HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA: “ A MISSÃO DE TIRADENTES ERA EXECUTAR O GOVERNADOR DE MINAS”.

Professor Kenneth Maxwell, que participa do Festival de História em DiamantinaENTREVISTA COM O BRASILIANISTA KENNETH MAXWELL, FUNDADOR DO PROGRAMA DE ESTUDOS DO BRASIL DA UNIVERSIDADE DE HARVARD.

Preâmbulo, por Gérsio Mutti

Caros Editores e Comentaristas do blog Plano Brasil, pode ser alguém esteja se perguntando, baseado em que tal afirmação ocorre a presente entrevista?

Não custa lembrar, que Kenneth Maxwell  é cidadão britânico à frente da cátedra “Programa de Estudos do Brasil” em Harvard; e que à época de Tiradentes, a Inglaterra, uma senhora de respeito no cenário europeu, já se fazia aos mares na ampliação do seu poderio militar marítimo com as Companhia das Índias Ocidental  e da Companhia das Índias Oriental , onde o ápice desse poderio escravocrata como mão de obra ocorrera no Século XVII, século no qual houve o advento da Revolução Industrial  promovida, também  pela Inglaterra, mediante a introdução da máquina à vapor no Século XVIII .

Esse presente estudo do Professor Maxwell reflete a percepção britânica, acerca do mundo luso no geral e do Brasil, no particular, de acordo com a  malha de informações amealhadas pelo Império Britânico em todo o mundo, desde séculos passados; e que agora no presente tópico está sendo liberada para firmar, ou impor,  via o Professor Maxwell, mais uma vez, a posição anglo-saxã na historiografia geopolítica brasileira.

Conhecemos o ditado:  “Quem pode, pode, quem não pode se sacode via “Jus Sperniandis .

Obrigado pela atenção!

‘A missão de Tiradentes era executar o governador de Minas’

Um dos mais importantes brasilianistas da atualidade, Kenneth Maxwell abre o 2º Festival de História, que começa no próximo dia 19/09/2013, em Diamantina

Fundador do Programa de Estudos do Brasil da Universidade de Harvard, o historiador Kenneth Maxwell é o grande destaque do Festival de História de Diamantina, que ocorre entre os dias 19 e 22 de setembro. A programação deste ano tem como eixo condutor a versão dos vencidos para significativos fatos da História nacional, e Maxwell falará sobre a Inconfidência Mineira, o papel de Tiradentes e sua relação com a Revolução Americana, dentro do contexto político internacional da época, um tema sobre o qual o historiador se dedica há quatro décadas.

Em sua palestra de abertura no festival, o senhor vai falar sobre a relação entre Tiradentes e os textos constitucionais americanos. Quais são os pontos em comum entre a Inconfidência e a Revolução Americana?

A conspiração de Minas foi o primeiro movimento anticolonial, republicano e constitucionalista das Américas depois do sucesso da revolução das colônias inglesas na América do Norte. A conspiração mineira ocorreu no fim de 1788, início de 1789. Em outras palavras, ela ocorreu antes da Revolução Francesa de 1789, bem como antes da revolta dos escravos no Haiti, a então colônia francesa de Santo Domingo, em 1792. A consequência é que a Inconfidência ocorreu numa cronologia muito especial. Entre 1776 e 1789 as autoridades portuguesas ficaram muito nervosas quando descobriram os textos constitucionais americanos, reunidos (no livro) “Recueil des Loix Constitutives de l’Etats-Unis”, em posse dos conspiradores mineiros e sendo debatidos por eles enquanto planejavam a revolta contra Portugal e discutiam a forma constitucional que teria a nação republicana que pretendiam estabelecer quando a revolta fosse bem-sucedida.

Como o senhor vê a figura de Tiradentes? Um líder real da revolta ou apenas uma marionete?

Tiradentes foi um líder crucial da revolta proposta. Sua tarefa era liderar o levante militar, prender o governador e executá-lo.

Como o livro com a Declaração da Independência dos EUA chegou a Minas Gerais? E por que ele chegou em uma versão francesa?

O “recueil” tinha sido trazido de Birmingham, na Inglaterra, por José Álvares Maciel. Ele o levou para Minas em 1788. Na verdade, existiam duas cópias do “recueil” em Minas, em 1788. A cópia trazida por Álvares Maciel e uma outra, de José Pereira Ribeiro. A cópia de Álvares Maciel é aquela que ficou conhecida como “o livro de Tiradentes”. Tiradentes tinha essa cópia com ele, no Rio de Janeiro. Logo depois de ser preso, em 10 de maio de 1789, ele a deu para um dos membros dos dragões da Independência, Xavier Machado, que a levou de volta para Vila Rica (atual Ouro Preto). É a cópia que se encontra hoje na coleção do Museu da Independência, em Ouro Preto. A outra cópia, aparentemente, foi destruída pelos conspiradores de Minas, antes de ser apreendida.

