficar.

    Interessa, naturalmente, o calendário da exploração, o fôlego da Petrobrás para assumir a condição de parceiro cativo em qualquer poço, ademais das avaliações sigilosas das novas descobertas em curso.

    Enfim, tudo o que possa ser útil à apropriação da maior faia possível de uma riqueza estimada, por enquanto, em até 60 bilhões de barris.

    Leia-se esse número seguido da informação de que a matriz energética do planeta ainda depende 57% do petróleo.

    O resultado explica a gula que ordenou as violações, o despudor das escutas palacianas e a ousadia das decodificações perpetradas pela espionagem gringa.

    Embora revelados originalmente pela TV Globo, de conhecidas tradições, avulta desse episódio a reação lhana e a cordura no trato que o assunto mereceu da parte de colunistas da indignação seletiva.

    A exemplo deles, nenhum editorial, salvo engano, tampouco manchetes garrafais foram hasteadas no alvorecer nacional, com as cores da indignação patriótica.

    Animadoras de programa de culinária não trocaram o colar de tomate pela túnica verde amarela para protestar contra Obama.

    Uma sigla dotada de forte simbologia antipopular como a CIA foi poupada na identificação do braço operante da espionagem contra o país.

    Em plena Semana da Pátria, a americanofilia do jornalismo embarcado aliviou para a CIA.”

  2. É… o Sr. Lampreia é realmente famoso, principalmente por conta do período que atuou durante o governo Fernando Henrique, através da diplomacia do “nada” que ele tenta criticar no texto mas, pra variar, não diz “nada”. Esse é mais uma daqueles diplomatas do GloboNews Painel. Não dizem nada. Nem indignados conseguem ficar com qualquer coisa pois são gente do bem, limpinhos e cheirosos.

    Aliás, um destes institutos, que o Konner diz que o Sr. Lampreia pertence, é aquele dos antigos “cansados” que surgiram logo após 2002 por acharem que a receita antiga de administrar o país era mais “civilizada”. O instituto se chama Millenium e pretende (ia?) ser um think-tank (???) tupiniquim. Entre seus ilustres componentes podemos listar Ana Maria Braga, Ivete Sangalo, o mais novo “j”ênio historiador do Brasil Marco Antônio Villa, entre outros. Pedro Bial é curador. Gente fina é outra coisa.

    O que o Sr. Lampréia jamais diria é que, no tempo dele, o peso do país e, principalmente, a vontade dos governantes era outra. Temos problemas realmente sérios no Brasil e nenhum deles foi criado ontem. Problemas que surgem desde 1808, perduram durante a proclamação da república, e foram sendo mantidos por uma classe dirigente mais interessada no Mickey e na Disney do que no próprio país. O Sr. Lampreia é um destes. Para eles tirar o sapato, mesmo sendo de uma representação diplomática, não é subserviência. Aquele Brasil foi suficiente para eles. Ainda bem que estamos saindo dessa era. A duras penas, mas saindo.

    Segue o link pra’quele poço de conhecimento, caso alguém se interesse. Abs
    http://www.imil.org.br/

  3. Chora bananeira
    Bananeira chora
    Chora bananeira
    a Boeing ja foi embora.

    Paulista sem pau é lista
    Paulista paulista pau
    Tira o pau do lista
    Paulista fica sem pau.

    Chora bananeira
    bananeira chora
    chora bananeira a Boeing ja foi embora.

  4. Me engana que eu gosto… rsrsrsrsrsrsrs… o vespão vem aí, para alegria de uns e choradeira de outros… quem quer apostar ???…

    • Uma vez vira-lata sempre vira-lata…
      Traidores como vc, “Vadia” e o teodoro são as pragas que estragão nosso país.
      São os partidários do PIG o verdadeiro problema desse país. Essa gente vendida espalhados em blogs, tvs, rádios, partidos e tudo que existe sempre tentaram atrapalhar o nosso país.
      O caanalha reclama de médicos cubanos (que vão trabalhar aqui como trabalham em qualquer outro país), mas acha algo natural que os EUA espionem o nosso governo, nossas empresas e nossas vidas. Vocês acham isso correto? O canalha continua jogando contra o Brasil e tem gente que acha isso bonito.

