Agricultores colombianos pedem o fim do livre comércio com EUA e União Europeia

Arturo Wallace

Da BBC Mundo na Colômbia

Protestos bloqueiam estrada na Colômbia | Foto: APProdução e distribução caras, invasão de produtos estrangeiros baratos e supervalorização do peso dão prejuízo a pequenos produtores colombianos, que entram na terceira semana de greve e protestos

Alimentadas pelos bons indicadores macroeconômicos dos últimos anos, a maioria das notícias de economia vindas da Colômbia vinham sendo predominantemente positivas.

Entretanto, a greve do setor agrário, que nesta segunda-feira entrou em sua terceira semana, tem atraído mais atenção para uma Colômbia que sofre apesar do crescimento econômico contínuo, níveis de investimento estrangeiros sem precedentes, aumento da renda per capita e a redução dos índices de pobreza e desemprego, tantas vezes destacados pela atuais autoridades colombianas.

Já que 75% da população colombiana vivem nas cidades, na Colômbia rural ingressam, em média, 3,4 vezes menos investimentos do que nas 13 principais áreas metropolitanas do país.

É a Colômbia dos pequenos e médios produtores agropecuários – que se queixam do abandono por décadas – que está particularmente mais vulnerável à abertura comercial, algo que parece funcionar bem para os consumidores das áreas urbanas.

Por isso, o boicote aos tratados de livre comércio tem sido um dos temas mais constantes dos protestos: uma demanda que está nas mesas de negociação e também nas mensagens que gritadas nas ruas.

Uma das principais queixas dos pequenos produtores em greve é que, dentro das atuais condições, não podem competir com as importações de produtos baratos, que estão amparadas pelo Tratado de Livre Comércio (TLC) e outros acordos comerciais.

Invasão dos baratos

O leite é, talvez, o exemplo mais expressivo de aumento demasiado da concorrência para os produtos colombianos.

Nos últimos seis anos, as importações de leite mais do que triplicaram, passando de 9.727 toneladas em 2006 para 33.728 no ano passado, de acordo com números da Direção Nacional de Estatísticas – DANE.

E é de se esperar que a cifra aumente ainda mais, com a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio com a União Europeia, ocorrida no dia 1º de agosto passado.

Manifestantes apoiam causa dos camponeses | Foto: AFPJovens se juntam aos protestos pelo fim dos Tratados de Livre de Comércio (TLC)

De fato, durante os últimos três anos, muitas vozes têm se levantado para denunciar o abismo que existe entre os subsídios que beneficiam a produção leiteira na União Europeia – que é tecnicamente mais capacitada e goza das vantagens de uma economia de grande escala – e a falta de apoio que recebem os pequenos produtores de leite colombianos.

Mas nada foi tão forte para demonstrar a ameaça do livre comércio do que a imagem dos fazendeiros de Boyacá – cidade a 240 km da capital Bogotá – derramando milhares de litros de leite numa rodovia, há duas semanas, enquanto declaravam que preferiam jogar fora do que continuar vendendo o produto por menos da metade do que se custa para produzir.

Não demorou muito para que os produtores de café, arroz, frutas cítricas e outros produtos começassem a seguir o exemplo dos fazendeiros do leite.

Para o economista Aurelio Suárez, quase todos os setores estão sentindo a concorrência das importações baratas.

“Em geral, todo mundo pensa que o problema (com o TLC) é a importação de trigo, de cevada, de soja e outros grãos. Mas isso já passou”, afirmou Suárez à BBC.

“O novo (problema) é que os (próprios) agricultores, para se resguardarem, também passaram a importar uma série de produtos: leite, hortaliças, cacau, açúcar, café”, explica.

O problema da moeda

A avalanche de importações, certamente, não é a única explicação para os problemas enfrentados com o TLC.

De certo modo, o problema também está vinculado a uma aposta das autoridades pela exploração mineral e petrolífera, que são os setores que têm concentrado a maior parte do investimento estrangeiro direto.