Qual a importância desse livro na Inconfidência Mineira?

Os conspiradores de Minas viram o sucesso da revolução americana e seus textos constitucionais como modelos do que eles queriam alcançar para o Brasil. O “recueil” foi publicado na França, em francês, em 1778, e foi dedicado a Benjamin Franklin. O livro contém os documentos constitucionais fundadores dos Estados Unidos da América (entre eles a Declaração de Independência propriamente dita e as constituições de seis dos 13 estados).

Qual a relação entre Thomas Jefferson, estudantes brasileiros na França e a Inconfidência Mineira?

Thomas Jefferson sucedeu (Benjamin) Franklin como enviado dos Estados Unidos na França. Em 1787, ele se encontrou, secretamente, com um estudante brasileiro da Universidade de Montpellier, em Nimes. Eles discutiram os planos de uma revolta contra Portugal, no Brasil. Jefferson relatou, em detalhes, a conversa a John Jay, secretário de correspondências secretas do Congresso. Os conspiradores de Minas também obtiveram um relato acurado sobre o que Jefferson disse em Nimes.

Na sua opinião, por que a Independência brasileira demorou tanto e acabou sendo feita pela monarquia?

Essa é uma história complicada. Mas, em resumo, depois do fracasso da conspiração de Minas e do medo do exemplo da rebelião de escravos no Haiti, muitos membros da monarquia acabaram se tornando mais cautelosos sobre os ideais republicanos. Ao mesmo tempo, lideranças portuguesas também se mexeram no sentido de conciliar tais ideais. Não foi um processo simples, mas quando a Corte portuguesa se mudou para o Rio, em 1808, teve início um período de consolidação das muitas instituições de um governo central. Isso teve um papel fundamental no estabelecimento da monarquia no Brasil e em sua continuidade até 1889.

Como o senhor vê o Brasil hoje, como uma das maiores economias do mundo, mas ainda lutando contra uma herança colonial significativa e uma grande desigualdade de renda?

Muito foi alcançado nas duas últimas décadas; isso é verdade e deve ser reconhecido: democratização, aumento das oportunidades para uma parcela crescente da população, a maior participação do Brasil no mundo, a internacionalização dos negócios e da mídia, mais comércio, sucesso nas artes, na cultura e nos esportes, a capacidade de mobilização do povo. Mas o legado da desigualdade permanece como um grande desafio. A despeito das novas tecnologias, das práticas políticas, da administração cotidiana, o país, por vezes, permanece atolado no passado e cativo de velhos padrões.

Fonte: O Globo 

5 Comentários

  1. Se essa era sua missao pagou com a cabeca. Como dizia Nego Antao, quem se levanta contra o imperador paga-se com a cabeca.

  2. Bom, faz sentido, uma vez que o cara era milico , mas com os acordos apos o julgamento e com a intervençao inglesa que acabou salvando o pescoço de muitos intelectuais envolvidos,pode ser que a coroa britanica tenha dominio de todos os detalhes do acontecido,sen muito provavelmente eles os planejadores da inconfidencia ! MISTERIO .

  3. “””” … o país, por vezes, permanece atolado no passado e cativo de velhos padrões.””””

    Separei a última frase e ali diz o o PÁIS , pois eu digo as pessoas se prendem a velhos DOGMAS , alienados que são, presos e/ou encarcerados das próprias mentes se recusando a lutar pela PRÓPRIA SOBERANIA e também por conseguinte a SOBERANIA DE SUA PÁTRIA.
    Como sempre temos dito aqui a luta pela Sete de Setembro ou pela Independência desse país é feita todos os dias contra uma tsunami de velhas ou novas idéias que ao final nos escravisam e nos tornam apenas colônias de escravos de seus opressores de DIREITA OU ESQUERDA .
    Estaremos sempre fadados a sermos abelhas ou formigas operárias de pretensiosas ” rainhas ” ?
    A resposta é simples , observe suas postagens aqui nesse blog pra começar e veja para quem lutas , por interesses estrangeiros ou pela SOBERANIA DO BRASIL.

    E acelerando mais , foi uma pena a falha da missão de Tiradentes de matar o tal governador … provavelmente traído (?) que foi … afinal há sempre tem um tal de Joaquim Silvério dos Reis , vulgo Judas, infiltrado nas fileiras dos patriotas .

  4. Nessa época Portugal cobrava o quinto ou 20% de imposto agora é mais de 40%…
    Já andei muito por aí
    -20°23’3.77 -43°30’22.01

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