      Se bem que nesse caso o rapaz não tem tanta culpa, parece que a criatura sofrer de esquizofrenia.

      • Carl, se eu fosse tão louco como vcs se esforçam para parecer, não me davam tanta importância… o problema é que eu enxergo um pouquinho mais longe do que vcs estão acostumados a ver e por isso vcs me julgam assim… natural, mas isso não lhes da razão, por mais que vcs queiram… se vc estudasse mais profundamente a nossa história contemporânea e tivesse acesso a informações pouco disseminadas que fazem a diferença na hora de processar certos tipos de informação, não se comportaria assim… mas não posso exigir de vc algo que não pode dar, ou seja, não tens clareza de pensamento em virtude de sua pouca informação para processar os eventos… no mais, fica aqui meu pesar pela lavagem cerebral que nosso povo tem tido nos últimos 80 anos… Carl, faça-se uma só pergunta: porque que não tivemos mais brasileiros de destaque no cenário internacional nos últimos 50 anos ou porque nosso nível cultural baixou tanto ???… se vc tiver uma resposta plausível para essa questão eu ficarei satisfeito por ainda existir alguma inteligência sobre solo pátrio… saudações…

      • Caro esquizofrênico, uma DAS razões pela qual nós não temos mais brasileiros em destaque internacional é o sentimento vira-lata de pessoas como você e a/o “Vadia”. Quando um brasileiro faz algo de importante logo é desqualificado por pessoas como vocês, são incapazes e tentam de todos os modos impedir o crescimento de outras pessoas. Se tivéssemos mais patriotas e menos vendidos, vira-latas e loucos hoje o Brasil seria com certeza um País mais evoluído e justo.

        E sim vc é louco, tenho certeza seus sinais de esquizofrenia são claros, mas a razão de você incomodar tanto é sua falta de educação e agressividade com os colegas do blog. Se fosse um pouquinho menos baixo poderia escrever suas bobagens em paz, mas como adora provocar, sempre vai te um ou outro para lhe esfregar algumas verdades na cara!

        saudações…

      • Conclusão: estamos no sal… o filme “Idiocracy” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiocracy) se faz verdade no Brasil, quiçá no resto do mundo… argumentos plausíveis, nem pensar… então ficamos assim… vc continua sendo “inteligência pura” e eu continuo bêbado, mas sabendo das coisas… rsrsrsrsrsrs… para aguentar essas figuras só no 18 years, On The Rocks”… rsrsrsrsrsrs… depois o esquizofrênico sou eu… rsrsrsrsrs… e olha que nem penico na cabeça eu uso… rsrsrsrsrs…

      • Como sempre, os esquerdalhas agem disvirtuando os fatos… vejam o que o nosso amigo diz e o que ele faz são coisas diametralmente opostas:

        “Carl
        9 de setembro de 2013 at 12:00 mas a razão de você incomodar tanto é sua falta de educação e agressividade com os colegas do blog. Se fosse um pouquinho menos baixo poderia escrever suas bobagens em paz, mas como adora provocar”

        “Carl
        5 de setembro de 2013 at 23:29

        Acorda vc seu esquizofrênico alcoólatra, vai procurar tratamento!
        Em nome dessa sua loucura estúpida e de seus ideais idiotas está disposto a deixar pessoas morrerem CANALHA!

        Tirem suas próprias conclusões… tudo começou pela agressividade de quem agora se faz de vítima…

    • Kkkk, Blue Eyes, porque vc foi falar no Vespão???

      A Carlinha chorosa aí em cima quase que surtou, kkkkkk…

      Vou rir bagaráleos se a Bruxa do 71 voltar “dusistêiti” com o contrato debaixo do braço, rsrsrs…

      🙂 🙂 🙂 🙂 🙂

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