“O país voltou a ser um exportador intenso de recursos naturais não renováveis. Isso traz uma supervalorização do peso, que encarece as exportações e torna mais baratas as importações”, explicou Suárez.

Isso talvez explique o fato de que, cada vez mais, chegam alimentos mais baratos de países com os quais a Colômbia mantém os mesmo acordos comerciais há 40 anos, como o Peru e o Equador.

De fato, os analistas destacam que o impacto do TLC com os Estados Unidos e a União Europeia está apenas começando a ser sentido.

Marcha dos camponeses | Foto: AFPMarcha camponesa: eles não querem apenas promessas do governo

E para piorar a situação, há ainda os elevados custos de produção e comercialização de produtos que dificultam a vida dos agricultores colombianos atualmente, uma questão que não parece ser fácil de resolver no curto prazo.

“É impossível competir nesse acordo de livre comércio com países que subsidiam até mesmo seus fertilizantes”, afirmou Suárez.

“E como tornar mais competitivos (os agricultores colombianos), se temos um crédito mais caro, fertilizantes mais caros, estruturas (de comercialização e distribuição) monopolizadas e produções de camponeses de (apenas) 3 e 5 hectares? Esse milagre ninguém pode fazer”, ressaltou.

Produção e distribuição de alto custo

Acima de tudo, são os custos elevados de produção que estão estrangulando os pequenos agricultores colombianos.

Um dos principais problemas, por exemplo, é que algumas cadeias de produção chegam a pagar pelos fertilizantes até 80% mais do que os preços internacionais, sendo que a maioria dos demais produtores também paga quase 50% a mais.

E esse problema tem a ver com a concentração da importação destes insumos de apenas quatro empresas, além dos custos de transporte pelo interior do país, que também afetam os agricultores no momento de escoar suas produções.

O transporte caro, por sua vez, está vinculado ao alto preço do combustível – um dos mais elevados do continente e também um dos temas recorrentes dos protestos – e à péssima rede de rodovias.

Só para citar um exemplo, de acordo com o a revista Semana, o transporte de um contêiner entre Bogotá e o porto de Cartagena é quase três vezes mais caro do que seu transporte de Cartagena a Shangai, na China.

Esse problema põe os pequenos produtores à mercê dos grandes grupos comerciais, que são os que fixam os preços e ficam com a maior parte dos lucros.

Com tudo isso em mente, o presidente Juan Manuel Santos tem discutido a ideia de converter a greve em uma oportunidade para negociação e de se trabalhar em um “grande pacto nacional para o setor agropecuário e desenvolvimento rural”.

Mas, depois de tantas décadas de abandono, os camponeses querem mais que palavras

Fonte: BBC Brasil.

14 Comentários

  1. por LUCENA
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    Os países do cone sul devem se juntar,deixando de lado as questões ideológicas e se unirem pois todos os países da região padecem do mesmo mal.sociedade desigual e injusta.
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    todos os países da America do sul,devem buscar justos resolver,em conjunto,a economia interna da região,uma economia complementa a outra,buscando fortalecimento da unidade.
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    É histórico essa relação predatória dos países latinos com os EUA e a Europa,se não houver uma unidade convicta entre os países latino em especial os da América do Sul,esta região nunca irá consegui se livrara das amarras da servidão,que tanto os americanófilos se apegam…. 😉

    • Eu entendo que devemos priorizar o Brasil. Já é muito complicado desatar o nó dos nossos imensos problemas internos sem precisar tentar resolver problemas dos nossos vizinhos, que por sua vez também possuem problemas dos mais diversos. O Brasil possui uma grande economia, setores industriais diversificados, uma importante reserva de recursos minerais, uma agroindústria extremamente competitiva e uma população em crescimento.
      Devemos investir em educação e tecnologia, reformar nosso judiciário e reestruturar de verdade nossa infraestrutura sem descuidar de nossa defesa territorial. Assim, sinceramente, nos meter a resolver problemas alheios não me parece a melhor das perspectivas, ainda mais ao considerar a abordagem política suicida de alguns dos nossos vizinhos…

