Defesa & Geopolítica

Análise: Potências usam novas estratégias para manter status quo

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VITOR STUART GABRIEL DE PIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

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A “Realpolitik” aplicada pelas potências ocidentais em decadência, lideradas pelos Estados Unidos, perpassa por uma geoestratégia muito bem planejada, a favor do status quo da ordem internacional.

Por um lado, busca-se o domínio da Bacia do Pacífico através da contenção da integração sul-americana por meio do apoio e implementação da Aliança do Pacífico e da forte pressão contra os movimentos políticos anti-sistêmicos na região.

Também fazem parte desta estratégia a reativação da 4ª frota e da permanente presença em território subcontinental (vide Malvinas, Guiana Francesa e Plano Colômbia) e o esforço pela limitação da expansão chinesa e russa ao Pacífico, através da efetiva presença militar em determinados países e das 3ª e 7ª frotas navais dos Estados Unidos.

Por outro lado, as enormes fragilidades político-institucionais nos países do Magreb e Oriente Médio, impulsionadas pela Primavera Árabe, serviram como justificativas às ações de coerção e dissuasão contra alguns países da região que não seguiam a ‘cartilha persuasiva’ das potências ocidentais.

Estes buscavam novos parceiros geoestratégicos e geoeconômicos, frente a um cenário internacional caracterizado pela ascensão de novos atores, como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e pelo declínio de países do eixo da OTAN, como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (PIIGS, em inglês), da ZE e da própria União Europeia.

Eis o cenário que está se formando, trata-se da busca desesperada de um modelo de reprodução hegemônico, produzido através do apoio à desestabilização de países não alinhados, das intervenções e guerras cirúrgicas por meio dos ataques preemptivos e preventivos aos catalogados Estados Frágeis.

Os Estados Unidos ainda promovem a contenção de novos atores no cenário internacional, do enfraquecimento de alguns Estados via dependência do Sistema Financeiro e da desmoralização midiática de modelos políticos anti-sistêmicos.

Com isso, implementa uma verdadeira estratégia de contenção por meio do cercamento dos novos atores internacionais –ou seja, um novo “Rimland”– que se espalha como uma mancha de petróleo aniquiladora aos pequenos países resistentes ao modelo.

Mas que, na verdade, está direcionada a todo o mundo emergente que tem buscado reconstruir as relações de poder em escala internacional.

VITOR STUART GABRIEL DE PIERI, é doutorando em Geografia pela UNICAMP e Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Bolonha, na Itália. Autor de livros no Brasil e no exterior sobre temas de relações internacionais é professor universitário e diretor do Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais (CENEGRI).

Fonte: FSP

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