  2. Hahaha…. Vou rir, para não chorar.
    Estão agora abrindo os olhos?
    Pergunto para nós brasileiros: Onde estão os ditos “Gurus Globais Tucanados” da economia para dizer que o livre comércio é a melhor coisa do mundo?
    Vou explicar o livre comércio, dentro da minha concepção.
    Livre comércio só é benéfico para os países desenvolvidos, soberanos e independentes, vejamos:
    Um pais subdesenvolvido, sem indústria, sem tecnologia, sem infraestrutura só irá sucumbir com o livre comércio. Explico: Grande grupos econômicos produzem determinado bem ao um custo de até 500% mais baixo em seu país de origem, já domina o mercado e quando entra em um país seu preço quebra economicamente qualquer concorrência. Atrelado a isso como é de origem de um país desenvolvido este tem insumos e subsídios para para sua produção seja barata e se não for barata, tem mercado consolidado e tem condições de praticar dumping no país inferior. O povo do perímetro urbano do país inferior adora o livre comércio pois fica encharcado de bens de consumo baratos e tecnológicos, é a vitrine que enche os olhos, e ai vem a principal questão. Um país que não consegue agregar valor em seus produtos primários e se quer tem produtos de consumo com razoável tecnologia agregada quebra por completo o ciclo elementar e alimentar de sua nação, vira escravo eterno da nação estrangeira, jamais conseguirá investir em infraestrutura e reestruturar sua agricultura por amarras insuperáveis. No caso Brasil também não é diferente. Aqui não se produz sequer as lâmpadas de uso doméstico, somos dependentes de inúmeros bens de consumo que na balança comercial fazem a diferença e por mais que exportemos não atingimos valores positivos razoáveis: exemplo: O Brasil exporta um navio de minério de ferro e importa um conteiner de barbeador (plástico e dois ou três aramezinho afiado). Vai exaurindo suas riquezas não renováveis em troca de alguns produtos com tecnologia e valor agregado, assim são as commodities que no caso “Brazil” é o carro chefe, no nosso caso produtos in natura. Para exaurir a riqueza mais rápida do país invadido por produtos globalizados então grupo financeiro intervém na bolsa de valores para valorizar o moeda local, compra algumas empresas e realiza o pseudo investimento e impede qualquer possibilidade de reação e concorrência interna, é um jogo de equilíbrio formulado de forma desequilibrada e que infelizmente para um povo sem educação, cultura e conhecimento fica fadado a dizer que livre comércio é a melhor coisa do mundo, afinal de contas estar em casa e olhar novela na TV em fullHD, curtir meu Face, ir ao salão e usar produtos importados, uiuiui… é assim, um conforto consumista inicialmente bom para as populações urbanas (em média 75-80% da população) e catástrofe no campo (o resto de 20%). Com o tempo, depois todos eternos escravos da globalização, quem pode mais chora menos.
    Por isso o Brasil deve investir em educação de qualidade (regime integral em 100% das escolas), tecnologia, defesa, diminuição das diferenças econômicas e sociais,… não é preciso sequestrar bem de ninguém, mas é preciso melhorar a distribuição da renda.

  3. mais um chute no saco e dedada no toba dos separatistas disfarçados de direita que apenas sao uns puxa saco de yanke
    faz o seguinte colombia pede para sair dessa palhaçada e entra no mercosul ,
    mas o governo da colombia é apenas um fantoche americano

      • O cara e a favor da URSAL coro Guga, da “união sulamerica dos paises socialistas”
        E para ele quem e a favor de o Brasil, ser somente o brasil, e separatista.

        Alem de ser racista, ele acha que brasileiro e somente indio e negro( que são tão brasileiros quanto qualquer outro, nem mais nem menos), se for branco e sulista, não e brasileiro.

      • primeiramente capa´preta quando alguem perguntar alguma coisa para mim ,eu mesmo respondo ,nao passei nenhuma procuraçao para voce
        segundo para o guga nao acredite no capa preta ,eu alem de ser branco tenho familia no sul do pais
        esse capa preta tenta dificultar o entendimento dos outros
        sobre os separatistas que se escondem na pele da direita alem de separatistas sao um grupelho de eskin reds que se escondem em sites de defesa mas nao apenas esses os sionistas do forum se escondem de direita tambem as vezes os dois grupos se ajudam pois sao tudo farinha do mesmo saco e de tao pequenos tem que se apoiar mesmo ,,se o governo fosse de direita eles estariam fazendo campanha para a esquerda e vice versa nada esta bom para os antibrasil
        querem fomentar a desuniao ,mas cada vez estao se diminuindo nos foruns de defesa no final vao virar purpurina
        fora a geopolitica que nunca acertaram mostrando apenas uma torciuda contra o nosso pais ,tem separatista sim eu ja identifiquei ,mas se voce for uma pessoa atenta com o tempo nesse forum vai perceber os antibrasil que querem o mesmo futuro que teve na libia e siria para o nosso pais

      • Vc tem que aceitar conduções, caro pé de poodle… sua condição de portador de necessidades especiais (politicamente correto, para não chamar de retardado) faz com que nós tomemos a liberdade de amparar os desvalidos… não leve a mal… é caridade… rsrsrsrsrs…

      • Esse futuro que vc descreveu, caro bobão, será materializado pela esquerda fabiana a serviço dos EUA… vc verá com seus próprios olhos… quem entregou a Siria e a Libia de bandeja para os yankes foi a “esquerda progressista”, caro INEPTO…

  4. Caraquis!!… ! Que protesto massa! Kkkkkkkkkkkkkkkk Bem diferente dos daqui com as garotas até com piercing na … e as blusas pretas catingando parecendo uns machinhos!..

    • Vem cá!… É este país da AS que tem uma base americana não é?…

      Ah! Tá!… ALCA 😉 Pra país que não tem como concorrer! Kkkkkkk Tiro no pé! Kkkkkkk Queria saber se este presidente Juan Manuel Santos é amigo ou inimigo dos Colombianos!… É por esta e outra que tem os surtados de esquerda por estas bandas! Acham que tudo é 8 ou 80 …

      Sodomizados… Mata ou Morre… Aprendem violência contra as sociedades desde berço!!!!!

  5. O que isso?. Chumbo nesses agricultores colombianos. Free trade, livre comercio. Os produtos agricolas dos EUA sao subsidiados. O governo norte americano inda que um caloteiro que nao tem condicao de pagar sua divida externa na base de equivalente por equivalente, consegue digitar trilhoes de dolares, dinheiro ficticio, com o que subsidiar os produtos agricolaras do pais para exportacao. Nao sei porque o governo colombiado nao faca o mesmo. Qualquer computador de segunda mao e capaz de digitar trilhoes ou quadrilhoes de real, ou peseta, sei la qual o nome da moeda colombiana. Com isso, subsidiar os produtos agricolas do pais, e competir em condicao de igualdade com seus parceiros ianques no mercado internacional.

  6. O que isso?. Chumbo nesses agricultores colombianos.It’s Free trade, livre comercio. Os produtos agricolas dos EUA sao subsidiados. O governo norte americano inda que um caloteiro que nao tem condicao de pagar sua divida externa na base de equivalente por equivalente, consegue digitar trilhoes de dolares, dinheiro ficticio, com o que subsidiar os produtos agricolaras do pais para exportacao. Nao sei porque o governo colombiado nao faca o mesmo. Qualquer computador de segunda mao e capaz de digitar trilhoes ou quadrilhoes de real, ou peseta, sei la qual o nome da moeda colombiana. Com isso, subsidiar os produtos agricolas do pais, e competir em condicao de igualdade com seus parceiros ianques no mercado internacional.

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